segunda-feira, 4 de abril de 2022

Sombrio a gosto

Agosto sombrio a gosto do brio dos Deuses.

Tudo o que se passou ocorreu
no oitavo mês daquele ano,
mês sorumbático que por mais
que fosse anunciado, e foi,
ainda assim não seria menos
tenebroso.
Naquele ano o cinza da alma
dos Homens brilhava mais que
qualquer azul ou outra cor que
possa no bonito seio da natureza
brotar. 
O cinza profundo apocalíptico foi
o novo azul do céu, a cor da aura
dos oceanos de águas mortas,
e o novo verde de todas as matas
fumegantes do globo, agora,
cinz'azul terrestre.
Naquele vilarejo esquecido da 
nossa galáxia, naquele mês
daquele ano, o mundo acabou.
Àqueles que tinham alguma
sorte morreram, quem sobreviveu...
De azares e desgraças sobrevivem
os vivos, de fome e miséria se
alimentam os Homens, e o Deus
que era por todos os abandonou
enquanto muitos ainda rezavam.
O desespero virou morada,
o medo mobilia, agonia, angústias
as vestes que trajavam todos os
desgraçados, o terror foi companhia
de todo indivíduo que implorava
pela morte e não morria.
Àqueles que ainda viviam
aos poucos foram morrendo,
no final de algum tempo
já não havia mais vida humana
na Terra, nenhuma.
Foi um pouco depois disso
que um dito interventor
desceu ao planeta, observou
tudo com algum desprezo
e sofreguidão, certificou-se
satisfeito da morte de todos.
Subiu à nave Mãe, sentou-se
a direita daquele que estava
no comando e acenou
afirmativamente com a cabeça
de vasta cabeleira, sorriu como
que se esperasse há muito
por aquilo.
O comandante da nave que em 
muito se parecia com os Homens,
no que tange a imagem e semelhança,
enfim disse:
-Precisamos nos preocupar agora
em não cometermos mais os mesmos
erros, pois não queremos de novo
que uma nova praga se alastre e
destrua tudo outra vez.
Limparemos tudo e deixaremos
aqui dessa vez somente as outras
espécies, a mesma vida vegetal,
a mesma vida animal.
Mas quanto aos nossos bichinhos,
nunca mais.

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