terça-feira, 26 de abril de 2022

Mesmices e Miasmas

A cor da tinta onde mergulho
a pena é a mesma,
é a cor única, como alma e verve,
é a cor que é,
é ela assim como toda afirmação
poética é.
A mesma que sempre foi e será
a mesma na medida que puder ser.
Embora ser o mesmo no espectro
do aspecto do que parece ser nem
sempre parece ser algo de se 
admirar.

-A vida é aquilo que se pinta!

A cor da tinta onde mergulho 
a pena é a mesma,
e mesmo que fosse outra não teria
nenhuma influência naquilo que possa
vir a escrever?
Difícil imaginar o que afirmaria
a pena se a poética exigisse outra
cor para transparecer,
mas a cor que a afirmação pede 
agora é a mesma e sendo assim
a poética busca colorir o que afirma
usando as cores da paleta que utiliza
quando quer dissuadir a si mesma.
Dissuadir a si e consigo ser outra
forma de afirmar o que é.
Quando volta a si percebe que
nunca deixou de ser a mesma,
e ainda assim,
para muitos versos foi outra
forma de (a)parecer.
Mas muitos são outros,
um conjunto sem fim de
versículos que buscam com outros
semelhantes únicos assemelhar-se
a ser.
O espelho nunca foi,
a imagem tampouco é,
o que de fato está ali
é o que parece ser?
Sabe-se que não.
O que é, é sempre o mesmo,
a mesma poética afirmando
que ainda procura o Ser.
Quando a cor da tinta onde
mergulho a pena não for mais
a mesma,
aquilo que a pena for escrever
poderá ter a mesma escrita que
poderia ser se a cor onde mergulho
a pena fosse a mesma,
mas quem poderá afirma que a
poesia é a mesma?
Para a verve poética
outra jamais poderia ser,
pois tem para si que
sempre foi a mesmíssima
ensimesmada poesia que
busca fuga do que possa
parecer não ser (ainda),
uma vez que sempre tenta
ser a afirmação do que é,
e é ela da mesma cor
onde mergulho a pena.

-A vida é mesmo aquilo
que se pinta!(?)

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