terça-feira, 5 de abril de 2022

Silêncio dos Olhos Dialogando

Deus estava indo para o céu,
estava subindo, vindo do
subsolo onde estava a resolver
alguns pormenores acerca da
sociedade conturbada com o
Diabo, quando me encontrou
sendo poeta pouco mas querendo
ser muito.
No primeiro momento eu fiz de
conta que não o vi, nunca fui
muito de gostar de encontros
inesperados, mas Deus foi mais
nobre do que eu e veio logo falar
comigo.
O silêncio entre a caminhada dele
até chegar até mim, uma vez que 
ambos já estavam se vendo e
dirigindo-se um ao outro, 
o silêncio profundo nesse ínterim
me disse tanto, muito mais do que
nosso diálogo que girou em torno
de Blaise Pascal e Van Gogh à
Ramones e o consumo desenfreado
de mídia social. De poesia falamos
quase nada, apenas algumas palavras
sobre Leminski e Rilke.
Mas o silêncio dos nossos olhos,
o nosso olhar se cruzando, sabendo
os dois que iríamos nos falar,
aquele silêncio foi o salto do pouco
poeta para o muito Ser.
Desde então nunca mais nos vimos
outra vez.

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