e com o Diabo. Tentando a paixão
do azar com a silhueta falsa da
sorte e, aquele que tirasse o
número maior, sairia da mesa
com a posse da sorte alheia e com
um desdém nos dentes pelo azar
dos derrotados adversários.
Se fosse Eu, poderia escolher tomar
o lugar de um e do outro e assim
ambos se anulariam.
Deus me venderia minha morte
na planta e terminaria durante
meu resto de vida de planajá-la
eu mesmo, e no tempo determinado
no projeto, eu a executaria.
O Diabo perderia seu posto e me
serviria, eu receberia seu título
de Lúcifer, como Jesus serviu a
Deus sob o título de Cristo desde
a infância até a agorinha.
Eu seria a personificação, pelo menos
em tese, de uma espécie de santíssima
trindade: Eu o todo poderoso vencedor,
e os vencidos Deus e seu braço direito,
o Diabo.
Se fosse Deus quem tirasse o
número maior, de mim ele faria,
a contragosto, mas por vingança,
seu pupilo e me encarregaria,
pelo seu bel prazer, suponho, de
levar sua doutrina nas minhas
palavras e versos pelo resto da
vida aonde quer que minha pena
e passos fossem.
O Diabo voltaria para o seu submundo
devendo manter-se subserviente a Deus
e a todas as suas vontades e caprichos,
viveria como o Diabo, mas sofreria a
existência como um Homem.
Se o Diabo tirasse o número maior,
ele voltaria para os céus, governaria
o mundo e faria de Deus, é claro, o
seu mais fiel vassalo.
Quanto à mim deveria doar para ele
a minha alma e corpo, de minhas
carnes ele faria um banquete junto
aos seus demônios, e de minha alma
ele faria chama de candeeiro que
arderia pela eternidade, iluminando
altivo e não bruxuleantemente, para
todo o sempre os seus aposentos.
Eu joguei o dado e tirei seis;
o Diabo jogou o dado e tirou
seis também; Deus jogou o
dado e tirou sete:
-Milagre, milagre! - gritou Deus -
eu venci, eu venci, como venço
sempre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário