quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Farto de tanto de si

Ensurdecedor quase,
assim se deixa estar esse,
que querendo ganhar no
grito passa a se
manifestar fora de praxe,
enlouquecido aquieta-se
fora do eixo, inclinado já
há meses a uma nova
forma de ser.
Oscila entre silvos agudos
e graves gritos dissidentes
dos que antes calava.
Teme, mas quem não teme
um dia a voz perder,
ainda mais tendo, atento
como sempre, muito a
dizer?
Eu acalmo-me para ouvir,
assinto sobre os
fundamentos ensinados
por ele mesmo e passo a
ser todo ouvidos,
então o silêncio vasto,
farto de tanto de si,
divide comigo seu ego
em ecos fractais,
frágeis o suficiente para
me apetecer o que dizem,
ouço calado, como quem
entre ruídos tenta
concentrar-se para ver,
desse modo o silêncio
ensurdecedor quase,
comovido assim, deixa
estar esse a ser.

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