segunda-feira, 9 de julho de 2018

Ofício

Vou fazer poesia,
explicar pro âmago
asceta a presença
vil fora da caverna
de uma existência
vazia.

Mostrar pro fogo a
importância da água,
posicionar corretamente
o Tudo, pois uma vez
disposto em frente aos
espelhos da vida, se verá
refletido como nada,
porém, como um nada
absoluto.

Vou fazer poesia,
convencer a alma
a não mais insistir
na ideia diária de
sempre estar sozinha,
fazer alguma alusão,
ainda que tardía,
a importância da presença
de outrem, mas minha
solidão e suas fobias
preferirá para amanhã
estar só, como agora,
assim como ontem.

Fazer poesia,
apologia a porra
nenhuma pelo
nada que nascia.

Poesia é nada!

Assim como o Tudo
todo narciso que o
reflexo do espelho
dizia.

Em tristezas
a beleza do
poema ardía:
os versos eram
espinhos de um
botão de rosa
endêmica que
apenas no absurdo
nascia, rosa
vermelha de sangue
vivo que alguma
vida pedia,
assim, foi o
poeta até o
abismo do cosmos
buscar elementos
para inventar a
tão misteriosa
poesia, lá, encontrou
o âmago do universo
ensimesmado sobre
a infinitude de sua
existência vazia,
porém, descobriu
sentimentos puros,
antigos e intocados,
e então com sua
mística pena colheu
aquilo que mais  lhe
aprazia, contudo,
trouxe para cá
tudo o que hoje
se soma às misérias
de quem escreve,
para se fazer poesia.

Vou fazer poesia,
explicar a vida
para a morte e
na morte entender
Tudo aquilo que a
vida jamais me
explicaria.

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