segunda-feira, 16 de maio de 2022

Frágil Brutal

Eu posso ser o que eu quiser,
e o que não quero jamais.
Como uma pedra a rolar,
meu tempo existe no espaço
que eu caibo para ser o que
for desde que eu seja,
e isso enseja que eu saiba o
porquê do jamais daquilo que
eu para mim não quero.
Não quero ser no espaço tempo
que minha existência não cabe,
eu quero ser o que o tempo sabe
o que eu quero.
Eu ser o que quero
eu quero ser,
jamais o contrário,
assim desejo mais o não ser
do que o que espero,
não posso existir,
não meço existir no que sou
na medida que me deram.
Existo para ser na medida da
vontade brutal que o frágil tem
de ser eterno,
existo para transcender no
espaço tempo que eu caibo,
na vontade legítima que a
eternidade tem de expirar
e de ser frágil.

Sísifo omito em mim
nos arrabaldes da rebeldia
da recusa de insistir no mesmo,
eu insisto na recusa e me
vejo nele quando ele se
reconhece em mim,
escondido, como eu, revelado
pro pronto para me revoltar
com um adeus a esse mundo
e deixar de chegar ao topo
para lá de cima me lançar.

Mas eu morro antes de aceitar o fracasso.

Faz parecer fácil o existir
quando não se tem de viver
em dobro para ser.
Eu não sou, nunca fui,
e tampouco quero ser,
mas não aguento mais carregar
essa farsa montanha acima
vida agora,
busca adentro.
Eu sou o nunca dessa afirmação,
o sempre,
eu sou agora mesmo o não,
a semente da ilusão para
jamais da árvore da vida cair
o fruto da certeza, tola, que só
acredita no que acha certo.
Não quero dar frutos da razão,
nem ser Deus nem Serpente,
o que eu quero da existência é
de natureza desconhecida ainda
e eu duvido  em vida um dia
descobrir. 

Quero fugir nessa vida das razões para morrer.

Mas a vida apenas também não
me basta, tampouco a morte.
Ser um Deus Serpente para deslizar
pelo agreste do éden fugindo buscar,
empurrando com a barriga,
fingindo fugir e temer ter de voltar
para partir de novo, pois o de novo
é o mesmo e o mesmo não é novo,
e se novidade é o desejo eu devo ser
sempre construção, ser sempre 
imaginar.

Ser no estro do existir, Revolução!

Crer que se pode sobre o
conservadorismo das coisas,
desacreditar...e o progresso
um caminho sem volta para
o fim de então tudo que há.

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