sábado, 24 de fevereiro de 2024

Heartbreaker Soup

Com meus punhos cerrados
minha cabeça empunha impulsos
violentos em pensamentos que
pedem a queda do universo,
do universo todo e a ascensão do
sub-solo, desde o círculo mais
profundo do inferno até a
superfície do solo que meus pés
tocam com passos rápidos e raros,
e de extrema violência minha
caminhada urge o grito
oriundo do mais profundo silêncio:

Como vulcão que cospe lava
eu cuspo em deuses e
também na outra face
escarro na cara do cara
que desce da cruz e
concorda comigo que nenhum
Cristo sendo Jesus ou não
merece ser crucificado.

A queda em aquarela do céu,
mais ainda, a queda do dossel
do céu pintada em aquarela
exposta em vitrine viva na verve
das veias que trazem meu sangue
vermelho de raiva com ferro nas
mãos pronto para a batalha.
E épica, épica será nossa história
quando em um futuro próximo
distante de ser utópico sublinharem
no calendário o dia em que
deixamos de ser aspirantes a
Deuses e nos tornarmos de
novo animais gloriosos.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Confidencial

Quem foi que disse que não seria assim,
que disse que seria fácil, quem foi que
disse que haveria propósito antes do ou 
até o fim?
Toda mentira, toda proposta, toda esperança...
Todas a mesma rapsódia, história mal
contada, a mesma prosa hedionda,
a mesma análise estapafúrdia sobre
você feita pela crença e o desespero. 
Ninguém nunca jamais disse que a vida
é boa, não é, nunca foste, o problema 
é que muitos alguns pensam ouvir o
silêncio. O silêncio nada disse, pelo menos 
não desde a criação de Deus pelo Homem, 
e no último sussurro ele disse, imperativo:
Faça em tua imagem e semelhança, 
faça em tua homenagem. 
Já fui melhor, hoje sou só ruim,
disse-lhe em segredo o Homem.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Eu resisto

Quando criança 
me tornei ateu
quando meu pai
morreu.
Hoje minha filha 
é meu pai
e eu sou um Deus.
Ainda...Existo...

Supra Prazo

Ultimamente é um passado recente 
do mesmo modo que daqui a nada é
um futuro muito próximo, por vezes
um tempo já dentro desse mesmo
presente. Porém, ultimamente, 
quando digo que ultimamente tem
se esperado muito para daqui a
nada, o tempo já se acha bem
mais distante entre os pontos.
Ultimamente já é um passado 
remoto e daqui a nada é um 
futuro cada vez mais longe.
Quanto ao presente, nele o tempo
é sempre incerto e por isso
eternamente o mesmo.
Em suma, espera-se muito por
quase nada sempre na urgência 
absoluta de um daqui a pouco
interminável. 

Meu Deus Errei

Se libertar, destino comum de
todos os espíritos livres, sabe?
Ironia Universal...
Adeuses Reis, 
Adeuses Reis:
Mantra para um não permanecer, 
quando ficar é escravidão. 
Liberdade em adeuses reis, 
adeuses reis.
Diga adeus e vá embora.
Com determinação e muita força 
de vontade um único adeus basta, 
muito embora adeuses vários 
também nunca foi problema.
Veja, diga quantos adeuses quiser
e que assim seja. Erro é fazer
morada onde você não cabe.
Sem mais certezas, porém, ser
mais que talvez, se é sim ou não, 
tanto faz, mas seja você um Deus
também, ou então Deus algum importa.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Nuttalliella namaqua

Em uma noite dessas sonhei com um
Deus adicto que cheirava purpurina,
diluía em éter porções de arco-íris e
injetava direto na veia do seu braço 
mais poderoso, e com a mão desse
                                                        [braço,
enquanto amortecia, acariciava a
humanidade como quem acaricia um
filhote de gato.
Nesse adorável gatinho um carrapato 
se escondia e sempre picava os dedos
de Deus. Eu era esse parasita.

Ultrarromantizado

Como nunca
antes ainda...
Se eu morrer
de amor um
dia que seja
nessa vida.
Diferente de
outras 
existências
perdidas,
quando muitas
vezes tentei 
viver de poesia.


Dito Cujo

QuandoVocê 
é Você, 
Você Quem
É?

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Quanta

Jamais ser comigo mesmo
um desalmado. 
Quando é ruim querer mais?
Um Quantum,
um Plus,
um amais.
Mas não demais,
pelo menos não 
por enquanto. 
Apenas o necessário, 
uma caneta, papéis em
branco e minha cabeça. 
Um poeta sem a sua pena 
é um sujeito desarmado. 
E para àqueles que sempre
querem mais, que briguem
pela minha alma 
Deuses e Diabos.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Vs

Odeio todos os
versos
servos
da métrica
como abomino 
o mundo todo
escravo da
máquina. 
Tragédia!
Como alguém nesse
mundo horrível 
eu sou da mesma
inspiração poética 
de antigos poetas
que jamais foram
subserviente a nada.

Carne e Sangue

Rasgarei elogios à tua 
Carne com a verve 
afiada da lâmina da
minha poética cortante.

Cuspirei na cara de 
imagens de santa
semelhança:
Pujança! Pusilânime!
daquela onipresença
constante sempre
fora de área,
omissa e isenta.

E que sangre e que
o Sangue se derrame
por onde for ressuscitar,
eternamente.

E mataremos, e
mataremos de novo e quando
perguntarem quem somos,
digam que somos Cristãos,
que somos Cristãos vermelho
sangue.

Amor morrer

Viver de ti e 
morrer de
amor. Viver
por mim e 
de amor morrer.
De l'amour à la mort...
Jamais
nunca mais
deixar de viver,
viver do amor,
do amor sobre-
viver, e, sobre
viver o amor,
eu vivo por ti,
senão me mato
por esse amor.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Xadrez

Ainda quase meias inverdades.
E de real mesmo somente 
aquela mea culpa que nos 
condena a consciência por
inteiro: Ah! A Vida...
Um tetraplégico envolvido 
até o pescoço, prisioneiro 
dos seus pensamentos cara-
metade dos (seus) invariáveis 
movimentos de la muerte. 

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Intitulado Poema

Várzea Verso Vinho
Voz Vulto Vão!

O passado em cartaz,
ao vivo, passando...
e quando vier (há
tempo?) ver ainda não 
aconteceu:
Siga, vade retro!
permeia pelo presente 
um tempo novo vindo
de acolá como fóssil. 
Houve antes e quando 
quanto mais procurar 
mais à frente descobrirá 
que corre consigo o
instante que lhe revelará 
que sempre foi tempo de
ser. Revolucione-se...mpre...
ainda há jeito de fazer de
conta acontecer.
Defina quando nunca mais
para jamais deixar de deixar
de ser, ou será pela eternidade 
um sempre que já se foi,
um e se...(?) um quê de
tanto faz, pois nunca fez.

Urge o Grito

Calo. Como emudece o Céu.
E quando calado, este silêncio 
é Deus.
Então eu grito, declamo um
protesto, vocifero, e minha voz
é o Diabo.
Caro, como um Inferno incomum,
quase raro, e quando errado,
esse erro é meu. Assim como
quando convém a eletricidade do Céu 
depende muito da tempestade que  
cai, e muito do silêncio que flui ao
redor depende também do 
tamanho do grito: e Eu Berro!

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Valsa em Si Maior

Em falsa valsa
baila o coração 
que dança.
Danço ao som 
de um vil
silêncio abraçado
aos meus braços 
vazios.
E a loucura que
parece ser
romântica é mais
que verdadeira,
e se é
ultrarromântica
a loucura que se
parece com 
desespero é em
desespero romântico 
que me apetece hoje
Ser. E em si e só?
Jamais!
É solidão em solícita 
solitude: 
Dialética Didática.
Em falsa dança
baila o coração 
que valsa.
Falseia versos 
em cio imerso 
sobre o próprio 
ser...ser a se
enveredar consigo 
em abrigo dançar:
E Dançamos!

S/A

Todas as verdades absolutas que
conto são para sustentar minhas
M E N T I R A S            F A L S A S.
                     Eu finjo que
                     não sei sobre
                     as coisas da
                     vida, mas eu 
                     sei.
Eu sei que o suor, lágrimas do meu 
corpo, o suor que derramo de tanto 
trabalhar não possibilitará que     a
minha velhice seja mais   tranquila 
do que essa minha gasta juventude 
cansada. Eu sei.
                      Eu finjo que
                      não sei sobre
                      as coisas do
                      mundo, mas
                      eu sei.
Eu sei que meu salário são minúsculas 
arestas aparadas do imenso lucro     de
vida eterna dos donos dos meios       de
produção, e meu salário é mínimo,     é
curto como minha vida breve é.

O Patrão é Imortal!

Todas as verdades falsas que
contam são para    alimentar 
M E N T I R A S/A B S O L U T A S.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Vários Girassois

Havia um vaso vasto,
um vasto vaso vazio.
O viam sempre lá, 
todo o mundo o mundo 
todo se via no vaso, 
se viam vazios, vazios
como todo e qualquer 
átomo, vazios como o
vaso. Um dia um vento
vindo do norte derrubou 
o vaso. O vaso quebrou,
e todo o vasto vazio do
interior do vaso foi-se
com o vento, o vento,
diziam mais tarde, veio
colher o vazio do vaso, 
vazio este que estava a 
madurar. Um dia a morte
virá e fará o mesmo com
todos que viveram como 
o vaso, a morte como um
sopro forte de vento levará 
as almas vazias de todos. 
Tudo é vazio entre vida e
morte. Como os átomos são 
dentro de todos nós. 
Porém, quando já se pensava 
que o poema acabou,
alguém muito justo foi lá 
e remendou o vaso,
colou
caco por
caco com
cola quente. Consertou o
vaso e no seu vasto interior 
vazio plantou vários Girassois. 

aut viam inveniam aut faciam...

Olhar Errado

Rumores sobre o fim da vida
existem desde antes do nascimento. 
-Deus, desse modo como posso viver
sem pensar na morte?
Eu deveria mesmo é pensar em Deus, 
mas Deus também pensa sobre a
morte de todos, e todos estão com Ele
enquanto Deus orgulhoso joga contra.
Bem feito!
Ontem estive a olhar para o céu, 
estive disposto a deixar Deus lá 
de cima me ver, mas percebi logo
quando ele me ignorou. Bem feito.
-E se meu Deus for do subterrâneo e
não do firmamento?
Da próxima vez dirão que a culpa é
minha, mas será apenas rumores,
lembrem-se
que antes de nascer já surgem rumores 
da tua morte. No entanto, morrer todo
dia é o que não nos dizem, mas eu morro
diariamente enquanto penso na vida.
Bem feito!
Quem me dera apenas pensar nos 
rumores, como poetas que só pensam
em poesia, poesia que é vida, poesia
rumor de poema e poemas que só 
cantam a morte. 
Quem dera fosse Eu um poeta...