sábado, 3 de fevereiro de 2024

Vários Girassois

Havia um vaso vasto,
um vasto vaso vazio.
O viam sempre lá, 
todo o mundo o mundo 
todo se via no vaso, 
se viam vazios, vazios
como todo e qualquer 
átomo, vazios como o
vaso. Um dia um vento
vindo do norte derrubou 
o vaso. O vaso quebrou,
e todo o vasto vazio do
interior do vaso foi-se
com o vento, o vento,
diziam mais tarde, veio
colher o vazio do vaso, 
vazio este que estava a 
madurar. Um dia a morte
virá e fará o mesmo com
todos que viveram como 
o vaso, a morte como um
sopro forte de vento levará 
as almas vazias de todos. 
Tudo é vazio entre vida e
morte. Como os átomos são 
dentro de todos nós. 
Porém, quando já se pensava 
que o poema acabou,
alguém muito justo foi lá 
e remendou o vaso,
colou
caco por
caco com
cola quente. Consertou o
vaso e no seu vasto interior 
vazio plantou vários Girassois. 

aut viam inveniam aut faciam...

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