sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Caos-Cosmos

Quando o óbvio for raro,
a lógica escassa, me acordem
quando toda a Ordem for sádica
para quem a manda cumprir,
quando o entardecer não
for demorar, que a noite seja
longa por nós, por aqui, por favor,
para quando você me perguntar se
eu te amo que eu possa dizer sim
sabendo o que é o amor.

Quando em profundo silêncio
você perceber o novo que o
novo perceba-o também,
profundamente, e que na troca
de olhares que tua fé cega não
se cale, não se omita diante das
novas possibilidades iminentes
e eminentes, imanentes, porém.

Que não haja mesmices nem
novidades obsoletas, não haja
canalhice nas propostas do destino
postas sobre a mesa, posta por
você. Que nos sermões da montanha
a única ordem seja 'LIBERTE-SE,
FAÇA, CRESÇA'.

Que a vida de fato vida seja,
me acordem quando a existência
humana for poesia e música,
enquanto for tragédia, podridão
e drama, que um pouco de Deus
eu também seja, que o oco em Deus
eu complete e preencha,
que seja homogênea a existência
dele e minha crença e devoção.

Tristes foram os
dias que foram
testes para dias
futuros,
dias que foram
apenas
simulações de
dias piores que
virão, e assim
pessoas piores
verão tais dias
odiosos nesta
evolução
caos-cosmos
de caráter
puramente
simbólico em
desconexa sofreguidão.

sábado, 19 de janeiro de 2019

Haja amor

Amar,
ah!
amarga mágoa,
amálgama maldita
dita maravilhosa.
Há mar,
há sal,
azar às asas que
sobrevoam, que
voam por sobre
amar, pois amar
é mau, é mal estar
estar a amar,
mas o que valerá
afinal no final se
não amar,
o que nos resta
agora depois de
tanto mal se não
amar?
Amemos então
tal dom dado a
dor, pois há
e não há,
a menos que
não haja
amor, assim aja
a amar,
a mim haja amor,
e em mim aja já.



sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Pulha

Ele insta à barba hirta
em face braba ultra que
seja brava e longa e
amiúde assimétrica pura.
—Blasfêmia! a barba
acusa—serei em tua cara
como fui na de Jesus,
barba apenas, maldito
pulha.

Intemporal

Meu arcaísmo vai contra a globalização,
evitar as massas, as redes que a
sociedade lança para te fazer presa
da sua autoridade universal.
Minha solidão quer andar só,
quer tempo para ser só o tempo todo,
ou talvez por meia eternidade e meia.
Uma árvore, uma caverna me apraz
mais do que uma multidão de faces
debeis que no final dos braços já não
há mais mãos mas sim apenas celulares,
dedos de extremidades evoluídas para
deslizar sobre imagens de semelhantes
mesmos deslizando dedos sobre as
mesmas imagens.
Meu altruísmo quer aniquilar toda a
sociedade, ajudar-vos a pôr fim a
feliz ideia alheia carregada duma
acadêmica mediocridade.
Quero a ignorância, a estupidez das
rochas, dos rios, sabedoria
das raízes profundas de velhas árvores,
queria ser da chuva a felicidade da queda,
das cachoeiras as quedas, as águas frias
sonoras que no interior do intocado
ressoam pelo silêncio afora, inauditas,
quero isso sempre e agora.
Não suportar o tempo em que se vive
por não compartilhar nada que esteja
em voga, não querer contemporizar
com os semelhantes por não haver
iguais como penso que poderia existir
outrora.
Feliz é o vácuo do universo que valsa
com a matéria escura por intermináveis
galáxias púrpuras e rosas.
Meu arcaísmo vai contra a coalizão,
pois nada nisso tudo tem amor próprio
o suficiente para fazer frente à soledade
viva da minha castigada solidão.
Que o futuro seja duro para quem busca
profundidade em querer ser multidão,
que o futuro seja agora para os que são
de agora para eu ser presente póstumo
revisitado neste atual mundo tecnológico,
e toda hora matam o passado para serem
autômatos de outros que virão.


Fauces Hiantes

O silêncio em
fauces hiantes gritou-me
ao ouvido:
'cala-te a boca
pequena, oh tagarela
rouco ruído'.
Eu aquietei-me em mim
e o eco de tudo que
calei ainda grita repetindo,
'cala-te a boca
pequena, oh tagarela
rouco ruído...'.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Você

Colonizado e maldito assim:
pardacento e feio,
canalha e sujo, mau
e egoísta,
oh vil espelho,
por que trazes
tanta imundície no olhar
a olhar para mim?

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Karma Drama

Eu poderia voltar ao tempo
em que queria ser muita
coisa apenas para ser algo
diferente do que sou agora,
e nisso tudo se eu fosse
poeta, certamente eu
desejaria não sê-lo.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Guerra Dentro de Mim

Ah, eu queria a glória,
agora. A gloriosa vitoria
sobre mim mesmo,
derrotar meu ego de
baixo intelecto e extirpar
o orgulho que me pesa,
aniquilar as vozes da
minha cabeça.

Quem eu deveria armar
nessa guerra dentro de mim
se prefiro o inimigo EU amar
e diante do âmago campo de
batalha apenas recuar?

Ir as vezes é andar para trás,
se sigo adiante, à frente, pelo
fronte afora, eu me distancio
do recôndito abrigo que me
mantém conectado com as
personas da natureza íntima
do meu ser.

Ah, eu queria a glória sim,
mas só um genocídio poria
fim ao conflito de tantas
vozes roucas que vociferam
independência em minhas
dependências austeras, em
minha consciência a única
regra é despótica e ela diz
que nunca haverá por aqui
guerra.

Tantos demônios endêmicos,
idênticos ao o que sou aqui
fora, e estes, querem tanto
quanto eu a tão aguardada
glória.

Tolos são, pois ignoram que
a vitória que almejam
combatendo-me, virá
para eles única e
exclusivamente através das
minhas mãos.

E minhas mãos,
da fúria até a ataraxia,
a única coisa que sabem
fazer é segurar a pena
para a cabeça fazer
poesia.

sábado, 12 de janeiro de 2019

Review

Um revel
revendo os
reveses
existências
omissos e
omitidos.
Fracassos
diários que
ignorei
tratando-os
como acasos,
agora o ocaso
de tudo que me
basta cobra
minha
presença para
revermos juntos
aonde foi
que'u errei.

Há onde
provas que
eu errei?

Não existe
flagrante no
passado,
e o que se
passou
passou e
eu penas
testemunhei...

à la
Sócrates,
nada sei.

Raso

Um fosso
fundo,
pronto para
caber toda
a profundidade
da minha
existência.
Eis aqui,
a definição
que dou
para a vida.

Uma dama linda
como uma cortesã
do mais distante
norte, travessa,
altiva e de uma
volúpia que deixa
ouriçada e ereta
qualquer alma,
um pouco vil
talvez, ou quase,
não importa,
mas é assim que
eu vejo a morte
chegando faceira
e decidida em
minha porta.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Adeus Havia

O teu Deus me odeia,
sua ternura ávida expira,
minha existência em tal
biografia é ausência assim
como na minha a dele
é vazia.

Não me peça pra dizer 'há Deus'
ou havia,
o teu Deus me odeia,
a ternura árdua da vida
avisa,
quem me dera eu dizer
adeus à Deus,
eu ouso dizer,
porém ele não
me ouviria,
não desiste de mim
e eu só querendo partida.

Quero ser Deus também,
assim como ele,
um Deus à revelia. 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Homem Comum

Percebo o Deus Eu
em mim imaginando
o Homem Comum no
Deus todo poderoso
e se perguntando:
—Será que ele se sente
assim tão só como eu?
Deus responde:
—Tão só quanto toda
a humanidade abandonada
à sorte de suas crenças.

Isso

Querendo convencer
os outros que isso
de felicidade é só
uma aspiração qualquer
e ao mesmo tempo
esperando tanto pela
satisfação de estar
vivo.

Promessas

Já fiz muitos
pactos e não
me lembro de
nenhum,
mas prometo
agora não
desonrá-los
por promessa
alguma.

Ofensa

Respeito,
menos que isso é
ofensa.
Silêncio,
menos que isso
que seja
música,

se não é ofensa.

Verdades,
menos que isso
que seja
ofensa.
Ofensas,
menos que isso
que seja mais,

porém que seja música.