quinta-feira, 31 de março de 2022

Amanhã dos Horrores

Tudo de assustador e
horroroso que está no
passado
acontece no presente,
e o nosso olhar para o
futuro sempre
vislumbra um 
amanhã maravilhoso,
então quando
amanhece um novo
dia estamos outra
vez alimentando a
gula insaciável do
passado com mais e
mais novos
horizontes maravilhosos.

Esperança boa é não
precisar mais de uma;
Utopia útil é estado
de espírito elevado 
para que os pés da
alma não tenham
mais contato algum
com o chão imundo
do mundo material
e religioso.

Amanhã não será um  novo dia
enquanto o passado for sempre
o mesmo.


quarta-feira, 30 de março de 2022

Sim eu ti amo não, muito!

Às vezes eu
ti amo
nunca mais.
Outras vezes
amo sempre
como nunca.
Nas demais
vezes tal
amor jamais
existiu,
e em algum
momento o
pouco de
amor que
houve foi
eterno,
assim como
noutro
tempo o
muito amor
foi fugaz.

terça-feira, 29 de março de 2022

Romance

Era pra ser um
romance,
mas foi apenas
um poema,
com um pouco
mais de amor
seria mais que
um haicai, 
minha relação
com a pena.

segunda-feira, 28 de março de 2022

Dia crítico

Sob o se não há
cedilha,
e
quando sobe o
sinal,
não temos um tio
tampouco.
Assim trema e 
não trema mais,
pois é 
grave o que se
sabe quando 
fundem-se
gêmeos de 
naturezas diferentes.
Salvo quando crasso
erro.
Por fim, abre-se
o som agudamente
e se fecha,
quando fecha,
nota-se circunspecto
ar à voz sob um 
certo chapéu
elegante a lá
circunflexo...
e d'Oeste vira a
supressão de
todos nós.

domingo, 27 de março de 2022

Texto do Universo Comentado

Faça uma leitura correta de mim,
eu nunca fui uma crônica,
sempre fui crônica de porra nenhuma.
Não me basta ser prosa,
embora eu seja todo literatura,
não quero ser texto algum que
possa ser de auto-ajuda.
Por favor não me leia 
como bula,
como receita,
não me leia como procedimento
técnico de qualquer natureza,
não me leia como teologia,
como texto sagrado, 
pois de sagrado em mim há
somente prazer, 
pecados e crimes da vontade.
Não me tenha como bíblia e
não me venha ler com o 
Diabo do teu Deus,
não eu por favor,
não me traga o mau humor
de ser quem é teu tão
malfadado Deus.

Me leia como música,
me ame me tenha e
me odeie como poema
sendo dono da poesia
que você não sabe 
gostar.

Me leia como poesia,
me entenda como tristeza,
como filosofia que versa
o interesse em não ser
quem misticamente o
outro é.

Me leia como poesia,
me perceba como felicidade,
como filosofia que versa
o interesse em ser quem
misticamente se é.

Vermelho Sangue de Preto

Pálido como Branco...
Negro como a cor da
pele preta.
Negror como a cor
forte,
forte por apenas ser,
forte como é,
forte como foi por ter
carregado o crescimento
de muitos povos nas
costas, literalmente.
Preto como a cor forte
que é, ausência de outras
cores, e a pureza da cor
se dá pela vontade de se
misturar.
Pálido como eu Branco que
não sou.
Sou Pardo, sou Índio,
sou Bugre e, mesmo pálido,
sou Negro também,
e que eu seja mesmo,
pois triste é ficar apenas
na vontade de ser.
Branco fantasma como
pasmo por ver que a 
palidez que a cor branca
da paz pare para Brancos
estéreis, é por muitas vezes,
ainda,
Vermelho Sangue de Preto.

sexta-feira, 25 de março de 2022

Cetaphobia

Num grão de areia o
Everest esculpido,
medo de baleia e
tubarão vivendo sempre
num grande centro
urbano esquecido.

Dragão de areia
na praia do futuro
moldado pelas ondas
de um passado
sempre influxo e
deveras se repetindo.

Abstrato Eu concreto sendo o Mar
e existindo.

Soneto

A tarde àquela como ocorria
à toa o lema como era de praxe,
passava-se tolo as horas o dia
todo o tempo inteiro ou quase.

A noite a lua fria no céu ardia
mesmo que o aspecto lívido esfriasse
o escuro morno da noite que sentia
os mortos suspirando como se respirassem.

A respeito dos mortos que adeus à noite via,
na verdade eram vidas vivas ainda
apesar de já há muito a mortos se
                                                [assemelhassem.]

Então esses vivos mortos, ou Homens,
vagavam pela vida para a morte,
iam e vinham como se a alguém isso
                                               [interessasse.]

quinta-feira, 24 de março de 2022

Sempre Poesia

Minha torcida pelas frases
bem construídas,
pelas palavras resilientes
quase nunca utilizadas e
mais fortes sempre que
repetidas.
Eu torço pelas sílabas
átonas, tônicas, sílabas
lares de letras donas do
destino final das frases
contundentes que emulam
conquistas e que fazem
o que podem para que a
estrofe seja cada vez
mais forte dentro do
cotidiano caótico de
muitos textos e místicas.
Minha torcida pela escrita,
pela arte de escrever, seja
o que for, e mais ainda se
for sempre poesia.

quarta-feira, 16 de março de 2022

Revólver

Agente Mudo Não!
O grosso calibre 
pesado da nossa voz
dispara que agora é 
o tempo da nossa vez.
Na boca revólver:
do Cuspe ao Beijo
Revolução!
do Sussurro ao Grito
Revolução!
Atiro em teu ouvido
contra tua paz
opressora,
e todos os outros em
guerra pela queda de
uma suja satisfação.
Fascismo satisfeito,
miséria como base
mais uma vez pra
sempre nunca mais
não.
Emudece o mundo
e a vida jamais mudou.
Pelo início ainda
e longe do fim,
tudo por uma existência
melhor.
Muda-se o mundo?
Eleva-se o som e
a gente muda sim!

segunda-feira, 14 de março de 2022

Per se

Exercício do Ser
Poeta não é
Exercita o Se
a Possibilidade
Talvezes e serás
Excetua-se o Não
e Poeta já É.

Sendo Sendo

Nunca no tempo
do sempre pra
sempre no tempo
do nunca mais.

Pro sempre ser o nunca é,
o nunca foi o sempre será.

Sempre quando
nunca há nunca
Sendo sendo
quando sempre é.

Nunca será pra sempre,
pra sempre nunca haverá.

Somente quando
exceto em tempo,
Somente quando
chegar a tempo de
                   [partir.]

domingo, 13 de março de 2022

Correlatas

Meus passos e
           pulsos
d'alma            e
do coração não
foram dados
de improviso,
foi o destino
com                a
vontade em
correlação:

Carolina me engana
Moira      me mata
Gaia        me abriga
Mariana me ama,
                me basta.   

...e em todo o futuro passado
há desolação.

sábado, 12 de março de 2022

Jesus Drama

Só o amor salva,
e vivo 
loucamente a
querer morrer
de amor.
Meu
entendimento
da realidade é 
o que mata.

quinta-feira, 10 de março de 2022

Falso Azul

Fluência em não ser,
e não é, e por não ser
se faz influente na
ciência do nada ser.
Redunda sobre si
como redoma de 
gases sobre o sol,
sobre ser o que é
sob a estética de uma
ótica oculta de que
nunca será...
Nada é, como bactéria
numa gota achando
ser muito em
um imenso mar,
não é, com o não a
afirmação do nunca,
do nunca ser aquilo que
criminosamente pensa
que é.

Doentia a felicidade do
teu sorriso encanta tanto
tantos, como todos os
demônios,
teus dentes brancos
falsos como as palavras
da tua boca vermelho
veneno deboche,
traz ainda a língua
agridoce, bifurcada,
envernizada pela saliva
tóxica que hidrata os
beijos que cospe para
teus fãs, partidários da
mesma patologia da
psique da tua alma podre.
O brilho dos teus olhos
claros revela a escuridão
que traz a luz torpe
que irradia de ti,
teu corpo perfeito que
cabe perfeitamente no
molde da padronização
das coisas, dos corpos,
das auras e das crenças.
Tu és celeste e divina és
tu, criatura dos céus,
do céu de onde há de vir
o devir, vir a ser a queda
da divinizaçao da tua
imagem e semelhança.
Que caia do teu céu o
falso azul.

sexta-feira, 4 de março de 2022

Destruição

O pior jamais passou,
ainda há guerra dentro
de mim,
ainda a guerra do lado
de fora está viva, ativa
e voraz...e faminta.
Ainda há fome, miséria
e frio, dor, desespero:
A criança já morreu;
O idoso já morreu;
A mulher já morreu,
duas vezes ou mais,
somente hoje.
A humanidade já matou,
o Homem já matou,
já matou rios, florestas e
oceanos.
Mas Deus resiste e mesmo
sendo completamente
incapaz, indiferente e apático,
dizem que será o último
a cair.
Que venha logo a queda,
o céu abaixo,
e abaixo a ideia de outro
Deus à semelhança do
Homem outra vez existir.

Domingos à míngua,
do míssil à missa,
à risca omissa a fé
cega pela paz
prega a guerra.

Branco mata branco
depois de ter matado
todos os outros povos,
todos os outros deuses,
todos os outros
diferentes deles,
outros tantos que jamais
seriam como eles, 
má sorte...
pois pela grandeza do ser
puseram todos à mesa e
serviram em brancos
pratos limpos a
aguerrida morte.

terça-feira, 1 de março de 2022

De Gesso e Paixão

Vésperas do dia que
antecede o dia que
será a véspera do dia
que persegue o dia
que virá:
-detesto desejos possíveis.
Eu de carne e osso no
trono, de alma elevada,
e Deus, o Deus de gesso
no tronco, de corpo
marcado, pronto para
morrer por mim,
eu senhor do Deus de outros.
Mas o que quero com um
Deus que não me tem e que
não me pertence?
Eu quero tê-lo
Eu quero sê-lo
Eu quero matá-lo,
eu quero tudo do mesmo 
modo como Deus pode
docemente me amar,
pode, mas eu amargo e não amo.