sábado, 29 de junho de 2019

Errantes

Percorrendo os
corredores do inferno
acima da velocidade
da luz
em alta ansiedade,
a escuridão aguarda
por nós,
pecadores de Deus,
bastardos do céu e
errantes da Terra.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

O Círculo, a Elipse e a Espiral

O presente deixa para a história
um passado remoto e recente,
adubo para o futuro crescer
novamente quando por lá passar.

Tudo se repete,
repetiu-se já muitas vezes
e certamente se repetirá.

O futuro é um passado
rejuvenescido, moderno
e novo como o velho é
o novo novo, ou seja,
o mesmo presente de sempre.

O universo é infinito,
a vida é efêmera,
o conhecimento é adquirido
empiricamente,
vida após vida,
se isso já não explicasse tudo
e se nada se repete,

qual o porquê da razão da
Inexistência da imortalidade?

Happy Hour

O Álcool e a Nicotina,
a Noite e a Cocaína,
o Rock e a Psicodelia,
a Música e a Poesia,
Deus o Diabo e Eu
juntos numa mesa
de bar discutindo
Filosofia e admirando
o Caos.

O Vencido

Tudo é mais intenso
nos pólos,
então uma vez que
não seja o primeiro
o melhor será ser o
último,
o preenchimento
dessa lacuna é
fracasso.
Se não o vencedor,
então o vencido
seja.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Bluesjazz Bellesong

O maior desejo de toda minha
desafinada vida é poder fazer
música com minha amada filha
um dia, pois todos os dias
meus olhos admirando
la Belle Elisa
estão sempre uma canção
compondo,
é do meu olhar leitmotiv.
Ah! a música é o desejo maior
de toda bonita vida.

Uma canção ao piano,
uma sonata,
um bluesjazz com o peso suave
das cordas de metal do meu
violão chorando.

Pathos ao
amor fati
de toda
existência
que
percebe bela
tristeza
na felicidade
boba da
finitude da vida.

Há música, bela música,
mesmo a acústica do
silêncio uma quietude
profunda propondo.

Evangelho Evanescente

É absolutamente torpe
a elipse dos olhos de
um evangelho obsceno
com um olhar ortodoxo
que caracteriza a visão
absurda de um tipo de
religião existente apenas
para fazer do Homem
pasto e campo para que
os senhores da fé alheia
posam ruminar e
reiterar suas cretinices
enquanto o movimento
dos astros permite.
Para o nosso bem
que se permita para
todos um merecido
apocalipse.

Ferem-me

Ando tão à
flor da pele
que há um
florido jardim
dentro de cada
poro de minha
epiderme,
e à la Baudelaire
eu diria que são
flores do mal,
diria que são
flores que ferem.

Voz dos Olhos

Meus versos são
sintomas da
doença poesia,
minha pena sofre
dessa moléstia e
atesta que como
saudável escritor
na verdade não
passo de
doente poeta e,
sendo os poemas
altamente contagiosos,
dizem que se declamados
pelos fonemas
eles não contaminam,
mas que são letais
quando conduzidos
para dentro da alma
e lidos
exclusivamente pela
voz dos olhos,
e pior será se o coração
estiver ouvindo.


segunda-feira, 24 de junho de 2019

Templo Vazio

Na república do amor
seu Estado-Maior irá
cair,
eu um dia não mais gostarei de você,
e então você,
que já não gosta mais de mim
poderá enfim,
por fim,
ter o fim que tanto idealizou,
pobre de mim que nunca
entenderei tal idéia,
co-fundar nossa história,
estrutura-la fragilmente
e observar decepcionada sua queda,
não sei o que fará com a parte
dos escombros que lhe cabe,
talvez a fundação de uma nova
futura tragédia,
eu permitirei aos escombros
que com minhas ruínas
façam, em memória de ti,
uma capela,
e que no interior desse templo
por toda a eternidade
nunca haja nada,
e tampouco portas e janelas.

Subsomos

Sobre o sob
há o solo,
a superfície
sob o céu,
o solo do
cosmos
sobre nós,
transeuntes
rés do chão,
somos os
sub
undergrounds
do universo.


sexta-feira, 21 de junho de 2019

O Sapo

Num oceano qualquer
chovia sobre uma ilha,
nessa ilha havia
um lago,
havia nesse lago
um nenúfar,
morava nesse nenúfar
um sapo.

Deus
observando de cima
esse sapo,
feliz e dançando sob
a chuva,
sobre o nenúfar
sobre as águas do
lago, o sapo, sobre a ilha
sobre as salgadas
águas do oceano,
dentro de um planeta
azul, numa galáxia
qualquer de um
canto qualquer de
um escuro universo
em colapso.

Deus observa o sapo,
eu admiro a chuva,
o sapo dança sobre
o nenúfar flutuando
sobre o lago numa
ilha de um
oceano qualquer
dentro de um planeta
azul girando por uma
galáxia expandido-se
pelo escuro do
universo em colapso.

Por ora,
o que menos
Importa
para todos
é o fim de
tudo.



Fome

Em comunhão com a fome
que tanto assola os Homens,
a fome que devora o mundo,
a miséria que mastiga
d e l i c i o s a m e n t e
milhões de crianças
por ano, meses e dias,
por refeição
milhares a cada aurora,
pelos famintos que morrem,
como autêntico humano
branco faço do banquete
deles o meu (des) jejum.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

AssimissA

Íntimo Animal por dentro,
assim como a alma preenche,
fez sua última refeição dos
restos de homens que Deus
tirou dos dentes depois de
ceiar entre santos em seu
habitual banquete de domingo.

Jamais sinta pena do miserável,
sinta felicidade em não sê-lo.

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Desordem afora

Eis me no
azar de sempre
ser assaz a
sina de um
facínora da
métrica,
quando sorte a
minha de
assassinar a rima
que com a mesmíssima
mesmice em voga
se completa,
fazer poesia diferente,
dissidente duma ética
pseudo criativa,
nada criativa
em suma,
ser poeta punk
de verve poética
pró ética de
porra nenhuma.

Poesia de liberdade autêntica
muito acima de quaisquer
regras e normas,
poesia só de inspiração
apenas como rédeas e formas,

e para a métrica
que é censura
minha pena serve
cicuta em seus
versos que a
destroem
desordem afora.

Um Anarquista

Deus não é dinheiro,
porém dinheiro é
Deus, e é mais do que
Deus mais dinheiro
ainda, é não precisar
de deus,
do Deus Estado,
assim afirmam
os infelizes ateus
capitalistas.

Feliz eu que creio
em tudo quando
em nada acredito,

feliz pobre de mim
que sou dentro desse
Estado de espírito

um anarquista.

Odeio Amar

Sinto tanto amor por
toda parte por todo
mundo e todo esse
amor por ser assim
tão tanto me cansa
invariavelmente muito.