sexta-feira, 1 de abril de 2016

Primeira Pessoa

Sou portador da síndrome de mim,
raríssima, dizem que sou o único
no mundo a desse mal padecer assim.
Já nasci doente, é cronica, com o
passar do tempo vai ficando cada
vez mais evidente que sofro de tal
síndrome, pois tenho todos os sintomas.
Não há remédio para combater
minha enfermidade, o que a torna
suportável é aceitar que sou portador
e não esconder que sofro dessa
síndrome de minha personalidade.
A ciência diz que posso levar uma
vida normal, mas a religião garante
que estou condenado e que meu corpo
e alma doentes não serão aceitos no
leito de nenhum hospital.
Sofrer é sinônimo de existir!
Eu como caso único na história me
sinto muito sozinho, sei que essa
síndrome apareceu junto comigo
e vai sumir assim, quando eu for embora.
O que me acalenta é que não é contagiosa,
esse meu sofrimento a ninguém eu posso
transmitir.
Sou filho legítimo, único e último dessa
endêmica rara presença que dentro de
mim mora.
Tenho comigo uma crença,
acredito que de tão acostumado
com minha síndrome,
hoje é certo que ela não
mais me aflige e,
uma cura,
seria pior do que a doença.

Nenhum comentário: