terça-feira, 31 de agosto de 2021

Breve Prassempre

Entre mim e Deus
ótima cumplicidade,
do ódio ao amor;
do olá ao adeus;
da crença até a
desconfiança:
átimo eternidade.

domingo, 29 de agosto de 2021

Desacredite e Creia

Tua fé cega é testemunha
ocular de toda a tua desgraça,
ela tudo observa,
ela tudo regenera.
Jamais perder a esperança
e ser até a morte
resiliente em tua causa.
Tua fé cega é a responsável
primeira de toda a tua
(des)graça,
ela tudo cega,
ela tudo degenera.
Jamais foi esperança
e Deus é testemunha
ocular, pois tudo vê e sabe,
que tua fé é a causa
de toda a tua desgraça,
e nada será mais resiliente
do que ela até a tua morte.
Esperança é desespero.
Fé é medo.
Deus é placebo.
Você e só você é quem
de fato pode se achar
o todo poderoso.
Liberta-se e seja.

sábado, 28 de agosto de 2021

Das Coisas ao Caos

Hoje Depois
Ontem Agora
Amanhã Já Foi.
Versa a 
poesia que
subverte o
tempo e
assim faz-se
esse subversivo,
pois pôs
desordem na
cronologia
das coisas, e
das coisas
ao caos
jamais se
supôs.
Pois bem,
isso propôs
a poesia,
e não,
mas só talvez.

Nem Toda a Poesia

Muito pouco não
é obstante,
a noite cedo ou
tarde será dia,
enquanto de tudo
um pouco não
é o suficiente,
porque não é
o bastante nem
toda a poesia.

Livro Me

O livro
determino
de lê-lo
quando começo
a leitura,
por esse tempo
livro-me de
mim e
deixo-me nele,
em silêncio e
fúria.
Quando termino
de ler,
eu livre jamais
livro-me dele.

Quando

Quando 
            o
calor
       romper
com
o  fogo, o
    fogo 
com  o sol
      romper
com      o
    fogo   do
             sol
      romper
com  todos.
Quando.

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Rebeldia

Meu adeus dado
à revelia,
pois talvez já fui
embora ou já vou,
déjà vu se me ver
pelo futuro:
-Vida Fuga Busca
e Morte. Cortejar
a despedida,
diariamente,
viver cada último
dia como se fosse
o primeiro.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

Quimera

Decantou das nuvens
a chuva em grãos de
água e gotas de mais
água como em grãos.
Caiu sobre mim, 
singular como outros
singulares como eu,
decaídos (des)encan-
tados  sob  água  em
águas e mais, 
saudades do céu 
quando as águas de
um rio que nasce lá
nos acha aqui embaixo.
Saudades de casa.

domingo, 22 de agosto de 2021

Dicionário para dinossauros

Definição sob
análise
d e t a l h a d a,
deu-se no
contrário 
do sentido.

Dicionário para dinossauros
Explicando      Todo dia              Assim o   
o destino         o dia é                  fim chegou
do brilho          o dia todo            ao dia,
no céu              porém não          assim do
noturno            sempre nem       céu desceu
vindo.               todos.                   o fogo.

Mais,
mas menos,
bem menos
do que mais,
mas
mais sendo
menos,
então menos
é mais
mais.

Dicionário para dinossauros
Explicando
o habitat
único a
ser
destruído.

Muito depois
dos milhões de
anos idos
desde os
dinossauros,
hoje o futuro
dos Homens
também muito
em breve será
destruído.
Mas amanhã
talvez não,
e muitos milhões
de anos mais
à mais virão.

Dicionário para cyborgs
Explicando
o habitat
único a
ser
construído.

Definição sob
análise detalhada,
deu-se
no contrário
do senso.

Deu-se assim
adiante sempre
indo em
anti horário
(o tempo)
do presente
pro passado
passando muitas
vezes pelo
futuro, como
num ciclo
pós eterno.

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Paralaxe

Homônimo   do   inominável
sinônimo do contrário 
de si, antônimo da própria
imagem, velha novidade do
mesmo dentro do que ficou
à margem fora do próprio
contexto, a fuga da busca,
ir embora antes de voltar 
pra casa, viver dentro do mais
belo sonho seu mais terrível
pesadelo. 
Paradoxo
da psique...
A cabeça parasitada por
libertadores pensamentos,
acalanto é punk rock,
alento é cocaína,
Deus é o demônio santo criador 
da graça de todos os pormenores
de cada verso único da poesia
que existe em todos os tormentos.
Para além de cada idéia há outros
pontos de vistas te observando...

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Farto de tanto de si

Ensurdecedor quase,
assim se deixa estar esse,
que querendo ganhar no
grito passa a se
manifestar fora de praxe,
enlouquecido aquieta-se
fora do eixo, inclinado já
há meses a uma nova
forma de ser.
Oscila entre silvos agudos
e graves gritos dissidentes
dos que antes calava.
Teme, mas quem não teme
um dia a voz perder,
ainda mais tendo, atento
como sempre, muito a
dizer?
Eu acalmo-me para ouvir,
assinto sobre os
fundamentos ensinados
por ele mesmo e passo a
ser todo ouvidos,
então o silêncio vasto,
farto de tanto de si,
divide comigo seu ego
em ecos fractais,
frágeis o suficiente para
me apetecer o que dizem,
ouço calado, como quem
entre ruídos tenta
concentrar-se para ver,
desse modo o silêncio
ensurdecedor quase,
comovido assim, deixa
estar esse a ser.

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Póstumo

 ...é só aquilo que 
não é 
que é,
enquanto
            aquilo que
é,
não pode ser.
Jamais 
            será agora,
aquele que
nasceu  para      a
p o s t e r i d a d e.

Europa Europa

Amar-te ou Saturno,
Myanmar ou te querer,
partir, ir para longe
buscar o desconhecido
ou ficar, deixar todo o
resto de lado por você,
visitar o velho
continente, talvez uma
lua longínqua de um
planeta distante ou
ignorar tal aventura
para apenas lhe 
pertencer?

Eu vou, e o certo
é que por onde quer
que eu vá, levarei 
comigo o meu amor.

domingo, 8 de agosto de 2021

Ainda

Sempre é nunca e
pra sempre é 
nunca mais.
Muito cedo é
tarde demais
quando logo
cedo for por 
algum tempo
apenas jamais.
Muito em breve é
a eternidade
ainda, à frente,
do tempo futuro
que há pouco 
ficou para trás.

Eucaristia Não

Soo surdo mudo como
sonda-me o silêncio
quando passo
desapercebido por
entre outras
existências,
penso que por
séculos venho me
escondendo do contato
direto com quem
tende a me ignorar.
Eu não existo,
tampouco nunca poderei
coexistir junto àqueles.
Eu indivíduo
eles multidão.
Eu rebeldia por querer
tudo para todos,
eles,
entre eles apenas,
sagrada e santa comunhão.

sábado, 7 de agosto de 2021

Clara noite da alma escura

Um ser torto, espiral,
um eu todo retorcido
não pode acreditar ou
querer um deus todo
reto e vertical.

O sol sublinha
a noite da alma escura,
convida meu obscuro espírito
a ficar, partir para o 
horizonte agora pode
ser tarde demais.
Deus pode não estar mais lá,
mas e se for de deus que eu
quero fugir?
Está aqui,
pode vê-lo através do
espelho quando põe-se a
observar a imagem dele
que em muito se assemelha
àqueles que não crêem.
Mas eu posso ir além e
não acreditar na crença,
na fé oblíqua e abstrata
que muito representa mas
não significa nada,
no fundo não significa nada 
e nada é mais
profundo do que os
confins dos céus.

Estar de frente para trás
e seguir adiante ou ir no
inverso da contramão,
o infinito (universo) é
como uma rosca sem fim,
sempre a mesma coisa ilusão,
parece eterno mas começa
ali e termina aqui,
girando em si e dentro de si
acredita ser imensidão.
Lembrando que foi num átimo
de tempo que se deu no início,
o princípio, a explosão.

Por onde vamos para crer
é por onde seguimos acreditando
naquilo que achamos ser.
E u   t o d o   t o r t o   s o u,
heterogêneo do ódio ao amor,
deitado na solidão meu divã,
solitude a me compor
para ser para outros
melhor desamparo acolhedor,
um conflito reconciliador
entre busca e desilusão,
desequilíbrio em harmonia...
Derrubar o Deus despótico 
como símbolo de Estado,
desacreditá-lo,
buscar no caos das coisas
que estão para surgir,
evolução e revolução e
querer ser e estar sempre
em anarquia:
Abaixo!Abaixo!Abaixo!

Distorço minha fé cega
e posso começar a ver,
discorro sobre a fé que
cega quem precisa de 
deuses para melhor ser,
piores são e condenam
seus deuses a sempre
existir apenas por medo
e pusilânime auto compaixão.

Escorre a escura noite
por bueiros que ladeiam
um úmido asfalto por onde
antes o sol por ali passou,
nauseabundo e afoito.
Por agora sou eu o asqueroso,
ali, arquétipo em desconstrução,
caminhando sem pressa e
fugindo de encontro
para onde vou.
Sabe lá deus para onde vou,
lá onde porém ninguém sabe.
Talvez para o porvir,
mas o futuro queira quem
sabe a intenção de voltar,
a alma escura, embriagada
pela noite,
voltar a fugir da luz
das ideias eternas.

    Sobre o leito
    sob um dossel
    sob o teto sob
    um céu noturno
    de estrelas mortas
    ou a morrer ou
    vivas ou a nascer,
    há outros astros
    singulares,
    e tantos outros
    astros percebem:
    dá-se a insônia
    que segue ainda em
    coma profundo pela
    madrugada adentro
    e afora,
    e é nesse momento,
    nesse instante
    itinerante que tudo
    se põe a prova:
todo o pensamento em si parte
em fuga atrás do para-si e nesse
ensimesmo para si perde-se toda
a fé que existia e pede-se mais,
alguma razão para o nada que se
vislumbra e que justifica-se 
também partindo em busca para
dentro de si.

O nada sou Eu,
o todo.
O todo sou Eu,
o nada.

É mesmo muito útil a
necessidade de um deus
sol a se pôr e/ou
contrapor a tudo isso,
pois o todo é deus,
uma aurora;
o nada é deus,
a escuridão.

Eu continuo, sigo ainda...
que o adeus me livre...ando.
Prefiro o púrpura do
crepúsculo eterno como
num exoplaneta imóvel
em si e iluminado,
v a g a n d o.

    


sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Intemperismo

Sob o chão do
a s s o a l h o
querendo ser 
da lage, 
underground
postulante
à criatura
celeste.
Lutar todo dia
para vencer na
vida e sempre
chegar vencido
ao final do mês.
Sou Eu, 
não sei vocês,
habitante do
submundo
tateando o chão
de outros,
meu teto,
buscando achar
alguma saída.
Mas não há,
Não há mais
nem nunca houve.
Observo formações
rochosas sob o solo
imaginando
nelas desenhos de
nuvens.