desejo da vida.
Há dias como este de total desapego
ao o que antes nos fazia (querer) viver.
Eu hoje nada mais quero, ou antes,
a partir de agora eu nada mais
espero da vida.
Nem mesmo a morte nesse dia
me interessa (existo nesse instante
como um glossário de significados
vagos para a consulta de claviculários
a procura da chave certa para uma
saída ainda não encontrada).
E antes de querer o nada,
eu nada quero.
Eu neste momento apenas assinto
em sentir que esse sentimento de,
nem de fuga e menos ainda de busca,
mas esse sentimento de recolhimento
em mim, poderia significar que é
chegada a hora de morrer,
porém, nem mesmo a ação da morte
sobre mim, ou a ação de partida daqui,
de mim em direção a ela,
é algo que eu possa desejar.
No momento eu sou àquele livro
que na pequena biblioteca de alguém,
ávido leitor, está lá na prateleira
da estante como sempre esteve,
mas jamais foi lido outra vez desde
a única vez em que teve suas páginas
analisadas há muito tempo,
mas não se sabe quanto, nem quando,
e menos ainda por quem.
Eu sou este livro que está lá
e nunca mais será aberto outra vez
e por isso é imensamente feliz
em saber que agora intocável
ele tem para si o total desprezo
do ao redor que sempre desejou.
Eu estou nesse livro naquelas
páginas que se aproximam do fim,
e esse livro sempre esteve no
início de tudo,
tudo que um dia alguém,
relacionou a mim.
Somos o mesmo e ambos nenhum.
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