sábado, 27 de abril de 2024

Sob a Pena

Uma outra forma de Insistir.

Ser de novo o que nunca fui
para jamais querer ser outra
vez o que não sou:
Postulante Poeta Póstumo!

Não quero ser o que não sou,
quero sempre ser o que já sou,
porém, sob a Pena, apenas
subverter quando necessário 
o que já é e viver dentro de
uma outra forma de existir. 

Re-existir em Poesia por tudo
aquilo que se quer,
tudo aquilo que sequer cogitou 
o universo a possibilidade de ser
e estar, mas acontecer sem
resistência ao mesmo eu prosaico 
de sempre, uma vez que agora
dentro de uma outra forma de
perceber, eu já não existo mais,
e do que me lembro, do que fui
querendo exercer meu Ser,
eu jamais existi, pois fui só 
vontade e ainda não sou satisfação. 

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Onipresente Revel

M'Eu 
Réu 
Maior.

Por quem
tua
ausência 
mor...reu...
e Vive?

domingo, 21 de abril de 2024

Quimera

Um verso feliz,
de sílabas e letras
felizes, em uma estrofe
extremamente feliz, entre
outras estrofes mais animadamentes
felizes ainda, compunham um poema
bonito e feliz.
A poesia percorria faceiramente por
entre aquelas linhas de uma métrica 
abolida e por isso felizes, 
sempre sorrindo e dançando,
e contagiava com sua alegria todas as
possíveis alegorias que moravam e
viviam dentro da quimera daquele feliz 
e satisfeito poema.

Triste o poeta,
triste a pena,
triste o tinteiro...

A realidade fora daquele poema
era terrivelmente feia e triste.
Os pensamentos na cabeça  do 
poeta viviam em desordem,
seu coração mastigava pedaços 
podres de amores antigos,
e sua alma, fantasma de si mesma,
vivia assombrada  pela percepção 
de parecer obsoleta dentro da 
própria existência. 

Mas os dedos tortos daquele poeta
escreveram poemas felizes até a morte.

Cidade Natal

O fim de tudo em frio cinza
claro ou alaranjado escuro,
como pôr do sol em
Guarapuava, linda cidade
horrível de muita gente
pouca e feia.
Assim como eu,
pardo esclarecido e feio,
revolucionário e,
em um lugar como esse,
supérfluo e desnecessário. 
Desde que se volta,
depois de muito tempo,
a viver em sua terra natal,
somente o passado, por assim
dizer, pode ser um presente
ideal.

Absurda Beleza do Ridículo

Sobre como tudo se repete,
decisivo e sempre.
Sob a égide da odiosa
natureza humana de
esplendor sub-reptício e
dona da patente da invenção 
de Deus.
Tudo é cíclico,
do pão duro que alimenta ao enganador
circo que apraz,
do sincero pecado ao falso
perdão, 
do amor ao amor ao terror,
da paz para a guerra e da
guerra contra a paz:
Absurda a Beleza do Ridículo. 
Do corruptor ao corruptível, o
algoritmo maldito e os desgraçados
virtuais, da paixão subnutrida 
super nutrida pelo dinheiro,
a necessidade de respirar...
Do bê-a-bá da corrupção a
corrupção dada ao Homem
codificada em seu DNA,
do fogo ao oxigênio e da 
solidariedade ao suicídio...
Da vontade de viver,
ao morrer para não matar.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

A Cerca

Quem acredita em
Deus      faz      dele
algo  inacreditável. 

Quem não  crê  em 
tal           existência 
como                   Eu,

desperta   sempre
c u r i o s i d a d e
acerca.

Narco Trágico

Cânceres e Cárceres 
Quedas e Quotidianos
Traumas em Transe
e pensamentos escapistas 
extra cranianos:
Quando a realidade
adoece a gente,
Álcool e Nicotina e
narco trágico o
gatilho da loucura
diz para,
mas quero ser Poeta
e só paro depois de
Muito Morto.
Em quanto em mim
há vida?
...Acelerado...em 
Toda Via
Com Tudo Eu Morro.

domingo, 7 de abril de 2024

Esfinge de Si

Como poeta em desespero não sei se
devo tentar dissuadir do suicídio a
minha Musa ou se nesse poema tento
eu mesmo matá-la.
A cada palavra que escrevo ela morre,
a cada palavra que calo ela atenta
contra si para morrer.
Já não sei o que faço para deixá-la
viva, não sei de que modo posso deixá-la
viver.
Minha pena um punhal que ataca a
própria poesia, e o sangue de minha
Musa que escorre dos versos atiça
minha verve a querer mais sangue e
a deixar cada vez mais vermelho as
minhas entrelinhas. 
Porém, como posso eu, poeta que já 
foi misericordioso, atacar com minha
poética, a Musa de minha alma
perdida que tanto me salva e salvou,
mas culpada também, nunca deixou
de mostrar sua ira contra mim 
mostrando-se sempre ré confessa de
críticas à minha escrita que nem mesmo 
a métrica antimusa a si mesma já 
confessou?
Não vou matá-la, não posso, não possuo 
talento suficiente para com minha
inspiração atacar minha inspiração, 
minha arte poética é pobre e por isso
sempre minha Musa foge da minha
cabeça, um casebre, e busca abrigo
no meu bem instalado e promissor 
coração. 
Mas se esta alma que me veste é de
poeta de verdade, eu tenho dó de minha 
Musa, pois temo que meu coração 
também está tragicamente condenado 
ao fracasso. 
Não há para onde ir, não há fuga,
apenas ideia de uma busca que a
leva querer fugir de buscar outra
vez, e outra vez de novo mesmos
propósitos para outros fins, ou um
fim lógico para a sua existência sem
propósito e sem nenhuma definição 
de si para o que é e o que é para si
e que define seu destino diante de
todas as linhas já escritas em que
buscou existir, e que agora quanto
mais caminha pelos versos, mais 
veredas se fazem estes mesmos versos 
que a ferem e que a matam e que,
pela busca da fuga, 
a apetece o morrer.
E se a pena cala, ela se mata, 
se joga do silêncio, se lança da
ponta da pena para dentro do tinteiro 
tóxico vermelho e submerge,
desaparece para todo o sempre nessa
busca insensata pelo fim.
Minha Musa atormentada sofre por
aquilo que não pode compreender e
sabe, que se foge de si,
é porque muito jovem,
desde os primeiros versos já havia
encontrado sua essência, de natureza 
de Esfinge considerada em si mesma,
o que é, ela busca saber, o saber,
e por isso quando não, 
resta apenas a sorte companheira,
a última tentativa, o morrer.

sábado, 6 de abril de 2024

Moradores de Lua

Esperança, a primeira que me
abandona, dona esperança, 
que nem mesmo se pudesse
ser a última seria para mim
acolhedora. E eu não espero,
nem nunca esperei por 
nenhuma 
ideia vaga que me acolha.
Eu escolho o céu que me lança 
ao abismo, e me aquieto 
enquanto penso em minha
queda que apetece a muitos
Cristos moradores de rua,
andarilhos de lua à lua
buscando uma constante
para a existência que seja
outra além do sofrimento de
ser e re-existir todo dia sempre
enquanto o fim é só esperança. 
Quando eu morrer no tempo
certo da minha partida,
que a morte não leve em seus
braços alguém que há muito
já estava morto...
Maldita pode ser a vida, como pode?
Pode sim, pois ávida e poderosa é
toda a tirania, e cada alma que
sofre por existir e o porquê não 
se sabe, mas sabe-se que esperança 
é tortura em cada segundo que
passa a sugerir que a vida é boa.
Se fosse boa não seria, e se mesmo
assim insinuasse ser, seria só 
esperança, autêntica assim como
falsa promessa como toda esperança 
é. 
Depois de tudo e de cada perdida sorte
pelo azar de resistir, 
eu sei profundamente que o que
quero da vida só a morte pode me
dar. 
E eis me aqui!

Boca Mordida

Todas as coisas que
eu guardo só para
mim, se eu dividisse
com os outros,
daria para compartilhar
com o planeta inteiro.
Daria para devorar
o que me devora.



Quando é hoje

São várias as vagas
lembranças que o 
futuro passado terá 
de mim, pois se hoje
percebo que agora,
quando ontem, foi
amanhã, e nesse
instante é esse hoje,
sei que o dia de amanhã 
só me trouxe
mesmices de
reminiscências futuras,
e então me dou conta
que meu tempo
perfeito é sempre
ontem.
De uma coisa eu sei,
antes que eu me esqueça, 
que no passado eu vivo e
no futuro morro, ou é
certo que morrerei.
E viva o contrário, 
pois jamais morri ou
morrera no passado.
Pelo menos até ontem
ainda não morri.
E quanto a agora,
enquanto há agora,
quando é hoje?

terça-feira, 2 de abril de 2024

Qualquer Silêncio

Não há nada de
inocente em
qualquer silêncio,
todo silêncio é
suspeito,
fala alto para
uma apurada
percepção de
detalhes, em
verdade a mudez
de todo silêncio 
pode ser sempre 
uma voz de assalto.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Verso

Deus deveria agradecer
de joelhos pelos poucos
que fingem, digo, que
vivem em graça por 
ainda acreditar nEle.
Eu sempre fui um
desgraçado, 
acredito no outro lado
da medalha, 
eu creio no verso,
credito no inverso
toda minha existência, 
desprezo o altar, aliás,
o pódium, e parto da
linha de chegada após o
último passar.
E eu sou sempre esse
último, o primeiro a
se perder da 
perdição que foste Deus 
tentar nos salvar, e
salvo Ele mesmo,
ninguém tem tanto
a perder nesse mundo
se o mundo todo 
deixar de acreditar.