um eu todo retorcido
não pode acreditar ou
querer um deus todo
reto e vertical.
O sol sublinha
a noite da alma escura,
convida meu obscuro espírito
a ficar, partir para o
horizonte agora pode
ser tarde demais.
Deus pode não estar mais lá,
mas e se for de deus que eu
quero fugir?
Está aqui,
pode vê-lo através do
espelho quando põe-se a
observar a imagem dele
que em muito se assemelha
àqueles que não crêem.
Mas eu posso ir além e
não acreditar na crença,
na fé oblíqua e abstrata
que muito representa mas
não significa nada,
no fundo não significa nada
e nada é mais
profundo do que os
confins dos céus.
Estar de frente para trás
e seguir adiante ou ir no
inverso da contramão,
o infinito (universo) é
como uma rosca sem fim,
sempre a mesma coisa ilusão,
parece eterno mas começa
ali e termina aqui,
girando em si e dentro de si
acredita ser imensidão.
Lembrando que foi num átimo
de tempo que se deu no início,
o princípio, a explosão.
Por onde vamos para crer
é por onde seguimos acreditando
naquilo que achamos ser.
E u t o d o t o r t o s o u,
heterogêneo do ódio ao amor,
deitado na solidão meu divã,
solitude a me compor
para ser para outros
melhor desamparo acolhedor,
um conflito reconciliador
entre busca e desilusão,
desequilíbrio em harmonia...
Derrubar o Deus despótico
como símbolo de Estado,
desacreditá-lo,
buscar no caos das coisas
que estão para surgir,
evolução e revolução e
querer ser e estar sempre
em anarquia:
Abaixo!Abaixo!Abaixo!
Distorço minha fé cega
e posso começar a ver,
discorro sobre a fé que
cega quem precisa de
deuses para melhor ser,
piores são e condenam
seus deuses a sempre
existir apenas por medo
e pusilânime auto compaixão.
Escorre a escura noite
por bueiros que ladeiam
um úmido asfalto por onde
antes o sol por ali passou,
nauseabundo e afoito.
Por agora sou eu o asqueroso,
ali, arquétipo em desconstrução,
caminhando sem pressa e
fugindo de encontro
para onde vou.
Sabe lá deus para onde vou,
lá onde porém ninguém sabe.
Talvez para o porvir,
mas o futuro queira quem
sabe a intenção de voltar,
a alma escura, embriagada
pela noite,
voltar a fugir da luz
das ideias eternas.
Sobre o leito
sob um dossel
sob o teto sob
um céu noturno
de estrelas mortas
ou a morrer ou
vivas ou a nascer,
há outros astros
singulares,
e tantos outros
astros percebem:
dá-se a insônia
que segue ainda em
coma profundo pela
madrugada adentro
e afora,
e é nesse momento,
nesse instante
itinerante que tudo
se põe a prova:
todo o pensamento em si parte
em fuga atrás do para-si e nesse
ensimesmo para si perde-se toda
a fé que existia e pede-se mais,
alguma razão para o nada que se
vislumbra e que justifica-se
também partindo em busca para
dentro de si.
O nada sou Eu,
o todo.
O todo sou Eu,
o nada.
É mesmo muito útil a
necessidade de um deus
sol a se pôr e/ou
contrapor a tudo isso,
pois o todo é deus,
uma aurora;
o nada é deus,
a escuridão.
Eu continuo, sigo ainda...
que o adeus me livre...ando.
Prefiro o púrpura do
crepúsculo eterno como
num exoplaneta imóvel
em si e iluminado,
v a g a n d o.
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