paredes de cavernas, à duras penas
escrita à la um sílex em carne de
caça, risca as pedras de paredes
internas de toda a caverna:
o primeiro Poeta, um Hominídeo
ainda, versando em vermelho sangue
através de sinais que dos dedos tortos
dele surgem. Descreve o cotidiano do
Clã à luz da recente descoberta de
nova tecnologia, o fogo. Esse proto-
poeta e quase humano passa as noites
em claro espelhando nas pedras das
paredes da caverna seus pensamentos,
lembranças e sonhos:
um animal gigante,
o fogo, a tribo, as
estrelas brilhantes em
meio a estranhos visitantes
que descem dos céus de
tempos em tempos, naves,
luzes, seres de cavernas siderais
que ficam além do profundo do céu...
Tempos depois, quando num fim de
tarde esse primeiro Poeta não apareceu
mais, todos os outros jamais perceberam
sua ausência, do mesmo modo como
jamais notaram a poesia nas paredes, e
um tempo depois que deixaram aquela
caverna partindo para outra, ela desmoronou sobre si trazendo abaixo
toda a estrutura interna.
Nos escombros de milhares de anos dessa
caverna ainda há vestígios da arte daquele
desaparecido Poeta.
Longe, muito longe dali, em uma gigantesca
rocha que circunda uma estrela distante,
observa o céu a procurar pelo caminho de
casa o primitivo Poeta, agora também ser
interestelar, e quando voltar para os seus,
se um dia voltar, descerá dos céus e será
tratado como um Deus.
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