quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Sangues e Suores

Tanto andou os pés e
apenas cansou as pernas.
Os braços lançou-os ao
horizonte e não alcançou
um abraço sequer.
De tanto que gritou que
apenas perdeu a voz,
agora em silêncio marmóreo,
perde também a vez junto
àqueles que ainda podem gritar.
Os olhos cansados de serem
observados por uma junta de
sombrios clarões conservadores
convertendo-se em escuridão
densa e palpável,
lançam-se em outras visões
menos vilipendiadoras,
mas quando pensam poder ver
diferentes coisas,
acham-se diante de espelhos
curvos e pardos e estes espelhos
refletem desprezo como
admiração e sinceros elogios
como vis escárnios.

Vã glória viver louco em sã guerra!
Vanglória em san'guerra,
inglória,  suores, sangues e guerras.

Vencer na vida e perder-se
na guerra que é viver,
sangrar em tinta e pintar
um quadro vermelho vivo
para a morte,
pintá-lo, pintá-lo agora e 
sempre, ou por enquanto
apenas, enquanto sangra.

Sangro o hoje e alimento-me
dele agora e deixo para querer
morrer amanhã, mas quando
me acharem saberão que foi
ontem que morri...
e uma vida toda pela frente
ficou pelo caminho,
como pernas cansadas,
de pés que muito andaram,
os braços esticados pediam
por algum amparo,
pendiam pro desespero
embora calmos iam percebendo
o destino.

Um contra o outro ou de encontro,
ou pelo menos assim deveria...ser,
sei lá...
acredita-se,
muito tempo depois,
que o destino e o viajante,
juntos se perderam.

Nenhum comentário: