terça-feira, 4 de julho de 2023

Qualquer Horizonte

Quando o dia não for hoje,
ontem menos e amanhã
tampouco. Impossível.
Quando eu não for mais
o mesmo e quando nem
ao menos houver mínimos
vestígios da minha
existência, aí então
quem sabe nada mais possa
me afligir. Impossível.
Quando não é a alta ansiedade
é a baixa autoestima;
quando não é a minha mínima
participação em qualquer
satisfação por estar vivo,
é a minha máxima culpa
em estragar tudo, sempre,
eu presente ou à revelia.
Quando não eu,
outros eus me antecipam.
Posso ser muitos e variados
tipos de um mesmo eu
sempre perdido. Impulsivo.
Sou promessa sem rumo,
não aconteço por onde passo
e jamais caibo em nenhum
futuro.
Não sou presente e
não tenho passado.
Abstenho o tempo.
Observo e absorvo
qualquer horizonte,
então abstraio o que
pode ser absurdo
ali e assim me
reconstruo e sigo
sempre absolutamente
destruído.
Sou poeta sem rima,
não metrifico o verso
por onde escrevo e jamais
caibo em nenhum poema.
Sou verso solo, infértil...

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