quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Ex Tunc

Nada mais de novo há senão o
fim de tudo...

Fui esquecido pelo passado das
coisas que já vivi, mas eu lembro 
de tudo:
lembro de quando aprendi a ler
a cada novo livro lido;
lembro de quando aprendi a escrever 
a cada novo verso escrito;
lembro de quando aprendi a caminhar 
a cada novo passo dado;
lembro de quadros que há muito pude
observar a cada novo quadro 
observado;
lembro de músicas que gostava quando 
criança a cada nova canção que ouço;
lembro dos medos que antes eu tinha 
a cada desafio diário vencido;
lembro dos sonhos de antes a cada 
novo pesadelo vivido;
Nas noites em claro que hoje a insônia 
me faz companhia eu lembro do quanto 
antes eu dormia tranquilo;
me lembro de um Deus raivoso que me
diziam existir em alguma parte do céu 
sempre que me perguntam por que sou
ateu;
lembro de não querer ter sido astronauta 
quando criança por medo de acabar 
cruzando com Deus;
lembro do meu pai que nunca tive 
sempre que olho para minha filha;
lembro dos amores que não me
corresponderam no amor hoje vivido
e compartilhado com quem me ama;
lembro do escuro que jamais me causou
medo quando criança na escuridão que
hoje ilumino;
lembro da poesia que jamais entendi 
quando muito jovem nos poemas
incompreendidos que hoje escrevo;
lembro do fim do mundo que antes
parecia ser iminente na eminência da
esperança que hoje ainda tenho.

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