sexta-feira, 29 de abril de 2022

Da exigência de querer

Eu quero a vida para morrer,
a saúde para abusar do uso.
Eu quero amar para viver de
amor e amar também a morte
e o absurdo.
Eu quero a noite para ser luz
e ver o escuro,
trevas eu quero ser dentro da
razão se eu discordar do
Iluminismo.
Eu quero o sol para aquecer
a frieza de minha alma quando
todos os eu's em dias de
infortúnio.
Eu quero não ser quando Não
e existir profundo quando
sempre que eu quiser Ser.
Eu quero ser o portador de
todos os afetos do mundo,
eu quero agora e o nunca mais
somente quando já em overdose,
eu quero muito a superdosagem
desordenando o equilíbrio.
Eu posso querer a loucura e
racionaliza-la ou talvez ela
possa querer enlouquecer-me,
eu quero a oportunidade,
a possibilidade de sobreviver
ao fim do mundo.
Eu quero um feriado santo
para cada pecado adiado pelo
amor de Deus me oprimindo.
Eu quero pensar o que Spinoza
dizia, quero ser poeta para morrer
de fome e sem fama tentando
viver de poesia.
Eu quero a glória, a honra,
a ilusão, eu quero fuga da agonia.
Eu quero não querer mais
quando eu quiser parar,
e se mesmo assim eu tiver que
continuar seguindo,
eu quero ter-me em revelia.
Eu quero mais Amais e mais valia,
eu quero um final feliz!
Eu quero o todo para todo mundo,
e o mundo todo para cada 
indivíduo,
quero vontade de potência,
um x no fim do Mar,
eu quero mais e
busco paz e anarquia.

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