segunda-feira, 26 de junho de 2023

Hum Deus

Deus é dose,
é dez, é doze,
Deus é desses,
sabe?
Engrandece-se
e engrandecem
ele sempre,
como se 
precisasse, não
é verdade?
Pois é Deus,
Deus, um Deus
único e verdadeiro,
Não é mesmo?

Chega de alvíssaras a ele,
já é tempo de nós também
sermos Deuses.

Eu sou Deus.
Sou Deus.
Sou desses desde
o filho crucificado
até o anjo decaído.
 
Ontem, o diabo de
um Deus adormecido,
hoje e agora, depois de
despertar, sou Deus e
serei assim por ora,
Deus daqui pra frente e
por tempo indefinido.

domingo, 25 de junho de 2023

à la assalariado

Adianto meu atraso avisando,
aviso meu atraso,
aviso que vou me
atrasar.

Mas o próprio atraso já não é um aviso?

O próximo aviso será
o de não vou! 
Nunca Mais!

Adianto uma vida inteira assim.

Esse Poema

Consigo impróprio fora de si:
o poeta pode elevar a sua sexta
ou sétima quintessência à
potência máxima se sempre se
perguntar: mas e se...?
Esse, e se, é sempre poesia.
Aliás, nem sempre, por muitas
vezes, esse e se, esse ato de 
escrever a existência todinha,
é apenas exercício da virtude,
é apenas exercício do vício:
escrever mais para escrever mais
mais à frente, e assim de quando
e sempre, quanto mais se escreve
mais se torna o próprio verso.

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Quando Onde

Era para ser um Pégaso
em aulas de vôo quando
me vi como Centauro
numa aula de equitação.

Era para Eu ser o Cavalo
de um Deus raivoso...
Quando tive medo e fugi
fingindo saber que se Eu
corria era para fazer
valer o meu próprio
destino.

Porém, quem foge de si
mesmo jamais se
encontrará outra vez,
não há caminho de volta,
para viagens só de ida a
estrada só se faz uma vez.

Após, nem mesmo há depois.
E aquilo que poderia ter
sido será sempre o antes
de tudo jazendo perpetuamente
sobre teus ombros.

Tudo é apenas você morrendo
onde jamais deveria viver.

Quando jamais se deve fugir, luta,
e quando (de) onde jamais se
deve correr, voa...

humanidade Toda

Queria descer do céu,
queria descer a Terra.
Queria descer do céu
de outono, cair como
uma folha solta do
alto de uma árvore.
Queria descer como
Alma Mater do mais
profundo céu e jamais
salvar a humanidade
toda. Salvaria apenas
as árvores e fauna e
flora que se
interrelacionam.
E usaria a humanidade
toda como adubo
orgânico assim como
se usa em hortas
comunitárias bosta de
vaca.

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Idiotia

Eu rezo sem ser
o sujeito da oração.
Imperativo: 
hiperativo categórico,
tipo Deus como pai
da Criação.
Eu peço por prosperidade
e Deus zela por uma
existência de verdade.
Gramática, Poesia...
Deus e todos os seus eus,
todos, e nós que duvidamos
do verso, do verbete...e de si,
e do Ser, e de ser, e do se...,
e da poética do fogo.
Nós Sapiens duvidamos do
talvez, nós adoradores do
sim e do não.
Nada mais existe,
nada mais existe.
Exceto Nós.
Exceto Eu.
Exceto Deus.

[Ascendesse (Acendia)]

O Sol escreve frio...
em fria noite, 
a Noite descreve o
Dia para o escuro
da sua forma vazia,
aspecto original que
plagia a Matéria Escura
do Universo.
A Escuridão é força estranha
que toda Luz multiplica 
e por onde escapa mais
Luz mais as Trevas fogem
e elevam--se como se em
Cio com a Luz o Escuro
ascendesse:
-Acendia!

domingo, 4 de junho de 2023

Rio Apaixonado

Todo mar quer ser oceano.
Então eu soube o que é 
amar. Ah! O que é o mar.
O que é amar? Ah! O que é
o ah! mar...?
O que é o mar sendo eu já
todo oceano?

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Quase Quase

Quase sou quase.
Quase uma frase
sendo apenas meia
palavra: A mor...

Um poema quase
sendo um verso
apenas. Eu!

Quase uma vida
inteira sendo
somente uma
cansada morte,
cansada de ser
tão plena.

Quase um Deus quase
sendo quem sabe
apenas todo poeta.

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Do Fundo da Sétima Solidão

A poética da natureza da minha existência
dialoga com uma fria sutileza ética com
toda possibilidade de grandeza.
Ser poeta como também poderia ser Deus,
e Deus se fosse poeta poderia assemelhar-
se a mim, e o mundo seria poesia e minha
poesia todo um mundo novo seria.
Mas quanto a ser Deus, por assim dizer,
eu temo que jamais de fato fui poeta.
No fundo sou apenas a vontade de ser,
e não somos todos assim, inclusive deuses?
Ambição de ser um Deus que saiba escrever
e jamais o oposto, desejo de alguém que
escreve versos se tornar um Deus.

Da tese à antítese que sou.

Acredito em mim, muito, tanto quanto em
Deus nunca, jamais pude crer:
Somos recíprocos.

A poética da natureza da minha existência
dialoga com uma frieza épica com
toda possibilidade de grandeza.
Mas e quanto a natureza dessa poética,
pormenorizadamente, sobre ela e sua
profundidade, quão fundo nesse fosso eu
posso descer?

O céu jamais será um limite,
para quem deseja voar o céu é um convite
para se ter asas, porém meus pés escrevem
passos raros, e o caminhar que é o seu
legítimo texto é fácil de se ler pelo
subsolo de conquistas inalcançáveis.

Deus algum é capaz de mensurar o 
alcance do querer da alma de um pobre
diabo poeta. Um poeta de verdade por
muitas vezes se desfaz da própria alma
para poder fazer poesia.
E a alma desse poeta aqui sofre
da febre da loucura de querer ascender
à luz sendo densamente filosófica
escuridão: faz versos de frio para
o verão e entoa sempre um eterno
outono púrpura para cada nova estação.
É res-do-chão da torre que busca
alicerçar ali o impulso para crescer
tão alto quanto tão alto possa ser o céu.
É como dossel do planeta.

Do fundo da sétima solidão desse poeta
a alma ressoa sempre em insônia seus
augustos gemidos de arte.
Essa alma, minh'alma, é sempre contra
todo o pra sempre, é de toda a fuga da
eternidade a mais legítima redenção,
e uma palavra para aludir à sua
poética será um dia a palavra Devoção.
Enquanto o sacerdócio desse poeta erra 
ainda e muito por muitas vezes,
a palavra certa por ora é, para resumir
a sua poética, certamente o vocábulo
Paixão.

Suplício!
Detesto ter de odiar quase todo mundo
enquanto amo quase e muito o mundo
todo. A humanidade é uma doença e a
vida humana uma praga.
Queria ser Deus para pôr fim a proliferação
da raça dos Homens planeta afora.
Do mesmo modo, como espécime dessa
espécie de animal atroz, gostaria muito
de poder também aniquilar esse mesmo
Deus que se fosse eu mataria a Humanidade
toda.

Porém nem Deus nem Homem,
apenas poeta, e desse modo,
Deuses e Homens me matam todo dia e
todo dia eu como poeta,
e isso é tudo o que sou,
todo instante eu desejo morrer.
Morrer de amor, morrer por amor,
e pelo amor também jamais se matar
outra vez:
Uma vez basta, duas vezes nunca mais;
pela terceira vez já não mais é belo
insistir; na quarta e na quinta foi
sempre por impulso; na sexta foi pela
virtude do vício, e na sétima é sempre
por temor de uma assustadora solidão.
Ah!Céus!
Só quem pode ser imortal sabe o quanto
a vida eterna é um erro.
Clássico erro crasso.

Faço de um fosso abrigo,
abro um poço sem
fundo no futuro defunto,
esquecido, desfaço o
disfarce de cúmplice
do meu presente fudido.
Foi o passado abatido
e abastece-se o que virá
com um tempo ainda
mais difícil.
É duro ter de temer
a vida que se leva
e leva a vida a gente
para a morte todo dia já
como mortos vivos:
Dos desgraçados,
nós todos,
toda uma sorte morre
sempre no fim de mês
todo mês de cada novo
ano maldito.
Viver não é,
não pode ser só lamento,
como disse um filósofo
uma vez, como poeta eu
complemento:
A vida nunca foi e não é,
a vida não é um argumento,
a vida não é um argumento.