terça-feira, 31 de março de 2020

Conquista

Rasteia verme,
vai, rasteja até
ser crisálida.
Humilha-se se
esforçando se
preciso for,
mas vá, siga.
Poderá descansar
quando for a hora,
mas até lá não pare,
não desista, pois
quando tudo isso
passar, estará a
voar pelos ares
desfrutando tua
c o n q u i s t a.

Elisa Bela Feiticeira

Elisa, eclipse de luz e poema,
lua super, nova cheia, cheia,
nova estrela. Elisa, eclipse do
sol que se avizinha,
Elisa inquilina da noite, luar
dos dias de sol, do sol que
medita distante em elipse
afora, como poesia que se
esquece e decora, devora
Elisa, versos e invernos
inteiros, e o cinza do outono
na íris dos olhos verdes que
o azul assola. Elisa musa,
moça bela inteira, Bell'Elisa
eclipse de luz e poema,
super lua nova,
cheia nova estrela. É ela,
Elisa a beleza, é ela a graça,
a magia é ela, Elisa a musa
de si mesma, de si mesma
pro todo e pro sempre,
dona do antes, diante do
tempo de antes de si mesma,
e Elisa quando outrora em
la Belle époque, já toda ela
era aquilo tudo e é ela o todo
agora. Elisa em si semeia amor,
amor que em si enseja amores
e outras juras de muitas crenças.
Elisa em ser amor é cheia,
é toda, é esplendor, é plena.
Elisa Belle, boa em dar amor
de alma inteira. Elisa, eclipse
de luz e poema, é divina é
devir de uma decaída beleza,
como Lilith a primeira.
É céu em fogo,
inferno em gelo,
e é só Elisa a Elisa que é
toda ela a mesma. É só ela
simples Elisa,
assim sendo musa
porranenhuma,
é bruxa Elisa,
Elisa, a feiticeira.

segunda-feira, 30 de março de 2020

Sacerdócio

Meu coração se debate no peito
como um louco em camisa de
força, ouve, rebate e discute,
discorda do sangue vermelho
raiva, e se em taquicardia pede
calma,  é porque quando calmo
era só irá por dentro.

Meu coração louco semeia sanidade
em campos estéreis e,
faz-se mea culpa à loucura da cabeça
debatendo com a razão de pensamentos
férteis presos em campos de força.

Minha consciência é um hospício de
minha lucidez platônica, apaixonada
pela voz do meu coração rouco.

Meu coração é um poeta de
versos fáceis e sacerdote de
sentimentos profundos.

Lama

O ápice da queda é o
chão.
O chão é a base do
salto.
O ápice do salto é o
céu.
O céu é a base da
chuva.
A chuva é descendente do
chão.
O chão é a base da
vida.
A base da vida é
terra e água, ar, sopro...
barro.
O barro é ápice do
chão.
O chão é o ápice da
queda.
Da queda o céu é a
base do salto.

sábado, 28 de março de 2020

O Planeta e Eu

Eu não quero mais ser Eu.
Quero ser um Cão,
uma Árvore.
Quero ser a Razão da Chuva
que caiu,  a Paixão do Fogo que
arde.
Eu não  quero Mais,
quero Menos,
quero o Nada de Tudo,
e de Tudo Eu quero
Nada Mais.
Eu não  quero ser Mais eu
ou Outro, outra Pessoa ou
outra Forma de Vida qualquer.
Eu não quero ser Vivo,
quero ser uma Rocha,
uma Praia, um Grão de areia
ou um Meteorito.
Quero ser um Asteróide
explodindo pelo Contato
com toda Forma de Vida
iludida desse Planeta em Pé,
de Giros ensaiados e calmos,
mas de tanto Girar esse
Planeta um dia ainda irá
ao Chão, irá Cair e
irá Flutuar e então Dirá:
- Eu não quero mais Ser eu.

Íngreme Olhar Abaixo

Alma mater!
Vida íngreme.
A existência poética,
o existir expressionista
é todo tristeza manifesta
e declarada em alegrias,
em alegorias da alegria.
Existir e Ser, é ser a forma
física do sempre, de tudo
quanto és e sente é
você existindo diante de
tudo aquilo que condena
e odeia. E repele e re-
sente. Percebe que você
está todo impregnado
por todo o pardo da pele
dos vazios do ambiente.
Você apetece ao vil,
você contamina.
Só sente amor por
amor e quando não sente,
representa-o em mímica
minimalista, para si.

Morte íngreme.
Vida baixa.
Eu vou até o céu para morrer,
vivo a querer subir para morrer
para não ter que viver aqui embaixo,
e se vivo, quando vivo,
eu sou tão cheio de vida
que vicío e contamino
o vazio do ambiente
escondendo-me nele
e fazendo da vida um mundo divertido
que não quero.
Eu não quero o que me prende.

                                   ||

Entre um espécime Sápiens
e um Deus criador,
a consciência e o plagiador
de vidas, o cientista...e o inventor.
A consciência (já) descobriu e
não sabe, descobriu o que não sabe,
e o que (já) sabe, desconhece.
A Ciência  Desconhece o que Não Sabe.
O criador, sabe-se que ele é o
desconhecido...inventor.
E o espécime Sápiens é a sintaxe.

A verdade ignora a existência do
pensamento humano e segue
existindo. A verdade absoluta sobre
todas as coisas, e sobre as não coisas,
a metafísica vai nos idudindo.
A filosofia desconfia e ignora a
verdade absoluta. Desconhece que
é a verdade absoluta,  mas não sabe.

                                   |||

Você exposto à forma física do sempre,
a forma empírica  do tempo
é a vida vivída,
o tempo é o sempre,
você é a forma física,
ora você,  ora outros,
ora outros que virão
e tantos que (já) morreram,
tanto faz, nunca fez a menor diferença,
não faz...
você vendo tua imagem no espelho.
Por dentro você é diferente,
só sente amor por amor,
e quando não sente,
não sente e não há amor.
Inocente você não sente nada por isso.
Tua imagem sente,
é diferente por dentro,
diferente de ti,
representa tua existência em
mímica minimalista, para vós.

                                   IV

Às trevas a luz e não há mais sombras,
como o sol e o vazio completo,
a luz percebe-se na sombra daquilo
que ilumina,
e  se  há  um  Eu  no  vazio  completo
então  a  l u z    a s s o m b r a.
A sombra do vazio completo sou Eu,
a imagem física do sempre,
o sol é o espelho.

Alma mater.
Universo íngreme.
A existência  é pardacenta
e imune a morte negra,
mas a morte é parda também,
mata por matar e quando
não mata, representa a morte
em mímica minimalista
para a vida ensimesmada.

                                  V

O espécime Sápiens
criador de deuses e mais deuses
inimagináveis, todos passam o
tempo competindo entre si para
saber que irá caber no molde
exato da unicidade.
O espécime Sápiens é único e
por isso quer para si um Deus
que seja singular unidade,
um Deus diferente por dentro,
pois o espécime Sápiens quer ser Deus,
Deus da sua própria natureza e imagem,
senhor da sua existência expressionista
e de tristeza poética.
O espécime Sápiens quer voltar e
subir a árvore para não morrer,
subir para não ter que viver
aqui embaixo.
                                 
                                   VI

Quando o céu olha para o chão
o chão é o espelho;
Quando o chão olha para o Céu
o céu é o espelho;
Quando os dois cruzam os olhares
os olhos que se olham são o espelho.
Mas jamais queira que tuas
inflexões sejam as reflexões de
outrem, tua esperança pode vir
a ser desespero, e a certeza afirma
que toda esperança é desespero.
A esperança de toda certeza é
um dia duvidar de si mesma,
percebe-se que isso hoje é
desespero. Mas é diferente por
dentro, por fora é a palavra,
por dentro é a sintaxe.

Altar a Vida para o sacrifício,
Vida baixa, Vida íngreme.
Morte baixa, morte, nobilíssima
morte, mais nobre do que a vida,
nobre por querer ser a vida,
a vida não suporta a morte
mas é por ela apaixonada,
a vida é nobre por amar,
esse amor por amor, pela mor...
e quando não sente,
morre...morre,
representa-o...o amor,
o amor que cuida, ensina,
nutre e mata...
toda vida morre por amor.

sexta-feira, 27 de março de 2020

Jamais Possível

Abstinência dos vícios
de uma existência ilusória,
utópica e futura,
vontades e desejos do
ainda não, da ausência,
saudades do futuro,
do demorado amanhã que
nunca chega e que pode
acontecer a qualquer
instante,
a partir desse momento,
jamais acontecer.
Mas o que pode ser jamais
também pode ser possível.

Uma Existência  Jamais Possível.

Como uma Terra prometida,
perfeita,
um tempo perfeito,
prometido,
para destinos em crise que
acham que a perfeição  é um
erro e que promessas mentem.

Bom mesmo é Ser (!?),
existir ontem e guardar
um pouco do agora
para amanhã,
pois um futuro toralmente novo
jamais será possível. 

quinta-feira, 26 de março de 2020

Desamparo

Endossa o sal,
das lágrimas,
das espumas
das ondas
dos mares,
dos oceanos
dos olhos
que choram.

Endossa o sal
do suor da
febre,
endossa a tese de possível morte,
de vida provável, e improvável
pós-morte, vida.

Endossa o desamparo a esperança,
dosa a esperança um quanto do
quanto devemos sofrer,
tempera a existência e na
receita amarga de viver...e
amar..., deuses e destino endossam o fel.

AntiCorpus

Imunidade Humana,
Humanidade Imune.
A saúde dos Homens
é Letal.
L e t a l,
pros Homens,
pros outros Animais
e Plantas,
risco para a
Natureza e Planeta.

A Humanidade Saudável
é Mortal!

Todos morrem,
Tudo morre.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Ainda há

Então ainda há tanto a escrever,
mesmo depois que todos teus
poetas preferidos morreram.

Há ainda muita vida a viver
mesmo depois de tanta morte,
e a morte também, ainda há tantas,
mesmo depois de todas as vidas idas.

Até amor ainda há,
aos muitos,
aos montes,
porque ainda há muitos
poetas a morrer.

domingo, 22 de março de 2020

Escurado

Remédio ontem,
hoje ex-cura,
a noite placebo
agora só faz
dormir.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Iminência Poética

Antes que amadureça este
poeta verde em mim,
magna poeta que o destino
diz que doravante serei,
já apodreceu a poesia.
Mas é de frutos podres
que se faz o húmus que
fertiliza o habitat dos
gérmen de novos versos,
cromossomos super
desenvolvidos de rara
poesia, estímulos e
princípios ativos de
poesia ainda não nascida,
mas já senhora absoluta
nesse quase poeta, velho e
imaturo, que existe em
iminência poética e em
eminente profecia.

quarta-feira, 18 de março de 2020

Inconversável

Versado e
d e s c o n v e r s a d o,
desconversando converso,
com versos confesso:

conservo confuso meu
palavreado para dar uma
de desentendido quanto
ao sentido dos meus
versos confessos...mas,
também reitero sempre
o nonsense daqueles
convencidos, os versos,
inconfessáveis.

Ateus Pés

Ateus passos a teus pés,
caminhando à toa, a toda,
a teus passos, ateus pés...

Caídos, Decaídos,
Trôpegos, Sinceros
e Soberbos: Autônomos!

-Ah Deus, meus pés são
 mesmo livres em todo
 ir e vir, se estão presos
 ao caminho por aonde
 andam?

O vale da sombra e da
morte é o mesmo vale
da luz e da vida,
o passado e o futuro
são sempre os mesmos,
só mudam os presentes,
mudam os pés que por
ali pisam,
mudam os passos de
convivas dissidentes.

sexta-feira, 13 de março de 2020

Reticente Álibi Poético

Num poema de
versos cortantes
como lâmina que
fere e dilacera,
e em uma poesia
com citações fatais,
o etc dispensa-nos
de irmos até as
últimas consequências...

e dizermos demais.

Silencial

Cala
a vós
a voz
o
silêncio,
e
fala
a vós
a voz
do
silêncio,
eis o
antídoto
e a
antítese,
o tom e
a imagem
do som
em
ausência.

Desacredito

A crença em Deus
é uma clássica idéia,
mas mesmo assim
não deixa de ser uma
tese.
Eu (des)acredito na poesia,
não sou cientista,
nem quero a antítese,
sou eu apenas poeta.

Porvir

Contra o Fracasso,
contra a Matriz
e o Establishment,
contra o Sistema,
contra o Descaso
e as Mazelas do
Estado.
Contra as Religiões
de Deuses, Anjos
e Diabos,
Santos e Homens
cristãos todos tão
horríveis e
odiáveis.
Contra a Sociedade
totalitária e
globalizadora de
tudo e de todos e
de tanto e tanto
que de nós como
indivíduos únicos
resta pouco ou
quase nada...
éramos Aristocratas,
todos nós, em nós
mesmos, hoje somos
Massa de manobra,
somos Populaça.
Contra toda essa
Humanidade
destruidora e
catastrófica,
dissimulada e
horrenda,
sombria e hipócrita.
Contra toda a Sorte
de muitos Azares
da vida que
certamente ainda
estão por vir e
pro porvir que
virá ávido,
enquanto Eu vivo,
somente a Morte
como Contracultura
válida é capaz de
me fazer sorrir.


quinta-feira, 12 de março de 2020

Cais

Lástimas Ás,
mais e mas,
lágrimas sais,
cais, os olhos
caem chorando,
murmuram ais,
um porto só
de adeus,
adeus pras despedidas,
amores e males
lançados às ondas,
à mares de
ondas que levam,
e...levam os erros
pras águas profundas
do nunca mais.

Cocaína

Querer o todo
e o nada,
querer o fogo
e a chuva,
tudo ao mesmo
tempo,
sobre o plano e
sobre a curva,
no mesmo
ponto e instante...

O Obsscuro e a Branca Pura

Eu quero o sol
Eu quero a lua,
e a aurora
dissonante
logo após uma
longa e agridoce
noite escura.



terça-feira, 10 de março de 2020

Infinitesimais

A civilização humana,
toda a nossa Humanidade
e o raciocínio Sapiens,
a ciência, a filosofia,
e o nosso desenvolvimento
ultra tecnológico.
Parece muito tudo isso
amontoado nesse
planetinha pálido azul,
mas se espalhar e
dispersar todo esse
nosso histórico
existencial pelo cosmos
afora,
perceberá que se
reduzirá isso tudo
a partes menores do
que as menores
partículas de
poeira cósmica.

segunda-feira, 9 de março de 2020

Potência

Minha quietude
é sempre
i n q u i e t a ç ã o,
dentro da sua
timidez devota
do ascetismo,
revoltada e
meditativa,
está sempre em
contato consigo
mesma,
e com o si do cio
da sua busca por
tudo o que for
imensidão e
densa grandeza.

sexta-feira, 6 de março de 2020

O óbice e o óbito

Eternidade temporária
com prazo indeterminado,
corre, decorre,
discorre sobre o quando,
e vai-se, esvai-se
pelo tempo,
por sobre nós,
sobre nossas
existências infinitesimais,
que duram pouco,
que duram tanto e
que a qualquer momento ou
a todo momento
uma infinidade de possibilidades
nos acomete e assim se
sucedem sem o menor decoro
nem escrúpulo, nem nada...
O destino, o devir, o acaso,
o declínio, o porvir, o ocaso...

Morrer diariamente
enquanto estamos vivos, viver,
e quando morrermos,
talvez quando morrermos,
a vida faça algum sentido.

Eu em mim e Deus nele

Existimos sim e não,
um e o outro,
existimos juntos,
separadamente,
como o sim e o não.
Eu acredito em mim,
ele acredita nele, em si,
e desacreditamos
um do outro,
ora sim e outras
horas não.
Às vezes, quase sempre,
somos avessos, amiúde,
mas resistimos e persistimos
assim, até o fim,
um pelo outro...e honestamente
tanto faz que em algum
momento algo em nós mude.

Apossa a queda

Eu preciso de um Deus provisório,
somente enquanto dura a tormenta.

Um Deus reciclável que eu possa
reutiliza-lo outra vezes diante da
natureza de qualquer problema.

Eu quero o céu para voar,
o chão para pisar,
e o fogo para vê-lo arder.

A noite para a merecer eu quero
um dia todo para descançar,
quero o sono para dormir e
a insônia para acordar,
e quando da janela eu puder ver
a tempestade chegar,
que Deus me diga que é só
chuva, chuva para eu após
a queda, uma outra vida colher.

Instituto

Eu fundo meu próprio poço
e nele afundo a cada dia
ao preço dado do meu próprio
esforço.

A fundo cada vez mais ao fundo,
indo, descendo vasto,
distante...

Lá na superfície eu só vejo um
halo, como quem olha para o
céu com os olhos fechados,
mas não há clarão,
assim como não há razão sem
fundamento,
há só esse poço sem fundo,
essa minha alma subterrânea,
uma fundação...infundada,
talvez...
um desalento,
um instituto.

quinta-feira, 5 de março de 2020

Amarianas

Felicidade é estar
a amar a Mariana,
que tamanha
beleza d'alma me
filosofa sobra as
Abelhas, Borboletas
e Joaninhas.
E eu ao vê-la,
observando-as,
sinto-me extasiado
e honrado por estar
naquele momento
amando-as, tanto,
que confundo o
amor por entre
almas e asas,
leves e frágeis,
mas sobretudo,
todas
imprescindíveis
para toda a vida
admirada que
sobre elas se
derrama.


terça-feira, 3 de março de 2020

A morte a manhã

Logo cedo
hoje o dia
é só uma
vida ruim.
A morte
amanhã
(a manhã
amor te...)
será um
dia melhor.