sábado, 31 de dezembro de 2022

A Redenção de todos os Versos

Sangrava do mesmo modo sagrado
de sempre,
como o céu noturno em tempestade,
sangrava em gotas escarlates 
de pura poesia ultrarromântica.
Sangrava a pena como o peito
do poeta abatido por um punhal
alado e pelas próprias mãos,
àqueles versos cortantes um dia
fariam valer a pena.
Morrer pelo poema e matar-se
com a própria poesia,
morrer pela poesia,
não foi a métrica mas foi a
forma como escrevia.
Todos os versos já alertavam
para esse fim e foram todos
ignorados, todos ignorados,
sempre foi esse o fim de todos
os versos, mas ele ainda continuava
escrevendo, quase como um 
psicopata de si mesmo,
e não são assim todos os
malditos poetas?
E agora que provou o gosto do
sangue de Deus, quem mais a
poesia poderá matar?
Ninguém mais...
pois somente deuses devem morrer!

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Delírios de Lírios Doces

De um sonho de um
jardim imaginário
esse enunciado:
Dulçor do suor que
rompe com o sal,
o mesmo sal sabor
das lágrimas e refresca
pétalas como a pele e
se faz doce chorar:
e chorava copiosamente
no sonho um quase
triste outdoor.
Imaginava uma abelha
que pegajoso seria
eliminar pelos poros
os açúcares que o
organismo consome,
e que perigo pro corpo
saquear a despensa assim...

E brilhou nos cristais de
açúcar alguma luz que
àquele olhar chorou.
Mas fazia frio sobre o
veludo da pele e a febre
interna que tanto fazia suar
fez-se tão revolucionária
que foi necessário escrever
em letras acesas para
toda a insônia imaginar:
e a insônia imaginou
dulcíssimas flores.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

A Queda

Caiu sobre mim
toda a (des) graça
de ser um ateu
pecador quando
Deus tropeçou
acima do céu e
veio ao chão como
um bêbado
abandonado a 
sorte da sua própria
sombra.

Re-volição

Quero de novo fazer
valer a minha vontade.
Minhas paixões são
soberanas e detesto
ter de compartilhar
meu egoísmo com
outros tantos egos
alheios que só pensam
em si mesmos.
A novidade passou a
plagiar o que é velho
desde quando o
passado deixou de
assinar o futuro que
escreveu.

Revolução

Quase será,
quando quase
não for mais
o quanto antes
deixar de ser.
Por ora pode-
se dizer que
jamais foi, mas
tudo pode mudar
quando nada
acontecer.

Louvor, Censura e Exaltação

Apostei toda a minha força de vontade
num calendário velho e perdi cada dia
que se foi desde a aposta.
Com muita resiliência mantive-me 
firme e num calendário atual dobrei a
aposta, amanhã minha sorte será
lançada.

     Jamais obtive
     S U C E S S O
     com sorte alguma,

mas os dias que me restam é a
minha moeda de troca, porém,
se o calendário vencer,
além de vencido,
não me sobrará mais tempo para
azar algum.

Quem me dera eu não fosse poeta
e tivesse sorte na vida,
mas quem seria Eu se fosse eu um
afortunado e não tivesse 
absolutamente nada a ver com
Poesia?

Eu prefiro a desgraça de ser quem
sou do que a sorte de jamais ter
sido.
Prefiro a graça dos meus pés
cansados do que a ilusão das
asas de quem pensa que voa
sem jamais o céu ter conhecido.

Eu passo o braço em volta do que
sobrou e abraço um novo dia.
Ainda ando de mãos dadas com o
desejo de vir a ser amanhã o que
ontem eu hoje lembro ter vivido.

Avante pro passado, avante!
Meu futuro é um retardatário
ou será do meu ontem doravante.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Transe

Espelho púrpura ocaso,
sangue santo vermelho,
roxo...
Dói viva dor se
não morre o corpo,
rói a alma a si,
mesmo assim que
doa,
morde-se para sentir-
se viva, e
percebe que já se 
acha fantasma:
Não há mais peso,
Não,
Não há mais pulso,
Não,
Não há mais culpa.
Leve levita intensa
t r a n s l ú c i d a :
reflete o interior de
si para a vida, revela-
se para todos agora
que anoiteceu.

MorrEu eu, Nasci!

Posto a deposição do poeta
a queda ascende a poesia
que sempre foi tiete do
próprio subsolo,
e quando alçou voo os
versos, a pena caiu em
desgraça.
Bebeu sempre muito de si
mesmo e morreu
tolamente envenenado.

Judas Jesus

Mandaria flores para a humanidade
após o fim do mundo, por você eu faria
do apocalipse o nosso começo de tudo,
e depois, depois de mútua traição,
novamente após o fim de tudo, eu faria
o tempo voltar para toda oportunidade
que tive de ver sorrindo o teu olhar,
teus olhos e o sorriso que morou nos
teus lábios instantes antes de me beijar,
seria para sempre o papel de parede de
minhas lembranças antes do fim.

Faria guerras e faria as pazes
por você, por você eu faria dessa
obsessão apenas amor (embora
acima de tudo) e só,
eu morreria por você se você
mandasse me matar,
e quando você morrer,
de braços abertos,
eu loucamente viveria você,
por você e só por você eu
finalmente poderia viver,
mesmo que morrêssemos
por isso.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Música

Eu fecho
(olhos mudos)
a boca
para o ouvido
ver,
tateio o perfume
que o silêncio
deixou:
Então Desperto.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Quando enquanto

 Um poeta morreu
aqui (...)
O velório foi quando 
enquanto ainda
estava vivo,
e o enterro
será e é,
no fim de cada
poema lido.

Quando Morrer (?)

Tudo ruim, mas tudo bem.
O todo ruindo, mas ok.
Após a apostasia que se
apossou de mim,
acredito mais ainda que
nasci para existir para
ser o contraditório do
próprio termo Ser,
e evidentemente,
não sou, mas tudo bem.
Amargo o destino que me
leva para a morte e deixo
um rastro por onde passo,
excessivamente raso,
e nem o mais apurado tato
consegue perceber:
-Que bom - diria minha poesia -
Sucesso enfim.

O erro foi nunca crer em
Deus enquanto acredito em
mim, porém,
se eu não morresse hoje,
como ontem morri,
ainda assim amanhã eu
jamais acreditaria.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Pathos

Eu entendo a lógica dos psicopatas
e percebo antes o que não posso
controlar,
o automático é reprogramável e 
que cada maldito poeta suporte
por toda a vida a má sorte de
seus poemas.
Poesia minha psicopatia,
minha fobia é não ter nada a
temer e quando sozinho é sentir
a falta da vontade de ficar só.
Deus me livre de ti,
se livra de mim Deus por medo
de todo o mal.
Meu amor é odiado e assim sendo
meu adeus sempre crê que 
acredita no diabo.
Diabo se livra de mim e me 
devolva a Deus logo por favor
por algum dinheiro e rápido.
Em festa dentro de um Eu
solitário minha alma cretina 
acredita naquilo que dizem os poetas.

Hospedeiro

Por Toda a Vida
Carrega-se a Morte
Como um parasita.

Depois do último cigarro

Depois do último cigarro
serei menos sentimental
e tão pouco romântico.
Depois do último cigarro
eu paro, serei mais 
solitário e saudável,
depois do último trago eu
estrago quem sou,
serei tão pouco o que 
antes era.
Depois do último cigarro
mais-valia e menos do
que foi para aquilo que
ficou.
O que antes se espera(va)
depois que desejou?

Quasar Quase

Quase sucesso e
um pouco fracassado.
Vencedor quem sabe
e vencido por vezes.
Insisto e perco 
e penso que perder
a insistência é estar
condenado a ser
sempre vencido.
Sou vagalume e
um dia eu brilho.

Grito Mal Dito

Escrevo o grito
e quando escrito
grita o silêncio
o grito em
palavras lidas.
Pois quando ditos
ou mal ditos os
versos estraga-se
a poesia.

Distorção

Querer morrer logo cedo,
antes de dormir.
Querer viver tarde demais,
da noite...acordar na
madrugada e perceber
que você jamais existiu.
Meu espírito um fantasma
vivo, e eu quando carne,
meu quase corpo expira
expresso em miragem de
algum espelho adicto de
distorcidas imagens.

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Vago

Solitário por onde não 
sei se caibo,
por aonde não sei se posso
eu passo sozinho outra vez
e, quando voltar,
por esta vida não sei se
de novo passo...
Jamais fui jovem como
os dias recém passados
ainda são,
sou velho como àqueles
dias que nunca virão,
pois como eu, estes dias
não se penduram em
calendários e existem
sem data fixa para ser.
Eu jamais suportei existir
e não posso partir pois
não pertenço a lugar nenhum.
Vago distópico pelos
arrabaldes do fim
do Eu revolucionário que
covardemente eu,
como um canalha,
traí...e o que restou do que
poderia ter sido:
-uma partícula ínfima-
Maldita!-ainda arde em mim.

domingo, 11 de setembro de 2022

Ilusão

Ser todo amor
mesmo torto todo
como todo anjo
torto desses que
falam com poetas
e que tanto amam
mesmo quando
decaídos.
O amor é um
sentimento que
caiu do céu e
deliberadamente
achou que podia
voar,
hoje sabemos que
do mesmo mal
sofre quem tanto
ama.

Passageiro

Em ruptura,
no cais do caos
de chegada a ponto
de partir,
prestes a
romper com a ordem
estabelecida pela
calmaria dos lares
dentro de mim que
abrigam oceanos e
cinzas céus profundos,
e lançar a pedra 
fundamental de um
novo Eu no meio da
tempestade que se
avizinha.
Depois sobrevôo o
mergulho e polarizo
minha existência pondo
em dúvida para onde vamos.
Quando se é passageiro de si
mesmo o adeus se (re)volta
contra você sempre que você
deixa de partir.

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Fogo e Mar

O que mais me
lembra o mar
longe dele
é o fogo,
ainda mais à noite...
nadando nele.

Entretantos

Comum assim
sempre é raro
amar,
como incomum
é raro amor
pra quem
tanto ama.

Irrisor

Que
jamais almejes
lacrimejar
teus         olhos,
tais       olhares,
teus,
devem sorrir
em som que
lágrimas nunca
souberam 
reproduzir,
nem em
timbres de prantos...

Sobrancelhas sobre
cílios dançam,
enquanto felizes.

Calor e Queimadura

Farsa e festa e
minha existência iludida
dança ao som de canções
de um tempo que não
havia música.
Ainda não havia nascido
o primeiro poeta.
A poesia era uma coisa
velha presente dentro de
cada pessoa.
Em barro, argila, e pedra,
os traços dos versos
primeiros surgiam.
Havia verve e estro naquele
morador de cavernas,
nas paredes destas,
milhões de anos depois,
descobre-se apenas desenhos
de caça e pesca.

O fogo foi o primeiro poema,
e a poesia fez-se e foi então
descoberta.

domingo, 4 de setembro de 2022

Hoje Data Base

Eu estive certo o tempo todo
e quando erro o passo é
porque meus pés andam 
tortos por caminhos retos.
Assim como meus dedos
escrevem versos retorcidos,
meus pés destemidos destoam
em de certas estradas.
Não se obedece o erro das
certezas quando se duvida
do que é certo:
a partir de amanhã é sempre desde hoje.
A poesia jamais será a mesma
quando eu não for mais poeta.
Já fui Deus e Diabo e ainda
quero ser eu mesmo no futuro
como o futuro costuma ser
diferente no passado.
Ontem eu errei o presente
por não saber a data exata
do aniversário do tempo.

Nunca Mais Sempre

Daquele amanhã do
passado que você
foge,
hoje
sempre será o dia
que também
nunca jamais foi.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Viva!

Ser terna e
externar ira.
Toda Rosa viva
é Roseira.

domingo, 14 de agosto de 2022

Esperança

Nada Nunca
Deu   Certo,
S e m p r e !
(H)aja
     F É.



Azul Comum

O silêncio foi pro fundo
da amálgama,
profunda relação
entre os silvos dos
miasmas da alma de
aço e os concertos mudos
de cenários noir,
oxidados,
que revelam minha
solidão de plástico:
Exalta Sóis a Escuridão!
Relaciono tudo isso
a desastres que ardem
ainda porvir.
...e assim cai
continuamente imensa
chuva duma
tempestade que
daqui sobe:
Surge do subsolo
de um chão que
flutua sob meus
pés e vai pro
recôndito do sótão
de um céu azul comum.

Carne

Eu quero você
para ter me
tendo o
Eu profundo,
violentamente!
Assim como você
quer me ter até
o fundo
para um
visceral amar.

Eu Presente

Noção de
mim é
velhice.
Mestrado é
juventude.
Assim como
a certeza insiste
em querer sempre
a dúvida,
eu espero pelo EU
que vira
do passado.

dEUs

Nego você
e afirmo meu
eu...EU!
se eu fosse
teu Deus,
Deus,
você me
entenderia.

Necessidade

Eu fiz arte
quando a poesia
me fez poeta
por eu ter
feito um poema (?)
Claro que não,
assim como o
contrário também
é possível,
o impossível é
apenas provável.
Como a poesia
um dia pode
ser
desnecessária.

Todo Dia, todo!

Eu risco tua vida tatuada
em minha existência,
à risca corto meus impulsos
e deixo para morrer por
mim mesmo mais tarde,
pelas tuas mãos.
Matamos o tempo
e passamos a vida inteira
juntos,
como separados antes
estávamos a viver em paz.
Não suporto a paz,
eu quero amar e viver
a morrer de amor, todo,
todo dia,
nem qu'eu tenha de
envelhecer por isso.

Universo Ferido

Um corte exposto
no tecido escuro
e do outro lado
o sangue jorra
feito luz e brilho:

Buraco Negro
por dentro...
de mim
pra fora,
pra forra
um abismo...
minha alma
salta.

Artehr

Doer o verso
Sangrar o verso
Amar o verso.
Ser o que no princípio
era o Verbo,
assim algum livro
dizia.
Poderia ser um Deus
o poeta primeiro,
como posso ser o
último...
o Verbo sê-lo em 
versos que sepultam
Deuses e Poetas
coveiros.

Depois Ser eternamente
Poesia.

domingo, 10 de julho de 2022

Selvagem Mãe das Paixões

Amar a amarga
má gramática e
docemente odiá-la.

Viver como Deus:

carregar sobre os
ombros,
o peso de sempre
ser carregado,
nos ombros,
o peso de ser sempre
um quase peso morto.

-Deus,
como decorar como saber
quando usar a crase,
e o dinheiro,
por que me falta tanto,
por que falha-me Deus
(a vida, a pena, a poesia)
em toda essa gramática
maravilhosa e impossível?

Elucidados

A poesia
suaviza:
  Porém nunca
  embora não
  mas jamais
  apenas...

Sempre pode ser
pior,
e aos poucos,
aos poucos os
poetas vão
enlouquecendo...

E assim o mundo todo
cada vez mais fica
cada vez mais
iluminado.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Ante Cristo

Seja o que for,
Eu Sou um
Anti Ser,
como sombra
sendo luz,
e então quando
ante a Cruz,
diante dela,
por amor a
minha essência,
eu só posso
querer ser
Jesus.

Diante do nosso
adeus,
Assim sendo, 
como assombra
as trevas a luz,
quando
ante Cristo,
então 
Eu certamente
serei 
D E U S.

E que assim seja o Fim,
enfim,
minha existência fazendo jus.


quinta-feira, 7 de julho de 2022

Quase Raro

Devassidão de
vastidões do
Norte a mim:
Vasto profundo
quase poeta
astro, devasso
nessa (jamais
canalha)
existência rasa
e, raro como
um tolo, quando
assim eu for
em um outro
mundo ou 
poema.

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Poema Quando

Havia muito tempo
ainda há pouco,
ainda há pouco
havia muito tempo...

Agorinha mesmo.
...ou houve e
ainda há.

Mas nunca mais!

terça-feira, 28 de junho de 2022

Além Mar

Areia entre os dedos dos pés
e os passos calmos nada demonstravam
do que se passava por dentro da alma,
os pensamentos por entre os dentes
com raiva,
calada a boca a cabeça jamais para,
essa fauces hiantes ainda me devora.
Acalmava o furioso mar que na praia
me observava,
o desespero do meu olhar buscando o
limiar do horizonte pronto para me
perder.
Poderia mergulhar nas águas salgadas
assim como meus olhos,
mas meus pés só pensavam em continuar,
caminhar para achar em algum lugar o
objetivo de ser. Para os passos o significado
é seguir sem parar, 
mas para os pés que sustentam o corpo o
descanso parece ser o sentido de tudo...
e a cabeça a pensar,
os olhos a ver,
a boca a falar.
Rispidamente parei de buscar,
deixei de fugir,
rompi com os pensamentos e
pus o olhar no escuro,
profundo como o silêncio que
a boca jamais proferiu.
O mar mergulhou em mim
refletindo as crateras da lua
em suas águas calmas,
e então toda poeira da superfície
lunar se conectou com cada
molécula de sal do oceano todo.
Eu continuava ali,
mas agora com as águas salgadas
pelo pescoço,
os pés submersos seguiam,
pensando na cabeça que não
sabia nadar.
Jamais fui visto novamente,
como antes do mar me perceber,
como antes do mar me objetivar.

domingo, 26 de junho de 2022

Diamante Dinamite

Bateu o desespero à porta
e o azul profundo do céu
meu teto preto abrigo,
amigo do peito dilacerado,
sagrado e sacramentado
como maldito.

Seria Eu
          Eu mesmo
          se  mesmo 
bem quisto pelo
Pai,
por minha carne
numa sexta-feira
santa firmasse um
pacto com satã
junto a Jesus Cristo
para buscar algo
mais?

É do amor que falo,
por amor que grito
e calo, e se Deus me
entendesse e adicto
da minha crença,
por isso caísse?

A queda pode nos catapultar
para além do céu.
E se do subsolo do
universo todo a gente
se servisse?

Sou amante dos deuses,
acredite, promíscuo
carbono imposto,
implosivo,
e quando insisto para
estar junto é por ser
diamante dinamite,
como um brilhante
de presente para um
Deus prestes a ser
explodido.

Levante

Ofusca o brio a vida
O brilho a vista
Avilta
O risco à risca,
À sorte de Ser,
Avulso Eu,
Vulgo o Vulto:
Fantasma em riste,
Só na morte,
Como na existência
A doer.

terça-feira, 14 de junho de 2022

Título

Primeira linha do poema,
outros versos e também
os demais, terceira linha,
fim da primeira estrofe.

Início da segunda,
sexta linha, mais versos e
outros blá blá blás e
pormenores dispensáveis,
fim da segunda estrofe.

Outra estrofe,
outros versos e
mais palavras para deixar
o poema bem verborrágico,
décima quarta linha.

O poema acaba aqui.

Doces Sais

Pela métrica audito minha
poesia jamais.
Meus poemas de poeta
maldito adoçam todos os
ais da existência com os
sais das lágrimas de todos
que endosso com o sal do
meu próprio pranto.
Dizer que o apocalipse está
por vir, que o mundo irá
acabar, se preocupar com
isso por que se sei que tenho
tido anteriormente a isso
dias muito piores.
Todavia, se o mundo mesmo
acabar, se tudo ruir...:
Deus, tire tudo de mim,
mas por amor, faça o favor
de me deixar a poesia.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Sufrágio Universal

Cravar como um 
punhal no peito da
urna meu voto e
fascinar o país
inteiro com a
morte do fascismo.

Meu voto é minha espada!

Estigma

Cheirava à cocaína
o nariz;
à lágrimas decaídas
os olhos;
à saliva amarga
a boca;
a silêncio em surto
os ouvidos;
a sangue inocente
o tato.

Meditando a Loucura

Bazar de toda a sorte
de pensamentos,
minha cabeça de portas
fechadas, os olhos,
consome a si mesmo
como o plágio faz
com o que não lhe
pertence,
e quando abre-se para 
o mundo,
todos os pensamentos
estão nús em movimentos
estranhos de frente para
a parede.

quinta-feira, 9 de junho de 2022

Quase Quando

Menos muito e
pouco tanto.
O tempo põe
pressa quando
acaba,

acalma a eternidade
quando já passada a
hora de deixar de
existir,

resiste enquanto
perde-se a pressa.

Se um dia perceber
que jamais será,
a n t e c i p e - s e.

Polítipo

Nem tudo
nem todos,
Animal
Deus
Homem,
querer ser
nenhum ou
ambos.
Poeta e Poesia,
poder ser
nada, ninguém,
ou tantos.

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Eternidade

Horas haviam passado
desde o instante antes
de agora até o fim de
tudo que se tem
observado desde o
início de tudo:
Incide um prazo de
validade, ou seja,
existia uma efemeridade,
o mundo acabou,
a vida venceu.
Agora não há mais
nada, mas até quando?


Àquele que tudo vê

Vil o olhar
ávido de Deus
está como de
um tirânico
mestre sobre
toda fé cega
capaz de um
dia abrir os
olhos e
enxergar...Ver!

terça-feira, 7 de junho de 2022

Infinito Enfim

Minha alma é 
um vândalo
em meu corpo. 
Uma ideologia 
revolucionária
surge em meus
pensamentos, 
sempre.
Uma lua gigante
de um exoplaneta
distante, habitado
apenas por musas
e poetas
ultrarromanticos
é minha cabeça.
Um emissor de
ondas de rádio de
baixa frequência de
longo alcance é
meu coração,
e quando não mais
haver um corpo
vivo e a vida
libertar-se enfim,
meu espírito habitará
o infinito,
desde aqui, passando
pelos Campos Elíseos
até os mais longínquos
e desconhecidos
sistemas estelares.

domingo, 5 de junho de 2022

Elétricas

Crianças obesas
tropeçam nos versos,
reluzem nos vidros
reflexos sonoros de
trovões,
começa a chover,
as crianças seguem
às cambalhotas
alegres,
saem à chuva que
chega agora,
vão de dentro de 
casa para o quintal
e conhecem a
eletricidade dos
raios.

Amar Cada Besta

Entre Homens e heterônimos,
Deuses, ex-Deuses, Anjos,
Demônios,
saber a escolha certa e
amar cada besta por amor,
pelo nome,
para marcar n'alma,
como senão a morte já amais,
como sinal amor te amou,
como se não houvesse morte jamais:
demais amou amou, 
e se a morte amor te tem,
amor de morte te ama ou mata:
Revide Amar, Re-vide Amar.

Corre Começar

Correr começar de novo,
todo dia outra vez por
toda a vida e pela morte,
enquanto corre o Outono.
Todo ano um cinza duplo
único ocorre:
da estação de chegada
eu de partida até o Outono
mais próximo daqui.
Mas até partir
eu fico todo o entardecer
até à noitinha a esperar 
por mim mesmo, 
mas eu não chego e nesse
tempo que não volto não
ouso partir,
espero pelo próximo Outono
num cinza messiânico que
insiste existir.
Existe um insistir em tudo
que morre, 
agora é a vida e ora por horas
é a morte.

Quase Utópico

Quando quanto importa
importa tanto quanto
quando importa,
mas quando importa...

...e importa quanto?

Tanto quanto nada
é o tempo todo pra
sempre, e nisso tudo
quando é utopia.

Deus Quase

Quase eu utópico,
pele e ossos, 
corpo e espírito:
Quase Deus, 
fantasma.
Delírio quase
ilógico,
eu drogado,
não corpo,
Eu Alma.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Dia bom

Eu quis um pacto com
Deus, por dinheiro e pela
nossa salvação, a minha em
vida, e a de Deus pela minha
crença enquanto vivo e pela
posse de minha alma depois
de morto.
Mas um acordo jamais foi
firmado, perdemos contato e
por discordâncias tolas de
ordem moral, Deus e Eu
desistimos de ter um com
o outro, outra vez depois disso.
E depois de muitos anos de
dias ruins eu tive enfim meu
pacto, não com Deus mas com
alguém que já foi muito
próximo dele, mas que romperam
também pra sempre, pelo que me
disse que disseram pro mundo
todo. Tolice! Pois foi através desse
novo contato que eu consegui
enfim meu contrato com Deus,
num dia bom, por dinheiro e
pela minha alma...
por intermédio de um vil mercador.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Frágil Brutal

Eu posso ser o que eu quiser,
e o que não quero jamais.
Como uma pedra a rolar,
meu tempo existe no espaço
que eu caibo para ser o que
for desde que eu seja,
e isso enseja que eu saiba o
porquê do jamais daquilo que
eu para mim não quero.
Não quero ser no espaço tempo
que minha existência não cabe,
eu quero ser o que o tempo sabe
o que eu quero.
Eu ser o que quero
eu quero ser,
jamais o contrário,
assim desejo mais o não ser
do que o que espero,
não posso existir,
não meço existir no que sou
na medida que me deram.
Existo para ser na medida da
vontade brutal que o frágil tem
de ser eterno,
existo para transcender no
espaço tempo que eu caibo,
na vontade legítima que a
eternidade tem de expirar
e de ser frágil.

Sísifo omito em mim
nos arrabaldes da rebeldia
da recusa de insistir no mesmo,
eu insisto na recusa e me
vejo nele quando ele se
reconhece em mim,
escondido, como eu, revelado
pro pronto para me revoltar
com um adeus a esse mundo
e deixar de chegar ao topo
para lá de cima me lançar.

Mas eu morro antes de aceitar o fracasso.

Faz parecer fácil o existir
quando não se tem de viver
em dobro para ser.
Eu não sou, nunca fui,
e tampouco quero ser,
mas não aguento mais carregar
essa farsa montanha acima
vida agora,
busca adentro.
Eu sou o nunca dessa afirmação,
o sempre,
eu sou agora mesmo o não,
a semente da ilusão para
jamais da árvore da vida cair
o fruto da certeza, tola, que só
acredita no que acha certo.
Não quero dar frutos da razão,
nem ser Deus nem Serpente,
o que eu quero da existência é
de natureza desconhecida ainda
e eu duvido  em vida um dia
descobrir. 

Quero fugir nessa vida das razões para morrer.

Mas a vida apenas também não
me basta, tampouco a morte.
Ser um Deus Serpente para deslizar
pelo agreste do éden fugindo buscar,
empurrando com a barriga,
fingindo fugir e temer ter de voltar
para partir de novo, pois o de novo
é o mesmo e o mesmo não é novo,
e se novidade é o desejo eu devo ser
sempre construção, ser sempre 
imaginar.

Ser no estro do existir, Revolução!

Crer que se pode sobre o
conservadorismo das coisas,
desacreditar...e o progresso
um caminho sem volta para
o fim de então tudo que há.

Réu revel

Ocupado em existir.
R e s i s t i r!
A melhor maneira 
de ser, é não ser
o que não é...
sem culpa.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Entropia Tropical

Deixar de ser carne,
sangue e ossos
para ser apenas
luz, espírito e
energia.
Ser Deus!
Eu queria ser um
Deus suicida,
para ser maior ainda,
e depois morrer de
novo, para então depois
ressurgir em vida
microscópica habitando
sais de lágrimas de
alguma divindade
caída.

Deixar o sistema
chorar,
deixar os trópicos
de um ponto pálido
azul e só,
despedir-se do sol
a noite, 
da via láctea ir
quando adormecem
luzes de estrelas vivas,
partir com um brilho
no olhar na velocidade
do zoom que se dá
para observar micros
cosmos que não vemos,
mas que gostaríamos
de habitar sendo
ursos d'água ou deuses
maiores encolhidos
vindos da estrela
d'alva para lá para
descansar de existir
e para ser prazer para
provar o gosto de ter
sabor para oferecer
amor e doer, doar-se
a ser do ser o ar,
e deixar-se morrer,
parar de respirar,
suspender, suspirar...
eflúvios a flutuar de
fluidos gasosos como
energias de jovens
seres de luz,
supernovas em pranto
a se cortar.

Referências na Lixeira

Quanta coisa boa pode vir
depois de mim,
quanto de muito novo pode
surgir,
não posso me dar ao lixo
de não ser,
não devo me dar ao luxo
de não existir.

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Parasitismo

No poema havia uma
árvore feita de versos,
as flores e frutos eram
enfeites em festa por
estarem ali reunidos,
alegorias felizes que
quanto mais alegres
mais cresciam.
Mas um parasita
chamado Métrica
alimentava-se dessas 
flores e frutos, 
e portadora de uma
doença crônica chamada
perfeccionismo, 
ela sempre matava 
apenas por matar toda
flor e fruto sempre que
achava que eles cresciam
demais e destoavam 
daquilo que acreditava 
estar no tamanho certo
da perfeição imaginada.
Era tamanha a gula da
doença da métrica que
na maioria das vezes a
árvore de versos sempre
morria, e assim na floresta
poesia haviam bilhares
de espaços gigantescos
cheios de árvores mortas,
e a natureza ficava cada
vez mais vazia, e a forma
do nada, o formato do
vazio, era perfeitamente
simétrico, de todos os 
lados os diferentes espaços
se refletiam, e tudo parecia
ser sempre a mesma coisa,
e a mesma coisa e uma
coisa só por ali se repetiam.

terça-feira, 10 de maio de 2022

Aspectus

Perder a calma pelo óbvio
pender a aura para o ódio,
vender o Diabo para a alma
e no amor fazê-lo ópio,
fazer o errado por linhas
certas, com os dedos tortos
ir por certas entrelinhas,
a métrica uma regra abolida,
sacrificar muitos versos e doar
a mesma alma para a poesia,
fazer rimas mais ou menos 
à risca, ferver à toa o sangue
da pena, a verve a esmo e o
estro se perde à vista,
ser um nada de saco cheio,
todo farto da vida, vazia...
endeusar o poeta e
santificar o poema,
bem mais tarde, depois da morte,
do mesmo modo como em vida seria.

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Homilia

Deus dará e não, e que assim não seja
um passo em falso,
pois quem dera andar sobre as águas
que banham o sofrimento
humano...tipo andor...
Toda dor incide um mar...tipo altar...
onde ondas de furor num templo,
um ardor,
um caos hardcore de doídas
toadas indoor, espinhosas,
dolorosas flores púrpuras de
estupor,
das aflições de um cinza
Jardim inside,
insights surgem em latim
enquanto calo sufocando dores
dos outros em mim,
não me importam outras carnes
com cortes que não sangram
em mim,
mas o sangue escorre dos dedos,
do tato...
Vermelhas cores que não tingem
tecidos nobres desconhecem a
filosofia do cetim,
os versos das manchas do sudário
santo só sabe ler a besta Deus pai
e o bicho da seda,
la madrepérola marfim sabe
que dói como todos vós têm
o vermelho do sangue nas mãos.
Eu não matei Jesus e abomino
o uso do crucifixo como símbolo,
insígnia do bem, distintivo como
afirmação de cidadão de bem,
como revólver na cintura,
como domingo na missa
na casa de Deus em minha
voz um amém.
É como prova do crime,
ali à revelia,
meu álibi é não comungar
do mesmo pão de joio desses
que pregam o terror,
esses diabos cristãos,
anfitriões malditos anunciadores
do fim.

Tardes de Abril

Profusão de solidões
de um homem só,
dentro de uma vida
única com várias
mortes buscando Ser
absolutas,

a noite acaba, más madrugadas em
boas insônias, adormecem quando
amanhece,
o dia passa
e quando
entardece,
algum tipo de morte deseja afirmar-se
outra vez,

confusão de idéias,
sentimentos, tristezas ad hoc,
admoestações e quando outra
estação,
você outra vez como
um Deus efêmero que 
não morre,
que jamais vive,
mas existe,
apenas existe em algum lugar,
em qualquer solidão
e em toda felicidade,

apenas existe como estar
triste numa tarde qualquer.

domingo, 8 de maio de 2022

Venha

Não demore
para ir, mas
mas vá com
pressa
voltar.




sábado, 7 de maio de 2022

Cristão

Se eu morresse pela vida daquele
que irá me matar antes de morrer
pelas mãos dele,
ele jamais me mataria e 
eu salvaria sua alma,
mas ainda assim estaria morto.
Porém eu também poderia matá-lo
antes de ele me matar,
salvaria minha vida,
a alma dele, e viveria para matar
de novo.

Início, o Fim

Quem poderá saber se
o adeus vem antes ou
depois do pra sempre?

Após o fim há um mundo
todo novo pronto para
acabar, e o tempo que
leva, adeuses a nós 
pertence.

Auto Outros

Ser eu mesmo como o outro
é, nada como ser como o todo
é, o potencial absoluto quando
tudo pode ser, o poder superior
é algo que se parece comigo,
minha imagem e semelhança
no que se parece ser Deus,
o Deus do próximo,
o salvador de todos.
Eu sou Deus,
eu sou tudo,
o nada e o todo,
isso e aquilo mais e também
aqueloutro.
Deus sou eu,
Deus é todo mundo e o
mundo todo quer ser Deus,
Deus quer ser ele mesmo
como o outro quer,
o outro é ele mesmo assim
como sou, e não há nada,
nada como ser você mesmo.

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Vivos Juntos Mortos

Nasce para morrer
e morre para...
viver para morte
pela vida eternamente.

Morte Nasce Quando
Vida Morre Sempre.

A morte é eterna
enquanto vida,
viva morte
morta vida.

A morte vive junto
à vida, co-existem,
vivos juntos mortos.

Nasce para morrer
e morre para ser
o que foi vivo.
Morre para nascer
e nasce para ser
o que foi morto.

Para esta vida
eu venho de outras mortes.

terça-feira, 3 de maio de 2022

Contrastes

Luz Carne Máquina.
Beleza vil a sina da alma má,
transcende a aura, o corpo,
a humanidade ruim dentro do que
há de urbanidade em cada princípio
primitivo de todos nós,
e volta para a natureza celeste
bestial que nos criou.
Somos Sápiens como fomos tantos
outros Homos tempos atrás,
e antes do Deus Homem de hoje,
deuses animais já éramos nós.
Doravante quando formos
descendentes de Sápiens robóticos,
o cio cibernético de nossos
algoritmos será tão vil e belo
quanto o cruel e feio que hoje
há na ancestralidade divina do
nosso DNA.
Eu contra Deus contra
Mim contra Todos contra
Tudo contra o Todo contra
o Nada,
contrastes.
Eu comigo, Deus por si,
juntos conseguimos dispor
para depor:
Poder contra Poder,
contra atacar ou agora,
atacar antes, desafiar...
Desacreditar contra a má-fé,
acreditar na nossa vitória
e não nas conquistas da fé má.
Ideologias a priori...
Revoluções empíricas...
Religiões fanáticas...
Razões científicas...
O Deus vivo somos todos
nós, máquinas perfeitas,
fantásticos animais.
A natureza viva é da
única sabedoria que precisamos,
sabemos disso quando dissecamos
o cadáver dela rotineiramente.
Conhecimento, que temos muito 
pouco, é o que dispomos para
parar de matar e começar a viver
de novo, nós todos,
Deuses, Homens e Máquinas.

domingo, 1 de maio de 2022

Perfumes

Diz o vento fragrância,
dizem abelhas alimento
de enxames, suaves
pétalas calam bem
mal me querem,
disseram vozes
diversas vezes:
divagam velozes
pelo silêncio das
flores, perfumes.

sábado, 30 de abril de 2022

Crença

Deus me
deu a
Vida e
Eu lhe
dou a
Existência.

Adeus ex-

Doa a quem se doer,
aqui
doa-se adeus a Deuses,
Deuses oprimidos por
si mesmos e opressores
enrustidos que dizem
libertar mas existem
como cabrestos.
Esse poema não gosta
de Deus,
esse poeta sugere o
adeus,
e a poesia doa-se a
quem quiser se
salvar,
inclusive recebe de
braços abertos
Deuses libertos e
prontos para renunciar.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

O Abismo

O firmamento possui
um piso falso a um
palmo do precipício,
quando pisa em falso
alça queda em voo
sobre o abismo
meu destino alado
dado ao altíssimo e
mais que preparado,
sempre pronto para
o contato com um
solo mais baixo do 
que o chão que pisam
os Homens em seus
desígnios.
A vontade de subir aos
céus à lá catapulta pode
vir a ser, estar a ser
um cadafalso
transvestido.

Da exigência de querer

Eu quero a vida para morrer,
a saúde para abusar do uso.
Eu quero amar para viver de
amor e amar também a morte
e o absurdo.
Eu quero a noite para ser luz
e ver o escuro,
trevas eu quero ser dentro da
razão se eu discordar do
Iluminismo.
Eu quero o sol para aquecer
a frieza de minha alma quando
todos os eu's em dias de
infortúnio.
Eu quero não ser quando Não
e existir profundo quando
sempre que eu quiser Ser.
Eu quero ser o portador de
todos os afetos do mundo,
eu quero agora e o nunca mais
somente quando já em overdose,
eu quero muito a superdosagem
desordenando o equilíbrio.
Eu posso querer a loucura e
racionaliza-la ou talvez ela
possa querer enlouquecer-me,
eu quero a oportunidade,
a possibilidade de sobreviver
ao fim do mundo.
Eu quero um feriado santo
para cada pecado adiado pelo
amor de Deus me oprimindo.
Eu quero pensar o que Spinoza
dizia, quero ser poeta para morrer
de fome e sem fama tentando
viver de poesia.
Eu quero a glória, a honra,
a ilusão, eu quero fuga da agonia.
Eu quero não querer mais
quando eu quiser parar,
e se mesmo assim eu tiver que
continuar seguindo,
eu quero ter-me em revelia.
Eu quero mais Amais e mais valia,
eu quero um final feliz!
Eu quero o todo para todo mundo,
e o mundo todo para cada 
indivíduo,
quero vontade de potência,
um x no fim do Mar,
eu quero mais e
busco paz e anarquia.

quinta-feira, 28 de abril de 2022

Invariável

Eu sou o primeiro
último de mim,
o derradeiro Eu
primeiro,
o único Eu mesmo
de agora,
e se antes em
outras vidas Eu
já havia,
vivia naqueles tempos
esse mesmo poeta que
aqui a poesia devora.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Inviável Mente Fácil

Celebra o cérebro a riqueza
das ideias e a clareza total
dos pensamentos diante de
uma construtiva e saudável
dialética entre as dúvidas e
as certezas da cabeça.
Pensar pelo porquê do pulsar
do coração e qual utopia
existencial busca a causa de
si mesmo.
O corpo está apenas para 
levar a cabeça daqui para
lá e de lá para adiante...
A cabeça pode ser mais forte 
e imperiosa do que a fome 
da carne fraca por paixões e
vícios. Virtude é equilíbrio,
racionalizar a loucura 
seduzindo o caos com a
harmonia da desordem 
capaz de ordenar tudo.
A cabeça precisa pensar o
difícil,
pensar o impossível
a cabeça precisa,
pensar é o pulsar à lá coração,
vital é o pensamento para a aura.
Pensar a materialização do
invisível diante de um espelho
imaginado pela imagem.
Pensar é mais que divino,
é o instinto animal da alma.
Quando de dentro do espelho
sai o concreto e o que está na
frente é pura miragem,
pensar exige ser e o existir
precisa do pensar,
pensar diante do nada e
sobretudo perante o todo,
pensar é ter acerca de tudo
a melhor vantagem.

terça-feira, 26 de abril de 2022

insatisfazível

Ávida Toda Ela!
A morte é pura
alegria diante
da queda da
vida e a ascensão
de quem morre.

Mesmices e Miasmas

A cor da tinta onde mergulho
a pena é a mesma,
é a cor única, como alma e verve,
é a cor que é,
é ela assim como toda afirmação
poética é.
A mesma que sempre foi e será
a mesma na medida que puder ser.
Embora ser o mesmo no espectro
do aspecto do que parece ser nem
sempre parece ser algo de se 
admirar.

-A vida é aquilo que se pinta!

A cor da tinta onde mergulho 
a pena é a mesma,
e mesmo que fosse outra não teria
nenhuma influência naquilo que possa
vir a escrever?
Difícil imaginar o que afirmaria
a pena se a poética exigisse outra
cor para transparecer,
mas a cor que a afirmação pede 
agora é a mesma e sendo assim
a poética busca colorir o que afirma
usando as cores da paleta que utiliza
quando quer dissuadir a si mesma.
Dissuadir a si e consigo ser outra
forma de afirmar o que é.
Quando volta a si percebe que
nunca deixou de ser a mesma,
e ainda assim,
para muitos versos foi outra
forma de (a)parecer.
Mas muitos são outros,
um conjunto sem fim de
versículos que buscam com outros
semelhantes únicos assemelhar-se
a ser.
O espelho nunca foi,
a imagem tampouco é,
o que de fato está ali
é o que parece ser?
Sabe-se que não.
O que é, é sempre o mesmo,
a mesma poética afirmando
que ainda procura o Ser.
Quando a cor da tinta onde
mergulho a pena não for mais
a mesma,
aquilo que a pena for escrever
poderá ter a mesma escrita que
poderia ser se a cor onde mergulho
a pena fosse a mesma,
mas quem poderá afirma que a
poesia é a mesma?
Para a verve poética
outra jamais poderia ser,
pois tem para si que
sempre foi a mesmíssima
ensimesmada poesia que
busca fuga do que possa
parecer não ser (ainda),
uma vez que sempre tenta
ser a afirmação do que é,
e é ela da mesma cor
onde mergulho a pena.

-A vida é mesmo aquilo
que se pinta!(?)

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Sempre Tempo

Vida        Onde
Agora Quando
Sempre Morte.

...de toda vida
é agora,
e a vida toda
é nunca.

Sempre assim a felicidade!

O maior pormenor do tempo
é quando,
de qualquer lugar
é onde e de toda vida
é agora,
como a morte
é sempre agora
quando onde no tempo.

sábado, 23 de abril de 2022

Relógio-os

Intento
alento a pressa
atrás a...ou de...
onde acalma o
tempo
atraso os relógios
enquanto posso.

Atrasa a fuga
da vida e
aprimora a
busca de...ou à...

Apresso 
lento a calma
e sempre
sem pressa ou com
determinação ávida
a busca de quem
somos ou a fugir
da vida uma fuga
interminável de
nós mesmos
mesmo pós morte
enquanto quando
ainda não morre
o tempo.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Telúrico Fantasma

Púrpura Negro Alvor
Sombria Bruma em
Eletricidade, da
Tonelada à Pluma
desce de Densidade
Eterna de Seda e 
Pedra juntas ali a
mesma Coisa Eterna
de Hoje pro Sempre,
Telúrico Fantasma:
Alma Branca do Céu
que desce e pela Terra 
de passagem busca no
Inferno Eterna Morada.
Enluta o Firmamento,
alguém morreu,
Será Deus,
o Desgraçado Primeiro?
Mas Deus não morre,
Deus não pode morrer,
da Vida para a Morte
Deus está mais para um
Coveiro.

sábado, 16 de abril de 2022

Amanhã enfim

Ontem na
pressa ou
presságio
antevi a
véspera
do fim do
m u n d o:
Mas hoje
quando
será?

quinta-feira, 14 de abril de 2022

17 de Abril

O ano era 2022.
O futuro passou
e é chegada a
hora do 
passado:
O amanhã é um
presente do
tempo.
Determinou um
calendário de 84
indicando o dia
do meu
aniversário
sublinhado.

terça-feira, 12 de abril de 2022

Verborrígido

Discordam de mim as reticências
acusatórias das concordâncias
verbais da minha gramática falha.

Minha retórica rasa afogada por
palavras de peso em não ter
preferido o silêncio, cala...

Proferindo o Silêncio, Grita!

Minhas falas jamais falsearam
minha escrita e vice versa e
vide versos, e mesmo assim,
em muito ainda falharam
naquilo que consentiram caladas
e naquilo que falaram.

Meus verbos gastos  em versos
castos querendo ser from hell,
mas nunca foram ao inferno e
tampouco são do céu.

Meus versos são meus pés,
são da terra que a de devorar
os meus olhos que olhavam tanto
para cima quando de ponta cabeça
meus pensamentos cansados.

Meu céu é fogo e minha alma de
poeta a de se lançar ao firmamento
quando chegar a hora da partida,
porém, ficará para sempre em tudo
o que errei e no que quis ser melhor,
minha imperfeita poética doída.

sábado, 9 de abril de 2022

Que o Adeus nos perdoe

Morri de amor quando
senti o sentimento com
sentimento de culpa
logo após assim que
te matei:
assim que te amei
assim que te amei
assim que te amei,
e você morta de amor
por mim
assim que me amou,
assim que me amou
você nunca mais,
você nunca mais
amou ninguém depois
que eu morri por ti,
morri por ti, por amor,
por amor o crime de 
amar nos matou,
por favor, 
o erro de amar jamais
nos culpou, jamais nos
perdoou,
somos nós,
fomos nós
que fizemos do amor
método, motivo e meio
para matar,
para matar somos nós,
feitos de amor para matar.

Aprendemos a amar com Deus
e a matar por Deus e a perdoar,
perdurar no adeus a perdoar
por amor a Deus e nos amar...
e nos amar no adeus...
e em nós nos amar e
viver de amor até a morte,
ou até o amor nos matar.

quinta-feira, 7 de abril de 2022

Quadrada Esfera

Punk psicodélico a
performance do
silêncio em meu
ouvido careta.
Tímpanos ouvintes
de timbres plásticos,
ruídos pop's
pasteurizados...
Do ponto de vista da
orelha essa era a
sonora cena,
e como todo 
metal pesado
contamina o que for,
veio o silêncio em si
e sendo quadrada
esfera, diferente
parecido como algo
que nunca ouvi,
e eu quis mais e
mais e mais assim
demais então
e n s u r d e c i.

Arde Arte!

Sofrer é uma arte...
A humanidade assaz artista,
azar do Homem que personifica
o sofrimento personagem,
a personagem mais que 
realista:
Somos Nós no Palco.
Teatro a vida,
ateliê com muito sangue
sobre tela,
e o derramamento de muita
tinta inocente pelos Homens
que pintam a guerra.
Criar sempre: Arde Arte!
Matar antes de morrer 
é lema, é praxe e,
paz aparte,
a paz a parte que nunca cabe.
Flui diluída em Morte Nossas
Vidas em Aquarela.

terça-feira, 5 de abril de 2022

Poesia Crônica

Eternidade tendo ataques
de instantes...
então não menos do que
muito mais do que versos
que se dizem punks,
e eles gritam com 
bandeiras pretas nas mãos:
-Abaixo a métrica!
-Abaixo a métrica!
Utopia são estrofes livres
da ideologia de qualquer
poética...
cada verso pode ser
mais e pode ser tudo,
verves átonas e
verves tônicas,
todas diferentes iguais,
e o universo de todo
poema sofrerá sempre 
de paixão eterna e
poesia crônica.

Silêncio dos Olhos Dialogando

Deus estava indo para o céu,
estava subindo, vindo do
subsolo onde estava a resolver
alguns pormenores acerca da
sociedade conturbada com o
Diabo, quando me encontrou
sendo poeta pouco mas querendo
ser muito.
No primeiro momento eu fiz de
conta que não o vi, nunca fui
muito de gostar de encontros
inesperados, mas Deus foi mais
nobre do que eu e veio logo falar
comigo.
O silêncio entre a caminhada dele
até chegar até mim, uma vez que 
ambos já estavam se vendo e
dirigindo-se um ao outro, 
o silêncio profundo nesse ínterim
me disse tanto, muito mais do que
nosso diálogo que girou em torno
de Blaise Pascal e Van Gogh à
Ramones e o consumo desenfreado
de mídia social. De poesia falamos
quase nada, apenas algumas palavras
sobre Leminski e Rilke.
Mas o silêncio dos nossos olhos,
o nosso olhar se cruzando, sabendo
os dois que iríamos nos falar,
aquele silêncio foi o salto do pouco
poeta para o muito Ser.
Desde então nunca mais nos vimos
outra vez.

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Sombrio a gosto

Agosto sombrio a gosto do brio dos Deuses.

Tudo o que se passou ocorreu
no oitavo mês daquele ano,
mês sorumbático que por mais
que fosse anunciado, e foi,
ainda assim não seria menos
tenebroso.
Naquele ano o cinza da alma
dos Homens brilhava mais que
qualquer azul ou outra cor que
possa no bonito seio da natureza
brotar. 
O cinza profundo apocalíptico foi
o novo azul do céu, a cor da aura
dos oceanos de águas mortas,
e o novo verde de todas as matas
fumegantes do globo, agora,
cinz'azul terrestre.
Naquele vilarejo esquecido da 
nossa galáxia, naquele mês
daquele ano, o mundo acabou.
Àqueles que tinham alguma
sorte morreram, quem sobreviveu...
De azares e desgraças sobrevivem
os vivos, de fome e miséria se
alimentam os Homens, e o Deus
que era por todos os abandonou
enquanto muitos ainda rezavam.
O desespero virou morada,
o medo mobilia, agonia, angústias
as vestes que trajavam todos os
desgraçados, o terror foi companhia
de todo indivíduo que implorava
pela morte e não morria.
Àqueles que ainda viviam
aos poucos foram morrendo,
no final de algum tempo
já não havia mais vida humana
na Terra, nenhuma.
Foi um pouco depois disso
que um dito interventor
desceu ao planeta, observou
tudo com algum desprezo
e sofreguidão, certificou-se
satisfeito da morte de todos.
Subiu à nave Mãe, sentou-se
a direita daquele que estava
no comando e acenou
afirmativamente com a cabeça
de vasta cabeleira, sorriu como
que se esperasse há muito
por aquilo.
O comandante da nave que em 
muito se parecia com os Homens,
no que tange a imagem e semelhança,
enfim disse:
-Precisamos nos preocupar agora
em não cometermos mais os mesmos
erros, pois não queremos de novo
que uma nova praga se alastre e
destrua tudo outra vez.
Limparemos tudo e deixaremos
aqui dessa vez somente as outras
espécies, a mesma vida vegetal,
a mesma vida animal.
Mas quanto aos nossos bichinhos,
nunca mais.

Alva Negror

A vida para doer
em carne viva.

Dizem que depois
que se morre não
dói mais existir...
Quase nada a
e t e r n i d a d e
para a morte
viver a alma
livre.

Ruídos

Som Brio
que seja 
o ouvido só
Ego Ruindo
ruído sujo
o Silêncio
escondido
ouvindo atrás
da orelha.

sábado, 2 de abril de 2022

Tempestade enfim

Fui tentar matar
                   a sede
numa tempestade
                 furiosa.
Foi quando um
simples
copo d'água
fez o destino
desistir de mim
               ao saber
que era eu
            o seu fim.

A sede furiosa
ao saber o meu
fim
fez-se tempestade.

Será Foi

Ontem hoje
era amanhã,
hoje será
amanhã que
agora será
ontem.

Qual dia foi
o dia que será?

Antes agora é
depois,
e depois,
agora antes
será.

Sobre o que seria a queda (?)

Foi do alto qu'eu pulei
para voar,
para voar sobre o que
seria a queda,
sobre o que seria a
queda?
Não se trata em cair,
trata-se acerca do pulo
sob a perspectiva do
medo de voar,
pois é pra cima que se
sobe, e sim, foi pro
alto qu'eu pulei
para voar,
para voar sobre o que
seria a queda,
sobre o que seria a
queda?
Cair nunca foi problema,
problema para toda a 
vida é jamais querer 
erguer-se,
é jamais assim em si,
levantar...levantar.

sexta-feira, 1 de abril de 2022

Anteontem Nunca Mais

Ontem eu vi a guerra
pela tv.
Hoje eu a vejo da
janela de casa.
Antes de ontem fui ao
parque com minha 
família.
Amanhã estaremos
mortos sendo vistos
pela tv.
Mortos pela guerra.
Depois de amanhã
alguém irá ao parque
com a família.

quinta-feira, 31 de março de 2022

Amanhã dos Horrores

Tudo de assustador e
horroroso que está no
passado
acontece no presente,
e o nosso olhar para o
futuro sempre
vislumbra um 
amanhã maravilhoso,
então quando
amanhece um novo
dia estamos outra
vez alimentando a
gula insaciável do
passado com mais e
mais novos
horizontes maravilhosos.

Esperança boa é não
precisar mais de uma;
Utopia útil é estado
de espírito elevado 
para que os pés da
alma não tenham
mais contato algum
com o chão imundo
do mundo material
e religioso.

Amanhã não será um  novo dia
enquanto o passado for sempre
o mesmo.


quarta-feira, 30 de março de 2022

Sim eu ti amo não, muito!

Às vezes eu
ti amo
nunca mais.
Outras vezes
amo sempre
como nunca.
Nas demais
vezes tal
amor jamais
existiu,
e em algum
momento o
pouco de
amor que
houve foi
eterno,
assim como
noutro
tempo o
muito amor
foi fugaz.

terça-feira, 29 de março de 2022

Romance

Era pra ser um
romance,
mas foi apenas
um poema,
com um pouco
mais de amor
seria mais que
um haicai, 
minha relação
com a pena.

segunda-feira, 28 de março de 2022

Dia crítico

Sob o se não há
cedilha,
e
quando sobe o
sinal,
não temos um tio
tampouco.
Assim trema e 
não trema mais,
pois é 
grave o que se
sabe quando 
fundem-se
gêmeos de 
naturezas diferentes.
Salvo quando crasso
erro.
Por fim, abre-se
o som agudamente
e se fecha,
quando fecha,
nota-se circunspecto
ar à voz sob um 
certo chapéu
elegante a lá
circunflexo...
e d'Oeste vira a
supressão de
todos nós.

domingo, 27 de março de 2022

Texto do Universo Comentado

Faça uma leitura correta de mim,
eu nunca fui uma crônica,
sempre fui crônica de porra nenhuma.
Não me basta ser prosa,
embora eu seja todo literatura,
não quero ser texto algum que
possa ser de auto-ajuda.
Por favor não me leia 
como bula,
como receita,
não me leia como procedimento
técnico de qualquer natureza,
não me leia como teologia,
como texto sagrado, 
pois de sagrado em mim há
somente prazer, 
pecados e crimes da vontade.
Não me tenha como bíblia e
não me venha ler com o 
Diabo do teu Deus,
não eu por favor,
não me traga o mau humor
de ser quem é teu tão
malfadado Deus.

Me leia como música,
me ame me tenha e
me odeie como poema
sendo dono da poesia
que você não sabe 
gostar.

Me leia como poesia,
me entenda como tristeza,
como filosofia que versa
o interesse em não ser
quem misticamente o
outro é.

Me leia como poesia,
me perceba como felicidade,
como filosofia que versa
o interesse em ser quem
misticamente se é.

Vermelho Sangue de Preto

Pálido como Branco...
Negro como a cor da
pele preta.
Negror como a cor
forte,
forte por apenas ser,
forte como é,
forte como foi por ter
carregado o crescimento
de muitos povos nas
costas, literalmente.
Preto como a cor forte
que é, ausência de outras
cores, e a pureza da cor
se dá pela vontade de se
misturar.
Pálido como eu Branco que
não sou.
Sou Pardo, sou Índio,
sou Bugre e, mesmo pálido,
sou Negro também,
e que eu seja mesmo,
pois triste é ficar apenas
na vontade de ser.
Branco fantasma como
pasmo por ver que a 
palidez que a cor branca
da paz pare para Brancos
estéreis, é por muitas vezes,
ainda,
Vermelho Sangue de Preto.

sexta-feira, 25 de março de 2022

Cetaphobia

Num grão de areia o
Everest esculpido,
medo de baleia e
tubarão vivendo sempre
num grande centro
urbano esquecido.

Dragão de areia
na praia do futuro
moldado pelas ondas
de um passado
sempre influxo e
deveras se repetindo.

Abstrato Eu concreto sendo o Mar
e existindo.

Soneto

A tarde àquela como ocorria
à toa o lema como era de praxe,
passava-se tolo as horas o dia
todo o tempo inteiro ou quase.

A noite a lua fria no céu ardia
mesmo que o aspecto lívido esfriasse
o escuro morno da noite que sentia
os mortos suspirando como se respirassem.

A respeito dos mortos que adeus à noite via,
na verdade eram vidas vivas ainda
apesar de já há muito a mortos se
                                                [assemelhassem.]

Então esses vivos mortos, ou Homens,
vagavam pela vida para a morte,
iam e vinham como se a alguém isso
                                               [interessasse.]

quinta-feira, 24 de março de 2022

Sempre Poesia

Minha torcida pelas frases
bem construídas,
pelas palavras resilientes
quase nunca utilizadas e
mais fortes sempre que
repetidas.
Eu torço pelas sílabas
átonas, tônicas, sílabas
lares de letras donas do
destino final das frases
contundentes que emulam
conquistas e que fazem
o que podem para que a
estrofe seja cada vez
mais forte dentro do
cotidiano caótico de
muitos textos e místicas.
Minha torcida pela escrita,
pela arte de escrever, seja
o que for, e mais ainda se
for sempre poesia.

quarta-feira, 16 de março de 2022

Revólver

Agente Mudo Não!
O grosso calibre 
pesado da nossa voz
dispara que agora é 
o tempo da nossa vez.
Na boca revólver:
do Cuspe ao Beijo
Revolução!
do Sussurro ao Grito
Revolução!
Atiro em teu ouvido
contra tua paz
opressora,
e todos os outros em
guerra pela queda de
uma suja satisfação.
Fascismo satisfeito,
miséria como base
mais uma vez pra
sempre nunca mais
não.
Emudece o mundo
e a vida jamais mudou.
Pelo início ainda
e longe do fim,
tudo por uma existência
melhor.
Muda-se o mundo?
Eleva-se o som e
a gente muda sim!

segunda-feira, 14 de março de 2022

Per se

Exercício do Ser
Poeta não é
Exercita o Se
a Possibilidade
Talvezes e serás
Excetua-se o Não
e Poeta já É.

Sendo Sendo

Nunca no tempo
do sempre pra
sempre no tempo
do nunca mais.

Pro sempre ser o nunca é,
o nunca foi o sempre será.

Sempre quando
nunca há nunca
Sendo sendo
quando sempre é.

Nunca será pra sempre,
pra sempre nunca haverá.

Somente quando
exceto em tempo,
Somente quando
chegar a tempo de
                   [partir.]

domingo, 13 de março de 2022

Correlatas

Meus passos e
           pulsos
d'alma            e
do coração não
foram dados
de improviso,
foi o destino
com                a
vontade em
correlação:

Carolina me engana
Moira      me mata
Gaia        me abriga
Mariana me ama,
                me basta.   

...e em todo o futuro passado
há desolação.

sábado, 12 de março de 2022

Jesus Drama

Só o amor salva,
e vivo 
loucamente a
querer morrer
de amor.
Meu
entendimento
da realidade é 
o que mata.

quinta-feira, 10 de março de 2022

Falso Azul

Fluência em não ser,
e não é, e por não ser
se faz influente na
ciência do nada ser.
Redunda sobre si
como redoma de 
gases sobre o sol,
sobre ser o que é
sob a estética de uma
ótica oculta de que
nunca será...
Nada é, como bactéria
numa gota achando
ser muito em
um imenso mar,
não é, com o não a
afirmação do nunca,
do nunca ser aquilo que
criminosamente pensa
que é.

Doentia a felicidade do
teu sorriso encanta tanto
tantos, como todos os
demônios,
teus dentes brancos
falsos como as palavras
da tua boca vermelho
veneno deboche,
traz ainda a língua
agridoce, bifurcada,
envernizada pela saliva
tóxica que hidrata os
beijos que cospe para
teus fãs, partidários da
mesma patologia da
psique da tua alma podre.
O brilho dos teus olhos
claros revela a escuridão
que traz a luz torpe
que irradia de ti,
teu corpo perfeito que
cabe perfeitamente no
molde da padronização
das coisas, dos corpos,
das auras e das crenças.
Tu és celeste e divina és
tu, criatura dos céus,
do céu de onde há de vir
o devir, vir a ser a queda
da divinizaçao da tua
imagem e semelhança.
Que caia do teu céu o
falso azul.

sexta-feira, 4 de março de 2022

Destruição

O pior jamais passou,
ainda há guerra dentro
de mim,
ainda a guerra do lado
de fora está viva, ativa
e voraz...e faminta.
Ainda há fome, miséria
e frio, dor, desespero:
A criança já morreu;
O idoso já morreu;
A mulher já morreu,
duas vezes ou mais,
somente hoje.
A humanidade já matou,
o Homem já matou,
já matou rios, florestas e
oceanos.
Mas Deus resiste e mesmo
sendo completamente
incapaz, indiferente e apático,
dizem que será o último
a cair.
Que venha logo a queda,
o céu abaixo,
e abaixo a ideia de outro
Deus à semelhança do
Homem outra vez existir.

Domingos à míngua,
do míssil à missa,
à risca omissa a fé
cega pela paz
prega a guerra.

Branco mata branco
depois de ter matado
todos os outros povos,
todos os outros deuses,
todos os outros
diferentes deles,
outros tantos que jamais
seriam como eles, 
má sorte...
pois pela grandeza do ser
puseram todos à mesa e
serviram em brancos
pratos limpos a
aguerrida morte.

terça-feira, 1 de março de 2022

De Gesso e Paixão

Vésperas do dia que
antecede o dia que
será a véspera do dia
que persegue o dia
que virá:
-detesto desejos possíveis.
Eu de carne e osso no
trono, de alma elevada,
e Deus, o Deus de gesso
no tronco, de corpo
marcado, pronto para
morrer por mim,
eu senhor do Deus de outros.
Mas o que quero com um
Deus que não me tem e que
não me pertence?
Eu quero tê-lo
Eu quero sê-lo
Eu quero matá-lo,
eu quero tudo do mesmo 
modo como Deus pode
docemente me amar,
pode, mas eu amargo e não amo.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Viciado em Ser

Hoje eu quero
ficar bêbado,
depois eu paro
de beber,
hoje eu quero
ficar vivo,
depois eu paro
de morrer.

Monge ateísta

Deus incapaz de criar
não é Deus?
Arte!
Eu poesia,
eu criador:
Deus! eu sou,
eu,
poeta.

Mesmo Sintético Clone

Existo,
mas 
jamais poderei
ser aquilo qu'eu
seria.
Porque
eu
não sou.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Pouco Eterno

Comprar duas páginas
a cada seis meses,
numa antologia qualquer
da editora:
compôr o melhor poema
possível para por
no mercado.
Um ou dois,
a cada seis meses,
para a vida toda,
pela vida toda
fora do mercado.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Viva!Amar

Morrer matando
é querer alguém
para si, para amar.
É querer alguém
parecido contigo
para matar 
e morrer,
por ti e por amor.
Porém jamais
isso senão morrer
por aquele que te
matou,
do mesmo modo,
matar aquele que
morreria por ti...
e morre
e mata,
e se viveu foi
porque também
assim amou,
assim,
parecido comigo.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Gigante

Eu sou minha
filha
desde (ela)
quando nasceu
o pai.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Vide Areia

Ostras Ampulhetas
Pérolas e o Tempo...
Conchas expiram
fossilizando o
desenho primitivo
do espiral para que
robôs ultra
futuristas possam
copiar e usar como
um padrão para
algumas criações
aleatórias
modernas pós-humano.

domingo, 6 de fevereiro de 2022

Oblívio a posteriori

Talvez ontem será
Hoje quem sabe (?)
Amanhã nunca
Obviamente é.

Ela Mariana

Parecidíssimos
tão diferente quanto,
eu bispo
ela episcopisa,
nula similaridade alguma,
um feminino muito
pro pobre masculino
coitado desse macho
alfa pouco e...
desfazendo-se sobre si,
desmoronando sempre
em moralidade falsa e
fraqueza, potência abstrata, fraca,
eu Julião
ela Juliana,
ela Mariana
eu menor, minoria,
mínimo, ínfima
força acolhedora,
ela amor ama, ela Mariana,
eu um qualquer,
um João,
um sujeito à toa,
janistroques à mercê da lama...
um mesmo dos mesmos
homens que são
de hoje, de ontem, de sempre
os mesmos que são os mesmos
homens de sempre:

qualquer
joão-ninguém
qualquer

força estúpida bruta
que mata
não ama
e mata e
mata não
ama e
mata que mata
e não ama.

Não ama e mata,
eu ruim
ela mulher,
maior
melhor
quem ama.

Inventário

O repertório vasto de um
silêncio contido me diz eu
ti amo,
me disse eu ti amo e eu pro
amor nunca dei ouvidos,
embora vivo a fazer barulhos,
ruídos românticos me debatendo
dentro de mim.
Nunca amei ninguém
e eloquentemente jamais alguém
me amou,
mas o silêncio me disse eu ti amo
quando pela quietude eu me
apaixonei.
Agora, se ora calo,
e calo como quem
ora agora,
é para sinalizar para o
silêncio onde estou.

Velho Triste

Adoro drogas e não.
Odeio deuses e não,
e quando a eternidade
vier ao meu portão,
saberá que
odeio a morte e
a vida mais ainda e
não.
Consumo tristezas e filosofia,
odeio a beleza mecânica da
métrica no poema,
e o vazio da existência
eu coloco todo na poesia
buscando tanto algum alento
em vão.
Vou me matar um dia ou não,
e morrerei de velhice um dia 
ou não,
e quando no portão da eternidade
eu estiver triste sem saber o que sentir,
pedirei perdão e glória às drogas,
e dos deuses adictos eu serei a
abstinência, o vício, e a redenção.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Natureza Morta

De pedra e
cal ex- a cor que era
e agora como a cor de
um caos escuro igual
ao fundo profundo de
um fosso marinho
antigo extinto há alguns
trilhões de planos atrás
de sobreviver, e que hoje
fossilizado o estado
mineral disso nos
mostra e revela um
ancestral de um tipo
distinto de sal,
ex- o sabor que tinha e
agora como o gosto
de um cais habitado
por canoas vazias de
árvores que morreram
vendo o verde delas
tornar-se cinzas
tóxicas de cores mortas
que pintam um quadro
que nos mostra nós
olhando para nós mesmos,
ex- o que éramos e sendo
agora apenas planos
para sobreviver.
Somos mortos que ainda
podem matar.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Jamais eu pra sempre também sou

Eu vou me mandar embora
e de mim mesmo
pedir demissão antes de ir.
Aquele que fica
fica por dentro agora
adentro do lado de fora fica.
Mas já fora antes mesmo de
ir aquele que sempre 
quis ficar,
se ficou,
quando ficou,
só ficou sozinho quando
mandou embora não ele, 
mas mandou partir o lugar,
e quanto ao re-partir de si
para aqueloutro ser dele mesmo,
quis pedir demissão antes
de si para si o próprio ser
compartilhar. Porém, com
partilha é mais mesmo menos
tendo restado para quem
compartilhou.
Não sei se fui eu,
mas lembro que foi
alguém que quis ficar,
àquele alguém que partiu,
partiu para o jamais
e para o pra sempre
nunca mais voltar.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Maior Amor

Maior amor maior
amor amor maior,
maior que ele
próprio mesmo
quando em face de
um ódio qualquer,
mesmo quando foste
medo e pavor de
ser ou de ter sido
amor menor,
mas nunca foste
amor menor,
foste mágoa,
foste raiva e
ira e foste tudo
isso sendo antes
de amor maior
paixão destruidora
e agente causa de
alguma dor,
alguma dor pior
se essa não fosse
já sintoma de
um grande e
absoluto
amor maior amor.

Amor amor maior
absoluto e grande
e sintoma já
se não fosse essa
pior que dor alguma,
alguma dor causa
e agente de uma
destruidora paixão
e maior amor maior
sendo antes e foi,
foi irá e foste raiva,
foi mágoa mas 
amor menor nunca
foste,
e o pavor de ter
sido medo quando
foi um ódio qualquer
quando em face
dele próprio,
dele mesmo
sendo maior,
maior que o
amor maior
que ele mesmo
jamais foste.

domingo, 30 de janeiro de 2022

Sobre Viver

Cansado de me matar
para viver,
e o cansaço,
pior do que a própria
morte,
só não é pior do que
estar vivo para morrer
de novo, 
e de novo, rotineiramente.
Sobreviver a própria vida
é como sobre viver a própria
morte.

Sobre(viver) como rochas que
não podem morrer.

Como rochas se jogando
de um penhasco para
morrerem no mar,
e pelo resto da
existência elas
irão viver ali,
no fundo do oceano.

A razão de partir é nunca mais voltar,
e isso não é sobre morrer,
tudo é sobre viver,
como um fluctívago sobre o mar...

Desde Quando (antes fosse assim sempre)

Enquanto muitos precisam de
Deus,
eu me desfaço da necessidade 
de um,
ou do mesmo Deus dos outros.
Abro mão, de braços abertos 
para a libertação,
do Deus criador de tudo e de 
todos.
Eu o renuncio, e o Deus
destituído por mim,
segue firme castigando o que
resta do seu rebanho.
Eu, filho da terra, sigo só,
enquanto o papai do céu
olha por mim,
olha para mim
com ternura e desprezo tóxico,
do mesmo modo eu o encaro
quando peço perdão,
mas Deus não me perdoa mais
desde quando me perdeu.
Desde quando eu me encontrei
Deus não me castiga mais,
e Deus aos meus pés sabe
que juntos,
nós dois,
nunca mais.
Como antes nunca mais,
e como nunca,
antes fosse assim sempre,
mas nunca foi
nem sempre será.
Mas por hoje,
só por hoje,
o Deus dos outros
por mim e para mim,
a respeito dele e
de mim mesmo,
Eu afirmo jamais.

domingo, 16 de janeiro de 2022

Alteridade

O que é o que é
o que não é e
pode ser:
o jamais;
o nunca;
o sempre;
o todo;
o talvez;
o nada;
o tudo, o sujeito
você, o Eu,
o ser sim não ser?

É o que era
era o que será
será o que foi
foi o que é,
mesmo o Não-Ser
existindo,
ou a não ser que
já seja o que
nunca será,
mas sim e não,
o existir sim
poderá ser,
talvez e quem
sabe,
o tempo o seja
por toda a eternidade
o que jamais agora não é...
e sempre.


sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Um Quantum

Atrasa o tempo,
traz atrás à frente,
afronta o futuro,
o trai, 
e atrai assim
pro presente
um tempo a mais,
um terço ou
um quarto...
ou seja,
um quanto,
um meio para
ter nesse instante
um intruso momento,
um tanto de um
tempo novo, 
ou pelo menos
diferente.


sábado, 8 de janeiro de 2022

Jazzem

Instrumentos de sopro no
vácuo,
sem fôlego todos sucumbem
silenciosos intactos.
Os de corda, sem cordas e
acordes, enforcam-se
desafinados harmoniosamente
e fazem música da morte na
morte, a sorte da vida a voz
das melodias todas não temem,
não pedem socorro e
jazzem tristes como blues,
heróicas e estoicas como o
punk rock faz por ele mesmo
acontecer.
Os metais todos, calados pensam
pesados, pesarosos e surdos pelo
heavy metal que soa, ecoa, ressoa
pelas distopias reais imaginadas
por músicos e poetas e orquestras,
orquestram e arquitetam planos
para cada amanhã novo,
novas e supernovas utopias,
outras vias para viéses existenciais
devoradores de lógicas e ideologias
e cosmos e caos.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Palindromia

Um contra todos:
contra um contra,
todos contra, um.

Um contra
todos contra,
um contra,
todos,
contra um.

Um contra,
todos contra,
um,
contra todos,
contra um.

Um contra todos
contra, um contra
todos, contra, um.

Um contra todos,
contra um contra,
todos contra um...

Conto de Fábula

Era uma vez um Deus
Era uma vez um Anjo
Era uma vez uma Virgem
Era uma vez uma Gravidez
Era uma vez um Filho
Era uma vez uma Missão
Era uma vez um Destino
Era uma vez um Povo
Era uma vez uma Salvação
Era uma vez o Amor...

Era uma vez o Sistema
Era uma vez o Poder Estabelecido
Era uma vez uma Cruz
Era uma vez uma Crucificação
Era uma vez Cristo Jesus...

Era uma vez o Amor
Era uma vez um Amar
Era uma vez Não é mais
Era uma vez Acabou
Era uma vez Uma Vez
Era uma vez Nunca Mais.



quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Pranto Pálido

Insta véu a face
para disfarçar a
ira,
disfarce vexame
para cada fase
quando instável
a tez:
a ver 
avermelhada,
assim,
ora rubro o riso
desespero, ora
pranto pálido em
desapego ao sal,
líquidos sorrisos
poucos, estúpidos
sempre e
felizes ex-...

Quando retira o escuro véu
para ver,
a tristeza olha com olhos que
dizem adeus.