pelo fio do pensamento e me
veio à ideia princípios de poesia
do tipo lâminas de navalhas.
Lírica de fio afiadíssimo que me
decepou os dedos agarrados à
pena, depois rolou pescoço
abaixo a minha cabeça e, com a
queda sobre a mesa, minha cabeça
caída ficou a fitar os versos escritos
com os olhos abertos, escancarados,
e um olhar terrivelmente macabro
assustou a Poética que por sua vez
ficou traumatizada por se ver nos
olhos pétreos que revelavam Ela
para Ela mesma. Viu-se o que era
e o que era viu de onde veio.
Enlouqueceu e libertou-se para
ir assassinar todos os versos que
àqueles dedos tortos decepados
ousaram um dia escrever.
Ela matava a si mesma a cada
assassinato, e a cada verso que
caía morto poema adentro, Ela
cada vez mais deixava de ser
Poética e passava a ser a
personificação do escritor sem
cabeça de dedos dilacerados.
Se transformou em seu Deus criador,
o mesmo poeta que ela assassinara.
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