Uma ode ao amor, ou ódio...
falsa esperança é pleonasmo e
todo o abismo que me espera
secretamente me observa pelos
vãos de seu precipício.
Assim é o amor que não nos ama.
E ter de se reorganizar para não
sobreviver de novo, é uma dose
a mais de quase morte que você
deve sempre tomar...
um quase amor é subvida, é a
morte já pelo quase, eu gosto mesmo
é da paixão, verdadeira como o fogo
e eterna durante toda sua efemeridade...
Todo o para sempre é ilusão,
qualquer amor em qualquer proporção
é ilusório, é ilustração.
Uma dose de amor, ou ópio...
valsa que se dança no silêncio,
que se cansa em si em ser só
desespero e jamais comunhão
consigo mesma. Coisa que o amor
é, perceba, é sempre dele para com
ele mesmo, o bailarino de sua opera,
a orquestra de sua sinfonia, o amor
é todo circo e público para um único e
triste palhaço, o amor é do poeta a verve,
é da pena o verso, é da poesia o poema,
o amor é um poema que canta as desventuras
de um vencido, o amor não pode ser glorioso,
pois ele vence a si a se vender para um outro
que lhe seja mais caro, mais caro em seu
âmago amargo e cruel. O amor é vil!
O amor é distração para o fim de tudo que
nos observa, e nos observa de um horizonte
cada vez mais próximo...
todo apaixonado não enxerga nada além
do que apenas o objeto de seu desejo...
ignora o que te espreita agora, ou viu,
esse silêncio que se materializou em solidão
e irrealidade?