domingo, 10 de março de 2024

Morre-se ao meio-dia

Ensombrece o passo tardo
lentamente o sol por sobre
viadutos por sobre a minha
existência.
Ando torto, quase ébrio, mas
sobriamente caminho rumo
ao futuro de minha vida.
A morte, é claro. E se paro
para tentar desviar o caminho,
a nova direção que tomo me
leva para a mesma sorte
como se me fosse um atalho
para meu triste destino.
Eu não quero morrer do
mesmo modo que ousei viver,
e tentei, sim tentei, por quase
quarenta e tantos anos
eu quis ingenuamente viver,
porém, se não vivi só de
dissabores, foi porque em
alguns momentos me permiti
fingir satisfação e felicidade,
contudo, a tristeza e a
insatisfação com o mundo
foi sempre toda a minha
sinceridade.
Agora saio das sombras e
percebo o sol, ilumina-me,
ilumina-me as ideias e ao
olhar para cima para vê-lo,
vem-me a idéia final.
Subo até a pista que corre
por sobre o viaduto e paro
para olhar lá para baixo
onde estava a viver os meus
últimos instantes de vida,
lentos e longos momentos
de aflição.
Me lanço, me jogo lá de 
cima e meu corpo magro
produz um ruído seco e
silencioso ao se arrebentar
no chão.
Minha morte passa despercebida
assim como foi nessa existência
torta toda a minha desgraçada
vida.

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