quinta-feira, 10 de abril de 2025

Ela

Se fosse eu o horizonte 
certamente seria por Ela
que eu gostaria de ser
observado, mais do que
isso, seria por Ela qu'eu
desejaria ser conquistado. 
Se fosse eu uma janela
seria Ela que eu queria
que estivesse sempre
sobre mim debruçada,
observando a vida fora
das suas retinas tão 
interessadas, embora a
vida além d'Ela não seja
assim tão interessante. 
Se fosse eu os transeuntes 
que caminham pela avenida 
sob o seu olhar, chegaria
feliz ao meu destino sabendo 
que minha existência fora
por Ela percebida.

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Não Mais Mais uma vez de Novo

E eu que cheguei a pensar que
meu coração possuía mais do
que uma unidade de consumo,
tolice, me desfaço desse engano
e faço do que pensei ser amor
nada mais do que um adorno
pendurado na parede mais 
esquecida do átrio menos 
visitado do meu coração destruído. 
Não voltarei mais lá...não mais
como da última vez que voltei a pisar
lá desde que a Vênus que pensei ser 
Musa já tinha me deixado claro que
eu jamais a mereceria. É fato, agora
percebo que jamais estive apto a
merecê-la, porém, não fomos capazes,
eu e esse meu coração, agora envilecido,
de nem ao menos cortejá-la como ela,
sendo a Musa inabalável que é, mereceria.
Mas eu, se nesse instante não posso dizer
que não mais a amo, declaro do fundo
do meu raso arrasado coração partido,
que farei o impossível para não mais
amar. O mesmo impossível que criaturas 
apaixonadas fazem para se devorarem,
eu farei para que esse impávido amor não 
me consuma. Não mais mais uma vez
de novo. E mesmo qu'eu declare o fim
disso tudo agora, é certo que eu sei que
por muito tempo essa desilusão irá me
assombrar existência afora. E eu irei
pagar o preço desse apreço ter
sido por ela jogado fora. 
Culpa toda minha de por ser um tolo
poeta achar que poderia ser deveras um
apaixonado compreendido, não, jamais
serei triunfante como sei que serão estes
também tolos versos. Nunca saberei o que
ela amas, mas sei que esse desgraçado essa
tão admirável Musa jamais amarás. 
Por esse meu profundo coração enamorado 
ter se transformado no meu mais
pesado fardo é porque hoje abdico desse 
amor que antes era meu sacerdócio e nesse
momento é minha desistência de qualquer 
nova aproximação entusiasmada. Irei, pelo
bem da sanidade dessa minha alma
deslumbrada, manter-me distante como
distante de mim sempre fora a alma dela.
Como eu poderia saber que o infinito 
daqueles olhos jamais me viram?
Agora são os meus que tal imensidão jamais
olharão de novo. E se por isso eu morro,
é do que se fará minha vida desde este
instante agora até o meu fim, 
que julgo merecer que não demore.




sábado, 5 de abril de 2025

Musa Impassível

Teus olhos...
quantos infinitos sugerem-me...
e olhando-os, nos olhos, nos olhos 
desse infinito maravilhoso que
mora em teu olhar, eu, enquanto 
te admiro falar, não deixo de não 
imaginar como seria se minha
presença morasse um dia também 
na memória desse olhar:
Ah! quem me dera eu existisse pra
ti como insistem teus olhos em meus 
pensamentos a ali também morar...
Teus olhos...quem me dera se um dia
procurassem os meus...e me vissem 
passar.