quarta-feira, 24 de maio de 2023

Gravidade

Corroído pela fé no silêncio
e eis que um estrondo
QUALQUER!
tende a muito a se 
a s s e m e l h a r
a um demônio fulano
de tal.

Toda a quietude suprema
que me alimenta
parte de mim mesmo
para o EU próprio numa
eterna redundância
educativa.

O silêncio fez-se
co-ruído,
cúmplice círculo
da esfera.

domingo, 21 de maio de 2023

Por Pouco Quase Azul

Perder o senso de solidão...
Meu norte imaginário em
minha bússola de bolso é
de natureza surreal:
Como não me perder entre
todos, entre quantos outros
como eu que jamais
resistiram eu soo como
absoluto e, até quando,
eu ainda resistirei existindo
como único?
Ir afogar as mágoas à
nado livre em um imenso
oceano por pouco quase azul,
mar de lágrimas azedas de
olhares que pregam o sal para
o dolce de cada vida, 
de cada indivíduo que adquire
independência à margem
daqueles todos,
à margem de todos àqueles
olhos amargos sem senso de
direção e com uma corrupta
objetiva.

sábado, 20 de maio de 2023

Velhas Boas Novas

Sou um amante do futuro
à moda antiga,
percebo que a beleza do
amanhã rejuvenesce as
misérias do passado quando
esta novidade não se mostra
assim tão bela.
Velhas Boas Novas.
O passado já foi futuro
e sabe que todo jovem
uma vez ou outra sempre
acaba se enganando.
O presente que virá com
o amanhã será o último
a vir antes do fim de tudo.
Eis a verdade que o passado
já tanto suportou. 

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Súbito

Do lábio pendia
um silêncio que
se ouvia nos
olhos auscultando
todo o ao redor.
Terror! Pânico!
A morte se
avizinha e
no mais tardar
avisa que à 
tardezinha
você já não
existirá mais.

A Lógica da Eternidade

Amanhã será melhor para o mundo todo
assim como hoje é melhor do que ontem
p a r a     t o d o     m u n d o.
Mas ontem certamente,
e anteontem tampouco,
foi ou será o pior dia de tua vida e de toda
a vida que sobrevive de esperança.

A lógica da eternidade nunca foi viver
p a r a     s e m p r e,
mas sim para sempre jamais viver
o u t r a     v e z.

Assim como toda obrigação é uma censura,
a vida eterna, a partir de agora, 
está terminantemente proibida,
salvo aos privilegiados e malditos,
a reencarnação em série.

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Museu

Quantos quandos há em
quadros fantásticos pendurados
por paredes universo afora?
Eu escolho existir neles...
e o tempo por lá só exite
do outro lado, do lado de fora
da moldura, a paisagem
que essa janela revela é anacrônica
e o tempo nela não se manifesta.
Eu escolho ir para um quando
desses quadros maravilhosos,
quem sabe ir morar por onde
eu possa encontrar Van Gogh.

domingo, 7 de maio de 2023

Ilogicidade

Fico a esperar um convite da editora,
sabe? Um convite para publicar,
fico quase, sempre a escrever muito,
demais, tanto quanto enquanto o 
quanto o tempo que espero, e antes
de qualquer miragem em meu espelho
poético, eu calibro a minha escrita a
não acreditar em insinuações de
nenhum oásis, em verdade, em nenhum
arquétipo de nenhuma falsa possibilidade.
Eu como poeta acredito sim em meu
amor fati e sei que pode ser possível
um convite para uma carreira maravilhosa
e revolucionária na literatura, ou não,
mas minha pena e sua escrita não podem
jamais acreditar em desilusões.
Desilusão é coisa de poeta.
Coisa de poesia é ilusão, encanto, quimera
e métodos e meios para fazer existir qualquer profusão sutil e gritante que 
sugira sempre, dentro de toda possibilidade
extra humana, revolução.
Coisa de poeta é tristeza, melancolia e as
reminiscências das vicissitudes de uma
perturbada personalidade;
Coisa de poesia é alegria e virtudes de
satisfação por pertencer a si mesma e a
todo mundo fora da realidade, vive na
irrealidade, onde a metafísica mora,
e a poesia faz sua casa lá, como crisálida,
adentra etérea, e quando afora, é toda e
só uma silhueta do fantástico de pesada
densidade. É pluma e chumbo.
É única pluralidade.
Fico a ninar meus versos por madrugadas
inteiras a fio, e o manto do meu alento
os aquece para que esqueçam que lá
fora sempre faz sempre muito frio.
Além dum inverno sempre outonal,
ou o inverso, lá fora nada acontece,
e no ilógico um convite para meus versos
espalharem-se por todo o universo jamais
ocorrerá, sim e talvez:
Tudo é apenas ilusão...

exceto se fosse possível de jamais ser
possível que fosse assim.

segunda-feira, 1 de maio de 2023

Seria ótimo se isso fosse verdade

A queda do Céu em
aquarela numa tela
que os meus olhos
desejam pintar.
Meu olhar artista
muito já imaginou:
Usar o castanho da
íris para dar cor
para outros veem
o Céu caindo pela
minha objetiva.
Seria tão diferente
se meus olhos fossem
azuis. Para Deus outras
cores para colorir a
mesma ruína.

Ah! Quem me dera se
a cor dos meus olhos
fosse Fogo.