sexta-feira, 28 de maio de 2021

Enfoque

Se olhar mais
de perto
se enxerga bem
mais longe,
Deus não
existe.
Um dia ruim
e outro pior,
numa vida sem
fim que logo
acabará,
Deus não
(r)existe.

Deus, eu.

Eu, Deus,
o ateísmo
e o
desamparo.
A crença
e a 
criação.
O Deus 
e o
Homem arte
de si mesmo,
auto retrato
animado,
filiação.
Arte de Deus
retratando-se
Homem,
Homem
querendo ser
Deus, Eu.

Bem me quer

Vivo a querer o
mal do mal
daqueles que 
me querem,
bem, digo,
daqueles que
não me querem
mal.

Re-sentimento

Depois do sentimento,
mais. Depois de mais
sentimento, muito mais.
Depois de mais de muito
mais sentimento,
ressaca e remorso:
Eu ti Amo
Eu que Odeio
Eu que Amo
Eu ti odeio,
eu com amor de
orelha a orelha antes,
agora sou todo apenas
amor próprio e aquilo
que era sentimento 
me parece que foste
na cara apaixonada
somente paixão e
sorriso falso.
Mas amei assim,
assim amei amor,
e ninguém poderá
negar.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Agora Depois

O futuro é
hoje.
Amanhã já
será tarde
demais,
assim como
um tempo
que já passou.
Depois de agora
é passado.

Desmedida Assim

Amém se amam e
que amem mesmo
a métrica,
a régua e
as regras.
Eu não discordo se
não concordam
comigo,
eu sendo um outro
também discordaria.
Ruptura é utopia e
talvez a única
possível,
a minha utopia é
a ruptura,
não é a rima, 
as cadências 
da rima e
contudo,
nem rima há;
não é o ritmo e,
à la arritimia,
nem ritmo tem,
e claro, 
menos ainda é
a metrificação
a minha
utopia poética;
não há cálculos,
meios e modos;
não há métrica.
Minha poesia é
só e é toda ela,
a desacompanhada,
só aquilo o que diz
e discorda e declara.
Amém se odeiam e
que odeiem-a mesmo
à regra.

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Noturno Assolar

Já fui um selvícola
notívago quando
eu era pelas
madrugadas um
quase
ultrarromântico
incorrigível.
Acordado com
cara de sono e
quando
dormindo eu
fazia-me
sonâmbulo,
mas tudo isso
quando
fui poeta,
hoje sou só...
só apenas
mais um
civilizado solar.

Banquete

Banquete de dissabores
de sabores vários,
a vida amarga por
natureza pode ser
doce como mel se
o apetite de tua
existência conseguir
ver beleza no
amargo sabor do fel.
Mas a vida é bela
e boa, se for esse
o caso, o horrível
e o ruim está em
você,
você que 
provavelmente
tem lugar
cativo à mesa.

Busca Vida

A melhor fase da
minha existência
certamente será
a póstuma, pois 
a morte é o 
clímax e o pós
morte é o auge.
Foi- se o tempo
da vida, o que
eu quero agora
está além.
Se há sempre
busca então
nada é agora,
exceto a própria
procura.

Atrofia

Deus Vil
v i u - se
Animal
no
mesmo
espelho
onde o
Homem
Mal
v i u - se
Deus.

terça-feira, 25 de maio de 2021

Fanática

Rompantes,
impulsos de compulsão,
tempestade de ímpetos
em breves desejos de
eterna paixão.

Ávida, ácida e áspera,
a alma em três ases
em seu sabor de ser,
romântica e enamorada,
de si para o pra sempre
mesmo que isso se dê
assim,
de brusquidão.

Que seja breve a eternidade
para quem deseja o infinito
mas se indispõe fácil com o
tempo e com quem se é,
quando tudo que se tem é
sempre o mesmo imenso
mais do mesmo,
mesmíssimo sempre como
a própria existência.

O caso Crepúsculo

Escura noite clara
cura a alma alva
e, ex escura, hoje
brilhante é,
como a lua alude
à noite a luz do
sol explodindo em
fogo em fuga...
Mas a alma chora
e ama ao ver ir
embora 
sol e lua em
horizonte púrpura.

dissera

Eu li a imagem do silêncio
na janela, eu vi, lá fora,
aquilo que se ouvia por dentro,
dentro da alma dissera a imagem
a mim o silêncio.
O silêncio que a desenhava
no vidro.
O vidro era meu corpo,
o silêncio a imagem,
e a imagem foi o que
houve...e ainda há e
ainda ouve-se.

Morre e Vive

Não há prazer no
p r a s s e m p r e
como existe 
deleite no efêmero,
não há razão no
i n f i n i t o como
resiste a tudo o
propósito da
e x i s t ê n c i a:
Ser, para assim
perpetuar a
vida, 
como apaixonar-
se é do amor a
e t e r n i d a d e.

Mas pobre do
indivíduo que
morre e vive 
a ilusão do
A M A R.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Sim possível

 A autópsia da
utopia  suicida
revela que ela
foi induzida  a
cometer a 
               morte
de toda a   sua
i d e o l o g i a.
              Matou-
se por 
          acreditar
que o   melhor
é possível  sim.

Ásperos Versos Violentos

São Vestes de Tempestade
                          tua Voz!
Amas...ás más línguas!
a mastigar Silvos
para nutrir-se,
tua Boca devora Gritos e
estão a Cuspir os meios
para Novas Formas
de Calar,
Declaras os Fins ao calar-
se, esse és teu álibi,
fingir Quietude ante o ato
de berrar em
                         Ásperos
                         Versos
                         Violentos...
o Hálito do Silêncio,
Mal Hábito da tua Voz!

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Se Não Exceto

Hoje sou pré
aquilo que já
fui há muito
tempo,
diametralmente
inverso...
hoje,
sou quase morte.

Levante

Meus versos são canções
de adeuses que passam
tristes por onde andam,
titubeando passos sobem
e descem imóveis
montanhas e movem-se
niilistas e quase satisfeitos.

Meus versos sãos,
fortes e destemidos,
pagãos contrários do
cristianismo de campanha
sobrepujado na guerra dos
Homens contra seus
semelhantes e na guerra do
Deus com cara humana
contra os Homens que se
ajoelham por um levante:
-Meus Versos hão de Ser
para Ti,
pois sou Eu um Poeta teu,
Servo e Senhor,
como um Deus,
depende como 
queira lê-los...

Em meus versos vão
eu, deus e o mundo.
Meus Versus vão em
vão com um adeus,
pois mesmo indo, sei
que sempre ficam.

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Amais Mariana

Você não me ama Mariana,
não lhe engana o amor.
Não me pertence mais
quem já me amou,
e o teu amor já me
foi demais.
Não me ame Mariana,
não me pertença,
não me pertença mais
quem já me amou,
e o teu amor já me
foi demais.
Você não me engana Mariana,
não lhe pertence o amor,
não lhe pertence mais
quem já tanto amou,
e o meu amor é pouco
e eu já amei demais,
demais Mariana.

Talvez Apenas

Terrivelmente pontual
e sempre pela hora da
morte.
A morte custa caro,
custa a própria vida,
quando no peito de
nossa existência
atravessa-nos o 
tempo como um
afiado punhal.

Viver dói e talvez
satisfação seja
apenas não existir.

O Preço da Morte é Viver.

Frio Sol

Minh'Alma avocável, solícita,
acessível a solitude, à chuvas
e luares,
                prostituta de noites
escuras e outonais.
Minha triste Alma
de sonhos e insônias,
de pesadelos e modorra,
dona de patentes de
rupturas e novos
ideais,
             santa por ser
             curadora dos
             pecados de
             deus e de
             semelhantes
             infernais.
Minha Alma um demônio,
uma bandeira preta
carente por luz de
devassos e invernais
sois soturnos como ela,
Alma minha,
                        fria matéria
                        escura   que
pós morte a  escura
matéria do universo
adubarás.

sábado, 1 de maio de 2021

D'existência

Sinto frio
sendo fogo:

Sonda-me assim a solidão
que ascende do sub-solo do
mais profundo fosso:
- o poço que mata a sede da
alma que sente em si 
a sensação de ser o ex estéril
deserto interior de um
corpo farto da vida e quase
morto.

Acende o frio
e sente o fogo:

que seja a vida um Fim
e a morte o Recomeço...
...como o que constitui
a eternidade é a mesma
matéria escura e fria do
efêmero.

Saudades do futuro
quando hoje eu
nunca existi,
meu passado exato
é itinerante,
se move pelo
tempo
como
fujo
do
presente.

Serei quem fui
e não quem sou.