Trazia o próprio diabo no nome,
não me atreveria a dizer que era má,
mas muito justo é afirmar que não era
santa. Tinha a paixão por aventuras
que consome a pureza de qualquer dama.
Era bela, fogosa, provocante, fazia-se
notar por onde passava através de
seu sorriso encenado, os lábios
entreabriam-se para mostrar seus
alvos dentes brilhantes, de um esmalte
quase espelhado, o riso preso à boca
era quase sempre de escárnio,
dizem que desdenhava de todos apenas
por diversão, outros afirmavam que não
gostava de ninguém e que era senhora
absoluta e até tirânica do seu coração.
Alguns rapazes que já haviam lhe servido
de presa, os que não haviam enlouquecido
ou se matado, eram enamorados perpétuos,
mas todos infelizes e desprezados.
Dizia ela que o amor é uma fraqueza da
alma, e que só os espíritos fracos e baixos
é que se deixam levar por esse sentimento
tão medíocre. Ela não, era mais que uma
hedonista, era devota assídua dos prazeres
da carne, dos vícios e de toda a sorte de
pecados, dos mais leves aos mais sujos
e sórdidos. Religião para ela era o câncer
do mundo, mas se divertia sabendo que povos
e mais povos matam e morrem em nome
de Deus. Deus em sua concepção era nada
mais que uma bruma inerte e abstrata,
nada significava para ela. Aliás, nada no
mundo importava a não ser ela mesmo e sua
figura admirada. Narcisista, egoísta, prepotente,
arrogante, etc. Era possuidora dos mais vis
títulos que possam ser atribuídos a alguém.
Era arrasadora com o olhar, persuasiva com
as palavras, encantadora com os gestos e modos,
era a dissimulação em pessoa. Seu corpo era de
uma vênus de fogo que poucos escolhidos tiveram
o prazer de nele se queimar. Seu corpo jamais
poderia ser esculpido no mármore, pois a fria
pedra não representaria dignamente os ardentes
contornos do seu talhe. Se poesia lhe fosse feita,
nem Baudelaire nem Bocage, quem sabe Byron
compusesse versos que mais se assemelhassem a
sua perigosa beleza. Alguns admiradores a
mandavam versos que ela recebia com desdem e
nem sequer os lia, dizendo que não se dava para
coisas tão insignificantes. Não era amante das
artes, não admirava a natureza,
as estrelas, o luar. Nada alem dela e de seus
maquiavélicos interesses recebia a sua atenção.
Diziam que não era merecedora nem do paraíso
nem do inferno, e se passasse pelo purgatório
corromperia todos que ali jazem esperando
anistia. Mas para onde iria então essa alma
meio mulher e meio diaba?
Ao certo para onde ela desejasse, desde que lá
pudesse ser rainha, déspota, e que houvesse quem
à admirasse e prestasse juras à sua postura malévola,
à sua beleza profana e pérfida.
O que sabemos é que assim viveu Lucy Fernanda,
sempre faceira, feliz e intrépida.
não me atreveria a dizer que era má,
mas muito justo é afirmar que não era
santa. Tinha a paixão por aventuras
que consome a pureza de qualquer dama.
Era bela, fogosa, provocante, fazia-se
notar por onde passava através de
seu sorriso encenado, os lábios
entreabriam-se para mostrar seus
alvos dentes brilhantes, de um esmalte
quase espelhado, o riso preso à boca
era quase sempre de escárnio,
dizem que desdenhava de todos apenas
por diversão, outros afirmavam que não
gostava de ninguém e que era senhora
absoluta e até tirânica do seu coração.
Alguns rapazes que já haviam lhe servido
de presa, os que não haviam enlouquecido
ou se matado, eram enamorados perpétuos,
mas todos infelizes e desprezados.
Dizia ela que o amor é uma fraqueza da
alma, e que só os espíritos fracos e baixos
é que se deixam levar por esse sentimento
tão medíocre. Ela não, era mais que uma
hedonista, era devota assídua dos prazeres
da carne, dos vícios e de toda a sorte de
pecados, dos mais leves aos mais sujos
e sórdidos. Religião para ela era o câncer
do mundo, mas se divertia sabendo que povos
e mais povos matam e morrem em nome
de Deus. Deus em sua concepção era nada
mais que uma bruma inerte e abstrata,
nada significava para ela. Aliás, nada no
mundo importava a não ser ela mesmo e sua
figura admirada. Narcisista, egoísta, prepotente,
arrogante, etc. Era possuidora dos mais vis
títulos que possam ser atribuídos a alguém.
Era arrasadora com o olhar, persuasiva com
as palavras, encantadora com os gestos e modos,
era a dissimulação em pessoa. Seu corpo era de
uma vênus de fogo que poucos escolhidos tiveram
o prazer de nele se queimar. Seu corpo jamais
poderia ser esculpido no mármore, pois a fria
pedra não representaria dignamente os ardentes
contornos do seu talhe. Se poesia lhe fosse feita,
nem Baudelaire nem Bocage, quem sabe Byron
compusesse versos que mais se assemelhassem a
sua perigosa beleza. Alguns admiradores a
mandavam versos que ela recebia com desdem e
nem sequer os lia, dizendo que não se dava para
coisas tão insignificantes. Não era amante das
artes, não admirava a natureza,
as estrelas, o luar. Nada alem dela e de seus
maquiavélicos interesses recebia a sua atenção.
Diziam que não era merecedora nem do paraíso
nem do inferno, e se passasse pelo purgatório
corromperia todos que ali jazem esperando
anistia. Mas para onde iria então essa alma
meio mulher e meio diaba?
Ao certo para onde ela desejasse, desde que lá
pudesse ser rainha, déspota, e que houvesse quem
à admirasse e prestasse juras à sua postura malévola,
à sua beleza profana e pérfida.
O que sabemos é que assim viveu Lucy Fernanda,
sempre faceira, feliz e intrépida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário