segunda-feira, 22 de junho de 2020

Em fim

De quando em vez
talvez um tanto,
um quanto e às vezes,
e também outras vezes
sempre,
eu sou feliz,
sim, feliz,
mas não hoje.
Hoje entristeço.
Hoje felicidade é o avesso,
e a tristeza é só alegria e
me diz que feliz é o começo,
pois triste é como tudo termina.

Enlevo

Em diástole
e diáspora e
agora ex em
êxtase...
o Coração
pró alta ansiedade
pulsa pausas e para.
Passa assim por
toda a eternidade
afora.

Ad in finitum

Havemos de cair,
pois há
a beira da existência
um abismo,
acima o céu e assim
à frente a queda,
como antes no passado antigo
nós de acima de um céu caímos.
Que seja agora, após a queda,
que em definitivo voltemos,
subamos para o infinito perdido.

Hipótese

Que seja amor
o que se viu no
escuro, assim a
escuridão será
segura.
Ser bom no que se faz
faça frio ou farsa ou
frio faça o sol ao ser original.
Ser bom no que se é capaz,
faça versos ou versa que faz,
versos, de invernos austeros e
cheia de malmequeres a
primavera todos os olhos verão
em jardins poéticos, capaz de
ser verdade o amor ainda que
melhor quando apenas
hipotético.

O Vermelho e a Reforma

Num corte profundo expus
o vermelho e a reforma,
e o que será de mim agora.
Foi-se ávida a noite ceifadora,
e o que a manhã bela
trouxer em si e for à tarde
não será nada em mim embora.
Foice a noite
e eu martelo,
juntos em comum incômodo,
e amanhã quando já for tarde,
o que será de nós agora?

quinta-feira, 30 de abril de 2020

O adeus

Agradeço a Deus por nunca
ter existido,
amaldiçoo os Homens por
tê-lo inventado e determino
contra mim mesmo o peso
da culpa por ter em tudo
acreditado,
e se a esperança de ter
uma existência melhor
baseada numa crença cheia
de bobagens religiosas inúteis
e pormenores absurdos me
abandonou desde que eu
assassinei a mística,
eu agradeço o adeus.

Escuridão

Oh meu Deus,
dá-me um tiro
na cabeça ou
exploda meu
coração.
Estraçalha-me
a carne, salva-
me agora, ou
minha alma
fará da eternidade
onde quér que
ocorra,
uma busca
incessante
por vingança
e redenção.
Nada me conduz,
ando só e
em péssima companhia.
Dentro de toda
escuridão
quero eu também
ser o
portador da luz,
da luz que
Incendeia.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Pardo Cinza e Frio

Nada há no
Outono que
não aconteça
em mim
primeiro,
e nada há em
mim que não
aconteça o
Inverno inteiro.

Vasto Olhar

Vago o olhar denso
do horizonte a olhar
para si,
olhos carregados de
sentimentos vastos,
o olhar dos meus olhos
chora a mesma chuva,
talvez águas de lágrimas
pela mesma culpa.
Desacreditados!
Sou eu o horizonte
quando olho para
mim e sei que foi
isso o que o horizonte
viu quando olhou para si,
pois sempre que olho para
longe posso me ver de lá
olhando para mim.


Velhos Versos

Meu cigarro já não queima mais do mesmo jeito, em meus dedos tortos que já não
seguram mais a pena do mesmo modo,
e escreve seus poemas com os mesmos

velhos versos
que já não são
mais os mesmos,
pois os versos,
como eu,
são reversos de
si mesmos e
mesmo assim,
como eu,
aos avessos ainda insistem em ser os mesmos.

Como a poética da chuva
e a paixão do fogo.

Sobre minhas virtudes,
não há rima possível entre minha existência
e a esperança de ser adepto das alegrias da vida, minha filosofia é a tristeza e a tristeza
é a inspiração maior das existências em
desalinho.

Meus passos já não
andam mais do mesmo
jeito, e o meu caminhar
cai por terra por não
querer pisar outro
caminho.

Vou seguindo pelo subsolo,
por outras rimas e outros
rumos, e para orientar-me
pelos astros à noite eu
volto à superfície,
surjo sempre mais escuro e sigo sempre mais sozinho.

Como a poética do fogo
e a paixão da chuva,
como os primeiros versos do primeiro texto
do mais antigo pergaminho.
Sózinho, mesmo sabendo que antes de mim
a solidão já escrevia seus cuneiformes na
argila das primeiras existências em desalinho.

Como a poética da paixão
da chuva pelo fogo,
igual a todas as minhas virtudes
de verve apaixonada pelos vícios
meus, de Deus e de seus demônios.

Meu coração já não bate mais do mesmo jeito,
ainda pulsa sangue atrás de pulsar vida,
mas a vida pulsa em repulsa por estar vivo.
Será doença, depressão, suicídio?
não, quanta tolice,
é só mais um poeta fazendo de suas
frases uma ponte entre a inspiração
e o declínio,
como o fogo sob a chuva,
sem mais poética nem paixão,
apenas cinzas e fumaça sobre
a brasa que se apaga e que
aos poucos vai sumindo,
subindo do meu cigarro
apagado no cinzeiro,
cemitério da virtude dos meus vícios.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Únicos

Deus é um,
comigo é dois...
cúmplices!
ou então
nada e nem um,
pois assim nenhum
de nós existe.

Amadrugada

Foi de dia que eu
lembrei da minha
noite mais incrível,
lembro que naquela
noite eu pensava
em quanto meu dia
tinha sido ruim,
horrível, e por esse
motivo nunca esqueço
daquela lua me
olhando e implorando
que eu fosse lá ter
com ela, que esquecesse
meu dia ruim e
dali pra frente só me
embriagasse de
luz e brilho,
e assim a manhã seria
mais bela:
- Assim apossa a manhã
após amanhecer,
o orvalho,
a fria brisa,
a gélida geada
asseada e cristalina
sobre a superfície
de todo o relento.
Aproveite,
pois após a manhã
o dia poderá ser
só esvaecimento.



quinta-feira, 23 de abril de 2020

Excedida

Talvez eu já tenha
excedido toda a minha
capacidade de ser.
Minha alma cansada
foi tudo e foi quase,
quando não pode ser,
foi nada, e agora
completamente esgotada,
essa alma gasta aguarda
angustiada o desencarne.

Redenção

Eu vou chover hoje pela tarde,
fui frio pela manhã e durante
boa parte da madrugada eu quis
ser mais escuro do que à noite
eu fui, mas só consegui ser
escuridão pela metade.
Se eu conseguir chover essa tarde
quero ser inteiro tempestade,
posso ser enchente por onde
correr minhas águas, e que eu
lave o mundo e leve comigo
todos que se sentem aptos
para ir embora.
Serei a vinda da redenção,
essa tarde serei um atentado
à chuva, brutal e violento,
e como terrorista,
se o céu quiser,
à noite eu ainda quero estar
chovendo.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Viva!

Atento contra a vida
e distraído para a
m o r t e, dizem que
se puder suportar a
vida o máximo
p o s s í v e l,
certamente será um
morto de  s o r t e,

compensacão pelo azar
de ainda estar vivo,
pois:

a única beleza
dessa vida é a
possibilidade
da morte.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Um novo agora é pra ontem

Se somos nós os responsáveis
pelo fim,
por que não começamos tudo
de novo?
Vamos deixar o modelo ultra-
passado de futuro para trás.
Chegamos ao fim
e agora somos retorno,
daqui pra frente
nosso passado é um
futuro miserável e hediondo.
O que nos espera pode ser
algo bom de nós mesmos
que um dia já fomos.

domingo, 19 de abril de 2020

Doce Sal

Se o amor um oceano fosse...
ah! quanto mar há
para amar cada
cristal de sal.
Mas isso nada importa
afinal, pois
sou eu um poeta
romântico de água doce.


sábado, 18 de abril de 2020

Atiro-me

Eu um dia
ainda mato
todos com
um único
tiro.

Desordens

Passar ao largo da ordem,
subverter para observar,
para observar as ruínas...
das pessoas na praça
à fonte do cavalo,
de Nietzsche ao rock e
drogas, punks e fanzines
de poesia do'dos Anjos e
dos'diabos ao pensamento
de Nietzsche ao cavalo
passando filosófico ao
largo da ordem e eu em
garrafas, sentado em
escadarias sorvendo e
observando para subverter
as ruínas de mim,
na praça, na opera primeira
e por todas as sextas-feiras
a frente...
que já se foram todas!?

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Assim assaz

Por todo o tudo que sou
eu busco conhecer o
todo que não,
observo que
metade de tudo o que sou
nada mais é do que a
sombra da outra metade.

Sombrio por inteiro,
por entre o reverso e
através,

sou metade inteiro
e por inteiro outra
metade não.

Diamante Grafite

Poesia escrita à lápis,
paralela ao prassempre,
de forma física efêmera
e de eternidade implícita
intrísica mente ligada
ao o que sugere o poema.

Poesia escrita à música,
escrita à chuva,
há ventos in versos,
estreita a tempestade a
poesia escrita a pena.

Poesia escrita à noite,
escrita à lua,
escrita à super novas
estrelas e, da energia
das que morrem,
que surgem agora
a bilhões de explosões
daqui, escrita a fogos e
artifícios dos deuses dos
sápiens,
poetas ultrarromânticos
escritores do cosmo,
seres ultra nós mesmos
de um futuro já
encenado no passado.

Estreita a poesia a
tempestade escrita à lápis,
à lápis a poética do existir
escrita em cuneiformes em
rochas e asteroides bilhões
de bilhões de poemas de aqui.

terça-feira, 14 de abril de 2020

...amor a morte...

Eu quero morrer,
eu quero amar,
eu quero morrer
de amor, de amor
eu quero matar.
Como eu quero o
amor a morte
quer a vida e
como a vida é
amor a morte
quer amar.

A Vida Venceu

Desistiu de morrer e matar,
renunciou ao suicídio:
Foi na sorveteria, no shopping,
foi ao cinema, na praça,
foi na boate a noite e andou
a tarde pela praia;
Jogou futebol, basquete;
Leu Paulo Coelho, Augusto Cury,
Agatha Christie, Sidney Sheldon
e Cortella;
Esteve com a mãe, o irmão,
a namorada, o amigo e o padre;
Falou com o pastor, o padeiro,
o policial, conversou com a moça
do caixa da farmácia, na esquina
do supermercado;
Viajou para a Bahia, para Minas Gerais,
Ouro Preto, os avós, Mariana, Tiradentes,
foi para Brasília, passou por Goiás,
voltou para casa.
Voltou ao trabalho, à faculdade,
à namorada, os amigos, os pais.
Parou de beber e deixou de ir à igreja.

Morreu aposentado, 87 anos,
quase pobre, sem filhos e casado.
Morreu muito velho, bem mais
velho do que a idade,
cansado e triste.
Arrependido e decepcionado.

A vida venceu.


domingo, 12 de abril de 2020

Imanência

A tristeza é a forma
genuína e pura de existir
do ser.
A tristeza é a primeira
filosofia, é o primeiro
amor e a única
amizade verdadeira.
Tua tristeza é tua mais
fiel confidente.
É a poesia maior,
é a religião do único
Deus possível.
A tristeza é a afirmação
do Eu, do Eu sobre todas
as coisas e a afirmação
imperativa de todas as
coisas sobre si mesmo:
a vida afirma para si o
descontentamento de ser.
A vida é triste e a
afirmação existencial
desse si exprime através
do triste ser
a tristeza como
consequência de uma
razão absurdamente mais
triste ainda.
O viver. O existir.
A vida existe triste e
nós poetas vivemos plenamente
à risca. Feliz entristecer.



Psicodélica

Os saltimbancos Sápiens
percebem o final dos tempos:
Todos olham para as
nuanças dos ares,
fumaças fantásticas,
a dança punk das nuvens em
cores de vitrais estilhaçados.
Logo lá, longe,
um Quebranto iridescente
de silhueta maligna,
cores densas em clarões
de um fundo escuro
vivo em fúria etérea.
Violenta tempestade
vindo abaixo como
um metal pesado,
de um pesado céu cinza,
tempo fechando em chuva
quente e abrasiva
horizonte a frente.
Magmas do interior dos céus
caem!! caem em esquizofrenia
elétrica, fluxos de eletricidade
liquida derretem o céu
como lava azul psicodélica.
O crepúsculo dos Sápiens,
um majestoso apocalipse
púrpura como a cor da íris
dos olhos vivos das trevas.

Desassemelho

Os meus semelhantes
assemelham-se entre
si. Todos iguais por
igual por serem
diferentes de mim.
Desautorizo meus
espelhos a pensar
como, e a refletir
tais semelhanças
que não se pareçam
em nada com todos
os muitos Eu's que
há em mim.


quarta-feira, 8 de abril de 2020

Imemorial

Num lapso de
memória o
esquecimento
falou e a
lembrança
foi toda
olvidos.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Sobrevalia Reversa

Ser alguém existência adentro
vale mais do que ser um alguém
mundo afora.
Mais valia eu antes do eu que sou agora.

Mais valia antes de amar o amor que
hoje se namora, não se emenda um
sentimento que se mede por sua natureza
desastrosa. Se ama se quer o risco,
se lança a ele se se quer a glória.
Eu, sequer a glória...

Mais valia a vida antes de estar vivo,
mais valia a morte antes de estar morto.
Mas a vida vale muito e viver é mais-valia,
e quando a morte estiver próxima,
esta vida bruta estará lapidada e bem
mais preciosa. Por isso a morte é tão rica.

Mais valia minha vontade antes do
livre arbítrio,
mais valia o ir-e-vir natural antes do
Estado que se apossa da liberdade
e depois devolvê-a assegurando minha
condição universal de Homem livre,
nessa livre, nada livre, sociedade nossa.

Mais valia esse Planeta azul de verdes
matas antes do Homem branco macaco nú,
mais valia cheia devoluta do que agora
vazia habitada,
devastada a natureza dos Índios
vale mais do que a natureza Humana
nefasta, fascista e falha.

Mais valia o mundo antes,
antes da globalização,
muito antes menos totalitária.

Mais valia a crença antes do rito
dos cultos e cerimônias das sujas
igrejas canalhas. Mais valia Deus
antes, ou melhor se nunca houvesse.

Mais valia a poesia antes da métrica,
a filosofia valia mais antes dos
sofistas e sofisma e só frases,
feitas a feição da cicuta socrática.

Mais valia a dúvida antes da certeza,
antes da certeza valia mais as possibilidades.

Mais valia a solitude antes da solidão,
mais valia a ilusão antes da realidade.

Acredito que Não

Você consegue acreditar em o que,
não vale Deus,
não vale Amor,
não vale Você,
você consegue acreditar em o que?
Eu, acredito em crer:

Quando foge do tempo
um momento e se lança
a olhar para você,

Quando foge do pensamento
uma idéia e se põe
a ouvir o que você
(a partir desse momento)
irá dizer,

Quando se percebe que
está sendo observado
e então um insight
faz silêncio  por você.

Deus acredita em você,
O amor acredita em você,
Você, acredita em você?

Eu, acredito que não.
Sem nunca deixar de crer.

Déjà hoje

Hoje será
sempre ontem
e amanhã.
Nunca agora.
Agora já passou,
é déjà vu,
é de já hoje.

Aniversário do tempo

Daqui pra frente
começa o passado.
O futuro, amanhã.

Quando será o
aniversário do
tempo?

Eu trago o presente
hoje.

sábado, 4 de abril de 2020

Juventude

O combustível da vida é viver.
A priori a maciez polida das mãos,
a posteriori os calos em carne viva.
A dureza é experimentada no tato
dos passos dos pés tropeçando nas
pedras e percalços da vida.
Antes as belezas da vida que se
anuncia, e após a partida,
somente a ida que dura a vida toda
gastando pelo caminho a beleza que
à impulsiona para o fim,
a mesma beleza que se busca.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Doer

Das enfermidades de amar,
da dor e dos dissabores
do amor,
nunca amar é um
remédio amargo demais
para uma doce doença...e,
eu prefiro sofrer,
sangrar,
eu espero sempre mais
o doer e jamais,
em circunstância alguma,
eu quero desse mal,
doce mal,
me curar.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Presença

O silêncio das ausências
dói menos do que a
ausência de silêncios
por conta da presença
incessante destes ausentes.
Mas eu prefiro as inconstâncias
e irregularidades destes
silêncios parcias
do que a completa
plenitude das ausências,
assim, com estas palavras,
elas doem mais.




terça-feira, 31 de março de 2020

Conquista

Rasteia verme,
vai, rasteja até
ser crisálida.
Humilha-se se
esforçando se
preciso for,
mas vá, siga.
Poderá descansar
quando for a hora,
mas até lá não pare,
não desista, pois
quando tudo isso
passar, estará a
voar pelos ares
desfrutando tua
c o n q u i s t a.

Elisa Bela Feiticeira

Elisa, eclipse de luz e poema,
lua super, nova cheia, cheia,
nova estrela. Elisa, eclipse do
sol que se avizinha,
Elisa inquilina da noite, luar
dos dias de sol, do sol que
medita distante em elipse
afora, como poesia que se
esquece e decora, devora
Elisa, versos e invernos
inteiros, e o cinza do outono
na íris dos olhos verdes que
o azul assola. Elisa musa,
moça bela inteira, Bell'Elisa
eclipse de luz e poema,
super lua nova,
cheia nova estrela. É ela,
Elisa a beleza, é ela a graça,
a magia é ela, Elisa a musa
de si mesma, de si mesma
pro todo e pro sempre,
dona do antes, diante do
tempo de antes de si mesma,
e Elisa quando outrora em
la Belle époque, já toda ela
era aquilo tudo e é ela o todo
agora. Elisa em si semeia amor,
amor que em si enseja amores
e outras juras de muitas crenças.
Elisa em ser amor é cheia,
é toda, é esplendor, é plena.
Elisa Belle, boa em dar amor
de alma inteira. Elisa, eclipse
de luz e poema, é divina é
devir de uma decaída beleza,
como Lilith a primeira.
É céu em fogo,
inferno em gelo,
e é só Elisa a Elisa que é
toda ela a mesma. É só ela
simples Elisa,
assim sendo musa
porranenhuma,
é bruxa Elisa,
Elisa, a feiticeira.

segunda-feira, 30 de março de 2020

Sacerdócio

Meu coração se debate no peito
como um louco em camisa de
força, ouve, rebate e discute,
discorda do sangue vermelho
raiva, e se em taquicardia pede
calma,  é porque quando calmo
era só irá por dentro.

Meu coração louco semeia sanidade
em campos estéreis e,
faz-se mea culpa à loucura da cabeça
debatendo com a razão de pensamentos
férteis presos em campos de força.

Minha consciência é um hospício de
minha lucidez platônica, apaixonada
pela voz do meu coração rouco.

Meu coração é um poeta de
versos fáceis e sacerdote de
sentimentos profundos.

Lama

O ápice da queda é o
chão.
O chão é a base do
salto.
O ápice do salto é o
céu.
O céu é a base da
chuva.
A chuva é descendente do
chão.
O chão é a base da
vida.
A base da vida é
terra e água, ar, sopro...
barro.
O barro é ápice do
chão.
O chão é o ápice da
queda.
Da queda o céu é a
base do salto.

sábado, 28 de março de 2020

O Planeta e Eu

Eu não quero mais ser Eu.
Quero ser um Cão,
uma Árvore.
Quero ser a Razão da Chuva
que caiu,  a Paixão do Fogo que
arde.
Eu não  quero Mais,
quero Menos,
quero o Nada de Tudo,
e de Tudo Eu quero
Nada Mais.
Eu não  quero ser Mais eu
ou Outro, outra Pessoa ou
outra Forma de Vida qualquer.
Eu não quero ser Vivo,
quero ser uma Rocha,
uma Praia, um Grão de areia
ou um Meteorito.
Quero ser um Asteróide
explodindo pelo Contato
com toda Forma de Vida
iludida desse Planeta em Pé,
de Giros ensaiados e calmos,
mas de tanto Girar esse
Planeta um dia ainda irá
ao Chão, irá Cair e
irá Flutuar e então Dirá:
- Eu não quero mais Ser eu.

Íngreme Olhar Abaixo

Alma mater!
Vida íngreme.
A existência poética,
o existir expressionista
é todo tristeza manifesta
e declarada em alegrias,
em alegorias da alegria.
Existir e Ser, é ser a forma
física do sempre, de tudo
quanto és e sente é
você existindo diante de
tudo aquilo que condena
e odeia. E repele e re-
sente. Percebe que você
está todo impregnado
por todo o pardo da pele
dos vazios do ambiente.
Você apetece ao vil,
você contamina.
Só sente amor por
amor e quando não sente,
representa-o em mímica
minimalista, para si.

Morte íngreme.
Vida baixa.
Eu vou até o céu para morrer,
vivo a querer subir para morrer
para não ter que viver aqui embaixo,
e se vivo, quando vivo,
eu sou tão cheio de vida
que vicío e contamino
o vazio do ambiente
escondendo-me nele
e fazendo da vida um mundo divertido
que não quero.
Eu não quero o que me prende.

                                   ||

Entre um espécime Sápiens
e um Deus criador,
a consciência e o plagiador
de vidas, o cientista...e o inventor.
A consciência (já) descobriu e
não sabe, descobriu o que não sabe,
e o que (já) sabe, desconhece.
A Ciência  Desconhece o que Não Sabe.
O criador, sabe-se que ele é o
desconhecido...inventor.
E o espécime Sápiens é a sintaxe.

A verdade ignora a existência do
pensamento humano e segue
existindo. A verdade absoluta sobre
todas as coisas, e sobre as não coisas,
a metafísica vai nos idudindo.
A filosofia desconfia e ignora a
verdade absoluta. Desconhece que
é a verdade absoluta,  mas não sabe.

                                   |||

Você exposto à forma física do sempre,
a forma empírica  do tempo
é a vida vivída,
o tempo é o sempre,
você é a forma física,
ora você,  ora outros,
ora outros que virão
e tantos que (já) morreram,
tanto faz, nunca fez a menor diferença,
não faz...
você vendo tua imagem no espelho.
Por dentro você é diferente,
só sente amor por amor,
e quando não sente,
não sente e não há amor.
Inocente você não sente nada por isso.
Tua imagem sente,
é diferente por dentro,
diferente de ti,
representa tua existência em
mímica minimalista, para vós.

                                   IV

Às trevas a luz e não há mais sombras,
como o sol e o vazio completo,
a luz percebe-se na sombra daquilo
que ilumina,
e  se  há  um  Eu  no  vazio  completo
então  a  l u z    a s s o m b r a.
A sombra do vazio completo sou Eu,
a imagem física do sempre,
o sol é o espelho.

Alma mater.
Universo íngreme.
A existência  é pardacenta
e imune a morte negra,
mas a morte é parda também,
mata por matar e quando
não mata, representa a morte
em mímica minimalista
para a vida ensimesmada.

                                  V

O espécime Sápiens
criador de deuses e mais deuses
inimagináveis, todos passam o
tempo competindo entre si para
saber que irá caber no molde
exato da unicidade.
O espécime Sápiens é único e
por isso quer para si um Deus
que seja singular unidade,
um Deus diferente por dentro,
pois o espécime Sápiens quer ser Deus,
Deus da sua própria natureza e imagem,
senhor da sua existência expressionista
e de tristeza poética.
O espécime Sápiens quer voltar e
subir a árvore para não morrer,
subir para não ter que viver
aqui embaixo.
                                 
                                   VI

Quando o céu olha para o chão
o chão é o espelho;
Quando o chão olha para o Céu
o céu é o espelho;
Quando os dois cruzam os olhares
os olhos que se olham são o espelho.
Mas jamais queira que tuas
inflexões sejam as reflexões de
outrem, tua esperança pode vir
a ser desespero, e a certeza afirma
que toda esperança é desespero.
A esperança de toda certeza é
um dia duvidar de si mesma,
percebe-se que isso hoje é
desespero. Mas é diferente por
dentro, por fora é a palavra,
por dentro é a sintaxe.

Altar a Vida para o sacrifício,
Vida baixa, Vida íngreme.
Morte baixa, morte, nobilíssima
morte, mais nobre do que a vida,
nobre por querer ser a vida,
a vida não suporta a morte
mas é por ela apaixonada,
a vida é nobre por amar,
esse amor por amor, pela mor...
e quando não sente,
morre...morre,
representa-o...o amor,
o amor que cuida, ensina,
nutre e mata...
toda vida morre por amor.

sexta-feira, 27 de março de 2020

Jamais Possível

Abstinência dos vícios
de uma existência ilusória,
utópica e futura,
vontades e desejos do
ainda não, da ausência,
saudades do futuro,
do demorado amanhã que
nunca chega e que pode
acontecer a qualquer
instante,
a partir desse momento,
jamais acontecer.
Mas o que pode ser jamais
também pode ser possível.

Uma Existência  Jamais Possível.

Como uma Terra prometida,
perfeita,
um tempo perfeito,
prometido,
para destinos em crise que
acham que a perfeição  é um
erro e que promessas mentem.

Bom mesmo é Ser (!?),
existir ontem e guardar
um pouco do agora
para amanhã,
pois um futuro toralmente novo
jamais será possível. 

quinta-feira, 26 de março de 2020

Desamparo

Endossa o sal,
das lágrimas,
das espumas
das ondas
dos mares,
dos oceanos
dos olhos
que choram.

Endossa o sal
do suor da
febre,
endossa a tese de possível morte,
de vida provável, e improvável
pós-morte, vida.

Endossa o desamparo a esperança,
dosa a esperança um quanto do
quanto devemos sofrer,
tempera a existência e na
receita amarga de viver...e
amar..., deuses e destino endossam o fel.

AntiCorpus

Imunidade Humana,
Humanidade Imune.
A saúde dos Homens
é Letal.
L e t a l,
pros Homens,
pros outros Animais
e Plantas,
risco para a
Natureza e Planeta.

A Humanidade Saudável
é Mortal!

Todos morrem,
Tudo morre.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Ainda há

Então ainda há tanto a escrever,
mesmo depois que todos teus
poetas preferidos morreram.

Há ainda muita vida a viver
mesmo depois de tanta morte,
e a morte também, ainda há tantas,
mesmo depois de todas as vidas idas.

Até amor ainda há,
aos muitos,
aos montes,
porque ainda há muitos
poetas a morrer.

domingo, 22 de março de 2020

Escurado

Remédio ontem,
hoje ex-cura,
a noite placebo
agora só faz
dormir.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Iminência Poética

Antes que amadureça este
poeta verde em mim,
magna poeta que o destino
diz que doravante serei,
já apodreceu a poesia.
Mas é de frutos podres
que se faz o húmus que
fertiliza o habitat dos
gérmen de novos versos,
cromossomos super
desenvolvidos de rara
poesia, estímulos e
princípios ativos de
poesia ainda não nascida,
mas já senhora absoluta
nesse quase poeta, velho e
imaturo, que existe em
iminência poética e em
eminente profecia.

quarta-feira, 18 de março de 2020

Inconversável

Versado e
d e s c o n v e r s a d o,
desconversando converso,
com versos confesso:

conservo confuso meu
palavreado para dar uma
de desentendido quanto
ao sentido dos meus
versos confessos...mas,
também reitero sempre
o nonsense daqueles
convencidos, os versos,
inconfessáveis.

Ateus Pés

Ateus passos a teus pés,
caminhando à toa, a toda,
a teus passos, ateus pés...

Caídos, Decaídos,
Trôpegos, Sinceros
e Soberbos: Autônomos!

-Ah Deus, meus pés são
 mesmo livres em todo
 ir e vir, se estão presos
 ao caminho por aonde
 andam?

O vale da sombra e da
morte é o mesmo vale
da luz e da vida,
o passado e o futuro
são sempre os mesmos,
só mudam os presentes,
mudam os pés que por
ali pisam,
mudam os passos de
convivas dissidentes.

sexta-feira, 13 de março de 2020

Reticente Álibi Poético

Num poema de
versos cortantes
como lâmina que
fere e dilacera,
e em uma poesia
com citações fatais,
o etc dispensa-nos
de irmos até as
últimas consequências...

e dizermos demais.

Silencial

Cala
a vós
a voz
o
silêncio,
e
fala
a vós
a voz
do
silêncio,
eis o
antídoto
e a
antítese,
o tom e
a imagem
do som
em
ausência.

Desacredito

A crença em Deus
é uma clássica idéia,
mas mesmo assim
não deixa de ser uma
tese.
Eu (des)acredito na poesia,
não sou cientista,
nem quero a antítese,
sou eu apenas poeta.

Porvir

Contra o Fracasso,
contra a Matriz
e o Establishment,
contra o Sistema,
contra o Descaso
e as Mazelas do
Estado.
Contra as Religiões
de Deuses, Anjos
e Diabos,
Santos e Homens
cristãos todos tão
horríveis e
odiáveis.
Contra a Sociedade
totalitária e
globalizadora de
tudo e de todos e
de tanto e tanto
que de nós como
indivíduos únicos
resta pouco ou
quase nada...
éramos Aristocratas,
todos nós, em nós
mesmos, hoje somos
Massa de manobra,
somos Populaça.
Contra toda essa
Humanidade
destruidora e
catastrófica,
dissimulada e
horrenda,
sombria e hipócrita.
Contra toda a Sorte
de muitos Azares
da vida que
certamente ainda
estão por vir e
pro porvir que
virá ávido,
enquanto Eu vivo,
somente a Morte
como Contracultura
válida é capaz de
me fazer sorrir.


quinta-feira, 12 de março de 2020

Cais

Lástimas Ás,
mais e mas,
lágrimas sais,
cais, os olhos
caem chorando,
murmuram ais,
um porto só
de adeus,
adeus pras despedidas,
amores e males
lançados às ondas,
à mares de
ondas que levam,
e...levam os erros
pras águas profundas
do nunca mais.

Cocaína

Querer o todo
e o nada,
querer o fogo
e a chuva,
tudo ao mesmo
tempo,
sobre o plano e
sobre a curva,
no mesmo
ponto e instante...

O Obsscuro e a Branca Pura

Eu quero o sol
Eu quero a lua,
e a aurora
dissonante
logo após uma
longa e agridoce
noite escura.



terça-feira, 10 de março de 2020

Infinitesimais

A civilização humana,
toda a nossa Humanidade
e o raciocínio Sapiens,
a ciência, a filosofia,
e o nosso desenvolvimento
ultra tecnológico.
Parece muito tudo isso
amontoado nesse
planetinha pálido azul,
mas se espalhar e
dispersar todo esse
nosso histórico
existencial pelo cosmos
afora,
perceberá que se
reduzirá isso tudo
a partes menores do
que as menores
partículas de
poeira cósmica.

segunda-feira, 9 de março de 2020

Potência

Minha quietude
é sempre
i n q u i e t a ç ã o,
dentro da sua
timidez devota
do ascetismo,
revoltada e
meditativa,
está sempre em
contato consigo
mesma,
e com o si do cio
da sua busca por
tudo o que for
imensidão e
densa grandeza.

sexta-feira, 6 de março de 2020

O óbice e o óbito

Eternidade temporária
com prazo indeterminado,
corre, decorre,
discorre sobre o quando,
e vai-se, esvai-se
pelo tempo,
por sobre nós,
sobre nossas
existências infinitesimais,
que duram pouco,
que duram tanto e
que a qualquer momento ou
a todo momento
uma infinidade de possibilidades
nos acomete e assim se
sucedem sem o menor decoro
nem escrúpulo, nem nada...
O destino, o devir, o acaso,
o declínio, o porvir, o ocaso...

Morrer diariamente
enquanto estamos vivos, viver,
e quando morrermos,
talvez quando morrermos,
a vida faça algum sentido.

Eu em mim e Deus nele

Existimos sim e não,
um e o outro,
existimos juntos,
separadamente,
como o sim e o não.
Eu acredito em mim,
ele acredita nele, em si,
e desacreditamos
um do outro,
ora sim e outras
horas não.
Às vezes, quase sempre,
somos avessos, amiúde,
mas resistimos e persistimos
assim, até o fim,
um pelo outro...e honestamente
tanto faz que em algum
momento algo em nós mude.

Apossa a queda

Eu preciso de um Deus provisório,
somente enquanto dura a tormenta.

Um Deus reciclável que eu possa
reutiliza-lo outra vezes diante da
natureza de qualquer problema.

Eu quero o céu para voar,
o chão para pisar,
e o fogo para vê-lo arder.

A noite para a merecer eu quero
um dia todo para descançar,
quero o sono para dormir e
a insônia para acordar,
e quando da janela eu puder ver
a tempestade chegar,
que Deus me diga que é só
chuva, chuva para eu após
a queda, uma outra vida colher.

Instituto

Eu fundo meu próprio poço
e nele afundo a cada dia
ao preço dado do meu próprio
esforço.

A fundo cada vez mais ao fundo,
indo, descendo vasto,
distante...

Lá na superfície eu só vejo um
halo, como quem olha para o
céu com os olhos fechados,
mas não há clarão,
assim como não há razão sem
fundamento,
há só esse poço sem fundo,
essa minha alma subterrânea,
uma fundação...infundada,
talvez...
um desalento,
um instituto.

quinta-feira, 5 de março de 2020

Amarianas

Felicidade é estar
a amar a Mariana,
que tamanha
beleza d'alma me
filosofa sobra as
Abelhas, Borboletas
e Joaninhas.
E eu ao vê-la,
observando-as,
sinto-me extasiado
e honrado por estar
naquele momento
amando-as, tanto,
que confundo o
amor por entre
almas e asas,
leves e frágeis,
mas sobretudo,
todas
imprescindíveis
para toda a vida
admirada que
sobre elas se
derrama.


terça-feira, 3 de março de 2020

A morte a manhã

Logo cedo
hoje o dia
é só uma
vida ruim.
A morte
amanhã
(a manhã
amor te...)
será um
dia melhor.

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Apreciada Solidão

Teu silêncio profundo
é quase uma depressão...
no solo por onde passos
desapercebidos passam,
e ao trepidar o pulsar
do coração,
percebem-se então
perdidos e voltam...
mas o caminho da
volta já não ecoa mais
o pisar dos mesmos
passos, assim pasmo
o tal silêncio,
revela-se na volta
apreciada solidão.

Invernos Inversos

Um poema quente
não há poeta triste
que plante na terra
fértil da poesia,
mas após muitos
invernos e versos,
há quem colha sim,
um poema feliz
dessa árvore tão
frutífera.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Ibidem

Nesta vida
nada vale a pena
quando a alma
apequena.

O amor, a religião,
a família, a sociedade,
a amizade, o trabalho...

Disso tudo, desse poema
a antítese,
a poesia pela pessoa
e pela pena de outro
poeta, muito antes
já disse.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Prática

Com tantas
dúvidas absolutas
deliberando por
(sobre) nós,
todas as
certezas exatas
dessa Humanidade
toda errada,
não passam
de teorias.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Quinto Mandamento

Ah!
Se ao menos
o Bispo tivesse
matado o Messias,
matado de fato,
de faca e pelo
ódio...
pelo mesmo
apelo ao ódio
que os cristãos
diabos,
como o Messias,
disseminam...
Ah!
quem me dera
tivesse morrido
esse maldito
canalha.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

O mesmo Eu

No meio
de Deus
há eu, e
há eu
no céu
também.

Mas em mim,
em mim
o que há,
se olhando daqui
pra lá e de lá
pra cá só vejo
o mesmo mim?

Too e Destoo

Somente abrindo mão
de tudo o que sou
para poder me ver
livre dos outros,
porém,
prefiro ser sempre
tudo o que soo
para poder viver
livre por entre
a liberdade dos
outros.

Ostinato

Nascido para a grandeza,
toda e plena,
ainda que num
microcosmos...

Do estoicismo
para cima ou
para baixo;
Diante da queda e após
ou perante e
durante uma
curva ascendente
de delicados ou
ásperos graus ou
o Eu todo
distribuído ao
normal ou não (anormal amoral ou não)
como numa curva
de gauss;
Que seja no céu
ou no subchão ,
que seja o que for,
imutável e torpe,
assim como foi e
como provavelmente
será:
A vida,
ávida, aflita, afoita
ou/e
dura à valsa ou suave à força,
afora adentro à forra,
à forca,
a morte.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Ateu sim e Deus também

As escrituras 'santas' dizem tanto,
dizem tudo, sobretudo sobre
Deus, o dono de mim,
senhor do universo,
e dono do mundo.

Não.
Não penso assim.

Não pertenço a nenhuma
tirania, a nenhum
totalitarismo, a nada que se
auto proclame absoluto.
Daquilo que falam a bíblia,
o alcorão, a torá e tantas
outras escrituras desse
'sacro' absolutismo,
eu não gosto de nada que
leio, que vejo, que sinto.
Deus, para mim, pelas palavras
e bocas e almas e crenças
dos outros,
é tão feio, maldoso e corrupto.
Mas é tão diferente o que
ouço da boca dele,
da alma e da sua ciência,
sem intermédio de ninguém,
sem palavras santas,
sem santos, sem religiões e
tampouco igrejas.
O que eu sinto e percebo,
e recebo diretamente dele,
através de nossas conectadas
almas e auras e experiências,
ah!...é tão bom,
é tão bonito, é tão maravilhoso,
e tão contrário
a esse deus profano,
ruim e escroto que todos os
outros homens pintam
para si, e fazem dele
um perverso canalha
carregador de suas cruzes,
adquiridas ao longo de suas
vidas torpes e miseráveis,
do deus luz
desses iluminados,
sou Eu todo Ateu
resoluto e esclarecido.

Meu Deus não precisa de nada disso,
e assim como eu junto dele,
ele só precisa sempre
estar junto comigo.

A morte amor à vida

A morte deu sinal de vida...
na maternidade,
na infância e na
juventude, na velhice e
na vida adulta.
Na avenida cheia e em
ruas desertas,
na cidade e no campo,
em rios, nos mares e
oceanos.
Deu sinal de vida no
universo afora e
verso adentro,
no planeta inteiro,
milhões de anos antes
de agora e em milhares
de anos à frente,
ainda a morte irá viver
de janeiro a dezembro.

Fusão com Fissões

Uma convulsão de confissões
e de ideias,
exasperadas e coléricas,
porém calmas quando em
minhas fugas eu
ataraxicamente reitero-as.
Abuso das confissões
para saber quem sou
e quem está em mim
agora, a minha espera,
e percebo uma confusão
de personas com Id's em
cisão com suas
convicções e ideais.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Cristo

Eu,
na mesma praça,
observo os outros,
o todo que é
tudo aquilo que
não é,
e o que eu não sou.
Vejo alguém batendo
num cavalo,
violentamente eufórico,
bravo..., e o cavalo
a sofrer.
Eis que surge um
homem e intervém
a favor do cavalo e
de todos os outros
Homens,
i n c l u s i v e
E u.

Indireta

Se eu pudesse trocar uma ideia
com Cristo,
com Deus,
com Buda,
com Nietszche,
daí...
Se eu pudesse levá-los comigo,
Niestszche,
Cristo,
Deus,
Buda,
talvez você...
                        talvez convite.

Zen

Aproximadamente agora e
muito pouco provavelmente sim,

foi quando o tempo foi embora,
embora para sempre e eu Zen...
(...)
digo...,
e eu nem percebi.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Killerphrases

Deus escreve
as vontades
dele por cima
das tuas
escolhas,
livre arbítrio
é garantir com
isso que você
erre sempre
pela vida toda.

Deus Eu Você

Admito que nego que
é impossível crer na
possibilidade de...
mas para mim é
certo que só
nos restam dúvidas
acerca de nós mesmos.

Agora Depois do Antes

Rios que correm sobre pontes,
fogem do mar que os devora
vorazmente, aos montes...

Rios de águas que nadam
contra a correnteza das certezas
do sempre voyeur horizonte...

Águas rasas donas de uma
profundidade única,
desprezam o habitual e se
lançam aos céus como chuva,
em cachoeiras que escalam
montanhas, aos montes...

Eu sorrio feliz agora,
sob o rio
sobre a ponte
caminhando para
o outro lado,
fantástico,
assim como é o
depois,
logo após
o antes.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Luto

Chora sobre o túmulo de Deus
amarga ilusão,
amarga tua existência
sobre a terra
arrastando pelos céus teu doce
coração,
amarra o pensamento e a alma
aos grilhões forjados
como glória de toda
religião,
sucumbe à medieval crença,
se diz ser a luz apenas
para inventar a escuridão,
ora para pedir a deus o bom
uso das doenças
e em toda a saúde que te cabe
mata-se diariamente
aceitando como dádiva o silvo
agudo da sibila ilusão.

Liberte-se agora,
pois em alguma outra
hora, mesmo após a
morte, será triste e
tarde demais a tua
salvação.

In finidade

Meu coração
escreve poemas
apenas para
auscultar,
a dura pena,
da alma a
imensidão.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Predileção

O olhar triste da
tarde (como o da
vida por saber
que precede a
morte) por saber
que precede a
noite, a preferida
dos vivos.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Desnorteando-se

Convença-te
de tua grandeza,
e isso não bastará;
Acredite que conquistará
tudo, e isso não bastará;
Faça o impossivel que
puder, dê o teu melhor,
e ainda assim isso
não bastará;
Insista agora, de novo,
como ontem e como
insistirá amanhã e
isso não bastará.
Você pode morrer
tentando, e talvez
assim morrerá, e
muito provavelmente
isso também não bastará.
Nada do que faças bastará,
pois o que lhe mantém
vivo é a busca.
Um amotinado de si mesmo,
um desassossegado em desespero
que sofre da terrível síndrome
do vício da bússola.

Diante do Antes

Estamos hoje diante
do futuro de antes,
o novo,
o velho,
o mesmo tempo de antes,
de tudo...(?)

O novo tempo
de novo sendo
o mesmo tempo
do passado e
de sempre e,
querendo ser
agora,
no presente,
o mesmo tempo
do futuro, e será,
será?

Será sim esse tempo
o mesmo tempo de antes,
e do antes absoluto.

O mesmo tempo dirá.

Dados Desejos

Derreto um céu de gesso
a cada pecado dado ao
passo dado de cada desejo.
Carne e alma conduzem-se
mutuamente por alamedas
de negros sonhos e doces
pesadelos, ei-los, raivosos
são os deuses dóceis apenas
por desespero, medo de não
ter mais por entre seus
rebanhos,
Honra, Glória e Respeito.
Derreto um céu...desejo.

domingo, 26 de janeiro de 2020

Destino Odioso

Seriam os deuses,
deuses?
Não, nem nunca
foram,
e quando voltarem,
de novo,
serão eles os mesmos,
tudo o que são,
menos divindades
perfeitas, mas talvez
sim, senhores do
nosso destino
odioso.

Caos, Frio e Imensidão

Em estado de composição,
o poeta quase em transe
transa com o universo
atrás de viva inspiração.
Mas após desce e percebe
que tal verve poética é
tese para o cosmos
defender diante de
qualquer alucinação:
está nas estrelas e em
toda a poeira sideral
o cromossomo desta
poesia que como o
cosmos é toda
Caos, Frio e Imensidão.

Predestinado

Odiado por deus
e pelo diabo, Eu,
abaixo do ceu e
acima do subsolo,
ponho-me a
supor que nessa
vida só me
resta amar,
ainda que toda
essa humanidade
me pareça
intragável.

Memória Fotografica

Pareidolia disléxica em
azulejos vivos,
vermelhos, paranóia de
ver sempre o mesmo
rosto em todo
espelho.
Entender o óbvio da
lógica vendo na
cara dela escrito
sempre o mesmo
desenho:
é claro,
é exato exceto
o erro, e o erro
é sempre o mesmo
erro, independente
da natureza dele,
é claro, como uma
raridade incomum de
qualquer coisa farta.
Faces face a face
observam-se
com caras de
síndromes de
si mesmas,
mesmíssimas as
mesmas em
azulejos vários,
muitos, induzidos
a olhar sempre
que percebidos,
tímidos e
descarados,
vivos, livres e
desmemoriados.
Assim seja.

A Deus Adeus

O Deus que adora
odiar
me ama,
mas Eu
que sou
todo Amor, e só amor,
esse Deus Canalha
não engana.

domingo, 5 de janeiro de 2020

A crônica Alma

Da tempestade
dos teus olhos
furiosos
eu colhi uma
rosa dos ventos
e a plantei no
jardim soturno
da minha
perdida alma
atemporal.

A Falsa Valsa

Muitas máscaras de
caras felizes têm a
felicidade para cada
alma infeliz,
o poeta não finge
nem disfarça a face,
e da sua alma triste
faz poesia de verdade,
versos em tristeza nua
cantando toda essa
felicidade transvestida.

sábado, 4 de janeiro de 2020

Atrofia

Derivado de Deus,
o Homem.
Derivado do Homem,
o Deus.
Derivado do Início,
o Fim.
Derivado do Fim,
a Crença.
Derivado da Crença,
a Fé.
Derivado da Fé,
a religião.
Derivado da Religião,
os Deuses.
Derivado dos Deuses,
o Deus único...
O Início e o Fim.

Brisa

Escuto paisagens
a observar a música,
e o cheiro das notas
sinto-o na língua que,
por sua vez,
entre tantos fonemas,
prefere o silêncio que
profere sutilmente
por onde a música
soa e ressoa,
desenhando horizontes.

Amor te

A morte
e o amor
te e o amor
te e o amor,
te amo até
a morte,
e o amor
te salvará.

Conveniências

Cristo Jesus,
subversivo versado
no próprio evangelho
novo,
pensador esclarecido,
destorceu as (tentou)
distorções de Deus,
as noções humanas de
amor corrompidas pelo
ego,
mas não conseguiu
desdistorcê-las de
toda a vaidade de
Deus e dos Homens,
pois acabou assassinado,
por Deus e pelos Homens.

Não meça minha existência
com a crença que dá
medida a tua.
Tudo é subjetivo e
passível de só assim
ser possível conviver
em paz e com amor,
este por último de caráter
facultativo quanto a
quantidade de pessoas ruins
e desprezíveis que acreditam
em um Deus bom,
ainda que eu acreditasse
nesse Deus,
essas pessoas eu jamais
amaria.

Existências

A vida
alimento da morte;
O amor
alimento da alma;
A alma
essência da vida.

Se acabar o amor
nem a morte
sobrevive.

Incontinenti

Desde uma caixinha antiga e pequena;
Uma gaveta esquecida de um móvel
velho junto àquela palavra sempre
repetida do vocabulário do silêncio.

A essência da vida é o nada,
e o tudo é o habitat.

Desde uma alma vazia,
um planeta vazio,
um universo frio,
sozinho,
um sol de um fogo farto
de queimar despropositadamente
por milhões de milênios,
até o amor ao amor próprio
apenas por pura piedade envaidecida.

Volátil,
o nada é o que melhor preenche tudo,
assim como a vida.

Aluada

Pela noite, por tantas ruas,
vagando por mim mesmo,
trocando olhares com a lua,
alva e obscura.
Meu lado oculto eu revelo
habitado,
enquanto ela,
a lua,
no escuro parece assustada.
Dissimula-se fingindo
sarcasticamente
nunca ter sido tocada.