domingo, 15 de junho de 2025

Futuro Retrô

Em quanto
do mesmo 
tempo cabem
todas as vidas?

Desde a primeira célula a surgir
até o último  Fungo a existir
até o Fim de tudo e de toda vida.

Enquanto o mesmo tempo renova-se
passeando pelas cinzas e ruínas como
o vento soprando por copas frondosas 
de árvores que há muito existiram. 

Em quanto
das mesmas 
vidas coube
o curso todo
do tempo?

Céu de Gaza

Desceu do Céu 
a queda duma
chuva, mas não 
como de modo
inverso sobe do
solo vapores 
às nuvens.

E então choveu...

E depois subiu ao
alcance das narinas
o podre cheiro de
carnificinas:

Chovia Mísseis!

sábado, 14 de junho de 2025

Domínio Público

Ver-se -á se versejar e se se
propuser a viver de versos
ou dos versos que não virá 
futuro algum grandioso,
porém, há glória. Verá que
a glória de ser poeta está 
em jamais vender seus 
versos pelo caro apreço 
que tens pel'Alma de 
cada um deles, pois não 
há riqueza suficiente no
mundo que possa comprá-
los, mas na vida há:
Que Sejam Caros e Gratuitos!
Não prostitua teus versos
nem os proíba de serem
acessíveis, mas cuide para
qu'Eles jamais se dobrem
para caber na métrica e
memória de todo mundo
ou de qualquer um.

Quanto menos
sentido fazem
para a maioria, 
mais significado 
verdadeiro Eles
têm para poucos.

E que assim se dê a presença deles
numa crescente constante até que
desapareçam. 


Anteontens

Sim, em síntese, hoje
soa apenas à la o
silêncio de ontem...
e eu em um surto
e n s u r d e c e d o r
definho 
a c i n t o s a m e n t e,
e se amanhã for como
hoje, todos os depois
de amanhã que virão,
se virem, serão à la
também todos os
anteontens de antes.




quinta-feira, 12 de junho de 2025

Cadafalso Poema

(...) a fé cega dos meus versos vendados
confundiu rimas de sua oratória 
livre com métricas de uma oração 
religiosa (...), não obstante, perderam-se
os versos,
do caminho do patíbulo onde se
apresentariam voluntariamente ao palco
de uma morte gloriosa, pois nesse dia,
uma Pena misericordiosa
estava enforcando grandes poemas
cansados de tal grandeza. Perdidos e 
confusos foram parar sob um púlpito
qualquer e venderam suas almas
pela busca por salvação à
um vil poema que se declarava por entre 
linhas obscuras de sua pregação 
um enviado do Poeta Deus único. 
E entristecido o poeta menor, dono
de tais versos, jamais outra vez 
exprimiu-se em poesia, e desse modo,
pela honra de poemas de verdadeira
grandeza, assassinou cada falso poema
que se declarou relevante nos últimos
dois mil anos. 

terça-feira, 10 de junho de 2025

Suástico

Sobre mim sonda-me assombrosa sorte:
sob a suástica de um Céu de Sol enluarado, 
meu gélido suor sobre um solo febril e
seco jamais o fará fértil. 
Sufoca-me a falta de ar que sopra em meus
ouvidos um silêncio sombrio.
Assoma do meu ser, do âmago do sétimo 
círculo do meu ser, um som que se assemelha 
ao eco interior de estômagos vazios de bestas 
famintas:
ecoa de minha cabeça, 
retumba dos meus pensamentos 
toda a miséria do meu mísero ser...enquanto 
sonha pesadelos consigo mesma minha
insônia modorrenta.

domingo, 8 de junho de 2025

Reforma

A teus mistérios 
Ateu dispor
Ateus pés 
A teus critérios, 

e graça, e glória...
e mais efeito placebo
para vassalos espirituais. 
Eu tô fora. 
Os que vivem de joelhos 
hoje lhos abandono.

Minha salvação é adeus,
desacreditar desde com 
um desdém ao Éden até 
propor uma reforma
agrária para demônios 
em situação de rua
poderem ter onde morar
nos vastos campos santos
devolutos do Paraíso
mesmo que para isso,
contra minha vontade,
eu precise também ir
morar lá, dar a forma
primeira às novas moradas.

terça-feira, 3 de junho de 2025

Eutanásia Suicida

Chorar (jamais) por tudo que já aconteceu. 

Chorar por toda essa humanidade 
horrorosa, à imagem e semelhança 
de seus Deuses Inserviveis.
Chorar de soluçar por toda natureza
destruída pelo progresso rumo ao
fim do planeta inteiro, chorar por
toda estupidez da natureza humana. 
Rir de desespero pelo reflexo do espelho 
do fim do mundo
mostrar você...semelhante à todos,
inclusive igualzinho a qualquer Deus
de merda que jamais foi útil para
porra nenhuma. 

Eliminar até o último Embrião:
-o Homem existe, e Ele deve ser superado.

Matar-se até o entardecer por não 
querer mais fingir que alguma vez
esteve tudo bem. Nada jamais foi bom:

satisfação, felicidade e alegria,
são alegorias da mesma ilusão,
quimera esta que é pensar que 
estar vivo é uma dádiva. 

Tolice!

Viver é corroborar com toda essa droga.

Eu quero é morrer duas vezes...dez,
várias vezes, até que não seja mais 
possível outra vez existir de novo.


domingo, 1 de junho de 2025

The Anarchrist

Eu acredito no escuro...
de toda escuridão eu passo a crer
no brilho quando posso ser lume
e leme que guiará esse escuro todo
para a luz que tudo dissipará:
-fúlgido fugidiço, a luz toda se
dissipará...À luz de e em todo e 
qualquer Estado,
minha bandeira preta sempre
tremulará:
uma cruz, um estandarte, um
furioso estardalhaço pelo senhorio 
silêncio de tantos alojados numa
quietude assustadora.
Ascender escuridão como um caos
alçando voo Altíssimo:
destruir a ordem das coisas daquilo
que foi estabelecido para ofuscar você. 
À revelia de tudo e todos contra você,
a prerrogativa dos outros e meus deveres...
Eu um ser vivo pensante à favor da
memória dos mortos, de todos que morrem
pela revolução. Todos habitam minha alma
da cabeça ao coração, dos punhos cerrados 
em riste aos passos que meus pés escrevem
por entrelinhas claras rumo a minha
crucificação.


quarta-feira, 28 de maio de 2025

Soneto

Em cada fim de mim mesmo
há mais e mais finais e há em
meio a isso tudo sempre 
burburinhos de recomeços.

E reconectar esses enfins com
novas tentativas é morrer 
mais uma vez por uma vida
que nem sempre vale o preço.

Quando pensar quanto nos custa 
continuar lutando não nos 
inspirar mais a seguir em frente, 

certamente é porque já morremos,
e se eu morrer todos os dias como
de costume, é porque insisto em
                         [continuar vivendo].




quinta-feira, 22 de maio de 2025

Amo, morro e mato!

Por você eu
mataria
por tua vida me
mataria
por amor te
mataria.
E eu ti amo...
muito!
Mesmo que você não me ame,
e por mais qu'eu morra,
ainda sim eu te amaria.

Amo, morro e mato,
não importa a ordem,
não importa nunca
se eu mato ou morro
primeiro, eu sempre
amo antes. 

terça-feira, 20 de maio de 2025

aonde termina outra janela

Assim, princípios de precipício:
 de penhascos e abismos toda
  aura, aspecto e energia, minha
Alma de design de desfiladeiros
 adora após uma queda saltar
  de novo, pular do parapeito da
Janela para além do horizonte, 

e quando depressa minh'Alma se
encontra caída, supõe o tropeço 
que a queda se dá sempre por
causa de uma depressão...no solo,

e se o chão por onde pisam meus pés 
se encontra abatido, minha Alma sobe
para acima de si mesma e testa o 
Céu sem ter asas, e como o Céu que

também nunca teve tato para com 
Ela, ambos anulam-se, e desde tal
instante não se pode mais determinar 
o que é Céu e o que é Alma:

Não se sabe onde começa uma e
aonde termina outra.

domingo, 18 de maio de 2025

Poezia

Minha escrita é da pena que sofria,
meus dedos, tortos, pela pena que 
sofriam: da pena que sofria minha
poética. O estro um cabresto sobre
a métrica guiando-a em assimetrias:
sangrava minha verve da pena que
s o r r i a.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Vago Vácuo

Fosse você fundo fosso
seria como vaso vazio.
Tu'alma soberba e rasa
é feita de rarefeito brio.
Um penhasco gélido de
afiadas pedras e mais
deserto do que o céu de
deuses. Deu-se sempre
assim. 
Foste você também 
capaz de um dia crer
que Deus habita o Éter 
e cultiva no Éden um
lugar especial para ti?
Tolice! Morra agora e
descubra que Deus 
algum jamais existiu.
Mas você  resiste e
acredita e medida e
fala sobre para os teus,
e tenta convertê-los à
tua crença.
És um vasto fastio,
um vasilhame sem
uso que a morte se
recusa quebrar, pois
teus cacos se espalhariam
pela superfície da vida que
teve, daria trabalho para
a preguiçosa morte juntar
todos os teus pedaços 
e carregá-los com Ela
para outra eternidade 
que também está com
os dias contados. 
O fim é sempre próspero, 
digo, o fim é sempre próximo 
e já começou muitas vezes,
mesmo antes da existência 
de ti.
A vida é o fim de tudo...
Toda morte ou a morte
de cada um é o inverso 
de uma infinitude enfim,
morrer é só morte e enterro. 
É terra sobre o corpo e
vermes famintos, ou fogo
que derrete ossos e cinzas
sem cheiro depositadas
em um vaso vazio.
Um vaso que guarda a morte
como teu corpo de alma vazia
um dia também aprisionou em
si uma vida que jamais teve
importância alguma.


sábado, 10 de maio de 2025

Projeção

Supus o fim
antes do tempo
e hoje estou
a c a b a d o.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Primavera Industrial

Muitos buscam entre a relva que 
cresce sobre túmulos de Deuses que
há muito, como neste tempo de agora,
jamais existiram, colher flores de
esperanças, em insalubres manhãs
de orvalhos ácidos sobre estas flores
mortas em cemitérios tão antigos
quanto a vida na Terra.

A Vida Humana Mata Fácil!

Ávidas flores de plástico para
pálidas vidas falsas e plásticas.

Abelhas Morrem aos Milhões!

A morte plácida e viva evita
corações ternos, a morte costuma 
ser hospedeira de pessoas cujo
coração já morreu, porém, ainda
bate e faz circular pelo corpo
vivo um sangue morto, tipo óleo 
sujo de motores de automóveis 
de ferros-velhos, e estes estalajadeiros 
são os que mais matam.

Pássaros desaparecem aos milhões, 
peixes e rios morrem...e mares,
e oceanos...e florestas inteiras,
e povos originários que há muito
existiram...verdadeiramente. 

Hoje nada mais existe, 
tudo que há, resiste apenas.

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Transmuta

Da existência de Deus
a culpa não é minha,
enquanto da minha
poesia é minha culpa
ser um Deus.

A culpa por estar vivo é daquele
que vive, e que sorte eu tenho se
ao me sentir sempre morto, 
me absolvo de ser considerado 
culpado pela minha frágil e quase
etérea existência. 

Se poesia fosse ciência 
eu seria um jardineiro,
e se para ser cientista 
eu precisasse de muito,
eu tocaria piano...

Então desse modo minha poesia
é música para flores e arbustos, 
minha poesia é para todos os
insetos um tipo de comunicação 
universal.

E as abelhas alquimistas
fazedoras de mel, 
as abelhas que protegem
com a vida a Pedra Filosofal,
ao romperem o abdômen 
ao deixarem seu ferrão na
derme, impedem sempre que
se revele o lugar onde se
esconde também o Santo Graal.

Da insistência de Deus em
exercer poder sobre nós a
culpa é toda nossa.

A culpa é da fé, da esperança...

a mais hábil e vil forma 
de comunicação universal 
entre Deuses e Homens.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Ilustração

Uma ode ao amor, ou ódio...
falsa esperança é pleonasmo e
todo o abismo que me espera
secretamente me observa pelos
vãos de seu precipício.
Assim é o amor que não nos ama.
E ter de se reorganizar para não 
sobreviver de novo, é uma dose
a mais de quase morte que você 
deve sempre tomar...
um quase amor é subvida, é a 
morte já pelo quase, eu gosto mesmo
é da paixão, verdadeira como o fogo
e eterna durante toda sua efemeridade...
Todo o para sempre é ilusão,
qualquer amor em qualquer proporção 
é ilusório, é ilustração. 
Uma dose de amor, ou ópio...
valsa que se dança no silêncio,
que se cansa em si em ser só
desespero e jamais comunhão 
consigo mesma. Coisa que o amor
é, perceba, é sempre dele para com
ele mesmo, o bailarino de sua opera,
a orquestra de sua sinfonia, o amor
é todo circo e público para um único e
triste palhaço, o amor é do poeta a verve,
é da pena o verso, é da poesia o poema,
o amor é um poema que canta as desventuras 
de um vencido, o amor não pode ser glorioso, 
pois ele vence a si a se vender para um outro
que lhe seja mais caro, mais caro em seu 
âmago amargo e cruel. O amor é vil!
O amor é distração para o fim de tudo que
nos observa, e nos observa de um horizonte 
cada vez mais próximo...
todo apaixonado não enxerga nada além 
do que apenas o objeto de seu desejo...
ignora o que te espreita agora, ou viu,
esse silêncio que se materializou em solidão 
e irrealidade?


segunda-feira, 21 de abril de 2025

Sempre

Evidentemente, jamais pude amar a
vida como ela é. Não a amo por não 
concordar com ela, talvez isso se dê
por não poder compreendê-la, mas
sobre tudo que sei e tenho 
entendimento, eu não só não a amo,
como também passo a odiá-la.
Mas tudo bem, isso não muda nada,
mas faz toda a diferença para mim,
me sinto feliz em não concordar
com a maioria e poder escrever a
minha história jamais com a máxima 
de outrem, mas sim sempre com a
minha própria poesia.
Num futuro presente quando eu 
lembrar desses dias como hoje ou
como todos os ontens que passaram
por mim desde que pus meus olhos
em ti, não sei ao certo com que tristeza 
lembrarei, mas muito certamente com
muita pouca alegria poderei pensar
sobre o que nós jamais fomos.
Porém, lembrarei da lua admirando
você, lembrarei das tulipas medindo 
a beleza delas com a sua, lembrarei de
quando me disse ser muito solitária,
e eu ali na sua frente oferecendo abrigo 
e companhia, mas você não quis me ver,
de todo modo, poderei lembrar também 
de quando pude fazer você perceber o
quão incrível você é, porém, inacreditável 
mesmo será lembrar que a estúpida
juventude do meu coração te afastou de
mim ao se declarar apaixonado 
abruptamente sem ao menos você esperar,
eu sei, esse foi o erro, todavia, se amar é
um erro, ou foi um erro, deste erro eu
me declaro completamente culpado.
Como não lembrar que os poros de nossas
peles jamais compartilharam um 
um toque sequer. E por Deus que sempre
foi tudo o que eu poderia querer.
Lembrarei do vento em teus cabelos
ao vê-la tão cheia de energia correndo 
pelas ruas, correndo pelas vias desse
mundo em que você guia incansavelmente sua vida.
Lembrarei também dos teus poucos 
versos que quis me mostrar, e eu os
adorei com fervor como se fossem meus.
Dizer que lembrarei dos teus olhos e
olhar, é me repetir em redundâncias,
como o meu pensamento nesses dias é:
eu penso tanto em ti, e isso só não beira
um comportamento compulsivo, porque
se é à beira de algo que estou, não é da
obsessão, mas sim de um abismo profundo 
que é a recusa de um bem querer e vê-la
se tornando em rejeição. 
Sobreviverei, porém...ainda que seja apenas
para lembrar...
Eu sei que não morrerei desse amor,
e isso é o que mais me assusta, pois terei
de viver te amando até quando?
Isso ninguém poderá me dizer.
Talvez eu não te ame mais, quem sabe no
fundo eu nunca te amei, e muito
provavelmente eu te amarei pelo resto
de todo o meu sempre.



quinta-feira, 17 de abril de 2025

Oriente Próximo

Eu nunca tive você 
e mesmo assim eu
te perdi. Jamais em
momento algum eu
poderei te odiar...e
por me ver agora tão 
angustiado me
arrependo tanto,
embora não haja
culpa alguma,
do dia em que me
encantei com o teu
olhar...
pois se só tenho
olhos pra ti, e você 
não se cansa de me
ignorar, nada mais
me resta do que fingir
que tudo bem e levar
minha desolação para
outro lugar...
sigo então para qualquer 
direção e aonde quer que
eu vá, lá, desejo ainda
com mais força te ver,
mas você não existe,
mais para mim de você 
não há, nunca houve...
Se me amasse, pergunta 
minha alma para si, e
decerto com alguma
certeza jamais amará...
eu não passo de 
de um deserto que se encantou
com um oásis imaginário...
meu coração é um beduíno
batendo em círculos todo
o perímetro interminável 
do vasto campo florido
desse oásis deslumbrante 
que ele imaginou que seria
te amar...

terça-feira, 15 de abril de 2025

Sine qua non

Estes são para ti meu amor
meus últimos versos...
e ainda que o éter todo do
universo conspire a meu 
favor, eu sei que esse 'meu
amor' escrito aqui não passa
de um devaneio meu já 
chegando ao seu ápice, por
esse motivo, antes que tudo
isso se transforme em
loucura, eu me despeço de
ti aqui nesses meus 
entristecidos versos.
Eu quis muito você ao ponto
de me declarar, e o meu 
sentimento exposto, quando 
perguntado sobre o que eu
sentia, ele foi claro e direto
e se assumiu sendo de fato
amor, mas mesmo que fosse
só desejo e paixão, não faz a
menor diferença agora, pois
é certo que este é seu último 
ato, esse é para todo o sempre, 
desse meu amor, o seu adeus 
para essa ilusão que é querer
você e ter você para poder ter
meu coração batendo junto
ao seu lado a lado. 
Se ao menos você me dissesse 
que há reciprocidade mesmo
sendo impossível todo esse
amor, talvez esses versos de
despedida não fossem assim
tão tristes e desesperados.
Mas nada há...como nunca
houve e como certamente 
nunca haverá. 
Pois bem, desse modo, enquanto 
estou a morrer por esse amor
uma vez que não pude vivê-lo
junto de ti, me recuso a continuar 
para jamais sofrer de novo o que
insisto em sentir, não só eu mato
agora esse sentimento, como também 
jamais outra vez voltarei a fazer
poesia, para nunca mais verso algum
me lembrar desse tão infeliz e
ingrato momento. 

domingo, 13 de abril de 2025

Perspectiva

Quando ao vê-la
olhando para cima
achar que Ela está 
observando a beleza 
da Lua, pode até estar
certo, mas minha alma
de poeta pensa o oposto:
é acertadamente a Lua
olhando para baixo
admirando com certa
inveja a beleza da 
minha Musa.

Ininterrupta Tempestade

Tão distantes como o dia e
a noite, e interligados como
alma e corpo...
E conversamos através de
músicas e poemas,
do que mais você precisa para
continuar negando a
legitimidade desse amor?
Porém, por Deus e pelo Diabo
que eu entendo a recusa...
Parece que por onde pisas
teus pés eu posso ser chão,
e reclusa quando por proteção,
eu devo ser sempre o teu
telhado, e sou e..., chove
intensamente sobre mim e sobre
nós se aventura pelo que 
parece uma ininterrupta 
tempestade.
Se sou silêncio hoje é porque 
gostaria tanto que viesse falar
comigo, não trivialidades do
cotidiano, mas sim aprofundados
assuntos d'alma...mas você não 
vem...e quando pouco veio foi
para me dizer que não virá...
e quando tu passas por mim 
e os teus olhos
buscam outras coisas que não os
meus, aquele dia, instante e
existência não me servem.
Amar e morrer, como podem
se parecer tanto?
Amor e morte são sortes do mesmo
devir, ser um suicida que não pode
se matar não me parece tão 
diferente de ser um apaixonado 
que não pôde amar:
e eu Amo...e eu Morro...

sábado, 12 de abril de 2025

Longe Longe

Não pude nem ao menos tocá-la,
nem uma vez sequer pude
aproximar minha mão das mãos 
dela...e em desespero por isso,
meus dedos agora vivem da
obsessão de escrever versos
para Ela, e ingênuos pensam que
tais versos traram enfim uma
real aproximação:
Das mãos, das almas...
Dos lábios e corpos...e,
nesses versos, cada palavra
assume declaradamente que
minha poesia por Ela hoje
também está apaixonada.
Queria poder ser o vento para
brincar com os cabelos dela,
queria obter uma licença do tempo
para jamais morrer antes de poder
ter um singelo e sincero sorriso dela...
Ah quem dera Ela me olhasse e olhasse
de novo, e o riso faceiro do seu olhar ao
me ver, se risse e se fosse por mim percebido,
certamente moraria para sempre na
memória dos meus olhos que hoje
medem a distância entre mim e Ela,
e percebem que estamos longe, longe
demais dela e nos afastando aos poucos
cada vez mais e indo sofrer numa
quimera que se faz dia e noite mais e
mais distante.
No auge do desespero penso ter sido 
sorte minha o meu destino ter me 
possibilitado sofrer por Ela,
mas longe, longe do sofrimento 
sentimento algum aflora...e o meu
por Ela é todo flores e floresta.



quinta-feira, 10 de abril de 2025

Ela

Se fosse eu o horizonte 
certamente seria por Ela
que eu gostaria de ser
observado, mais do que
isso, seria por Ela qu'eu
desejaria ser conquistado. 
Se fosse eu uma janela
seria Ela que eu queria
que estivesse sempre
sobre mim debruçada,
observando a vida fora
das suas retinas tão 
interessadas, embora a
vida além d'Ela não seja
assim tão interessante. 
Se fosse eu os transeuntes 
que caminham pela avenida 
sob o seu olhar, chegaria
feliz ao meu destino sabendo 
que minha existência fora
por Ela percebida.

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Não Mais Mais uma vez de Novo

E eu que cheguei a pensar que
meu coração possuía mais do
que uma unidade de consumo,
tolice, me desfaço desse engano
e faço do que pensei ser amor
nada mais do que um adorno
pendurado na parede mais 
esquecida do átrio menos 
visitado do meu coração destruído. 
Não voltarei mais lá...não mais
como da última vez que voltei a pisar
lá desde que a Vênus que pensei ser 
Musa já tinha me deixado claro que
eu jamais a mereceria. É fato, agora
percebo que jamais estive apto a
merecê-la, porém, não fomos capazes,
eu e esse meu coração, agora envilecido,
de nem ao menos cortejá-la como ela,
sendo a Musa inabalável que é, mereceria.
Mas eu, se nesse instante não posso dizer
que não mais a amo, declaro do fundo
do meu raso arrasado coração partido,
que farei o impossível para não mais
amar. O mesmo impossível que criaturas 
apaixonadas fazem para se devorarem,
eu farei para que esse impávido amor não 
me consuma. Não mais mais uma vez
de novo. E mesmo qu'eu declare o fim
disso tudo agora, é certo que eu sei que
por muito tempo essa desilusão irá me
assombrar existência afora. E eu irei
pagar o preço desse apreço ter
sido por ela jogado fora. 
Culpa toda minha de por ser um tolo
poeta achar que poderia ser deveras um
apaixonado compreendido, não, jamais
serei triunfante como sei que serão estes
também tolos versos. Nunca saberei o que
ela amas, mas sei que esse desgraçado essa
tão admirável Musa jamais amarás. 
Por esse meu profundo coração enamorado 
ter se transformado no meu mais
pesado fardo é porque hoje abdico desse 
amor que antes era meu sacerdócio e nesse
momento é minha desistência de qualquer 
nova aproximação entusiasmada. Irei, pelo
bem da sanidade dessa minha alma
deslumbrada, manter-me distante como
distante de mim sempre fora a alma dela.
Como eu poderia saber que o infinito 
daqueles olhos jamais me viram?
Agora são os meus que tal imensidão jamais
olharão de novo. E se por isso eu morro,
é do que se fará minha vida desde este
instante agora até o meu fim, 
que julgo merecer que não demore.




sábado, 5 de abril de 2025

Musa Impassível

Teus olhos...
quantos infinitos sugerem-me...
e olhando-os, nos olhos, nos olhos 
desse infinito maravilhoso que
mora em teu olhar, eu, enquanto 
te admiro falar, não deixo de não 
imaginar como seria se minha
presença morasse um dia também 
na memória desse olhar:
Ah! quem me dera eu existisse pra
ti como insistem teus olhos em meus 
pensamentos a ali também morar...
Teus olhos...quem me dera se um dia
procurassem os meus...e me vissem 
passar.

sexta-feira, 28 de março de 2025

Último Poema de Amor

 
Como saber se ela
Me ama também,
Como posso não me
Preocupar com isso,
Deus, como sentir tanto
Amor e não poder dizê-lo?
O mal de todo poeta é amar
O impossível e esperar que do
Indizível dito se materialize a
Realidade que tanto deseja, tolice...
Ledo engano!
Eu declarei o indizível,
Optei por me expor em oposição a ter
De calar meu coração partido.
Eu disse sofrer de uma vontade imensa
De amá-la, e mesmo que hoje sofra mais
Por isso, eu me orgulho da bravura indômita
Desse amor declarado, agora minha armadura
De poeta apaixonado é também de minha alma
A sua roupa mais bonita.

segunda-feira, 24 de março de 2025

Imponderável

"Suave Fogo, teu Corpo",
meus olhos pensam
olhando em teus olhos,
e enquanto converso
interessado inexplicavelmente 
em tudo sobre você,
penso também e sinto:
"Alma que queima mais que
Vulcão"...
e logo após, absolutamente te amo.

terça-feira, 18 de março de 2025

Fogo e Fênix

Passar a limpo em pensamento,
diversas vezes, todo o tempo em
que já estive em tua presença, 
faz com que aumente a vontade 
do desejo de estar diante de ti
outra vez o mais breve possível. 
Meus olhos se fecham para vê-la
com mais clareza dentro de minha
cabeça, e toda a profundidade da
minha alma enamorada reflete 
tua imagem que não deixa mais
em paz a memória desses olhos...
Meu coração um cofre vazio
violado pela tua existência, 
abrigada ali agora como quem
propusesse uma armadilha para
se mostrar para quem pensa tê-la
capturada, mas que na verdade
esse sim é o único cativo desse
aprisionamento antes pensado
proposto por ele...
Eu, vítima de mim mesmo desde
quando não pude ser capaz de
fugir dos teus olhos e olhar, da
tua pessoa e presença, e o que
mais me aflige é saber que tudo
isso se deu e se dá sem ao menos
eu ainda ter podido tocá-la:
tuas mãos e meus dedos, teus
lábios e boca e meus beijos, e
teu corpo e cabelos...tua nudez
de Vênus e minha perplexidade 
diante da posse do pecado servido
para mim em tua alma como um
cálice de doce veneno. Se antes eu
existia sem essa paixão e desespero, 
é certo que hoje morro diariamente 
de amor por você, e por você e só 
por você eu aceitaria voltar a viver
algum dia de novo. 

domingo, 16 de março de 2025

DestaTerra

Deus não será meu coveiro,
tampouco paraíso algum
será meu cemitério. 
Prefiro o solo desta Terra
para cobrir minh'alma como
o corpo e minha alma também
apodrecer, para que longe desse
planeta eu continue ainda não 
existindo. 

Admirável Destruição

Eu desejo o meu fim em teus lábios. 
Minha queda em teus braços e o
Apocalipse de tudo eu espero vivê-
lo em tua companhia. 
Em meio às ruínas que 
me encontrarei depois
eu quero não me arrepender em ti,
e tê-la para mim como quem
descobre possuir talentos mediúnico 
únicos, mesmo que esses talentos
revelem apenas o que se espera acerca
do fim. Eu quero morrer por viver com
você o sonho que nos destruirá ambos
em amor e redenção. 

Hoje

Um Dia Amanhã 
Será         Ontem 
      Também.
E ante pós ontem 
o Futuro. 


quinta-feira, 13 de março de 2025

Dissuasão

Se se cegam os olhos
seguem as trevas...
Escuridão!

Se se cerram os lábios, 
censura e silêncio e,
se se cerrram os punhos,
Revolução!

A fé é cega e tateia 
t i t u b e a n d o um
céu todo arruinado.

O beijo é amargo
à força a força de
uma mordaça para
cada palavra suprimida.

Os braços em riste
com os punhos fechados 
deve-se se dar sempre
por matar e morrer:

Quantas Vezes pelo Direito
de Viver se Fazer Necessário. 

domingo, 9 de março de 2025

Dessemelhantes

Não existem cores sem luz alguma,
e a densa escuridão d'alma de todo
poeta maior vislumbra as cores da
luz de qualquer aurora, e diferente 
de nossos primos vampiros que 
queimam ao contato com a luz de 
toda clara e azul manhã, nós poetas
maiores fazemos com que o Sol se
esconda atrás de densas nuvens
escuras por medo de perceber que
seu cálido brilho é desprovido de
poderes sobre nós. Somos senhores
da chuva, de ímpetos e tempestades,
e cinzentas nuvens brincam de imaginar 
figuras de bestas celestiais em nossos
versos cheios de trevas de semelhantes 
deuses, porém, todos o contrário de nós. 

Rasa Razão

Ao expulsar da cabeça 
suas ideologias às véspera 
de (a)parecerem com vestes
de más ideias, expusera o
vazio que habita o 
desinteresse de todo 
pensamento isento.

Do mesmo modo,
ao expulsar do peito
ardor àquelas paixões 
e querelas poéticas, quiçá,
filosóficas, expusera a todo
âmago o tormento em que pulsa
um coração quando o vazio o apraz. 

A Verve do Silêncio Sempre

Divino propenso 
ao maldito:
esse meu nada
dito, a verve...
virtude e vício
desse Eu adicto 
do silêncio sempre.

A lógica de tudo

Mais ao Norte
a Morte mais
ao Norte       a
M o r t e, mas
a Morte      ao
Norte mais ao
Norte, é mais.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Diatribes e Diabretes

Não se parecem com você, 
não se parecem comigo,
tampouco se parecem com
todos os outros que são 
como nós.
Você não tem culpa,
eu não tenho culpa alguma e,
entre os outros todos,
também como nós,
ninguém é culpado. 
Nem Deus nem Diabo,
não se trata disso também, 
mas veja, eles não preocupam 
o nosso Deus, porém, apetecem 
ao nosso Diabo:
O problema são as minorias,
os menos favorecidos, e como
bons Cristãos, nos padecemos 
deles e por eles oramos...
e que Deus tenha piedade
destas almas.

Psicopatia

Colhi de modo inadvertido 
um lamento poético do
teu olhar...
Teus olhos que pousaram
em mim deliberadamente 
quase sem querer, 
disseram-me com uma
avidez tácita, 
que eu de alguma forma 
lhe salvasse,
e meus olhos desesperadamente 
nesse mesmo instante 
perderam-se também na
mesma busca que pensam
te afligir, e para eles hoje,
pros meus olhos a salvação 
é te olhar...
e eu os arranco de minha face
se não puder mais vê-la.

Exsultet

A luz se
for      a
Lúcifer.
Se for a
Lúcifer 
há   luz.


Papa Morto

Quantas vezes repetir
o para sempre        até
perceber que      dessa
vez é para          nunca
mais...              de novo.

Todo Papa é muito velho
Todo Papado dura muito
Dura um longo tempo
até o Papa mais velho
ainda morrer,

desse modo, e pouco me
importa, o próximo Papa
já virá morto, de novo. 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Carne, Sangue e Solidão

Fascinado por Icebergs, 
Baleias, Árvores e Colossais
Estruturas de Gás e Poeira
do Cosmo.

Apetece-me vocábulos insignificantes,
fonemas obsoletos...e o silêncio prolixo 
de um pensamento profundo no olhar.

A chuva me causa fascínio, 
o fogo, a madrugada e minha morte.
Poesia minha Musa e a música 
minha redenção. 

Um poeta por ofício e maldição, 
assim como Jesus é Cristo, porém,
não sou filho do pai, sou de minha
Mãe: Carne, Sangue e Solidão. 

domingo, 23 de fevereiro de 2025

Dos Demônios a Métrica

Detrás de cada poema,
versos; de cada verso
a pena; detrás da pena,
dedos tortos, retorcidos
por Ela; detrás destes,
a verve ávida de
um poeta à frente do
passado de cada rima 
ou não da sua poética;
por detrás dessa poética, 
Demônios...dos Demônios
a métrica. 

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Poema para Lucrécio

Silêncio ocioso sou eu e fui,
pelo entorno dos meus quandos
enquanto eu ía, seguia calado,
desejava sempre tanto que 
olhassem para mim, porém, 
vejo meu ao redor às cegas:

Mas eu vi o verso,
ouvi o verso,
devir do estro,
dever do gesto do
universo que fala,
que assalta aos olhos...

Mas há quem diga que não, 
que não e nem mesmo talvez,
nem vi nem houve.

E o quanto eu sinto que sim,
tem a mesma falsa vontade
da autêntica ilusão de algum
dia também ser notado ou
ouvido. Ou lido ou amado...
Mas se o esquecimento for
o meu destino, o mínimo que
posso esperar é que pelo
menos seja para sempre.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Opuser

Pondo um ponto
final ao fim,
sigamos:
Endosse ir em frente, 
enfrente ávida à se
opor a tudo que se 
desmorona  sobre si, 
sobreviva...convença...
para não ter que 
morrer vencida com
um gosto amargo
na alma.

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Isso Sou Poeta

Eu acredito na filosofia, 
no fatalismo, na ansiedade 
e na poesia. 
A existência de Deus ou não 
não faz a menor diferença, 
eu não acredito na crença...
Duvido de toda certeza e 
acredito nas dúvidas, 
credito nas dúvidas a razão 
de ser nula toda certeza,
a razão de ser nula qualquer 
esperança, a razão de ser tola
toda fé, inclusive a minha...
Eu jamais poderei ser o que
não sou, ainda qu'eu tente,
e se sou poeta, isso sou poeta,
é porque a poesia é minha
alma a me opor a toda pobreza
de espírito da humanidade que
rasteja à sombra de Deuses e
Diabos, que rastreia adeuses e
ditados, pouco importa a origem 
e o destino final, eu vou pela
glória do ínterim, das lacunas,
do meio e não dos fins, meu 
tempo efêmero é externo, em
meu âmago a eternidade é só 
mais um calendário velho,
pendurado na parede da memória 
da minha psiquê primitiva.

A morte amo

Demora mas chega, 
difícil é sobreviver 
até                         lá. 

Porém, quando vem,
muda tudo, transforma 
a vida da gente:

Te amo amor te amo!

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Através

Deixa o beijo dizer pelos lábios 
o que os olhos veem...
Um silêncio traz novidades que
há muito procuram serem ouvidas,
porém, a boca calou pelo sabor
doce do beijo, e desse modo os 
olhos se veem em um brilho antes
jamais visto, e ao longe ao largo
ainda percebe-se ecos do silêncio 
ainda ressoando mesmo tendo se
dissipado pelas vozes daqueles que
trazem as boas novas:
É a Morte! A Morte que se avizinha,
e ela não vem sozinha uma vez que
surge com todas as nobres almas 
que seduziu pelo caminho...
E Todos Morreram Felizes para Sempre.

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Vivissecção

Pululam as entrelinhas 
meus versos, e entre um
entreato e outro da pausa
para compreensão de quem
lê, discorrem sempre 
ditirâmbicamente sobre
morte, vida e poesia, 
e antes que o leitor 
perceba que a poética 
ausente se apresenta como
uma assombração por entre
o texto, o autor mesmo
revela o susto e, apresentando 
disposta sobre as linhas o
corpo ainda quente, aberto e
dissecado da métrica,
como se esse poeta fosse
taxidermista, mas em se
tratando do corpo morto
exposto da métrica, esse
poeta está mais inclinado 
para a psicopatia. 

Sexta Rock Blues

A vida não pode ser boa
por ser horrível;
O amor por ser terrível 
não pode ser bom:
   Do Mesmo Modo,
de tardezinha é incrível 
a tristeza se se é todo
alegria logo após o
pôr do Sol...
-Quando na madrugada 
morremos, estar vivo
ainda na manhã seguinte 
é realmente desesperador. 

domingo, 26 de janeiro de 2025

Adeus dará

Ainda estou esperando a minha
grande década, e os dias que
demoram a vir, seguram consigo
semanas, meses e anos de glória. 
Desejo
acolho
concedo...e eu não me adapto ao
o que eu não quero, 
eu sofro e repilo, 
não sou dócil nem dúctil,
jamais serei o mesmo independente 
mente da situação, e se a vida ainda me é
amarga que ela não espere doçura
da minha parte.
Ser forte não é ser invencível, e toda
vontade requer força, 
mas até quando deveremos ser forte
se essa força de vontade não nos
tornará imortais?
Muito pelo contrário, de qualquer
modo nos encaminhamos para a
morte e isso sim pode ser inspirador.
A vida é resiliente, pois é a morte quem
lhe permite ser, percebe?
Eu não prefiro a morte e não me apego
a vida, eu prefiro a Arte e presumo meu
amor fati ser a poesia.
A morte de um poeta é o que há de mais
triste para a humanidade, e é talvez a
maior felicidade que possa brotar dessa
Terra para os deuses, 
eu pouco me importo com ambos.
O céu é queda para os deuses, e elevação 
para os Homens, eu sou só poeta,
nem homem e tampouco deus, 
e por isso habito o subsolo. 
Quando o mundo não mais acabar,
quando não houver mais morte pela
última vida perdida, então nesse dia
eu hei de brotar com minha poesia
como uma forma nova de existência. 

sábado, 25 de janeiro de 2025

Atento para com a vida

Eu lido com tudo isso há muito tempo...
comigo mesmo e, lentamente, o tempo 
que me resta me arrasta com ele por
sobre todas as coisas.
Eu leio pelo caminho o desenho dos
meus passos e percebo que quanto mais
volto meu olhos por onde passei mais
meu destino se faz incerto uma vez que
não olho por onde vou e sim por onde vim...
e sim por onde vago, e onde chego e
quando chego, é sempre desse lugar que
parto. E sigo...e volto meu olhar ao largo
e desejo que meus passos não me sigam,
para que jamais me mostrem o caminho
de volta outra vez.
O tempo leva consigo nós todos,
e o dia de hoje me parece interminável. 
Eu levo minha vida comigo no caminho
que trilho para a morte, elevo minha
morte ao posto de Musa e me desfaço da
vida como me despeço com um até mais
ver de alguém que sei que nunca mais verei
de novo, e no fundo por querer revê-la,
não desperdiço meu adeus. Minha existência 
é estranha como é estranho querer rever
alguém que não se conhece. 
Como saber quem se é de verdade sem ao
menos atentar contra a própria vida uma
única vez?
E tirando o A como prefixo de negação eu...
Eu tento sempre.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Enseja

Sê um Ás voraz e
devorar-se, ou também 
árvore ser e arvorar-se 
assim em si e ser
floresta para os seus
que buscam sua
natureza e ser sustentável. 

Ser o ar e, eventualmente, tempestade:
afetar ares de...
plantar em si sementes de céu e semear-se,
viver como ser a chuva a se molhar.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Ódio

Antes de mim eu já havia.
Nesta mesma vida e existência, porém, 
antes de agora jamais.
Ontem eu não existia,
embora seja eu um velho desconhecido, 
e o que hoje represento, em vidas passadas
nunca pude acontecer da maneira como 
em futuros tantos canso de ser.
Eu sou o fim de mim mesmo em meio
a muitas reconstruções diárias,
sou poética da retórica dos silêncios que
não pude calar. Eu falhei. Fui falho como
Deus é. E quando minhas palavras se voltarem contra mim, então poderei finalmente 
abraçá-las. 

O nosso problema é nos emocionarmos, 
não fosse o amor, seríamos perfeitos...

e isso é humano, não divino, e eu amo,
embora eu odeie a humanidade.