terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Moldura Vazia

O Inverno fez um verso frio;
O Outono deu cores acinzentadas
às flores que a Primavera trouxe
para a estrofe;
O Verão veio com o Sol
como metrificador e tirou
do Poema o frio,
os tons cinzas e as flores.
A Poesia fez-se aquecida
dentro da bela e perfeita
forma, mas por dentro
estava completamente
vazia.

Sim digo Não

Sou todo força de vontade
e o universo outrossim,
porém força contrária,
enquanto o acaso auxilia
o destino propondo sempre
diferentes caminhos daqueles
em que eu busco determinar
minhas vontades e força.
Sou todo universo outro,
um diferente sim para a
mesma afirmação,
e entendo a negativa do
universo quando como
predestinado a ser antagonista
de mim mesmo,
via na contramão do âmago,
eu estoicamente digo não.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Desalento

Triste o
poeta fez-se
para inventar
a poesia.
Deus para
criar o Homem
e a natureza
para sacramentar
a vida.
A solidão quando da invenção
da companhia.

Mônada

Existo como único entre bilhões,
bilhões de existências que
repetem-se em seres e cenas,
regenerando suas células para
esterilizar as personalidades
dissidentes desse totalitarismo,
a vida.

Cabeça Coração

O difícil não é sentir,
é pensar o sentimento,
dissecar uma canção,
um poema,
examinar os pormenores
e perceber a felicidade
como opção escolhendo
o enredo poético da
tristeza.
Do mesmo modo,
o pensar é fácil,
duro mesmo é sentir
o pensamento,
colocar o coração para
raciocinar enquanto a
cabeça pulsa apenas
repulsas e ressentimentos.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Nossa Culpa é da Água

Quanta água há nos rios,
oceanos e mares,
nos olhos que choram e
nas nuvens que chovem,

quanta água há no corpo
humano?

A mesma água de antigos asteróides.

Quanta água há em Marte,
nas luas de Saturno,
será que Deus sabe que é
suficiente para mais uma
desastrosa aventura humana?

domingo, 8 de dezembro de 2019

Privilégio

Todo Animal sangra,
menos Deus;
Todo Deus ama,
menos Eu.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Mataria Eu

Eu gostaria e muito de
me matar um dia,
mas não como um suicida
aniquilador de si mesmo,
meu desejo é homicida,
encontrar com minha
pessoa e descarregar uma
arma de fogo em meu peito
e cabeça, destruir meu
coração e consciência,
pensamentos e sentimentos
que nunca puderam nada e
que pouco souberam fazer
o bem para mim.
Eu mataria-me e sairia
andando tranquilamente,
como se nada tivesse acontecido.
Mataria-me como se inocenta o
fogo por queimar quem se
permite o calor, como a chuva
que molha sem culpa e pode
destruir cidades inteiras e
suavemente desaparece depois.
Eu mataria-me e faria isso
por amor.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Brilho Cego

O céu me dá um pouco
do sol que ainda resta
em seus olhos azuis.

O sol, esse brilho dos
olhos, me cega se
eu tento olhar para
cima, para ver os olhos
do céu a me observar.

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Domingo

O entardecer
às vezes é assustador.
O ocaso do dia anuncia-se
em sombras,
logo após o almoço,
a ida do sol a pôr a
escuridão para nós,
por sobre nós.
O nobre anunciador da
majestosa noite,
o pôr do sol,
lindo e glorioso em um
dia de um entardecer
assustador.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Penhasco

Ser fraco
e frágil
como a vida.
Mas a vida
existe há milhões
de anos,
resiste, persiste e
acredita.
Por que em mim
está tão difícil
de durar apenas
uma mísera e
ínfima existência?

Porque sou eu
uma rocha,
e em algumas rochas
assim como em todas,
a vida como se conhece
não há.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Nada Existe Agora


aonde o
nada
existe
agora,
esta afirmação.

O nada está (em sua alma)
lá fora,
dentro da tua cabeça e
do teu coração.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Proposição

Transcender a ascensão
e após o nascimento
morrer;
Elevar-se até o Éden e
subverter a criação,
deixar o Deus que o
Homem criou
morrer;
Entender que o doce
mais doce está na essência
do fel, fazer desse amargor
o mais puro mel e desejar
entre todos os males, o melhor,
o Amor,
de todos os males mais
terríveis,
o Amor é o mais cruel.

Inverter a proposição e querer
algo melhor do que o céu, quando
morrer.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Sideração

Meditar nas
nuvens,
elevar minha
espiritualidade
subterrânea,
levar suas
raízes para
além da
atmosfera
para assim o
espírito florescer
no Cosmos.

Alienum puto

Minha causa é viver,
um Ser buscando ser
mais do que existir.
Uma bandeira preta
apenas para sinalizar
a minha pequena
presença,
porém postulante a
gigante ser,
ainda que póstuma.
Há um Ser gigante
ardendo em minha
alma, a própria alma
a arder,
mas numa noite de
existências frias, o
fogo em chamas
cansadas por não
contemporizar por
falta de compatibilidade,
ele, esse estranho,
antes de voltar para casa,
se abraça às suas brasas e
no sufoco desse
abraço, esse fogo d'alma,
pouco a pouco,
vai e...
se apaga.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Último Poema de Amor

O último poema de amor
que eu fiz,
eu nem lembro de tê-lo
escrito,
e acredito realmente,
porém em tese,
que eu nunca escrevi
poemas de amor antes,
sendo assim,
vai esse como último,
o último poema de amor...
depois eu escrevo
o primeiro.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Morra

Dormindo
morreu a insônia;
Afogada
morreu a sede e
com bravura
morreu o medo.
Eu morro sorrindo,
feliz.

Zero vírgula sete

Antes a morte do que
o fracasso,
a fraqueza,
a covardia e o medo.
Antes a morte do que
uma vida falha,
farta de tentar;
do que uma existência
perdida em todo
recomeço,
e eu tento recomeçar
todo dia, eu tento,
mas tentar todo dia
em fracasso e fraqueza
é mais do que desespero,
é desprezo por si,
desprezo pelo ser que é
e que não aceita ser um
erro,
antes a morte do que
ser esse erro,
essa certeza,
o mesmo e o mesmo.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Cinzahalma

Há sim cinzas aqui,
assim como antes
ardia fogo,
chama como sopro
de vida, uma alma
foi cingida pela
noite deixando
vestígios em brasas,
e passado o tempo a
amanhecer frio,
este frágil lume
apagou-se.
Mais tarde disseram
alguns que foi por
culpa do orvalho,
mas outros pensam
que não.


Pausas e Passos

Passos e pensamentos
da cabeça até os pés,
leves medos e pesados
sentimentos de um
coração doente em
permanente estado
de pausas e
palpitações,
deixando rastros
por onde flutua de
raro entorpecimento.

Passam-se assim as horas,
os dias em lentos segundos,
e suavemente a alma,
pouco a pouco vai..
enlouquecendo.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Assim Disse os Dentes

O que não dizem os dentes,
verbos raivosos?
Os dentes não falam.

O que não dizem os dentes
mastigam passivos como
bovinos e mandam
goela abaixo.

A raiva em meus dentes
diz seus
contrapontos ao
contra ataque da
contracultura
pondo abaixo, em xeque,
o silêncio do rebanho e
dos dentes que não falam.

Disse os dentes
d i s s i d e n t e s
-Basta!
e nunca mais calaram.

sábado, 2 de novembro de 2019

Contrario

Quem matou Marielle
Quem votou no Bolsonaro
Quem inocentou a culpa do Lula?

Por que que ser Cristão é
ser tão Diabólico e querer
ser Conservador é desautorizar
a Ideologia do outro que
apenas pensa o contrário?

Porque matamos Marielle
(diariamente)
Porque votamos no Bolsonaro
(diariamente)
Porque inocentamos o Lula culpado
(diariamente)

Por que Cristão
Por que Diabólico
Por que Conservador,
e de tudo isso,
por que não apenas
a Ideologia do contrário?


Desafogo

Meu apego a tristeza
e a solidão
é desapego
e desafogo.

É desaforo ao meu
foro íntimo ir atrás
da felicidade pelas
mesmas vias
dos outros,

isso diz que é querer
ser um outro eu que
não existe,
e não há eu
outro ou
outro eu
senão um
único eu,
t r i s t e,
mas jamais infeliz,
pois jamais haverá
mais de mim na
felicidade inventada
que tantos seres
tolos aflige.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Semelhança

É da obra de Deus
a criação do Homem,
e é da imaginação do
Homem a invenção
de Deus, mas a
responsabilidade por
tal erro e engano é
de ambos.
À imagem do
próprio verbo,
ele é,
o Homem,
hoje apenas
destruição.




terça-feira, 29 de outubro de 2019

Vida Eterna

Era o cadáver da morte
sendo velado,
era a última de todas as
despedidas,
não haveria mais mais
mortes e
por isso sobre o cadáver
choravam
copiosamente todas as
vidas esquecidas.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Fora de Si

De você para você mesmo
para o cosmos e dele
como o todo sendo
de volta até você,
um ciclo a girar.

O agir liberta o ser
a agir cada vez mais,
mas se em si o ser
não agir antes,
fora de si
a ação de outros
para sempre o cegará,
e ainda mais,
quando pior,
a ação deles
pelo sempre
o guiará.

Seja você o
fora de si, o
fora da lei, o
forasteiro por
entre os iguais,
seja você entre
todos os seres,
o único a sê-lo,
não deixe que
façam de ti
uma cópia
autêntica dos
demais.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Virtuosos Vícios

Adoro Drogas,
Assumo Vícios.

Cigarros de todas
as fumaças,
Álcool e éteres de
todas as garrafas,
química e sintéticos
de todas as farmácias,
e Deuses imaginários
de todas as galáxias.

Adoro Vícios,
Assumo as Drogas.

Imperiosa

Acho-a, a chuva,
maravilhosa,
calma e ágia,
acho-a
maravilhosa.

Quando tranquila,
garôa ensimesmada,
ou quando furiosa,
toda tempestade e
em paz consigo
mesma,
mas devastadora
e imperiosa.

Homem Atômico

Segue a toda
a todo átomo,
atado ao Cosmos,
da matéria escura
pelo universo todo
por todo e qualquer
carbono encontrado.

Deixando para trás um ponto
nulo em chamas,
ardendo em azul fogo,
verde, vermelho e cinza...
tipo um Inferno psicodelizado
pela arte humana.



A paz abala

A paz a bala,
a fogo, a paz
i m p o s t a
nunca haverá,
não se forja
a paz, não se
faz assim,
t a m p o u c o
se faz a paz
para quem
está sempre
em paz com
a guerra,
a esses e outros,
a verdadeira
paz abala.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Falseabilidade e Não

Todos os cisnes são brancos
Todos os corvos são pretos
Todo sangue é vermelho
Todo Homem é bom e mau
Toda matéria é palpável
Toda natureza é boa
Todo Estado é opressor

Toda a vida é muito pouca e
pouca vida é muito para quem
muito pouco nela sobrevive,
vive-se todo o dia
a quase morrer.

Todo sofrimento humano é divino
para quem em Deus acredita,
assim deveria ser e quem sabe
diferente doravante seria.

Todo versejador é poeta
e todo verso é poesia.

Religiosa Hipocrisia

Não há Nirvana,
não há Ataraxia.

Não existe
imperturbabilidade
da alma,
mas há
subterfúgios,
não o álcool
ou o ópio,
mas sim a
Religião e a
Hipocrisia.

Quase vidas

No final das contas
faz de conta que a
vida não aconteceu,
mas o que se foi e
se viveu foi só o faz
de conta,
a vida está intacta e
vívida,
embora vívida e
gasta estupidamente
aqui, exposta na
prateleira do museu
da morte para a
observação dos
mortos que também
esqueceram de viver,
apenas foram como
vivos quase vidas do
faz de conta do seu
intrínseco ser.

Canção

O amor é a canção
dos enamorados,
a tristeza é o refrão
dos poetas,
refrão de uma
canção mais
triste ainda.
Estranho e engraçado
é isso,
pois feliz é a vida
que canta poesia.


segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Fátu'olhar

Teus olhos
caminham
por vastos
horizontes
longínquos
e verticais.

Mas o futuro
certo é Morte...

morte e
subterrâneo
ou/e
fogaréus.

de per si

Daqui pro Paraíso eu irei para o Sul,
mas apenas de passagem,
não ficarei por lá,
pois é preciso já ter se perdido ou
se achado para merecer o inferno,
e Eu como Deus ou Diabo sou
pior que os dois,
como Homem,
sou a existência mais devastadora,
propago o Caos afora
refinando a minha alma.

Do Amor ao Ódio ao Amor,
ao Gozo com o Pecado do próximo,
deste modo e sem culpa,
externando para o Mundo de fora
através do Sangue e da Carne
a calmaria da minha Alma em Furor,
pois se tirar o pudor das virtudes
humanas,
teremos então apenas
Pecados e Terror...

Eu sou um Homem e sou Terror,
e que seja feita a minha vontade.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Profusão

Lasso,
em profunda
profusão,
lágrimas,
lástimas
às favas
e nunca
mais
pranto,
cansaço,
promessas
e devassidão,
se quero a
morte hoje
é porque sei
que hoje
meu desejo é
só devaneio
e ilusão,
essa noite
eu iludo o
luto e a
madrugada,
mas a manhã
virá serena e
sincera e eu
serei de novo
só lassidão...
e então eu
morro,
de morte inventada,
de alma gasta e
castigado coração.




quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Praia

Ainda que eu diga não
as ondas,
como um rio que foge
do mar,
mesmo assim, longe
dali o mar
é todo oceano, bravo e
violento,
profundo e eu raso,
como um breve ensaio
de mim mesmo,
pacífico e em conflito,
e estranho,
como alguém que odeia
a praia.

Maior de Si

O impossível é
passível sim,
visualizar os
contornos da
silhueta do
invisível através
dos olhos da
determinação de
um sim,
perceber os gritos
do silêncio e
entre ruídos,
nesse ínterim,
gritar e calar
aqueles que apenas
cospem não.
Eu diria sim
se o sim já não
houvesse me posto
disposto em seus
lábios e então
assim gritamos
juntos, a voz,
daqueles que buscaram
vitória e a encontraram
existindo endemicamente
em si...em si maior.

Holograma

...e amanhã,
O que farei
com o dia de
hoje se hoje
eu viver
apenas pelo
amanhã?
Assim nunca
haverá ontem.
Abaixo o
futuro.


quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Ávida Guerra Vida

Dos confins do âmago da alma
atravessando xacras e canceres
até a superfície da pele através
dos poros,
vindo do fundo profundo
sob o mais profundo fosso,
auscultando o caos interior aos
custos da calma em carne viva
do corpo em fúria e força forjando
uma existência, a priori, capaz de
suportar o vazio completo que
preenche tudo aqui fora,
eis que surge o sangue quente em
vermelho vivo jorrando da ferida
aberta, um sorriso frio e macabro
na garganta, feito pelo fio afiado
da lâmina pelas mãos assassinas
daquele que tomba sobre a terra.
Matou-se o sujeito que está caído
agora, mas muito tempo antes disso,
já havia acontecido a terrivel queda.
Não é depressão nem nunca foste,
ou melhor, era o que toda existência
é, a posteriori, tudo foi apenas fuga
da guerra, pois a vida é e foste sempre
uma ávida guerra.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Matem-se!

Matem todos os Homens
e matem-se entre si,
em prol do planeta e
pelo bem da natureza,
pelos outros animais e
pelos rios e oceanos,
pelas geleiras,
pelas florestas,
matem os Homens,
os filhos e pais deles
também, matem todos
e matem-se entre si,
por toda a vida não
humana que há aqui
e por todo o universo,
matem-se Homens.

Sete Vezes Quando

Quando começará um novo tempo
e quando estará tudo acabado,
quando?

Todo dia
quando começa o
hoje e quando o ontem
no arquivo do tempo
já foi guardado.

O fim certamente virá amanhã,
quando todo mundo menos
esperar,
e quando enfim o mundo todo
já o tiver desejado.

domingo, 13 de outubro de 2019

Laissez-faire

Deus é satanista e o
diabo é cristão,
o Homem é os dois
de alma e coração.
Todos devem ser tudo
aquilo que podem ser,
teu corpo, alma e pensamento,
seja e deixe ser e
faça e deixe fazer,
mas seja suor e inspiração.
A esperança é niilista e o
futuro já é nostalgico,
vícios podem ser eruditos
como algumas virtudes
são pecados,
a semelhança pode ser
contraditoria quando
refletida no espelho errado...
teu corpo, alma e pensamento
são livres para ser e serão
senão aquilo que não querem
ser,
são absolutos na adoração
e no ato de serem vilipendiados.
Seja e deixe ser e
faça e deixe fazer,
mas seja amor e por
ele faça guerra.

Em Triste Sendo o Ceu

Ando muito triste
ultimamente e
esta caminhada
a cada dia e
a cada passo
parece ser
mais longa
ainda e,
uma vez que
não adianta
correr, e parar
eu não posso
fazer,
daqui pra frente
eu só irei voar,
entristecendo o
ceu eu sairei
a voar.

sábado, 12 de outubro de 2019

Contradito

Todos os ruídos
falam por si sós,
todos representam
e exprimem através
dos seus
caracteristicos sons
aquilo que são,
mas quando menos
se espera vem o
silêncio e contradiz
todo e qualquer
barulho.

Doravante Ontem

É pra ontem,
o futuro passa rápido;
O presente acaba hoje,
o meu, o teu,
e o de outrem;
O passado é para sempre,
desde o mais antigo
quanto o feito agora e
também o doravante.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Obtuso e Grave

Quantos cantos do
silêncio cabem em
ti, oh! obliqua quietude?

Talvez tantos quantos
possam caber, mesmo
aqueles que não cabem
em si, trazes contigo
contidos todos dentro
do teu ser, assim meu
grave grito, ofendido,
se cala esmagado por
essa multidão de vozes
donas de um som
difícil pro ouvido
da minha alma
disolver.

Me encanto
pelos cantos
do silêncio,

eu gritaria por eles,
mas me calo
cada vez mais grave
e inquieto e
muito pouco existindo
dentro do meu
direito de ser.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Carne Viva

Poema de amor para
arder em dor mais
tarde, da noite, em
solitária madrugada
sou eu só escuridão,
seria completa solidão
se não me fizesse
companhia minha
alma ferida e meu
quebrado coração,
coração inerte e frio
que batia em febre
de pura paixão,
ardia em amor,
agora esse mendigo
do peito é o vil
instrumento que a
desilusão aguda usa
para matar-me em
vida, em viva carne
completamente pelos
pecados desta existência
seduzida. Vivo pelo
vício e morro por amor.

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Uma Vez Morte

Bem vindo a vida,
você que nasce
-você irá morrer-
esta é a máxima
adquirida, agora
que és vivo,
uma vez que vive,
u m a   v e z   m o r t e,
pelo menos uma vez,
não se sabe ao certo
se a morte se repete
à mesma vida que morre,
que parte,
mas a vida continua,
sempre, em outro ente,
em outra morte.
-Bem Vindo a Vida!

Dia D (morrer)

Só se vive no
presente,
não se morre
ontem
nem se morre
amanhã,
a morte é
hoje.

Francis

Noviça de muitas noites,
princesa toda maravilhosa de
ser depois Aline,
Aline depois,
depois de amiga e antes,
muito antes de ser Aline,
e muito antes de Aline ser
já era Aline e não sabia,
a Aline que você é e
só você é,
Aline.
A Aline,
há Aline?
ah! Aline!
Há noite, há madrugada,
há álcool, há drogas!
há Aline, ah! há sim,
como se antes eu já não soubesse,
eu sei e sempre soube,
pois eu sempre pude ter Aline,
durante um tempo,
eu pude Aline ter e ser
quem eu sou por muito
tempo, tempo esse graças
a Aline.
Aline, minha Aline,
princesa punk durante
aqueles dias, lembra?
dias de rebeldia em
religiosa liberdade,
liberdade de amizade
em amor (amor em
liberdade), de cúmplices
em ciúmes de oferecer
o melhor pro próximo,
como a última droga,
o último gole e a mais
cara amizade,
minha cara,
a mais preciosa primeira
última Aline,
debutante do antes de ser
quem antes não sabia
quem era, e deusa depois
que soube que poderia
ser Aline, que sempre foi
Aline quando descobriu em
si a Aline eterna.

Na história de nós dois
há deus e Diabo também,
e por que não deveria haver?
mas eles que se entendam
com o posto de coadjuvantes que
diante de nós
a eles sempre coubera.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Desespere

Não é a
busca que
cansa, a
espera é que é
desesperadora.


Última Hora

Definitivamente
agora não é uma
hora boa para se
ter um dia ruim,
nem agora,
como outrora,
nem daqui pro
que virá,
pois quando chegar
a minha última hora,
eu quero é estar
vivo para morrer.

Sentenças e Sinestesia

Ouço o silêncio e
observo o obscuro,
sinto a sensaboria
da desventura sentimental
dos sentidos todos em
fumaças de cores mortas
em pudores de viva
psicodelia.
Ouso a observar meus
olhos lendo o silêncio
no obscuro da minha alma,
vendo a escuridão das forças
do mundo,
em meu peito
iluminam-se os
meus pensamentos
e eu com afinco
neles adentro a fundo.

Vapor do Sol

Qual é o contrário
de tempo,
do tempo este e
deste tempo indo,
vá, pôr do sol,
e nos responda
enquanto noite
por entre os sonhos
do sol dormindo,
qual é o contrário
de tempo?

Diy

Todo dia é
um dia para
entrar para
a história,
basta (você)
ser o
acontecimento.
Como muitos que
aconteceram antes,
faça (você mesmo)
o mesmo.


Branco em Brasas

Ainda há um
espaço em branco
sob a brasa
sobre a mesa
um cigarro
aceso entre
os dedos
em branco em
brasas
queimando lentamente
num cinzeiro:
-Um filtro vermelho.

Entreato

A realidade encena
fantasia e a fantasia
aguça os ensejos
teatrais da realidade,
mas a quimera sepulta
os desejos reais e
eu desisto da cena
quando entra em
pauta a minha vez.
Vivo entre atos,
entediado sempre
entre diabos e
disponível como nunca
para um próximo
talvez.

Observatório

Enquanto houver
chuva e fogo
haverá em mim
incêndio e temporal.

Sou eu
da minha
alma
um observatório,
e ela adora
fogo e chuva.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Hoje foi Ontem

Até hoje, ou um pouquinho
antes, ainda era ontem,
fazia-se ideia do dia de hoje,
mas esse dia ainda não era
esse hoje,
era na verdade um amanhã,
o amanhã do hoje
é o hoje de amanhã,
todo o resto que se
foi, foi ontem.

Manutentor

Sobreviver buscando
sempre uma estabilidade
existencial a preços
populares,
um controle emocional
a madrugadas induzidas
a insônia e ópios e
silêncios musicais em
doce soledade a doses
cavalares,
e para calibrar toda
minha espiritualidade,
vivo a buscar por
onde caminha minha
existência a calibragem.

Mesmomês

Poema de Agosto para
o mês de Maio,
mais do mês de Maio,
mais do mesmo mês
outra vez Agosto
sendo o mesmo Maio,
outra vez a vontade
de sempre o mesmo
mês a gosto do mesmo
calendário.

Morrer Antes

Eu quero morrer antes,
antes que eu morra e
continue vivo,
eu quero morrer antes,
no sempre do pra sempre
antes que eu comece a
morrer por instantes,
eu quero morrer antes,
morrer em definitivo,
morrer de uma só vez
antes que eu morra sempre
eu quero morrer antes,
antes que eu morra e
continue vivo,
como outrora,
como hoje e no
último mês, eu
quero morrer
antes.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Totem

Admiro a minha
figura assim como
um ególatra
ama a si mesmo,
mas admito-me
com a mesma
intenção e intuição
de um mendigo
que busca uma
vida melhor,
vagando a esmo.
Acredito em mim
como mendigo
de mim mesmo.

Afora em Fera

Dentro de toda
a minha
existência
há muita grandeza
fora dela,
eu adentro sempre
desperto e com
despeito disperso-me
afora em fera.

Re-haver

Desce desde a queda do Éden
e desse decaído que ainda cai
eu como representante incrédulo
do Homem e ateu do Deus que
vivo ao dispor e mais,

desço até o magma e do
útero da Terra preparo-me
para renascer e como verme
que surge das entranhas da
terra criarei asas na
superfície e ascenderei ao
céu para reaver o meu
lugar de direito ao Éden.

Mas voltarei do caos
como quem agora
odeia jardins.

Eu como verme
não sabia e as
aves não dizem,
mas as quedas
ensinam a voar.



quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Às vezes Quase Ainda

Da existência a
validade vencida
e a vida ainda
viva,
ainda vida,
ainda e quase.

Arde quase vida,
seria metade
se pudesse
ser
inteira viva.

Às vezes morre!

Às vezes
quase
ainda
e
sempre.

É sempre quase
ainda às vezes,
seria inteira vida
se soubesse ser
metade.

Graal

Havia tanto medo dentro dos
seus olhos que uma cegueira total
nem de longe conseguiria ser
escuridão maior do que uma visão
do horizonte obscuro para àquele
olhar humano numinoso.

Um futuro bonito é projeção
de um presente inspirado;
um presente de merda,
projetado pelo otimismo é
fracasso de um passado
otimista apenas e jamais
inspirado.

Talvez o corpo não possua
forças suficientes para carregar
o fardo existencial de uma
alma cansada buscando redenção.

A consciência de agora sente-se
culpada e é constantemente infligida
pelo uso de uma transcendental razão,
forjada há muito pelo sangue derramado por pensamentos
que ousaram já naquele longínquo
tempo passado, dentro da cabeça do
poeta primeiro, alcançar a glória
da redenção.

No sangue daqueles versos primeiros
eu molho minha pena jovem
para escrever com meus velhos dedos
tortos de poeta antigo minha nova
velha e última poesia primeira.

Imortal

Quando chegar a hora
não haverá mais tempo,
a morte
cura a vida.

Quando for a hora
não haverá mais morte,
a vida
vence o tempo.

Quando chegar o tempo
da cura pra morte,
nessa hora,
não haverá mais vida.

A partir da Partida

Quando irei
Quando eu for
Irei depois...

Depois da vida
Depois do fim
Depois de vivo

Depois de mim
e antes do início,
o Destino.

Depois do Amor
Depois é Morte,
um Recomeço enfim.

Par

Quem sou
Eu para não
acreditar em
Deus?

E quem é
Deus para
duvidar de
mim?

Somos dois.


Reciprocidade

Um dia bom
dentro de uma vida ruim
é indiferente,
Deus onde foi que você
errou, errou
em mim ao não me
fazer Deus poderoso
assim como ti,
embora eu acredite que
por não ser e acreditar que
sou, sou
sua imagem e semelhança
sim.
Somos reciprocidade...
Somos o começo de um
e do outro somos o fim.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Íntimo

O semblante despreocupado
de um abismo pensativo,
fosso profundo depressivo
pró fundo do poço auto
depreciativo, sádico e radical,
não espera mais pela
esperança, não possui fé
alguma em nenhuma crença,
é só um abismo meditando
esperando calmamente
pelo fim.

Deriva

O Fogo e o Incêndio
A Água e a Enchente
A terra e o Terremoto
O Ar e a Ventania

A Natureza e a Devastação

A Vida e o Genocídio
A Vida e o Suicídio
A Vida e o Homicídio
A Vida e a Doença

A Vida e a Extinção

Os Homens e a Guerra
Os Deuses e a Religião
A Fé e a Igreja
O Diabo e o Sacerdote

O Homem e a Humanidade

O Cristo Jesus e a Cruz
O Amor e a Cruz
Os Sonhos e a Cruz
O Destino e a Cruz

A Ideologia e a Crucificação

A Chuva e a Tempestade
O Céu e a Queda
A morte e a Possibilidade
A Busca e a Glória

A conquista e a Redenção

Essa Droga Poesia

Pasta base verborrágica em
sintaxe bruta como
matéria prima para
(a alquimia dos verbo)
uma sínquise de versos
sintetizados que produzem
diversos tipos de poesia
diversificada,
e a química da pena
e a inspiração do poeta,
determinam nisso tudo
para àqueles dessa droga,
a garantia de uma
fina pureza poética.

Especiação

Onde estão os
braços do abraço,
o abrigo do colo,
os lábios do
beijo, onde
estará o
beijo dos lábios?

Cadê o agente
de mim mesmo,
o eu do meu
íntimo,
para onde estará
fugindo a timidez
desse prolífico
individualismo?

Onde está o
ente do presente,
o assim assado
do passado,
onde estará
a manhã do
amanhã e o
entardecer
do futuro,
aonde anoitecerá?

Deus, onde estão
todos, inclusive
vós, me diga o
lado para que eu
possa ir para o
oposto sozinho e
a sós.


quarta-feira, 17 de julho de 2019

Temor Amor

Um horror de amores
alma adentro e coração
afora em honras de
horror de amar,
mas horror mesmo é
não amar quando
amar é não viver
em horrores.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Relatividade

Possuo um medo,
dissera o tempo
ao passar
incansável pelo
calendário
mais uma vez
- medo de jamais
ser diferente entre
as espécies de vida
que determino e
meço, medo de ser
o mesmo tempo
para diversas e
complexas existências
transitórias no eterno
tráfego do infinito.

Enfan'terrible

O próximo póstumo sou eu;
O horizonte próximo é a morte;
O póstumo futuro foi ontem, e
O amanhã é hoje e já anoiteceu.

Os Homens serão todos cosplays
uns dos outros no futuro,
muitos já são, já não há mais
considerada personalidade.

Toda e muita tecnologia para
muito pouca humanidade,
contra a maturidade high-tech
de todos sou eu o único imaturo
jovem, em breve, um espécime
Sapiens analógico (rationalis)
exótico e único então.

Sou eu o póstumo próximo;
É a morte o próximo horizonte;
Ontem foi o futuro que se foi e,
Já anoiteceu, mas o amanhã
é ainda hoje.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Dessacralização

Deus é bom
Eu sou mau.
Deus é etéreo,
mas é duro e
é rocha,
é inabalável,
e isso é bom.
Eu sou filho
da carne,
da matéria de
Deus, da sua
aura imagem
e semelhança,
mas sou mau,
Soulmal
física alma ruim.
A carne,
minha carne,
é campo para o
mal, praça para
o pecado existir,
pensando assim
é fácil deduzir
que o mal provém
da instabilidade de
Deus, da carne etérea
divina, da poeira
estelar do Cosmos,
ou seja,
o mal vem e virá do Céu
a cair.

Geada Negra

Ártico arterial,
glóbulos vermelhos e
brancos neve,
frios e sólidos
e quebradiços
flocos caem em
um intenso inverno
venal.

Cromossomos gelo geram
insumos como húmus férteis
para fazer nascer dentro do
ser a mais fria das almas
gélidas, de genoma frio e
DNA em brio invernal,
eis que surge esse monstro
colossal interno, entidade
fantástica encarnadora
moral de icebergs.

Terrível como quem devora vivo
clãs e mais clãs de
Abomináveis Homens das Neves,
veste-se de Sibéria e congeladas
Estepes, mas seu traje favorito é
seu sobretudo polar com
golas altas de Everest.

Sempre pro topo do grau mais frio,
muito abaixo do zero absoluto
se ergue, surge e se eleva esta
consciência nova por agora
mas tão antiga quanto os
ventos congelantes que
sopravam pela vastidão
de uma Pangéia ainda
completamente intocada e inteira,
uma consciência adormecida que
sua frio diante da possibilidade de
ser finalmente acordada,
então dentro da alma soa o
alarme que avisa que
é chegada a Era de uma profunda
existência interna glacial.

É chegada a hora.

domingo, 7 de julho de 2019

Universo Poético

Impor a Deus o
reconhecimento
da minha existência
e impor a mim
mesmo a minha
descendência divina
diariamente através
das minhas orações
para deuses pagãos
que em mim
acreditam,
quero que entendam
as plêiades de todo o
universo poético,
entendam e aceitem
que Eu existo.

In Crível

O difícil de
acontecer não
cria o
impossível,
porém é
mesmo incrível
o poder da crença,
de tanto não
acreditar na
realização de nada,
nada realmente
nunca aconteceu.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Emigrados

Exaustos os Faustos Diabos
de um Inferno Enfermo,
cansados do Caos e do Fogo,
vieram para a Superfície,
conheceram os Homens e
fizeram morada no Céu.

Exaustos os Faustos Anjos
de um Céu abalado,
cansados do Frio e de toda
aquela Brancura encardida,
vieram para a Superfície,
conheceram os Homens e
fizeram morada no Inferno.

Certeza

Prefiro uma morte
trágica
e nada simbólica,

do que um fracasso
lírico e ideológico.

Prefiro um niilismo
tímido e recatado,

do que uma crise de
crença promíscua em
tudo aquilo que duvido.

Tentar até o último
minuto de dúvida
exercer o melhor de
mim para o mundo
e nos segundos finais
da busca desistir de
tudo para poder
morrer em paz.

Desde Sempre

Decorre o tempo
desde antes e
desde sempre
corre e foge...

Foge do sempre,
maldição dele
desde antes ele
mesmo,

desde sempre.

Para onde vai o tempo
e de onde veio?

Decerto vaga buscando
encontrar de volta o
caminho de casa,
partiu para voltar e se
perdeu no meio.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Se

A priori
em tese
quem sabe
quem dera
poderia
ou pudera
talvez
se...
mas e
será?

Punksia Speciosa

Versos e reveses,
rarefeitos efeitos
causam a tese dos
versos refeitos
(reversos) re-versos
rasos, inversos,
universos inteiros
sob a ótica caótica
alheia (terceiros),
tentar testar o caos dos
versos e ao perceber
o mesmo caos de sempre
entendo que o alheio
nunca deixou de
ser o mesmo eu,
o eu mesmo de sempre.

O eu do às vezes eu mesmo
mesmo muitas vezes sendo
outras personas e blefes.

Versos e reveses,
as vestes da escrita
aqui, ás vésperas de
serem despidas por
mim, ora nos versos,
ora nos reveses
da poesia em si.

A pena em eterna
e terna pena capital
por tentar, em tese,
existir...existe e,

resiste as teses,
registra
magistralmente
toda a poesia que
possa reverberar em
verbos vastos e
undergrounds prontos
para emergir, o novo,
subverter a ordem do
status quo em desordem
e disciplina, desordem
disciplinada diz
ordem displicente,
nonsense,
e com a angústia da
pena, sensibilizada.

A poesia sensaboria
(diriam) que não agrada as más
línguas detratoras da
libertinagem,
são prostitutas da métrica,
da proliferação dos
reveses que
à minha obra causam,
obra de arte,
obra que arde em causa e causa
cáustica vertigem ao
establishment e aos
seus senhores,
servos do mesmo,
das velhas máximas
das hegemonias tristes
e estagnadas,
obsoletas e estúpidas e
mais mais entre outros
males que tolhem e
adiam a tão aguardada
ruptura desejada.

Versos versus o pathos dos
verbos falhos de olhos que
não conseguem o horizonte
novo conjugar.

Versos versus toda
a sorte de desprezos
que apontam (põe) o
dedo para a ferida
hemofílica do
meu azar,
azar de ter nascido
poeta maldito e
obstinado a destruir
a mediocridade dos
miseráveis que vivem
à mercê do ser e estar
do sujeito desprezível
que são.

Estou acima,
pois mesmo no
mais profundo
subsolo eu não
poderia deles
estar abaixo.

Nova Poesia Nova
pronta para
envelhecer,
Ah! envelhecer,
apodrecer e
determinar com
o suprassumo do
suco dos seus
restos poéticos,
com o chorume,
o chorus dos
versos e re-versos
e reveses e vieses
ideológicos,
uma poesia mais
augusta ainda.

Você é o que lembram de ti,
a memória do mundo respeita o que o tempo
considera como relevante presença,
o que configura com grande importância
para a reminiscência da saudade e da vontade
de alguém que se permite sobre essa ausência
pensar.

Eu como amante do passado
sinto falta agora de um
tempo que ainda virá.

O novo é o velho em tenra idade pensando em
o que desejaria ser para o futuro lembrar.



sábado, 29 de junho de 2019

Errantes

Percorrendo os
corredores do inferno
acima da velocidade
da luz
em alta ansiedade,
a escuridão aguarda
por nós,
pecadores de Deus,
bastardos do céu e
errantes da Terra.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

O Círculo, a Elipse e a Espiral

O presente deixa para a história
um passado remoto e recente,
adubo para o futuro crescer
novamente quando por lá passar.

Tudo se repete,
repetiu-se já muitas vezes
e certamente se repetirá.

O futuro é um passado
rejuvenescido, moderno
e novo como o velho é
o novo novo, ou seja,
o mesmo presente de sempre.

O universo é infinito,
a vida é efêmera,
o conhecimento é adquirido
empiricamente,
vida após vida,
se isso já não explicasse tudo
e se nada se repete,

qual o porquê da razão da
Inexistência da imortalidade?

Happy Hour

O Álcool e a Nicotina,
a Noite e a Cocaína,
o Rock e a Psicodelia,
a Música e a Poesia,
Deus o Diabo e Eu
juntos numa mesa
de bar discutindo
Filosofia e admirando
o Caos.

O Vencido

Tudo é mais intenso
nos pólos,
então uma vez que
não seja o primeiro
o melhor será ser o
último,
o preenchimento
dessa lacuna é
fracasso.
Se não o vencedor,
então o vencido
seja.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Bluesjazz Bellesong

O maior desejo de toda minha
desafinada vida é poder fazer
música com minha amada filha
um dia, pois todos os dias
meus olhos admirando
la Belle Elisa
estão sempre uma canção
compondo,
é do meu olhar leitmotiv.
Ah! a música é o desejo maior
de toda bonita vida.

Uma canção ao piano,
uma sonata,
um bluesjazz com o peso suave
das cordas de metal do meu
violão chorando.

Pathos ao
amor fati
de toda
existência
que
percebe bela
tristeza
na felicidade
boba da
finitude da vida.

Há música, bela música,
mesmo a acústica do
silêncio uma quietude
profunda propondo.

Evangelho Evanescente

É absolutamente torpe
a elipse dos olhos de
um evangelho obsceno
com um olhar ortodoxo
que caracteriza a visão
absurda de um tipo de
religião existente apenas
para fazer do Homem
pasto e campo para que
os senhores da fé alheia
posam ruminar e
reiterar suas cretinices
enquanto o movimento
dos astros permite.
Para o nosso bem
que se permita para
todos um merecido
apocalipse.

Ferem-me

Ando tão à
flor da pele
que há um
florido jardim
dentro de cada
poro de minha
epiderme,
e à la Baudelaire
eu diria que são
flores do mal,
diria que são
flores que ferem.

Voz dos Olhos

Meus versos são
sintomas da
doença poesia,
minha pena sofre
dessa moléstia e
atesta que como
saudável escritor
na verdade não
passo de
doente poeta e,
sendo os poemas
altamente contagiosos,
dizem que se declamados
pelos fonemas
eles não contaminam,
mas que são letais
quando conduzidos
para dentro da alma
e lidos
exclusivamente pela
voz dos olhos,
e pior será se o coração
estiver ouvindo.


segunda-feira, 24 de junho de 2019

Templo Vazio

Na república do amor
seu Estado-Maior irá
cair,
eu um dia não mais gostarei de você,
e então você,
que já não gosta mais de mim
poderá enfim,
por fim,
ter o fim que tanto idealizou,
pobre de mim que nunca
entenderei tal idéia,
co-fundar nossa história,
estrutura-la fragilmente
e observar decepcionada sua queda,
não sei o que fará com a parte
dos escombros que lhe cabe,
talvez a fundação de uma nova
futura tragédia,
eu permitirei aos escombros
que com minhas ruínas
façam, em memória de ti,
uma capela,
e que no interior desse templo
por toda a eternidade
nunca haja nada,
e tampouco portas e janelas.

Subsomos

Sobre o sob
há o solo,
a superfície
sob o céu,
o solo do
cosmos
sobre nós,
transeuntes
rés do chão,
somos os
sub
undergrounds
do universo.


sexta-feira, 21 de junho de 2019

O Sapo

Num oceano qualquer
chovia sobre uma ilha,
nessa ilha havia
um lago,
havia nesse lago
um nenúfar,
morava nesse nenúfar
um sapo.

Deus
observando de cima
esse sapo,
feliz e dançando sob
a chuva,
sobre o nenúfar
sobre as águas do
lago, o sapo, sobre a ilha
sobre as salgadas
águas do oceano,
dentro de um planeta
azul, numa galáxia
qualquer de um
canto qualquer de
um escuro universo
em colapso.

Deus observa o sapo,
eu admiro a chuva,
o sapo dança sobre
o nenúfar flutuando
sobre o lago numa
ilha de um
oceano qualquer
dentro de um planeta
azul girando por uma
galáxia expandido-se
pelo escuro do
universo em colapso.

Por ora,
o que menos
Importa
para todos
é o fim de
tudo.



Fome

Em comunhão com a fome
que tanto assola os Homens,
a fome que devora o mundo,
a miséria que mastiga
d e l i c i o s a m e n t e
milhões de crianças
por ano, meses e dias,
por refeição
milhares a cada aurora,
pelos famintos que morrem,
como autêntico humano
branco faço do banquete
deles o meu (des) jejum.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

AssimissA

Íntimo Animal por dentro,
assim como a alma preenche,
fez sua última refeição dos
restos de homens que Deus
tirou dos dentes depois de
ceiar entre santos em seu
habitual banquete de domingo.

Jamais sinta pena do miserável,
sinta felicidade em não sê-lo.

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Desordem afora

Eis me no
azar de sempre
ser assaz a
sina de um
facínora da
métrica,
quando sorte a
minha de
assassinar a rima
que com a mesmíssima
mesmice em voga
se completa,
fazer poesia diferente,
dissidente duma ética
pseudo criativa,
nada criativa
em suma,
ser poeta punk
de verve poética
pró ética de
porra nenhuma.

Poesia de liberdade autêntica
muito acima de quaisquer
regras e normas,
poesia só de inspiração
apenas como rédeas e formas,

e para a métrica
que é censura
minha pena serve
cicuta em seus
versos que a
destroem
desordem afora.

Um Anarquista

Deus não é dinheiro,
porém dinheiro é
Deus, e é mais do que
Deus mais dinheiro
ainda, é não precisar
de deus,
do Deus Estado,
assim afirmam
os infelizes ateus
capitalistas.

Feliz eu que creio
em tudo quando
em nada acredito,

feliz pobre de mim
que sou dentro desse
Estado de espírito

um anarquista.

Odeio Amar

Sinto tanto amor por
toda parte por todo
mundo e todo esse
amor por ser assim
tão tanto me cansa
invariavelmente muito.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Criação

Há lilás e
outras cores,
há todas
(menos aquelas
da cor do Homem),
incluindo violetas
e vermelhos de
diferentes tons
e sabores,
uma paleta com
amostras dispostas
de cores afoitas
prontas para serem
usadas numa tela
qualquer,
Deus com a paleta e
pincel em mãos,
aguarda inspiração
com seu avental
ainda sujo de
argila e barro,
o multi artista
promete caprichar
mais desta vez
em sua nova criação.

Interespecífico

Quão leves me parecem
as toneladas físicas
comparadas ao peso
das emoções intrínsecas
das razões
das emoções
do coração denso
da minha alma
de Deus Homem
que antagoniza
com minha cabeça
leviana de
Homem Deus,
embora não me considere
divino, eu duvido e muito
que abaixo disso haja
razoável razão para existir,
afinal, se não fosse para
almejar o profundo cosmos
eu não viveria sobre o solo
para assim poder olhar para
o céu e projetar-me pelo
abismo cósmico como
Deus Animal Homem Meteoro.

Ex-me

Um futuro
pós mundo perverso,
quase perfeito,
profundo complexo
e vazio, fosso vazio
por completo,
vácuo em vago éter.

Exteriorizando-me
através do tempo
esqueci o que
desejava ser na
infância,
sendo que quando
criança, quando
ascendesse, pensava
muito em ser
eu mesmo.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Insônia

Quando acordar
não for um
pesadelo,
dormir é a
glória do sono,
sonhar é a
glória de dormir
e a realidade é a
glória do sonho.

sábado, 25 de maio de 2019

Mar

O voo
Está
Para o
Pinguim
Assim
Como o
Céu
Está
Para o
Poeta.

A busca

A morte é o
último grande
acontecimento
da vida,
mas para quem
aspira a sempre
ser grande
existencialmente
universo afora
e vive a mercê
do imperialismo
do nada,
provavelmente a
morte será o
primeiro,
exceto a busca.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

O Crucificado

Subo declaradamente até o último
andar do céu de Deus e lá por uma
escondida passagem eu desço até o
inferno dos Homens pronto para
ser mais um cristão endossando o
coro dos belos e malditos.
Vivendo da palavra e
morrendo por ela,
fodendo com ela
dentro do meu coraçãozinho
religioso.
Eu vivo por Deus,
Eu finjo ser Homem
mas sou mesmo
verdadeiro Demônio.
Santo por fora
e desgraçado por dentro,
sou o crucificado,
mas também sou cruz,
prego e martelo
primeiro.

Data Agora

Quando será possível
o quando com data
marcada?

Tanto é preciso tal
data e,
tanto me preocupei
com isso,
que esqueci de
estudar o calendário.

Talvez tenha sido
ontem ou quem sabe
amanhã o
quando que nunca é
agora.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

1984

Cem anos antes
nascia dos Anjos,
augusto e triste.

Cem anos antes
d'eu existir, a tristeza
já se dizia radiante.

Cem anos antes
nascia quem faria
a mais sublime

poesia brasileira.
Cem anos antes
a tristeza já se fazia

augusta e brilhante.
Cem anos antes e
sem anos antes.

NTZSCH

Se não sei
nem quem sou
eu
como posso saber
quem é
Deus,
e Deus,
sabe quem é
ignorando
quem somos,
se ele só é Deus
porque existimos e somos?

Mas o que diabos somos?

Somos Deus
enquanto Homens,
Homens
enquanto Deus,
e terríveis demônios
enquanto ambos.

Sou consoante todos.

Parâmetro

Um sorriso
hoje
não compensará
as lágrimas de
amanhã,
mas um sorriso
hoje
é um precedente
para um possível
sorriso amanhã.

Ofício Viver

O interminável do universo
é para aqueles que não se bastam,
um infinito cenário para buscar
por toda existência algo que
combata esta vil certeza.

Não há fuga da morte
e no ofício viver não
há como escapar da vida,
porém os livros,
a música,
a noite e a madrugada
ajudam a fingir dentro
de mim (do amor ao
álcool) que então tudo
isso me basta.

Habitáculo

A alma habita
o corpo
que habita
a casa
que habita
o pátio
que habita
a rua
que habita
o bairro
que habita
a cidade
que habita
o estado
que habita
o país
que habita
o continente
que habita
o planeta
que habita
a galáxia
que habita
o universo
que habita
a alma
que habita
em mim.

Águas Soniais

Eu costumo
muito
tomar banho
antes de acordar,
pois banhar-se
dos sonhos
é estar
limpo para a vida
acordada,
vigilante e imunda,
então uma vez
desperto,
estou pronto
(embora nunca),
para me sujar
de realidade.

domingo, 12 de maio de 2019

Normal

Próximo passo,
passo,
espero os pés e
juntos vamos
calmos em
cólera enrustida,
guardada,
quando chegamos
perpendicularmente
opostos ao ponto de
partida,
paramos,
percebemos que perdemos
a calma pelo caminho e por
isso paramos...

ficou só o ímpeto para
cada um de nós andar sozinho.

Mandamento Primeiro

Dizia o ditado
de Deus que se
odiado o Diabo
ele odiará também,
e que se amado
o outrora odiado,
outro dia ou
outra hora
odiará outra vez.

Último Blues

Eu ando a cara
do meu túmulo,
de epitáfio fácil
entre os lábios
cantando meu
último blues, e,
a data de partida
para depois,
a morte
há muito
tempo hoje
já marcou.

sábado, 11 de maio de 2019

Dulcíssimo

Aleijou-se,
amputou o superlativo
para ser
apenas doce,
se você for mais do que
precisa ser
só saberá quem é
quando arrancar
fora a cabeça.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Proximal

A melhor época para se viver
é depois da morte,
sem responsabilidades,
compromissos, cobranças,
dores, doenças, objetivos,
planos, e o principal,
existir sem o medo
terrível de morrer.

Máxima Bonita

O céu de Deus
não me encanta
nem assusta,
o inferno tampouco.

Mas a terra dos
Homens,
esta sim
é
insuportável.

Gostaria de ser
uma máxima bonita
para habitar poemas
e viver em poesia.

sábado, 4 de maio de 2019

Plenitude

Todo o universo é espaço
suficiente para emancipar
minhas limitações,
tentá-las a acontecer de fato
como o que são (angústia) e
não como canalhas aspirações,
onde eu nelas como agente
raso de mim mesmo, pois
profundo é o destino (abismo),
sou sempre no final de tudo
apenas frustração.

Uma faísca
apenas
um inferno
em fogo;

Uma gota
d'água
um oceano
todo;

O desejo de querer ser um cometa
agita-se dentro dos anseios de um
inquieto grão de areia.

O determinismo da minha força de vontade
humana não cabe nos meus desejos divinos.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Atraso

Ficar acordado até
mais tarde
sempre foi ótimo,
enquanto acordar
cedo nunca foi uma
vontade autêntica.
Apostar com a madrugada,
competindo para ver quem
irá embora antes,
quem ganhar
com certeza perderá a hora.

 

Aurora

Manto aveludado negro,
da cor da noite
um canto profetizado
negro, como a morte,
um cântico negro de
versos brilhantes como
estrelas presas no manto de
veludo negro,
como aquela
noite em que
cantaram uníssonos todos,
logo após todos morreram,
e o manto virou sudário,
como a noite negra
cobre-nos, os vivos,
tenda soturna,
túmulo do sol,
lápide do dia.
Todos morreram,
todos, menos o dia.


 

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Esquecimento hoje

Tudo o que é matéria para a memória
lembrar depois
é material para
o
e s q u e c i m e n t o hoje
se ocupar...
fotografia metafísica,
o cheiro do hoje,
o sabor do som ao ouvido,
faz pensar,

outros tantos tempos idos,
lá eu vivo,
lá eu vivo a lembrar,
mas eu olvido,
mas eu insisto sempre em
olvidar, e insistiria sempre,
pois lá eu vivo,
lá eu vivo.

Paulo Post Futurum

O passado alimenta-se hoje
do ontem ido enquanto em
horas vai devorando o hoje
que pisa, sangrando o dia 
em minutos, segundos e
vidas, e pessoas, noites e 
luas em ávidas despedidas 
que só depois percebemos, 
mas depois é futuro,
só daqui a pouco e
logo mais,
por ora, ainda estamos 
sendo servidos vivos ao passado.

Somos o passado vivendo no
presente hoje
o que resta (pro futuro) de
nós.
Somos todos doravante atrás.

mais e mais

Ninguém nessa vida
seria eu
melhor do que sou,

criar a partir do que sei
o próprio desconhecido,
assim o próximo passo
dentro do obscuro será
mais cauteloso, e isso
nos fará ser mais nós
mesmos dentro do medo
do que sabemos em
absoluto, e,

cientes de que de tudo sabemos
quase nada,
somos sempre mais,
mais e mais
vezes somos
apenas medo.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Reclames

O destino em transito e
minha alma em transe
transa com o corpo
um canto para um verso
que reclama reclames
para um descanso para os
passos que insistem em
ser asas que não são...
asas que não são
passos que são asas
que não são passos
que insistem em
voar,
sendo asas ou não,
no fundo no fundo,
lá do alto pouco
importa o
chão.


terça-feira, 23 de abril de 2019

Clive-Hart

'Um grau ou
dois de brancura
e de rosado
acima da
beleza',
assim era a
senhora Clive-Hart.
Assim como
o que é a beleza,
quem foi a
senhora Clive-Hart?

Foi devorada.

Bastaria Amor Bastaria

Bastaria amor
amor bastaria
amor, amor
bastaria.

Metal

Eu amo você
e talvez não.

Tua beleza não tem
movimento,
não tem ação e
não tem graça...

uma estátua de frio mármore com um
desenho bonito e só,

como um metal precioso
que pelo valor que tem
não deixa de ser um metal.

Não há musicalidade
e mesmo o silêncio,
tão admirado por mim
pela sua eloquência e
sensatez,
quando parte de ti
me parece tão feio
e infeliz.

Eu amo você
mas talvez não
admire mais
esta ideia,
porém é amor,
tanto amor quanto
amor resta ainda.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Pequeno Burguês

Brasil, país amado por tanto ódio,
amado por odiosos patriotas,
óbvios monstros nacionalistas que
asilaram aqui o fascismo;
país de paz violenta em
ódio ótimo para se andar armado
em total paz de espírito.
Brasil,
ame-o ou deixe-o ou
mate-os ou expulse-os
os dissidentes dessa
terra de Bolsonaros transvestidos
de Trumps e Netanyahus;
país de índios considerados miseráveis
por escolherem viver como índios e
não como latifundiários do
agro negócio,
agro que mata,
agro que destrói tudo em nome da fome insaciável
da economia doente duma terra produtiva
regada a agrotóxicos.
Brasil tóxico,
de torcida desacreditada por não aceitar que
tamanho pesadelo hoje é
brasileira realidade;
país de um doente democraticamente eleito
por um povo cristão extremamente vil,
presidente de admiradores gentis
para com o ódio e o terror,
terra de ministros idiotas,
de políticos da bala à bancada evangélica e,
essa, mais satânica ainda,
ruralistas odiadores de florestas,
de mulheres, negros, pobres e gays
apoiadores daquele que declaradamente tanto
os menospreza;
país de Estado laico evangelizado,
cristianizado, país do bem que permite
que animais sejam assassinados para
aplacar a sede de sangue de deuses
bons e endiabrados,
país que dos filhos deste solo hoje
és madrasta vil,
pátria desgraçada por querer ser destruidora
como Estados Unidos e Israel são,
porém é minha terra também este pequeno
burguês chamado Brasil.

Nuvens

Há jovens nuvens deslizando
pelo velho azul do céu,
quando azul, ou pelo velho e
negro céu noturno,
as núbeis e apaixonadas
procuram logo se agrupar
pelo vasto campo celeste
para quando estiverem em
perfeita condensação de
seus vapores, virarem chuva,
a verdadeira demonstração
de amor do velho céu para
com os animais, plantas e
Homens.

Vertical

O céu não cai,
ao chão não avança,

o chão quando quer
tocar o céu, vai,

cresce e eleva-se
em montanhas e

quando alcança
desanima-se, pois

o céu não toca,
apenas a ele se

lança.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Condor

Minha alma com dor
pode parecer uma ave
de rapina,
silenciosa,
rápida e
astuta,
para os desatentos,
mas para bons
observadores é
fácil perceber que
é só mais uma
alma ferida.

Ideologia

Os cigarros que'u fumo
repetidamente por entre
calendários passados e
futuros são certezas de
que'u ainda estou vivo
querendo morrer.

Pitoresco

Ao calar-se cuidado com
o que tornas evidente,
porém calar-se por querer
é melhor do que um
grito abafado,
quando o silêncio é o
melhor confidente,
e aos prantos
gritar-se aos ouvidos
de dentro para fora,
de você para você
mesmo ouvir,
um silêncio agudo e
profundo para os outros
que vivem a nos observar,
para muitos
é a melhor maneira de
coexistir. 

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Insight

Ler o ambiente como quem só observa,
mas fazendo acontecer
pedra sobre pedra,
o destino, a pilha de pedras mais alta
de onde eu só
observo:

O antes do
início da contagem
do tempo,

é poesia!

Instantes de razão
dentro de insights
de loucura,
é poesia.
— Tudo é poesia,
      diria qualquer
      idiota — mas
      não, o depois
      é crônica.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Caderno velho

Velho
deposito de versos,
muitos muito em breve
tão antigos como
antigo é um
caderno velho,
onde se põe a escrever
à mão,
a pena em folha de papel
diabolicamente desenha o
céu em forma de poema,
Deus, Diabo, Eu,
dentro do mesmo
caderno velho,
dispostos entre versos,
muitos muito em breve
tão antigos como antigo
é um velho caderno.

sábado, 6 de abril de 2019

Dez Almas

Soul como chuva e fogo,
desapego e desaforo,
chuva que queima e fogo
que lava,
chuva como vulcão,
em lavas fluidas,
caos e comunhão.
Ser fogo na chuva,
que inflama em águas,
chuva em chamas que
do céu desaba,
desarma em mim
dez almas em guerra,
e a tez da alma antes
tão pálida fantasma,
agora trespassada pela chuva
a cara cor de fogo
tão rara e corada.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Monstro

Ouve mulher,
meu corpo pelo teu
tem fome,
tem fome e vive
na miséria
e mastiga em pensamento
tua nudez,
masturbando na alma
uma terrível ideia. 

Soneto

Lilith, toda ela em pura audácia
traz consigo uma alma destilada
num corpo de desenho original
que Eva pediu pra ser inteira cópia.

Eva, toda ela vestida de carne,
figura maravilhosa em nudez pura,
teria ela toda a beleza humana
que o olhar dos pecados invade?

Duas beleza dessa enormidade
é certo que o mesmo ambiente,
o Éden, não suportaria, em tese,

e sabendo disso, a grandeza suprema,
decidiu não junta-las, e observe, que
toda essa lascívia deriva dum Deus fêmea.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Temporal

Chove por dentro e inunda o peito,
o coração que se afoga se lança
pra fora querendo sair pelos olhos,
mas cúmplices da alma, os olhos
também choram,
e as lágrimas que caem aqui fora
é sinal de que tudo já está alagado.
O coração se agarra a um
sentimento salva vidas,
mas o sentimento é o amor,
a tempestade furiosa que devasta
tudo, o coração então se segura
ao temporal mais forte ainda.

Com Sideração

Vazio ao longo da vida
por ser extremamente vasto,
o fácil da existência humana
é querer ser tudo,
preenchendo cada pequeno
espaço.

Difícil mesmo é preencher
um'alma onde nada basta,
que tudo busca e que se
encanta decifrando o seu
infinito vácuo.

sábado, 30 de março de 2019

Entreguerras

Movia-se ao certo em direção diáspora,
tímido, porém bastante confiante e,
entreguerras, trazia entre os dentes
uma faca simbólica como uma metáfora.
Debandava-se sozinho sempre em busca do nada,
essência de tudo que há e que se imagina,
sabia como um asceta que se misturá-la
com algo já terá matéria prima para criar
o novo e curar a mesmice das máximas e
crônicas e certezas e mais verdades exatas,
essência fina de toda uma sorte de
possibilidades vindas do nada e por muitos
e poucos chamada de arte.

sexta-feira, 29 de março de 2019

Life Style

Ah! miserável life style,
sem dinheiro e tantos planos,
sem dormir e tantos sonhos,
é muita insonia para uma vida
dos sonhos que não vale a pena,
muita poesia que não vale a
pena que a risca, que a desenhe
à risca.

Ah! miserável life style,
quem me dera ir pra longe,
para além de Saturno,
além do fim do interminável cosmos,
ser mais uma luz que se apaga
no seu perpétuo cotidiano soturno.

Ah! maldito ímpeto esperar,
o dinheiro cair;
a chuva passar;
a filha crescer;
o amanhã chegar;
o Estado ruir e o
anoitecer super star,
quero agora,
toda hora e logo mais
quero mais e quero o
nada.

Ah! miserável life style
parcial vida imperativa,
seletiva,
ativista fascista o tempo inteiro,
deuses são fascistas,
religiões são factoides, normas de conduta,
eu aficionado por uma realidade mais justa,
admiro ficção enquanto vivo em um
miserável estilo de vida filho da puta.

quarta-feira, 13 de março de 2019

Hospedaria

O nada habita o poeta
onde mora a poesia,
onde mora a poesia
o nada hospeda o poeta.

Quem habita
quando não mora,
hospeda,
e aonde fica a
hospedaria?

O poeta habita a poesia
adicta asceta,
viciada e heroína,
o poeta se hospeda na poesia,
reciproci...sede, segue reciprocidade
e reciproci...cedem a vontade
de dividirem um teto,
de dividirem drogas e filosofia e
produzirem provas em
determinada hora para perceberem
que na verdade são o mesmo,
são um só em esquizofrenia.

Mas quem prova
quem é poeta e
quem é poesia?

segunda-feira, 11 de março de 2019

Depois será

A partir de quando
será que a partir de
quando, será!?

Quando será quando e
quando for, hoje,
como posso saber

se estarei pronto?

Sendo quando sempre e
principalmente depois.

Obscura Diáfana

Amar afaga,
afasta a faca,
o fio afiado
o corte à alma,
porém,
em dada hora
afaga a lá farsa,
dilacera a carne
d'alma e também
a faz ser afiada e,
quando obscura diáfana,
por vezes,
a alma fausta versa em
falso afago a sua valsa
a bailar em avesso farto
seu vil cosmos vasto a amar
—Boas Novas, há amar,
ah!, amar. 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Gente pouca

Dislexia existencial
versus concretismo patético,
desforra social,
desaforo poético em versos
versus vermes,
poesia doida,
doída, aguda,
contra muita tecnologia pouca
(salão do automóvel e diariamente se morre de fome,
não há verbo na boca),
miséria física, psíquica,
e etérea e eterna e etc e é
de certa certeza a vera
que há muitas outras misérias e mais mazelas
contra todas as pessoas que são
gente pouca, de muita servidão
tecnológica sem lógica existencial alguma,
e quanto ao tocante da enormidade
das desgraças humanas, cúmplices!
desgraças divinas medievais em voga,
Deus sideral versus a miséria
de um deus igreja!
Errata!
Errata Armagedom agora!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Dilaceralma

A arder no céu é amar,
d i l a c e r a' l m a,
afaga em faca,
amálgama da carne e
da alma,
amarga fama pra quem
ama, pela eternidade ser
ignorado pela vida na morte,
por toda a vida ser desejado
pela amada amante morte.

A dádiva de amar
é lástima ulterior,
Nada atrai mais azar do que
a sorte,
é dor que sangra em
vermelho ardor da flor que
do jardim uma inocente
paixão arranca,
todavia nada é mais
inocente que o amor,
o amor incandescente,
caído dum céu em chamas.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Inefável

Ainda não sei que impacto
causo no mundo para saber
o que o mundo pensa sobre
mim, sob mim a vida,
estrada sinuosa por onde
minha existência pisa quase
incógnita querendo impactar.

O ser nada mais é do que uma ida até o desconhecido...
buscando respostas sem saber perguntar,
assim algum livro dizia,
eu quando pude dizer algo
pus-me a caminhar pelo inefável do silêncio e em
mudo ruído
num mundo puído
exato de certezas gastas e velhas e em ruínas ardendo
todos os indivíduos,
fiz-me nova poesia.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Renasço

Morro ontem e,
hoje,
quem dera eu
pudesse nascer
de novo
para saber se
me mato.

Se sorrio sob a chuva,
se sobre,
ou se a observo.

Não sei se é chuva
ou se é choro.

Se escrevo sobre
ou se sob ela eu renasço.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Ansiedade

Debruçado sobre as mazelas da vida,
as mesmas angústias e dúvidas que
assolam a existência humana desde
sempre, minha existência pergunta
em que consiste a esperança
debruçada sobre a ideia de dias
melhores?
O pensamento responde que viver
é esperar, mesmo para aqueles que
buscam,
esperar a morte,
a redentora.
Admiro a impaciência dos suicidas. 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Carbonado

Um apanhado de átomos átonas,
atônitos querendo ser Deus,
desejando ser tônicas
como a mais imponente
sílaba duma frase qualquer
sem importância.
Estes são os átomos que me
compõem.

Santidade

Ah garota cigana,
bruxa divina, linda,
profana, afaga-me
com teu cálido e
doce hálito,
fale-me sobre búzios,
bichos e astros,
mostra-me o cosmos
num beijo com o sabor
sideral dos teus lábios,
quem dera conhece-los
e em vos fazer minha
morada, das palavras da
tua boca minha oratória,
minha retórica tu'alma
e teu corpo de Vênus
minha poesia áurea.
Santidade agora
santificada em pecados
pela beleza que carrega
universo afora.
Ah garota cigana,
daria tudo para ter
contigo uma
existência em gloria.

Azulejos Vermelhos

Vermelhos, os azulejos não
compreendiam o que eram,
polidos e cultos, todos se
achavam num ambiente
imundo, lançavam olhares
tristes e perplexos uns para
os outros, pobres azulejos,
eram contradições
decorativas, como flores que
nascem na merda,
eles guardavam banheiros.

Suicídio

Ela tirou a própria
vida,
a poesia,
agindo sempre a
favor dos próprios
medos, adicta da
métrica ela não
aguentava mais,
queria ser livre,
ser verso livre,
sem culpa,
sem rima rara,
sem vícios,
sem nada,
por isso ela tirou
a própria vida,
a poesia metrificada.

Raso em profusão

A noite, a chuva, a lua, o nada,
o todo, em mim tudo isso
é apologia poética (aluda),
minha apologética para a
existência cretina para eu
fazer poesia.
Eu observo e observando
versejo o ensejo do universo,
dentro do léxico poético,
compondo-o estão os astros
e estrelas entre metáforas e
versos e sofismas, silogismos
e rimas negras, axiomas que
se somam a tudo isso para
derrubar qualquer postura
liberticida do cosmos.
Uma canção do Ramones,
um sonho que'u tive,
uma fração de novos sabores
ainda que oníricos, vale muito
dentro desse quadrado
cotidiano de mármore,
um espetáculo é a vida se
a mesma não for drama,
nesta vida,
minha existência,
leitmotiv Ramones, Beethoven.,
e dramas e dramas e alguma
poesia pouca.

Há os que suspiram
e há os que gritam e
isso não é só ideologia,
é apetite se for fome
é deus se for heresia;
é castigo se for dom
o privilégio de ser
Homem, de ser um
descendente Sapiens
da espécie, temente a
deus e a pecados,
é carbono deteriorado,
é barro, são células
em surto catequizadas
por um vírus
ideológico porém
muito aporético
fundamentalmente.

Pulsa dúvida toda a certeza vigente,
por dentro há vida de verdade o que
por fora aparenta?

Do ódio o ópio
do amor a dor
da tristeza a beleza
da felicidade o estupor
do sorriso o riso
do choro o sal
do Homem a guerra,
deus, religião,
do homem o caos,
Deus, religião,
embrutecimento
moral do indivíduo
em prol da multidão.

Da multidão Eu.

Da vida o ópio,
a dor, a beleza,
o estupor, o riso,
o sal, a guerra,
Deus, religião,
caos.

Do caos Eu
raso em profusão.

A amorosidade da vida em conflito com
a morosidade do destino em cumprir sua
profecia, vivo estou e isso nunca bastará.
Bastaria se o contrario fosse verdade, se
não houvesse vida é certo que nada seria
tão ruim como o quanto ruim é estar vivo
e...nada, apenas a reticente eloquência do
cosmos a aviltar,
a vociferar do infinito um grito ontológico,
BUSQUE!!! ainda que seja o nada.

Meu eu
lírico, poético,
cínico, crítico, clínico, patético,
meu eu objeto-ego é o nada
objetivado pelo universo,
enfadonho fardo carregar por onde
pisa esse brado no ouvido,
outros acham isso,
meu eu empírico acha uma
delícia.



sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Caos-Cosmos

Quando o óbvio for raro,
a lógica escassa, me acordem
quando toda a Ordem for sádica
para quem a manda cumprir,
quando o entardecer não
for demorar, que a noite seja
longa por nós, por aqui, por favor,
para quando você me perguntar se
eu te amo que eu possa dizer sim
sabendo o que é o amor.

Quando em profundo silêncio
você perceber o novo que o
novo perceba-o também,
profundamente, e que na troca
de olhares que tua fé cega não
se cale, não se omita diante das
novas possibilidades iminentes
e eminentes, imanentes, porém.

Que não haja mesmices nem
novidades obsoletas, não haja
canalhice nas propostas do destino
postas sobre a mesa, posta por
você. Que nos sermões da montanha
a única ordem seja 'LIBERTE-SE,
FAÇA, CRESÇA'.

Que a vida de fato vida seja,
me acordem quando a existência
humana for poesia e música,
enquanto for tragédia, podridão
e drama, que um pouco de Deus
eu também seja, que o oco em Deus
eu complete e preencha,
que seja homogênea a existência
dele e minha crença e devoção.

Tristes foram os
dias que foram
testes para dias
futuros,
dias que foram
apenas
simulações de
dias piores que
virão, e assim
pessoas piores
verão tais dias
odiosos nesta
evolução
caos-cosmos
de caráter
puramente
simbólico em
desconexa sofreguidão.

sábado, 19 de janeiro de 2019

Haja amor

Amar,
ah!
amarga mágoa,
amálgama maldita
dita maravilhosa.
Há mar,
há sal,
azar às asas que
sobrevoam, que
voam por sobre
amar, pois amar
é mau, é mal estar
estar a amar,
mas o que valerá
afinal no final se
não amar,
o que nos resta
agora depois de
tanto mal se não
amar?
Amemos então
tal dom dado a
dor, pois há
e não há,
a menos que
não haja
amor, assim aja
a amar,
a mim haja amor,
e em mim aja já.



sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Pulha

Ele insta à barba hirta
em face braba ultra que
seja brava e longa e
amiúde assimétrica pura.
—Blasfêmia! a barba
acusa—serei em tua cara
como fui na de Jesus,
barba apenas, maldito
pulha.

Intemporal

Meu arcaísmo vai contra a globalização,
evitar as massas, as redes que a
sociedade lança para te fazer presa
da sua autoridade universal.
Minha solidão quer andar só,
quer tempo para ser só o tempo todo,
ou talvez por meia eternidade e meia.
Uma árvore, uma caverna me apraz
mais do que uma multidão de faces
debeis que no final dos braços já não
há mais mãos mas sim apenas celulares,
dedos de extremidades evoluídas para
deslizar sobre imagens de semelhantes
mesmos deslizando dedos sobre as
mesmas imagens.
Meu altruísmo quer aniquilar toda a
sociedade, ajudar-vos a pôr fim a
feliz ideia alheia carregada duma
acadêmica mediocridade.
Quero a ignorância, a estupidez das
rochas, dos rios, sabedoria
das raízes profundas de velhas árvores,
queria ser da chuva a felicidade da queda,
das cachoeiras as quedas, as águas frias
sonoras que no interior do intocado
ressoam pelo silêncio afora, inauditas,
quero isso sempre e agora.
Não suportar o tempo em que se vive
por não compartilhar nada que esteja
em voga, não querer contemporizar
com os semelhantes por não haver
iguais como penso que poderia existir
outrora.
Feliz é o vácuo do universo que valsa
com a matéria escura por intermináveis
galáxias púrpuras e rosas.
Meu arcaísmo vai contra a coalizão,
pois nada nisso tudo tem amor próprio
o suficiente para fazer frente à soledade
viva da minha castigada solidão.
Que o futuro seja duro para quem busca
profundidade em querer ser multidão,
que o futuro seja agora para os que são
de agora para eu ser presente póstumo
revisitado neste atual mundo tecnológico,
e toda hora matam o passado para serem
autômatos de outros que virão.


Fauces Hiantes

O silêncio em
fauces hiantes gritou-me
ao ouvido:
'cala-te a boca
pequena, oh tagarela
rouco ruído'.
Eu aquietei-me em mim
e o eco de tudo que
calei ainda grita repetindo,
'cala-te a boca
pequena, oh tagarela
rouco ruído...'.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Você

Colonizado e maldito assim:
pardacento e feio,
canalha e sujo, mau
e egoísta,
oh vil espelho,
por que trazes
tanta imundície no olhar
a olhar para mim?

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Karma Drama

Eu poderia voltar ao tempo
em que queria ser muita
coisa apenas para ser algo
diferente do que sou agora,
e nisso tudo se eu fosse
poeta, certamente eu
desejaria não sê-lo.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Guerra Dentro de Mim

Ah, eu queria a glória,
agora. A gloriosa vitoria
sobre mim mesmo,
derrotar meu ego de
baixo intelecto e extirpar
o orgulho que me pesa,
aniquilar as vozes da
minha cabeça.

Quem eu deveria armar
nessa guerra dentro de mim
se prefiro o inimigo EU amar
e diante do âmago campo de
batalha apenas recuar?

Ir as vezes é andar para trás,
se sigo adiante, à frente, pelo
fronte afora, eu me distancio
do recôndito abrigo que me
mantém conectado com as
personas da natureza íntima
do meu ser.

Ah, eu queria a glória sim,
mas só um genocídio poria
fim ao conflito de tantas
vozes roucas que vociferam
independência em minhas
dependências austeras, em
minha consciência a única
regra é despótica e ela diz
que nunca haverá por aqui
guerra.

Tantos demônios endêmicos,
idênticos ao o que sou aqui
fora, e estes, querem tanto
quanto eu a tão aguardada
glória.

Tolos são, pois ignoram que
a vitória que almejam
combatendo-me, virá
para eles única e
exclusivamente através das
minhas mãos.

E minhas mãos,
da fúria até a ataraxia,
a única coisa que sabem
fazer é segurar a pena
para a cabeça fazer
poesia.

sábado, 12 de janeiro de 2019

Review

Um revel
revendo os
reveses
existências
omissos e
omitidos.
Fracassos
diários que
ignorei
tratando-os
como acasos,
agora o ocaso
de tudo que me
basta cobra
minha
presença para
revermos juntos
aonde foi
que'u errei.

Há onde
provas que
eu errei?

Não existe
flagrante no
passado,
e o que se
passou
passou e
eu penas
testemunhei...

à la
Sócrates,
nada sei.

Raso

Um fosso
fundo,
pronto para
caber toda
a profundidade
da minha
existência.
Eis aqui,
a definição
que dou
para a vida.

Uma dama linda
como uma cortesã
do mais distante
norte, travessa,
altiva e de uma
volúpia que deixa
ouriçada e ereta
qualquer alma,
um pouco vil
talvez, ou quase,
não importa,
mas é assim que
eu vejo a morte
chegando faceira
e decidida em
minha porta.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Adeus Havia

O teu Deus me odeia,
sua ternura ávida expira,
minha existência em tal
biografia é ausência assim
como na minha a dele
é vazia.

Não me peça pra dizer 'há Deus'
ou havia,
o teu Deus me odeia,
a ternura árdua da vida
avisa,
quem me dera eu dizer
adeus à Deus,
eu ouso dizer,
porém ele não
me ouviria,
não desiste de mim
e eu só querendo partida.

Quero ser Deus também,
assim como ele,
um Deus à revelia. 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Homem Comum

Percebo o Deus Eu
em mim imaginando
o Homem Comum no
Deus todo poderoso
e se perguntando:
—Será que ele se sente
assim tão só como eu?
Deus responde:
—Tão só quanto toda
a humanidade abandonada
à sorte de suas crenças.

Isso

Querendo convencer
os outros que isso
de felicidade é só
uma aspiração qualquer
e ao mesmo tempo
esperando tanto pela
satisfação de estar
vivo.

Promessas

Já fiz muitos
pactos e não
me lembro de
nenhum,
mas prometo
agora não
desonrá-los
por promessa
alguma.

Ofensa

Respeito,
menos que isso é
ofensa.
Silêncio,
menos que isso
que seja
música,

se não é ofensa.

Verdades,
menos que isso
que seja
ofensa.
Ofensas,
menos que isso
que seja mais,

porém que seja música.