domingo, 31 de agosto de 2025

Nossas Poesias

Não à poesia que nos liga, 
aliás, sim à poesia que não 
nos liga, mas que deveria?
Talvez, porém, esse talvez
é filho bastardo e único de
uma esperança tão 
ridícula quanto maravilhosa
poderia ser se pelos acasos
da vida e pelo poder invisível 
do imponderável um dia 
nossos caminhos pudessem se
entrelaçar, e eu imagino o destino 
tricotando a tessitura da sua
elegia mais comovida, e como 
a morte de um verso em uma 
linha tão viva é quase um desdém 
ou sacrilégio à natureza indestrutível 
da poesia, eu digo nesses versos
que nascem agora pra eternidade,
tão meus para ti, mas que nunca
saberei se chegarão aos olhos de
tu'alma, que há uma presença da
ilusão da tua presença que exerce 
em mim um não sei o quê de uma
vontade de você tão grande que 
por ora, por agora, eu não posso
explicar. Mas explicar o que, se
não está acontecendo nada,
não é mesmo?
É um diálogo de minha solidão 
com minha solitude, e a língua 
que elas falam está entre o
idioma das sombras e a linguagem 
quase mímica da luz. 
Falam sobre nós em um tempo
em que nós ainda não existimos.
Mas um dia nossas poesias beberão 
do mesmo verso no mesmo cálice
poema.



Nenhum comentário: