segunda-feira, 6 de junho de 2016

Sal do céu

À ti, antípoda da gloria e da
virtude, meu coração repulsa,
pulsa friamente e repulsa
outra vez, expulsa a figura
suja do amor como quem
escarra violentamente na fuça
ordinária de um opressor.

Á ti amor, faço esses versos
à ferro, forjo-os num fogo
mais primitivo do que as chamas
que ardem no inferno. Faço-os
para ferirem e com isso mostro
que algo me ensinastes, me mostrou
o desenho da dor e sobre a planta
foste incansável, quase um sábio
em me fazer ser doutor na arte de
afligir e de destilar escárnio.

Amor que nunca foi o bastante,
que nunca veio e que já foste,
que tão depressa foi embora e
que nunca cessa a espera à tua
demora para aqueles que amaldiçoou
a alma a vida, em tua memória.

Incognoscível é tua sina e tua
condição em banditismo é dolosa,
gostas de ser cruel e tua essência
tem muito de profano humano e de
divino há só sal do céu.

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