quarta-feira, 29 de março de 2023

Pranto

Se não houvesse
chovido
agora há pouco
eu diria
que irá sorrir.

Soneto

Eu vou fazer quarenta anos e daqui a pouco
querer ascender mais um cigarro à boca,
acender um cigarro e, satisfeito,
querer viver, pois sei que a vida é boa.

Daqui a pouco quarenta anos
a quase mil ou não por hora.
Daqui, a pouco tempo, eu sei
que sempre a eternidade se demora.

A morte é pouca para tanto tempo,
quarenta anos daqui a pouco é quase
nada, e qu'eu vença mais quarenta anos.

Então quando fizer oitenta anos
vou escrever um soneto, como esse, 
e depois morrer, senão antes.

terça-feira, 21 de março de 2023

Poesia Punk

Escrever alguma coisa agora
ou calar-se para sempre.
E calar-se para sempre
lendo algo escrito agora é
jamais.
Impossível! Nunca foi feito.
Eu Grito Eu (como sempre)
Berro!
Mas nada escrevo agora.

segunda-feira, 13 de março de 2023

Miséria Romântica

Quando eu volto para namorar
meus versos como um poeta 
deprimido faminto procurando
alento:

Apaixonado...!

Quando eu volto para ler para
namorar meus versos.

Quando eu vou embora
minha ausência 
fica como alimento.

quinta-feira, 9 de março de 2023

Ultra Obtuso

Cocaína viciada em mim,
e o meu cabelo punk
inspirará tribos indígenas
norte americanas um dia.
Todo meu roquenrou para
fazer dançar por dentro
meu cérebro ao som de
Beethoven, e de bengala
nova minha velhice se
apoiará em toda juventude
possível enquanto jovem.
Disciplina dissimulada enfim,
a poesia ultra, passada do
mesmo eu de sempre para
todo o sempre agora
para mim.
Prometi ser claro e 
objetivo nesse obtuso poema,
mas eis que nesse instante,
logo a frente, e acerca disso
tudo, surge o tal do interventor
do fim.

quarta-feira, 8 de março de 2023

Talvez Outra Vez Jamais

A manhã de hoje me disse:
 o nunca mais de ontem
 existe na mesma sintonia
 do talvez de amanhã.
Hoje eu apenas vivo e
morro também.

Eis a Morte, presente do tempo,
porém,
será que jamais talvez (a manhã)
outra vez?
...e o amanhã que tarde.