domingo, 31 de outubro de 2021

O melhor do mundo

Quer algo
a b s u r d
              {o?
               eu
o          pior

      melhor
     p o e t a
 domundo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Sou eu todos (os outros que como eu não são)

Moro longe de casa e
asa mora junto ao vôo,
como quando e onde eu
não pertenço,
tendo a pensar diferente
como, aonde e sempre,
e sempre penso
itinerante de novo.
Sou eu todos
os outros
que como eu
não são,
todos os outros,
sou eu todos...
os outros que como
eu não são.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Velhicissitude

Não preciso mais de outros
poemas para um poeta ser;
Não preciso mais de outros
amores para romântico ser;
Não preciso mais de tanto
                                    {tempo
para um velho ser,
nem quero mais tanta
                             {juventude 
para viver.
De certo prefiro eu a
                           {velhice sim
do que a juventude não.
Fui jovem quando jovem e
quero ser velho agora que
velho sou, 
do mesmo modo fui poeta
quando a poesia assim de
                                       {mim
precisou, e fui romântico
quando outros amores em
mim se amou.
Talvez precise ainda de 
                                   {algum
tempo para velho ser, mas
não quero mais razão
                                 {alguma
para existir,
quero a vida simples e reta,
curta e intensa, e então
                                   {depois
quero, e não abro mão 
                                    {disso,
singelamente morrer.

Paroxismo

Viva morrer de
delirium tremens
ou com e de
demência,
assim como a
arte abusa de mim,
eu abuso do uso ou
do querer o abuso
do uso de álcool e
de drogas, do uso
do cosmos e de um
paradoxo pós pró
paracosmo em mim,
pois a realidade não
mais foge, não deve
mais haver fuga 
em mim. 
Quanto ao abuso,
talvez já há muito...
ou quem sabe no
futuro, porém hoje
não, hoje eu já morri,
como já quis morrer
antes, como antes
também eu já existi.
Vivo a vida que
vive a morrer 
em mim,
mas morre a morte
de vida ávida e aguda
sempre que o abuso
volta a ter poderes
sobre mim,
sabe, o abuso,
o uso em que
experimento-me e
que me experimenta
o fim?


segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Ante Esfinge Tese

O todo pode ser
inassimilável na síntese,
isto dito em tese,
sugere que, talvez,
haja outro meio,
modo ou método
para dizer muito ou 
tudo sobre algo,
discorrendo pouco sobre.
Caros, eis a poesia,
a que tudo fala e
nada explica,
a que o todo explica
e nada fala.
A poesia pode ser
inassimilável na síntese,
na prosa e em versos
de qualquer natureza,
desde que seja lida apenas.
A poesia precisa para ser
precisa no que diz
ser sentida,
só se assimila a poesia
quando se sente e percebe
onde ela dói,
o quando que ela fala
e o quanto dela cabe em nós.

Perífrase

Tende a doer. A
arte tende a arder, 
e arde em dor que
tende a arte a ser,
e é dor que arde e
arde como o fogo
como o fogo
tende a carne a 
arder, e em arte
tudo tende em dor
ser e dor arde e
há de ser arte até
a arte de sofrer.
Há ser e ser há,
arte a ser dor e
será arte a arder
em dor enquanto
um quanto de
arte em mim
doer, e dói e
arde, e arte sim
há, um tanto em
dor em tudo que
tende a arte ser.
E sim, se há, 
tenderá a arte,
assim como arde,
tenderá a arte a doer.