segunda-feira, 18 de março de 2024

Fuga da Eterna Mesmice

Para mim nada,
senão tudo para
todos. Eu quero
ser um vencedor 
junto dos meus.

Se Deus é contrário ao o que penso
e sei, jamais poderei ser partidário
dele, deste o que quero é a inexistência 
nos mesmos moldes do que nos diz
as escrituras a respeito da vida eterna.
Do mesmo modo, se sou eu o contrário 
do que parte de Deus, como pode Deus
ter por mim alguma boa consideração?
Nós anulamo-nos...

Assim como todos que padecem
de sede e fome, e cansaço, 
que existem em miséria extrema, 
e na pobreza toda a sua geração 
passada e futura viveram e viverão,
eu sei que para Deus nós também 
não existimos.

Se a ira de Deus é o meu fim,
que assim seja, mas que o meu
fim jamais seja o mesmo fim
melancólico desse Deus que
brutalmente fracassou.

Diz o vento,
que sopra por onde minha verve 
ardeu e ainda arde,
que todo o pensamento do poeta
é para a sua pena,
contudo nunca se satisfaz a
sua poesia,
e liberta os olhos um tal
silêncio, pois em silêncio o
olhar rebelde releu,
e ainda lê, 
versos retorcidos que os dedos
tortos desse poeta torceu.

Fé cega jamais! Nunca mais.
Melhor desacreditar buscando,
do que crer cegamente de joelhos.
Este presente que sob o Sol quente
se perdeu, faz sombrio o futuro
nestes tempos de passados perdidos,
passados a limpo doravante sempre,
sempre se repetindo como gagueira 
de quem tem medo da própria voz, 
uma vez que o que se fala,
ou o que se deveria dizer,
é para a libertação não só
de si, mas principalmente 
dos seus.

Luto pelos meus, porém, 
não quero a mesma sorte
deles desde que eles
desistiram de lutar.
Luto Eu.

Como pode a guerra não ser minha
se é a minha paz que por culpa dela
se perdeu?
Ser uma fera ferida que acertadamente 
morrerá em campo de batalha 
certamente vale mais do que estar
vivo e protegido e viver a beijar os
pés daqueles que te pisam.

Com muita sorte e resiliência 
tudo dependerá do imponderável, 
amanhã de manhã ou à tarde,
embora eu prefira a noite,
a madrugada. Quem disse que é
agradável aos olhos ver o Sol,
de certo quer lhe cegar. 

O que eu quero ainda não tem nome
e nem mesmo o horizonte que de mim
corre é capaz de avistar. 
Faço por mim mesmo e reinvento 
toda invenção, e se meu tempo é
agora, é daqui pro que virá,
isto repetido a cada dia,
que meu passado fará valer o futuro 
que não perde por esperar.

Mesmo que Eu tenha que viver
a correr atrás do vento.


Nenhum comentário: