sábado, 4 de dezembro de 2021

Neuroticismo

Eu sou o meu perturbador,
eu não,
eu sou,
não eu,
o meu perturbador.

Eu não!
Eu nunca,
hoje talvez seja apenas
eu mesmo,
não eu,
o meu perturbador.

Eu sou sim,
o meu perturbador,
antes já era eu mesmo,
mas quando disse
eu não,
eu mesmo não disse
eu não, foi o meu
perturbador,
não eu,
o meu perturbador.

Alta ansiedade em alta,
ânsias de um tempo em
alta voltagem,
eletricidade o ar que se
respira com dificuldade,
angústia e terror.

Eu sou sim assim
o meu perturbador,
pânico em paz em
minha cabeça,
tranquilidade é como
cocaína, tristeza e
tempestade, breve
como um ímpeto e
eterna como a 
liberdade, eu,
o meu perturbador,
livre sempre para me prender.

Como alguém outro,
livre e satisfeito,
que fica pensando
em como não, como
é não ser,

quando
              amanhã
hoje      apenas
              ontem.
Quando
              ontem
amanhã o
              hoje
ainda não
e já foi.

Algum dia quando não,
lembrarei qu'eu fui,
pra sempre, um dia,
o meu perturbador:

quando o semblante
do silêncio em total
desespero, e o desespero
calado pelo pânico,
sofrer por querer o futuro
como sofre a fuga do passado.

Denso e tenso o
tempo todo, inteiro,
dentro do intenso
de cada momento de
completa distopia,
o fim do mundo é
todo dia e todo dia é
véspera de ser
o fim de tudo de 
todo o eu,
o meu perturbador.
-Eu sou!

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