sábado, 30 de abril de 2022

Crença

Deus me
deu a
Vida e
Eu lhe
dou a
Existência.

Adeus ex-

Doa a quem se doer,
aqui
doa-se adeus a Deuses,
Deuses oprimidos por
si mesmos e opressores
enrustidos que dizem
libertar mas existem
como cabrestos.
Esse poema não gosta
de Deus,
esse poeta sugere o
adeus,
e a poesia doa-se a
quem quiser se
salvar,
inclusive recebe de
braços abertos
Deuses libertos e
prontos para renunciar.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

O Abismo

O firmamento possui
um piso falso a um
palmo do precipício,
quando pisa em falso
alça queda em voo
sobre o abismo
meu destino alado
dado ao altíssimo e
mais que preparado,
sempre pronto para
o contato com um
solo mais baixo do 
que o chão que pisam
os Homens em seus
desígnios.
A vontade de subir aos
céus à lá catapulta pode
vir a ser, estar a ser
um cadafalso
transvestido.

Da exigência de querer

Eu quero a vida para morrer,
a saúde para abusar do uso.
Eu quero amar para viver de
amor e amar também a morte
e o absurdo.
Eu quero a noite para ser luz
e ver o escuro,
trevas eu quero ser dentro da
razão se eu discordar do
Iluminismo.
Eu quero o sol para aquecer
a frieza de minha alma quando
todos os eu's em dias de
infortúnio.
Eu quero não ser quando Não
e existir profundo quando
sempre que eu quiser Ser.
Eu quero ser o portador de
todos os afetos do mundo,
eu quero agora e o nunca mais
somente quando já em overdose,
eu quero muito a superdosagem
desordenando o equilíbrio.
Eu posso querer a loucura e
racionaliza-la ou talvez ela
possa querer enlouquecer-me,
eu quero a oportunidade,
a possibilidade de sobreviver
ao fim do mundo.
Eu quero um feriado santo
para cada pecado adiado pelo
amor de Deus me oprimindo.
Eu quero pensar o que Spinoza
dizia, quero ser poeta para morrer
de fome e sem fama tentando
viver de poesia.
Eu quero a glória, a honra,
a ilusão, eu quero fuga da agonia.
Eu quero não querer mais
quando eu quiser parar,
e se mesmo assim eu tiver que
continuar seguindo,
eu quero ter-me em revelia.
Eu quero mais Amais e mais valia,
eu quero um final feliz!
Eu quero o todo para todo mundo,
e o mundo todo para cada 
indivíduo,
quero vontade de potência,
um x no fim do Mar,
eu quero mais e
busco paz e anarquia.

quinta-feira, 28 de abril de 2022

Invariável

Eu sou o primeiro
último de mim,
o derradeiro Eu
primeiro,
o único Eu mesmo
de agora,
e se antes em
outras vidas Eu
já havia,
vivia naqueles tempos
esse mesmo poeta que
aqui a poesia devora.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Inviável Mente Fácil

Celebra o cérebro a riqueza
das ideias e a clareza total
dos pensamentos diante de
uma construtiva e saudável
dialética entre as dúvidas e
as certezas da cabeça.
Pensar pelo porquê do pulsar
do coração e qual utopia
existencial busca a causa de
si mesmo.
O corpo está apenas para 
levar a cabeça daqui para
lá e de lá para adiante...
A cabeça pode ser mais forte 
e imperiosa do que a fome 
da carne fraca por paixões e
vícios. Virtude é equilíbrio,
racionalizar a loucura 
seduzindo o caos com a
harmonia da desordem 
capaz de ordenar tudo.
A cabeça precisa pensar o
difícil,
pensar o impossível
a cabeça precisa,
pensar é o pulsar à lá coração,
vital é o pensamento para a aura.
Pensar a materialização do
invisível diante de um espelho
imaginado pela imagem.
Pensar é mais que divino,
é o instinto animal da alma.
Quando de dentro do espelho
sai o concreto e o que está na
frente é pura miragem,
pensar exige ser e o existir
precisa do pensar,
pensar diante do nada e
sobretudo perante o todo,
pensar é ter acerca de tudo
a melhor vantagem.

terça-feira, 26 de abril de 2022

insatisfazível

Ávida Toda Ela!
A morte é pura
alegria diante
da queda da
vida e a ascensão
de quem morre.

Mesmices e Miasmas

A cor da tinta onde mergulho
a pena é a mesma,
é a cor única, como alma e verve,
é a cor que é,
é ela assim como toda afirmação
poética é.
A mesma que sempre foi e será
a mesma na medida que puder ser.
Embora ser o mesmo no espectro
do aspecto do que parece ser nem
sempre parece ser algo de se 
admirar.

-A vida é aquilo que se pinta!

A cor da tinta onde mergulho 
a pena é a mesma,
e mesmo que fosse outra não teria
nenhuma influência naquilo que possa
vir a escrever?
Difícil imaginar o que afirmaria
a pena se a poética exigisse outra
cor para transparecer,
mas a cor que a afirmação pede 
agora é a mesma e sendo assim
a poética busca colorir o que afirma
usando as cores da paleta que utiliza
quando quer dissuadir a si mesma.
Dissuadir a si e consigo ser outra
forma de afirmar o que é.
Quando volta a si percebe que
nunca deixou de ser a mesma,
e ainda assim,
para muitos versos foi outra
forma de (a)parecer.
Mas muitos são outros,
um conjunto sem fim de
versículos que buscam com outros
semelhantes únicos assemelhar-se
a ser.
O espelho nunca foi,
a imagem tampouco é,
o que de fato está ali
é o que parece ser?
Sabe-se que não.
O que é, é sempre o mesmo,
a mesma poética afirmando
que ainda procura o Ser.
Quando a cor da tinta onde
mergulho a pena não for mais
a mesma,
aquilo que a pena for escrever
poderá ter a mesma escrita que
poderia ser se a cor onde mergulho
a pena fosse a mesma,
mas quem poderá afirma que a
poesia é a mesma?
Para a verve poética
outra jamais poderia ser,
pois tem para si que
sempre foi a mesmíssima
ensimesmada poesia que
busca fuga do que possa
parecer não ser (ainda),
uma vez que sempre tenta
ser a afirmação do que é,
e é ela da mesma cor
onde mergulho a pena.

-A vida é mesmo aquilo
que se pinta!(?)

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Sempre Tempo

Vida        Onde
Agora Quando
Sempre Morte.

...de toda vida
é agora,
e a vida toda
é nunca.

Sempre assim a felicidade!

O maior pormenor do tempo
é quando,
de qualquer lugar
é onde e de toda vida
é agora,
como a morte
é sempre agora
quando onde no tempo.

sábado, 23 de abril de 2022

Relógio-os

Intento
alento a pressa
atrás a...ou de...
onde acalma o
tempo
atraso os relógios
enquanto posso.

Atrasa a fuga
da vida e
aprimora a
busca de...ou à...

Apresso 
lento a calma
e sempre
sem pressa ou com
determinação ávida
a busca de quem
somos ou a fugir
da vida uma fuga
interminável de
nós mesmos
mesmo pós morte
enquanto quando
ainda não morre
o tempo.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Telúrico Fantasma

Púrpura Negro Alvor
Sombria Bruma em
Eletricidade, da
Tonelada à Pluma
desce de Densidade
Eterna de Seda e 
Pedra juntas ali a
mesma Coisa Eterna
de Hoje pro Sempre,
Telúrico Fantasma:
Alma Branca do Céu
que desce e pela Terra 
de passagem busca no
Inferno Eterna Morada.
Enluta o Firmamento,
alguém morreu,
Será Deus,
o Desgraçado Primeiro?
Mas Deus não morre,
Deus não pode morrer,
da Vida para a Morte
Deus está mais para um
Coveiro.

sábado, 16 de abril de 2022

Amanhã enfim

Ontem na
pressa ou
presságio
antevi a
véspera
do fim do
m u n d o:
Mas hoje
quando
será?

quinta-feira, 14 de abril de 2022

17 de Abril

O ano era 2022.
O futuro passou
e é chegada a
hora do 
passado:
O amanhã é um
presente do
tempo.
Determinou um
calendário de 84
indicando o dia
do meu
aniversário
sublinhado.

terça-feira, 12 de abril de 2022

Verborrígido

Discordam de mim as reticências
acusatórias das concordâncias
verbais da minha gramática falha.

Minha retórica rasa afogada por
palavras de peso em não ter
preferido o silêncio, cala...

Proferindo o Silêncio, Grita!

Minhas falas jamais falsearam
minha escrita e vice versa e
vide versos, e mesmo assim,
em muito ainda falharam
naquilo que consentiram caladas
e naquilo que falaram.

Meus verbos gastos  em versos
castos querendo ser from hell,
mas nunca foram ao inferno e
tampouco são do céu.

Meus versos são meus pés,
são da terra que a de devorar
os meus olhos que olhavam tanto
para cima quando de ponta cabeça
meus pensamentos cansados.

Meu céu é fogo e minha alma de
poeta a de se lançar ao firmamento
quando chegar a hora da partida,
porém, ficará para sempre em tudo
o que errei e no que quis ser melhor,
minha imperfeita poética doída.

sábado, 9 de abril de 2022

Que o Adeus nos perdoe

Morri de amor quando
senti o sentimento com
sentimento de culpa
logo após assim que
te matei:
assim que te amei
assim que te amei
assim que te amei,
e você morta de amor
por mim
assim que me amou,
assim que me amou
você nunca mais,
você nunca mais
amou ninguém depois
que eu morri por ti,
morri por ti, por amor,
por amor o crime de 
amar nos matou,
por favor, 
o erro de amar jamais
nos culpou, jamais nos
perdoou,
somos nós,
fomos nós
que fizemos do amor
método, motivo e meio
para matar,
para matar somos nós,
feitos de amor para matar.

Aprendemos a amar com Deus
e a matar por Deus e a perdoar,
perdurar no adeus a perdoar
por amor a Deus e nos amar...
e nos amar no adeus...
e em nós nos amar e
viver de amor até a morte,
ou até o amor nos matar.

quinta-feira, 7 de abril de 2022

Quadrada Esfera

Punk psicodélico a
performance do
silêncio em meu
ouvido careta.
Tímpanos ouvintes
de timbres plásticos,
ruídos pop's
pasteurizados...
Do ponto de vista da
orelha essa era a
sonora cena,
e como todo 
metal pesado
contamina o que for,
veio o silêncio em si
e sendo quadrada
esfera, diferente
parecido como algo
que nunca ouvi,
e eu quis mais e
mais e mais assim
demais então
e n s u r d e c i.

Arde Arte!

Sofrer é uma arte...
A humanidade assaz artista,
azar do Homem que personifica
o sofrimento personagem,
a personagem mais que 
realista:
Somos Nós no Palco.
Teatro a vida,
ateliê com muito sangue
sobre tela,
e o derramamento de muita
tinta inocente pelos Homens
que pintam a guerra.
Criar sempre: Arde Arte!
Matar antes de morrer 
é lema, é praxe e,
paz aparte,
a paz a parte que nunca cabe.
Flui diluída em Morte Nossas
Vidas em Aquarela.

terça-feira, 5 de abril de 2022

Poesia Crônica

Eternidade tendo ataques
de instantes...
então não menos do que
muito mais do que versos
que se dizem punks,
e eles gritam com 
bandeiras pretas nas mãos:
-Abaixo a métrica!
-Abaixo a métrica!
Utopia são estrofes livres
da ideologia de qualquer
poética...
cada verso pode ser
mais e pode ser tudo,
verves átonas e
verves tônicas,
todas diferentes iguais,
e o universo de todo
poema sofrerá sempre 
de paixão eterna e
poesia crônica.

Silêncio dos Olhos Dialogando

Deus estava indo para o céu,
estava subindo, vindo do
subsolo onde estava a resolver
alguns pormenores acerca da
sociedade conturbada com o
Diabo, quando me encontrou
sendo poeta pouco mas querendo
ser muito.
No primeiro momento eu fiz de
conta que não o vi, nunca fui
muito de gostar de encontros
inesperados, mas Deus foi mais
nobre do que eu e veio logo falar
comigo.
O silêncio entre a caminhada dele
até chegar até mim, uma vez que 
ambos já estavam se vendo e
dirigindo-se um ao outro, 
o silêncio profundo nesse ínterim
me disse tanto, muito mais do que
nosso diálogo que girou em torno
de Blaise Pascal e Van Gogh à
Ramones e o consumo desenfreado
de mídia social. De poesia falamos
quase nada, apenas algumas palavras
sobre Leminski e Rilke.
Mas o silêncio dos nossos olhos,
o nosso olhar se cruzando, sabendo
os dois que iríamos nos falar,
aquele silêncio foi o salto do pouco
poeta para o muito Ser.
Desde então nunca mais nos vimos
outra vez.

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Sombrio a gosto

Agosto sombrio a gosto do brio dos Deuses.

Tudo o que se passou ocorreu
no oitavo mês daquele ano,
mês sorumbático que por mais
que fosse anunciado, e foi,
ainda assim não seria menos
tenebroso.
Naquele ano o cinza da alma
dos Homens brilhava mais que
qualquer azul ou outra cor que
possa no bonito seio da natureza
brotar. 
O cinza profundo apocalíptico foi
o novo azul do céu, a cor da aura
dos oceanos de águas mortas,
e o novo verde de todas as matas
fumegantes do globo, agora,
cinz'azul terrestre.
Naquele vilarejo esquecido da 
nossa galáxia, naquele mês
daquele ano, o mundo acabou.
Àqueles que tinham alguma
sorte morreram, quem sobreviveu...
De azares e desgraças sobrevivem
os vivos, de fome e miséria se
alimentam os Homens, e o Deus
que era por todos os abandonou
enquanto muitos ainda rezavam.
O desespero virou morada,
o medo mobilia, agonia, angústias
as vestes que trajavam todos os
desgraçados, o terror foi companhia
de todo indivíduo que implorava
pela morte e não morria.
Àqueles que ainda viviam
aos poucos foram morrendo,
no final de algum tempo
já não havia mais vida humana
na Terra, nenhuma.
Foi um pouco depois disso
que um dito interventor
desceu ao planeta, observou
tudo com algum desprezo
e sofreguidão, certificou-se
satisfeito da morte de todos.
Subiu à nave Mãe, sentou-se
a direita daquele que estava
no comando e acenou
afirmativamente com a cabeça
de vasta cabeleira, sorriu como
que se esperasse há muito
por aquilo.
O comandante da nave que em 
muito se parecia com os Homens,
no que tange a imagem e semelhança,
enfim disse:
-Precisamos nos preocupar agora
em não cometermos mais os mesmos
erros, pois não queremos de novo
que uma nova praga se alastre e
destrua tudo outra vez.
Limparemos tudo e deixaremos
aqui dessa vez somente as outras
espécies, a mesma vida vegetal,
a mesma vida animal.
Mas quanto aos nossos bichinhos,
nunca mais.

Alva Negror

A vida para doer
em carne viva.

Dizem que depois
que se morre não
dói mais existir...
Quase nada a
e t e r n i d a d e
para a morte
viver a alma
livre.

Ruídos

Som Brio
que seja 
o ouvido só
Ego Ruindo
ruído sujo
o Silêncio
escondido
ouvindo atrás
da orelha.

sábado, 2 de abril de 2022

Tempestade enfim

Fui tentar matar
                   a sede
numa tempestade
                 furiosa.
Foi quando um
simples
copo d'água
fez o destino
desistir de mim
               ao saber
que era eu
            o seu fim.

A sede furiosa
ao saber o meu
fim
fez-se tempestade.

Será Foi

Ontem hoje
era amanhã,
hoje será
amanhã que
agora será
ontem.

Qual dia foi
o dia que será?

Antes agora é
depois,
e depois,
agora antes
será.

Sobre o que seria a queda (?)

Foi do alto qu'eu pulei
para voar,
para voar sobre o que
seria a queda,
sobre o que seria a
queda?
Não se trata em cair,
trata-se acerca do pulo
sob a perspectiva do
medo de voar,
pois é pra cima que se
sobe, e sim, foi pro
alto qu'eu pulei
para voar,
para voar sobre o que
seria a queda,
sobre o que seria a
queda?
Cair nunca foi problema,
problema para toda a 
vida é jamais querer 
erguer-se,
é jamais assim em si,
levantar...levantar.

sexta-feira, 1 de abril de 2022

Anteontem Nunca Mais

Ontem eu vi a guerra
pela tv.
Hoje eu a vejo da
janela de casa.
Antes de ontem fui ao
parque com minha 
família.
Amanhã estaremos
mortos sendo vistos
pela tv.
Mortos pela guerra.
Depois de amanhã
alguém irá ao parque
com a família.