segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Versus

Meus versos jamais foram 
cantados por voz alguma,
tampouco por olhos alheios
alhures, nem mesmo o 
silêncio pôs-se a observar 
com o seu olhar inquieto 
estes versos que jazem vivos,
perplexos e intocados, 
e como ultimamente tenho
me pôsto a escrever pouco,
os poucos versos que deita
minha pena nas folhas de
papel do meu bloco de
notas companheiro, têm 
exatamente as mesmas cores
do papel de parede dos
desesperados pensamentos 
meus, violentos muitas vezes,
aliás, violência é tudo o que
tenho sentido, sofrido...pois
escrevo violentamente, e sofro...
sofro pelos versos que desdenham...
é que desdém é só o que eles sabem
sobre, ou é só o que sabem sobre eles...
a única paz que vemos é a que não 
possuímos: poeta, pena e poesia...
e de repente nada acontece de novo, 
de novo...e como!
Repetidamente o mesmo 'nada de novo'
se sucede ininterruptamente,
o que faço é o que me fez sempre,
ponho-me a escrever versos...
"a glória vai no rastro daqueles a
quem ela é indigna de guiar".
A vontade foi em toda a guerra,
de paz, a vontade foi em toda 
a vida, da morte, a vontade foi
em toda poesia, destes versos meus.



Como faço para chegar até a morte?

Segue
Reto
Toda
Vida.



sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Restos de Tudo

Sinto que sou pouco,
muito...
ao que penso que sou muito,
pouco...
Falta-me tudo e
sobra-me todos,
custa-me o peso de todo mundo 
ao preço do quanto
me é caro o mundo todo:
todo mundo não é o mundo todo,
o mundo todo sou eu,
todo mundo são os outros,
o resto de tudo e a sobra de todos.


sexta-feira, 12 de setembro de 2025

I gotta agora

Eu levo sempre comigo 
todos os meus ontens e
anteontens que fiz
pelo caminho, 
eu tenho-os comigo 
como detiveram-me
quando quis o futuro 
antes do tempo. 
Diante desse exposto,
expulso de mim o
eterno amanhã que
insiste em vir ter de
mim antecipadamente 
correspondências...
não quero ser no futuro 
o que há muito já sou
agora, o quando do meu
tempo é ontem...por hoje
é isso... não quero ser
postumamente lembrado,
quero celebrar o agora e
amanhã qu'eu seja 
esquecido por todos que
jamais me conheceram.

sábado, 6 de setembro de 2025

Out Imune

Tenho medo de ficar
a sós com minha poesia 
e Ela me devorar, por 
isso peço a todos que me
lerão um dia a fazer isso
em público para que
quando forem devorados,
tenham como testemunha 
o desdém de todos que se
perdem ao redor, e se
perceber que tu'alma 
encontra abrigo em meus
versos, saiba que est'alma
já é minha e que a partir 
desse instante, da doença 
incurável da minha poesia,
você é agora um transmissor 
infectado.

Ressaibos de Remorsos

Quando meu presente for rara
antiguidade e minha poesia
fóssil, evidentemente que não 
lembrarão de mim, pois jamais 
me conheceram, e ficarão 
surpresos em perceber que o
que descobriram é um espelho 
que sempre furtaram de se olhar
por medo do reflexo feio que
sempre ante aos senhores esse
mesmo horror a de lhes 
apresentar, porém, se tivessem 
percebidos a si nele antes,
hoje não teriam mais medo de
nesse presente antigo que espelha
teu íntimo a se admirar, se admirar...
e se admitir que o feio do teu
âmago lhe agrada, menos mau, pois 
pelo menos o mal dentro de ti
se enxerga.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Odeio Deus e Outros Diabos

Jamais serei Deus novamente.
Declino do convite da presunção,
pois o Deus Todo-Poderoso cabe
todo nesta frase e Eu tenho por
vontade genuína ser um romance 
de mais de mil páginas, minha
existência é maior do que poucos
versos de meia dúzia de palavras,
de orações que se repetem em
rezas que se fazem inauditas e
incompreensíveis em lábios 
rachados de idosas quase senis e
caquéticas.
O Deus de todo mundo não pode
ser o meu porque eu não sou 
todo mundo.
Eu sou o mundo todo,
eu sou o mundo todo livre,
um mundo todo repleto de
assassinos de colonizadores,
repleto de pagãos leitores de
estrelas e da escuridão, eu sou
a escuridão que temem todos
os adoradores de deuses, e eu
odeio todo Deus que não tem
espelho em casa, mas eu adoro 
dos deuses aquilo que possivelmente 
é o mais terrível medo deles,
desse modo, assim, jamais serei 
ateu e/ou pecador novamente,
não terei mais porque gozar
desses prazeres.

Discordante Conserto das Coisas

Mato-me...
Escrevo em círculos uma poesia 
que almeja libertar-se, seguir em
frente e ser independente do seu
poeta, do mesmo modo como o 
poeta a livrou do cabresto da mé-
trica, Ela deseja livrar-se dele:
a tinta livrar-se do tinteiro;
o tinteiro livrar-se da pena;
a pena livrar-se dos dedos tortos
do poeta, e os dedos desejam
veem-se livres da escrita, a escri-
ta, como toda escrita deveria ser,
deseja ardentemente ser indepen-
dente, porém, essa escrita agora
quer ver-se livre da poesia, e minha
poesia há muito já me dá de ombros 
e sussurra consigo querer também 
ver-me pelas costas...mas eu sempre 
vivi e morro por Ela.
Que leitor meu morreria comigo?

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Arroubar Fogo

Fugir com o Fogo
como fosse Prometeu,
ou
Fulgir como o Fogo
como você prometeu?