sábado, 30 de março de 2019

Entreguerras

Movia-se ao certo em direção diáspora,
tímido, porém bastante confiante e,
entreguerras, trazia entre os dentes
uma faca simbólica como uma metáfora.
Debandava-se sozinho sempre em busca do nada,
essência de tudo que há e que se imagina,
sabia como um asceta que se misturá-la
com algo já terá matéria prima para criar
o novo e curar a mesmice das máximas e
crônicas e certezas e mais verdades exatas,
essência fina de toda uma sorte de
possibilidades vindas do nada e por muitos
e poucos chamada de arte.

sexta-feira, 29 de março de 2019

Life Style

Ah! miserável life style,
sem dinheiro e tantos planos,
sem dormir e tantos sonhos,
é muita insonia para uma vida
dos sonhos que não vale a pena,
muita poesia que não vale a
pena que a risca, que a desenhe
à risca.

Ah! miserável life style,
quem me dera ir pra longe,
para além de Saturno,
além do fim do interminável cosmos,
ser mais uma luz que se apaga
no seu perpétuo cotidiano soturno.

Ah! maldito ímpeto esperar,
o dinheiro cair;
a chuva passar;
a filha crescer;
o amanhã chegar;
o Estado ruir e o
anoitecer super star,
quero agora,
toda hora e logo mais
quero mais e quero o
nada.

Ah! miserável life style
parcial vida imperativa,
seletiva,
ativista fascista o tempo inteiro,
deuses são fascistas,
religiões são factoides, normas de conduta,
eu aficionado por uma realidade mais justa,
admiro ficção enquanto vivo em um
miserável estilo de vida filho da puta.

quarta-feira, 13 de março de 2019

Hospedaria

O nada habita o poeta
onde mora a poesia,
onde mora a poesia
o nada hospeda o poeta.

Quem habita
quando não mora,
hospeda,
e aonde fica a
hospedaria?

O poeta habita a poesia
adicta asceta,
viciada e heroína,
o poeta se hospeda na poesia,
reciproci...sede, segue reciprocidade
e reciproci...cedem a vontade
de dividirem um teto,
de dividirem drogas e filosofia e
produzirem provas em
determinada hora para perceberem
que na verdade são o mesmo,
são um só em esquizofrenia.

Mas quem prova
quem é poeta e
quem é poesia?

segunda-feira, 11 de março de 2019

Depois será

A partir de quando
será que a partir de
quando, será!?

Quando será quando e
quando for, hoje,
como posso saber

se estarei pronto?

Sendo quando sempre e
principalmente depois.

Obscura Diáfana

Amar afaga,
afasta a faca,
o fio afiado
o corte à alma,
porém,
em dada hora
afaga a lá farsa,
dilacera a carne
d'alma e também
a faz ser afiada e,
quando obscura diáfana,
por vezes,
a alma fausta versa em
falso afago a sua valsa
a bailar em avesso farto
seu vil cosmos vasto a amar
—Boas Novas, há amar,
ah!, amar.