sexta-feira, 7 de junho de 2024

Flos Dissector

Admirando flores meu faro
buscava em ti a percepção 
de tuas vestes de seda de Lótus,
mas minhas mãos rápidas e
gratas pelo dom do tato só 
pensavam em despir teu corpo
que a propósito da nudez
aguçaram também meus
destemidos olhos e eis que 
surge teu corpo nú,
desde o teu pensamento mais
altivo até teus obliquos calcanhares,
nua a presença do teu corpo
definido em imagem de Vênus,
fez-me a alma achar-se um Deus
grandiloquente, mas que em
silêncio prolixo repetia para
meu corpo um mantra que
aprenderá sete existências atrás,
e dizia:
              vá, ama, ame-a como o mar
              ama suas águas, como amar
              o mar sabe sobre suas ondas,
              vá, toma-a em teu destino e
              faça da beleza que cada poro
              dessa macia pele sugere tua
              única forma de pertencer a
              esta vida...

E desde então pus-me a viver
dissecando flores.

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