segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Efemérides

Tessitura de existências, todas quase
diurnas, lembranças anotadas
sobre versos noturnos
de dias idos há muito, e
se sabe que você com
eles ainda vai:
Anoitece e, se acorda, acorda-se
outra vez.
Calendários gastos,
vários,
todos em paredes lógicas,
dependurados.
O dia que você ignora
é aquele que você olha ali
para saber que dia será,
qual será o dia marcado
ali, e você sabe:
saber você
sobre você
você sabe,
saber você
sobre você
você sabe, sobre,
sobre você
saber você
você sabe qual dia
você quer saber sobre.

Tarde da noite descobre-se
qual dia você quer saber e...,
foda-se, e o dia é aquele que
há muito a noite já devora.

O Dia é Hoje!

O dia de hoje
é hoje e só
hoje amanhã
já não será
mais esse dia.

Não lembrou que ontem ele já sabia.
Esqueceu e o dia se foi para sempre,
nunca mais mais esse dia.

Anteontem à tardinha ele já pensava
em não esquecer,
mas não lembrou de não esquecer
de não esquecer o dia.

Esse dia só existe agora na eternidade
dos dias idos há pouco,
e sabe que você com eles ainda vai.

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