aliás, sim à poesia que não
nos liga, mas que deveria?
Talvez, porém, esse talvez
é filho bastardo e único de
uma esperança tão
ridícula quanto maravilhosa
poderia ser se pelos acasos
da vida e pelo poder invisível
do imponderável um dia
nossos caminhos pudessem se
entrelaçar, e eu imagino o destino
tricotando a tessitura da sua
elegia mais comovida, e como
a morte de um verso em uma
linha tão viva é quase um desdém
ou sacrilégio à natureza indestrutível
da poesia, eu digo nesses versos
que nascem agora pra eternidade,
tão meus para ti, mas que nunca
saberei se chegarão aos olhos de
tu'alma, que há uma presença da
ilusão da tua presença que exerce
em mim um não sei o quê de uma
vontade de você tão grande que
por ora, por agora, eu não posso
explicar. Mas explicar o que, se
não está acontecendo nada,
não é mesmo?
É um diálogo de minha solidão
com minha solitude, e a língua
que elas falam está entre o
idioma das sombras e a linguagem
quase mímica da luz.
Falam sobre nós em um tempo
em que nós ainda não existimos.
Mas um dia nossas poesias beberão
do mesmo verso no mesmo cálice
poema.