sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Desnorteando-se

Convença-te
de tua grandeza,
e isso não bastará;
Acredite que conquistará
tudo, e isso não bastará;
Faça o impossivel que
puder, dê o teu melhor,
e ainda assim isso
não bastará;
Insista agora, de novo,
como ontem e como
insistirá amanhã e
isso não bastará.
Você pode morrer
tentando, e talvez
assim morrerá, e
muito provavelmente
isso também não bastará.
Nada do que faças bastará,
pois o que lhe mantém
vivo é a busca.
Um amotinado de si mesmo,
um desassossegado em desespero
que sofre da terrível síndrome
do vício da bússola.

Diante do Antes

Estamos hoje diante
do futuro de antes,
o novo,
o velho,
o mesmo tempo de antes,
de tudo...(?)

O novo tempo
de novo sendo
o mesmo tempo
do passado e
de sempre e,
querendo ser
agora,
no presente,
o mesmo tempo
do futuro, e será,
será?

Será sim esse tempo
o mesmo tempo de antes,
e do antes absoluto.

O mesmo tempo dirá.

Dados Desejos

Derreto um céu de gesso
a cada pecado dado ao
passo dado de cada desejo.
Carne e alma conduzem-se
mutuamente por alamedas
de negros sonhos e doces
pesadelos, ei-los, raivosos
são os deuses dóceis apenas
por desespero, medo de não
ter mais por entre seus
rebanhos,
Honra, Glória e Respeito.
Derreto um céu...desejo.

domingo, 26 de janeiro de 2020

Destino Odioso

Seriam os deuses,
deuses?
Não, nem nunca
foram,
e quando voltarem,
de novo,
serão eles os mesmos,
tudo o que são,
menos divindades
perfeitas, mas talvez
sim, senhores do
nosso destino
odioso.

Caos, Frio e Imensidão

Em estado de composição,
o poeta quase em transe
transa com o universo
atrás de viva inspiração.
Mas após desce e percebe
que tal verve poética é
tese para o cosmos
defender diante de
qualquer alucinação:
está nas estrelas e em
toda a poeira sideral
o cromossomo desta
poesia que como o
cosmos é toda
Caos, Frio e Imensidão.

Predestinado

Odiado por deus
e pelo diabo, Eu,
abaixo do ceu e
acima do subsolo,
ponho-me a
supor que nessa
vida só me
resta amar,
ainda que toda
essa humanidade
me pareça
intragável.

Memória Fotografica

Pareidolia disléxica em
azulejos vivos,
vermelhos, paranóia de
ver sempre o mesmo
rosto em todo
espelho.
Entender o óbvio da
lógica vendo na
cara dela escrito
sempre o mesmo
desenho:
é claro,
é exato exceto
o erro, e o erro
é sempre o mesmo
erro, independente
da natureza dele,
é claro, como uma
raridade incomum de
qualquer coisa farta.
Faces face a face
observam-se
com caras de
síndromes de
si mesmas,
mesmíssimas as
mesmas em
azulejos vários,
muitos, induzidos
a olhar sempre
que percebidos,
tímidos e
descarados,
vivos, livres e
desmemoriados.
Assim seja.

A Deus Adeus

O Deus que adora
odiar
me ama,
mas Eu
que sou
todo Amor, e só amor,
esse Deus Canalha
não engana.

domingo, 5 de janeiro de 2020

A crônica Alma

Da tempestade
dos teus olhos
furiosos
eu colhi uma
rosa dos ventos
e a plantei no
jardim soturno
da minha
perdida alma
atemporal.

A Falsa Valsa

Muitas máscaras de
caras felizes têm a
felicidade para cada
alma infeliz,
o poeta não finge
nem disfarça a face,
e da sua alma triste
faz poesia de verdade,
versos em tristeza nua
cantando toda essa
felicidade transvestida.

sábado, 4 de janeiro de 2020

Atrofia

Derivado de Deus,
o Homem.
Derivado do Homem,
o Deus.
Derivado do Início,
o Fim.
Derivado do Fim,
a Crença.
Derivado da Crença,
a Fé.
Derivado da Fé,
a religião.
Derivado da Religião,
os Deuses.
Derivado dos Deuses,
o Deus único...
O Início e o Fim.

Brisa

Escuto paisagens
a observar a música,
e o cheiro das notas
sinto-o na língua que,
por sua vez,
entre tantos fonemas,
prefere o silêncio que
profere sutilmente
por onde a música
soa e ressoa,
desenhando horizontes.

Amor te

A morte
e o amor
te e o amor
te e o amor,
te amo até
a morte,
e o amor
te salvará.

Conveniências

Cristo Jesus,
subversivo versado
no próprio evangelho
novo,
pensador esclarecido,
destorceu as (tentou)
distorções de Deus,
as noções humanas de
amor corrompidas pelo
ego,
mas não conseguiu
desdistorcê-las de
toda a vaidade de
Deus e dos Homens,
pois acabou assassinado,
por Deus e pelos Homens.

Não meça minha existência
com a crença que dá
medida a tua.
Tudo é subjetivo e
passível de só assim
ser possível conviver
em paz e com amor,
este por último de caráter
facultativo quanto a
quantidade de pessoas ruins
e desprezíveis que acreditam
em um Deus bom,
ainda que eu acreditasse
nesse Deus,
essas pessoas eu jamais
amaria.

Existências

A vida
alimento da morte;
O amor
alimento da alma;
A alma
essência da vida.

Se acabar o amor
nem a morte
sobrevive.

Incontinenti

Desde uma caixinha antiga e pequena;
Uma gaveta esquecida de um móvel
velho junto àquela palavra sempre
repetida do vocabulário do silêncio.

A essência da vida é o nada,
e o tudo é o habitat.

Desde uma alma vazia,
um planeta vazio,
um universo frio,
sozinho,
um sol de um fogo farto
de queimar despropositadamente
por milhões de milênios,
até o amor ao amor próprio
apenas por pura piedade envaidecida.

Volátil,
o nada é o que melhor preenche tudo,
assim como a vida.

Aluada

Pela noite, por tantas ruas,
vagando por mim mesmo,
trocando olhares com a lua,
alva e obscura.
Meu lado oculto eu revelo
habitado,
enquanto ela,
a lua,
no escuro parece assustada.
Dissimula-se fingindo
sarcasticamente
nunca ter sido tocada.