terça-feira, 13 de setembro de 2016

Adeus

Se é para deus me acompanhar
então que ele traga bebida e
cigarros, pois logo quando eu
me entediar, me embriagarei e
se depois deus me perturbar
eu o mandarei para o diabo.

Com ares de ser independente
e entre fumaças de rebeldia,
se é para deus me acompanhar
então carregue ele o fardo pesado
que atrasa tanto a minha ida.

É provável que durante o caminhar
eu canse e me esgote, mas que haja
forças em mim para incentivar que
continue andando o deus desanimado,
pois se ele vai me acompanhar não
quero ninguém cansado ao meu lado.

Que ele suporte a sombra do sol
sobre as costas e a luz fria da lua
que iluminará o caminho sem
volta em noites de trevas profundas
e vazias.

Se é para deus me acompanhar
então que respeite os meus vícios
de Homem maduro, livre e sem
culpas. Quero ópio, quero álcool,
quero pão e perdão e, em dias
sóbrios quero me arrepender de
todos os pecados.

Veja como é a vida,
se eu acreditasse nela do mesmo
modo que ela em mim acredita,
eu já estaria morto, pois seria
um suicida, mas resolvi olhar
para ela sob um outro ponto de
vista, sou poeta ora ateu ora
teísta, sou sofista para com deus
e filósofo para com a vida.

Que venha deus me acompanhar
para junto comigo apreciar a vista,
eu lhe mostrarei a miséria dos
homens que morrem engasgados
pela ganância e pela cobiça.

Que deus desça um pouco lá
de cima, de onde os urubus
procuram carniça e venha me
acompanhar e, quando talvez
desanimar, descansaremos na
sombra de nossa preguiça.

Não entendo por que tanta
pressa, se nesta vida o que
nos resta é sempre só despedida.

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