segunda-feira, 5 de maio de 2025

Transmuta

Da existência de Deus
a culpa não é minha,
enquanto da minha
poesia é minha culpa
ser um Deus.

A culpa por estar vivo é daquele
que vive, e que sorte eu tenho se
ao me sentir sempre morto, 
me absolvo de ser considerado 
culpado pela minha frágil e quase
etérea existência. 

Se poesia fosse ciência 
eu seria um jardineiro,
e se para ser cientista 
eu precisasse de muito,
eu tocaria piano...

Então desse modo minha poesia
é música para flores e arbustos, 
minha poesia é para todos os
insetos um tipo de comunicação 
universal.

E as abelhas alquimistas
fazedoras de mel, 
as abelhas que protegem
com a vida a Pedra Filosofal,
ao romperem o abdômen 
ao deixarem seu ferrão na
derme, impedem sempre que
se revele o lugar onde se
esconde também o Santo Graal.

Da insistência de Deus em
exercer poder sobre nós a
culpa é toda nossa.

A culpa é da fé, da esperança...

a mais hábil e vil forma 
de comunicação universal 
entre Deuses e Homens.

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